Meu Delegado - Capítulo 21



Sophia
Três dias.
Três dias nesse inferno de casa.
Três dias tendo que aguentar o nojento do DG tentando encostar em mim, mas eu agradeço a
Isabela por estar sempre por perto e, de alguma forma, o impedir de me tocar da forma que
quer.
Três dias vomitando toda vez que acabo de comer algo. Merda! Eu já estava começando a
acreditar que eu estava realmente grávida. O que me deixava ainda mais desesperada. Não
sei como eu pude dar um mole desses. E o pior é que a Isabela já estava suspeitando disso
também.
- Sophia, esses enjoos estão muito freqüentes, você não acha não? – diz ela levantando uma
sobrancelha.
- Que nada, Isabela. Vai passar. Deve foi alguma coisa estragada que eu comi.
- Huum. Coisa estragada? Espera mais alguns meses que você vai ver essa coisa estragada
crescendo dentro de você.
- Não estou te entendendo. – me faço de sonsa.
- Ah está entendendo, está entendendo sim. E sabe também que o DG não vai gostar nada
nada de saber disso.
- Isabela, por favor. Não fala nada pra ele. Na verdade eu nem sei se estou mesmo grávida ou
não.
- Pode ficar tranquila que eu não vou falar nada. E só tem um jeito de termos a certeza
absoluta de que você está ou não grávida... Fazendo o teste.
- Eu não posso nem colocar a cara na porta, Isabela, até parece que seu irmão vai me deixar ir
á uma clinica.
- Tem o teste de farmácia. Eu vou lá, compro e você faz, ai tiramos a duvida se você está
grávida ou não.
- Tudo bem... é melhor mesmo eu fazer isso pra ter certeza e acabar com essa agonia.
- Então tá, você fica ai que eu já volto. – ela vai até sua bolsa e a pega.
- Espera, você vai me deixar aqui sozinha?
Eu comecei a entrar em desespero, porque eu nunca tinha ficado sozinha nessa casa, ela
sempre esteve comigo e eu me sentia segura. Com ela por perto eu sabia que o DG não faria
nada, pois por algum motivo ele respeita e ouve a irmã.
- Calma, Sophia, eu vou rápido. Não demoro, eu juro.
- Não Isabela. – imploro desesperada.
- Confia em mim. Eu não vou demorar. E ele saiu pra boca agora pouco, não volta tão cedo.
Ela me abraça e sai fechando a porta.
Olho aquela sala vazia e começo a me arrepender de ter a deixado sair.
O Gustavo estava dormindo, na verdade ultimamente ele só vem fazendo isso. Eu estou
muito preocupada com ele. Eu sei que ele está assim porque sente a falta do Rodrigo. Ele vive
chamando pelo pai, mas eu infelizmente não posso fazer nada. Eu tenho que esperar. Esperar
que o Rodrigo venha nos buscar.
Eu tenho medo que o meu filho adoeça com isso. As crianças sentem muito com a separação
e também percebem quando as coisas não estão boas. Eu sei que ele sente muito com a
ausência do Rodrigo, eu também sinto.
Já se passaram três dias e ele não apareceu, às vezes o desespero me faz pensar que ele não
virá nos buscar, mas ai eu me lembro de suas promessas e também do que eu deixei escrito
na carta, eu tenho certeza que ele está fazendo-as: “Esfriar a cabeça e não fazer as coisas sem
pensar.”
E eu prefiro me segurar a isso. Eu acredito que ele está trabalhando para nos tirar daqui... eu
sei que está
Assusto-me quando vejo a porta se abrindo e o DG entrando.
Assim que ele me vê o seu sorrisinho escroto brota em seu rosto e ele vem andando em
minha direção. Eu me levanto do sofá e tento sair da sala, mas assim que eu me viro, sinto
suas mãos segurando com força a minha cintura me prensando em seu corpo.
O seu nariz vai em direção ao meu pescoço me cheirando e deixando um beijo nele.
- DG me solta. – levo minhas mãos para onde as suas estavam me apertando, na tentativa de
me soltar.
- Aaah, hoje você vai ser minha, morena. Eu cansei de esperar, já fui bonzinho demais.
- Não DG, me solta. Não faz isso.
- Aaah eu vou fazer, vou fazer sim.
DG me segura firme e começa a subir as escadas com muita dificuldade, pois eu me debatia
em seus braços na intenção de que ele me soltasse. Ele entra em seu quarto e me joga na
cama. Enquanto ele fecha a porta eu me levanto e tento de alguma forma sair dali, mas antes
que eu consiga passar pela porta ele segura minha cintura novamente me jogando na cama.
O DG se deita por cima de mim e começa a beijar o meu rosto e pescoço. Começo a desferir
tapas e mais tapas por seu rosto. Tento mexer minhas pernas para acertar as suas partes
intimas, mas ele as prende, me impedindo de fazer.
- ME SOLTA SEU NOJENTO. SAI DE CIMA DE MIM. – eu batia com força em seu rosto. Mas não
adiantava.
Sinto dois tapas fortes em meu rosto e a ardência vem logo em seguida e junto com ela, as
lágrimas. Ele leva a sua mão para o meu pescoço apertando-o com um pouco de força. Isso
me fazia ficar sem ar aos poucos.
Ele leva a sua outra mão para a minha barriga e desce para a minha intimidade dentre o
short e começa a tocá-la.
- Me..me sol-solta. – eu me debatia lentamente, pois seu corpo me prensava com força contra
a cama me impedindo de me movimentar com facilidade.
Eu buscava forças de onde não tinha para tirá-lo de cima de mim. Eu não vou suportar e
também não vou deixa-lo fazer isso novamente. Eu já podia sentir o meu ar faltar cada vez
mais.
As forças só voltam quando eu ouço o choro do Gustavo. Mesmo fraca eu me debatia.
- Me..solta. SAI DE CIMA DE MIM. – não sei como, mas consegui gritar.
A Isabela disse que não demoraria, então se ela estivesse chegado me ouviria, com certeza.
- SOCORRO!!! – digo e tento puxar mais o ar, mas era em vão. Sua mão apertava cada vez
mais forte o meu pescoço e a outra tocava com brutalidade a minha intimidade.
De repente escuto a porta sendo escancarada e a voz desesperada da Isabela em seguida.
- DIOGO O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?!
Não demora muito eu sinto o seu corpo sendo retirado de cima de mim.
Fecho as minhas pernas, me encolho na cama de lado e levo as minhas mãos para o meu
pescoço na tentativa de aliviar a dor. Minha respiração é acelerada e o choro sai
descontrolado.
- VOCÊ TÁ MALUCO DG? ABUSANDO DA GAROTA! – ouço uma voz masculina falando com ele.
- ELA É MINHA CARALHO, TEM QUE FICAR COMIGO QUANDO EU QUISER E A HORA QUE EU
QUISER, PORRA.
- EU TENHO NOJO DE VOCÊ, DIOGO, EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ ESTAVA FAZENDO ISSO
NOVAMENTE COM ELA. – agora era a Isabela que falava, eu podia sentir raiva transbordando
em sua voz.
- OLHA COMO VOCÊ FALA COMIGO, ISABELA. ME RESPEITA, PORRA!
- VOCÊ PERDEU TODA A SUA MORAL COMIGO, DIOGO. TODA! VOCÊ NÃO TINHA O DIREITO
NENHUM DE FAZER ISSO. NÃO É ASSIM QUE SE CONQUISTA ALGUEM, TRANSANDO COM ELA A
FORÇA.
- Garota eu vou te...
- VAI FAZER O QUE, DIOGO? VAI ME MATAR? VAI ME ESTUPRAR TAMBEM IGUAL VOCÊ FEZ
COM ELA?
Por um momento eu volto o meu olhar para os três e reconheci o homem parado, ele era o
Marcelinho o gerente da boca.
Olho rapidamente para o DG e seus olhos estavam vermelhos, e sua expressão era de
tristeza. Posso dizer que nunca o vi assim.
- SAI DAQUI DIOGO!
- Essa é a minha casa, Isabela e você já está me tirando do sério, a minha vontade é de enfiar
uma bala no meio da sua testa.
- Então enfia. – ela da um passo a frente o encarando.
Ele saca a arma e aponta pra ela, que não se estremece e continua na mesma postura.
- Não me surpreenderia nem um pouco se você fizesse isso. Depois que eu descobri que você
abusou dela. Pra mim você é capaz de fazer qualquer coisa, inclusive matar sua própria irmã.
- Você está me testando.
- DG para. – o Marcelinho entra na sua frente. – Você andou cheirando, mano?
- Vai se foder, Marcelo. – diz com raiva.
- Vamos sair daqui. Deixa a Bela.
- Que porra de intimidade é essa com a minha irmã?
- DIOGO SAI DAQUI. – a Isabela grita e ele a olha por um tempo e depois sai do quarto.
O Marcelinho vai atrás dele e a Isabela senta na cama me abraçando.
- Obrigada... Obrigada Isabela... se você... se vocês não tivessem chegado eu... eu nem sei.
- Me desculpe por isso.
- Ca-cadê o meu... filho? – continuo ouvindo o choro do Gustavo.
- Ele ainda está no meu quarto.Eu quero sair daqui. Eu quero ver o meu filho. – digo me tentando me levantar lentamente
da cama.
- Claro, vem. – ela pega na minha mão e me ajuda a levantar.
Ajeito a minha roupa e limpo o meu rosto.
Assim que chego ao quarto da Isabela, encontro o Gustavo deitado na cama e chorando. Essa
cena acabou comigo. O meu filho estava sofrendo e eu não podia fazer nada, nada pra mudar
isso. O pego nos meus braços e eu não consegui fazer nada para fazÊ-lo parar de chorar, eu só
me abracei a ele e me permiti chorar também.
Eu já não estava aguentando mais aquilo tudo. Já não aguentava toda aquela dor. Não
aguentava mais viver trancafiada nesse lugar. Não aguentava mais ficar longe do Rodrigo... Do
meu delegado. Mas eu confio nele e sei que ele vai vir nos buscar, eu sei que vai.
[...]
- Sophia, eu acho que já podemos fazer o teste.
O Gustavo já tinha voltado a dormir, o que por um lado era bom, pois ele não via as coisas
horríveis que acontecia aqui ou que poderia vir a acontecer. Mas por outro lado me preocupa
muito, eu sei que isso não é normal.
O DG depois do episodio do quarto, saiu com o Marcelinho e não voltou mais. Já está quase
escurecendo e pelo o que eu o conheço, já vai chegar daqui a pouco para nos trancar no
quarto, como sempre faz, e só nos tirar de lá na hora do almoço, que eu suspeito que ele faça
isso apenas por pedido da Isabela.
Então eu realmente acho que agora seria uma ótima hora de fazer esse teste.
Pego o teste da mão da Isabela e vou para o banheiro em seu quarto. Leio a bula e faço
tudinho o que estava escrito.
Isso deve ser um alarme falso ou algo que eu comi e com certeza não me caiu bem. Porque
não é possível. Não é possível eu estar grávida agora, eu me cuidei. Eu tomei todas as cartelas
certinhas.
Passado o tempo necessário, eu volto para o banheiro e pego o teste.
Meu coração falha uma batida quando eu vejo o resultado.
Eu estava realmente grávida. Mas não tem como. Isso é impossível. Eu não posso estar
grávida novamente, ainda mais agora, no meio dessa loucura toda.
Eu não posso.
- E ai Sophia? – ela entra no banheiro e me olha. – Huum, só de olhar essa sua carinha eu já
até sei o resultado.
- E-eu não sei como isso aconteceu. Eu sempre tomei a pílula certinha e...
- Olha, eu não sou nenhuma expert nessa coisa ai de anticoncepcional, mas eu morro de
medo de engravidar cedo, o que me leva a pesquisar bastante. Eu li uma vez que o certo é
que nós temos que esperar, no mínimo, um mês pra começar a ter relações sem a camisinha
para não engravidar. Você fez isso?
- Sei lá..eu, eu não me lembro, Isabela.
- E todas nós sabemos que só o anticoncepcional também não é garantia de nada. Mas sim
anticoncepcional e camisinha.
- Que droga... Isabela, por favor. Não fale nada disso pro DG, por favor.
- Até parece que eu vou fazer uma coisa dessas. Até porque se ele souber que você está
grávida do Delegado lá, eu nem sei do que ele é capaz de fazer.
- Nem eu.
[...]
Hoje faz cinco dias que eu estou aqui.
As minhas esperanças já estavam indo embora.
O Gustavo piorava cada dia mais. Hoje mesmo ele amanheceu com febre.
Ninguém veio nos tirar do quarto ainda e nós já estamos morrendo de fome.
O DG depois daquele dia não me tocou mais. Mas em compensação agora nós ficamos mais
tempo trancados aqui nesse quarto. Saímos apenas para comer e é uma coisa bem rápida.
Logo ele nos tranca novamente. A Isabela até tentou fazer com que ele mudasse de ideia em
relação á isso, mas ele não á ouvia mais.
Resolvo tomar um banho levantar da cama e ir tomar um banho, pois o calor nesse quarto é
insuportável. Pego uma roupa da Isabela, que ela havia colocado aqui pra mim, e vou para o
banheiro. Tomo um banho rápido e quando saio do banheiro, vejo o DG sentado na cama
acariciando o Gustavo.
- Por que ele só dorme?
- Porque ele está doente.
- O que ele tem? Por que não me disse antes, eu levava ele ao médico.
- A doença dele não é nada que um médico possa resolver. Se ele está assim é por sua culpa.Minha culpa nada. Eu não fiz nada pra ele.
- Ah! E nos manter em cárcere privado não é fazer nada, DG? As crianças sentem e sentem
mais do que a gente com isso tudo. Essa doença dele é emocional ele está com saudade do...
– fico quieta antes que eu fale besteira e piore a situação.
- Saudades de quem, Sophia? – ele se levanta e vem andando até a mim. Mas diferente das
ultimas vezes, eu não recuo. Eu continuo parada.
Eu tenho que me mostrar forte. Não posso deixa-lo perceber que me atinge.
- Do merdinha? Do bosta daquele delegado? Era isso que você ia falar?!
- Sim DG era isso, sim. Está satisfeito? Ele sente falta do pai dele.
- EU SOU O PAI DELE, PORRA! – ele grita com raiva e dá um soco numa parede próxima.
- Não. Você não é. Nunca foi e nunca vai ser. Você foi apenas um maldito que acabou com a
minha vida e ironicamente isso resultou na melhor coisa que eu tenho hoje, que é o meu
filho. Mas não, você não é o pai. Quando eu mais precisei você não estava lá, quando ELE
mais precisou, você não estava lá e sim o Rodrigo. E não... de jeito nenhum isso é uma
queixa. Eu agradeço a Deus todos os dias por você ter sido preso, por você não ter tido
nenhum tipo de contato com o meu filho, até agora. Por você nunca ter me ajudado na
criação dele. Eu te agradeço muito, muito mesmo. Eu prefiro realmente que o meu filho
pense que eu fui uma puta do que ter um pai nojento e sem escrúpulos nenhum, como você.
Em um movimento rápido ele coloca as suas mãos no meu pescoço apertando-o com força e
me prensando na parede.
- Quem você pensa que é pra falar assim comigo?
- E-eu.. me-me solta.
- Você é uma vadia. – ele me dá um tapa forte na cara. –Me deve respeito, você é minha
mulher e o Gustavo é o meu filho sim.
- Vo-cê..é.. ma-lulu-co. Me solta.
- Por que está demorando tanto, Diogo? – a Isabela entra no quarto e ele me solta. Eu respiro
fundo na tentativa de recuperar o meu ar.
- Diogo o que você estava fazen...
- NÃO FODE ISABELA SE NÃO SOBRA PRA VOCÊ TAMBÉM.
Ele sai do quarto com tudo e eu me sento na cama deixando as lágrimas caírem.
A Isabela senta do meu lado e me abraça.
- Eu não aguento mais, Isabela. Eu tenho que sair daqui, tenho que tirar o meu filho daqui...
eu.. eu... eu não aguento mais ver ele sofrendo desse jeito. Eu estou vendo o meu filho
morrendo aos poucos na minha frente e eu não estou fazendo nada para impedir.
- Sophia eu vou te ajudar. Eu não sei ainda o que vou fazer, mas eu vou te ajudar. Eu não
aguento mais ver a sua agonia e muito menos o Gustavo desse jeito. E você tem que cuidar
desse bebezinho que está vindo ai. – essa parte ela falou bem mais baixo. – Eu vou te ajudar.
Mas temos que pensar com calma no que fazer. Vamos descer e comer vocês já estão muito
tempo sem comer.
Acordo o Gustavo com muita dificuldade, pego-o no colo e descemos para a cozinha. Ele já
não quer mais nem andar, fica apenas no meu colo. Com muita dificuldade eu consegui fazer
com que ele se alimentasse. Ele estava tão magrinho e pálido. Não é mais àquela criança
cheia de vida que vivia com um sorriso enorme no rosto, como ele era algumas semanas
atrás. E isso me preocupa muito, eu sei que isso está fazendo muito mal á ele.
- Mamãe eu quero o papai. – ele dizia com a cabeça deitada em meu ombro.
- Calma meu amor, o papai já está vindo nos buscar. – digo acariciando os seus cabelos.
Na verdade eu falei aquilo mais para me conformar do que para conformar a ele.
Já tinham se passado cinco dias e nenhum sinal dele. Eu não queria, mas já estava
começando a perder as esperanças...
[...]
Estava sentada na sala junto com a Isabela, já tínhamos acabado de almoçar e ela não teve
coragem de nos prender novamente no quarto, e o DG tinha saído e não tinha voltado mais.
O Gustavo estava acordado e nós estávamos sentados no sofá assistindo TV. Foi quando
escutamos fogos de artifícios sendo soltos, eram vários. E eu conhecia bem esses tipos de
fogos. Isso queria dizer que estava tendo invasão.
O meu coração se enche por um momento de alegria em pensar que poderia ser o Rodrigo e
que ele finalmente veio para nos buscar.
- Invasão, Sophia. – a Isabela diz, assustada.
- Eu sei. – eu abri um sorriso enorme e meu coração se encheu de esperanças.
- E você está sorrindo por quê?
- É ele, eu sei que é ele.
- Será?
- Eu sei que é.
Não demorou muito e os barulhos de tiros começaram a tomar conta de toda a favela. Um
dos bandidos que fazia a guarda da casa entrou correndo, com um fuzil nas mãos.
- O patrão mandou vocês duas se esconderem no quarto onde a Sophia fica, agora. Ele já está
subindo. – quando ele ia sair a Isabela o chamou de volta.
- Ei ei.. perai. Quem está invadindo?
- A porra toda. PM, CIVIL, BOPE tu acredita que até Federal tem nessa porra? – dava pra ver o
medo em sua voz.
Em anos morando aqui eu nunca vi uma invasão dessas. E com certeza eles não estão
preparados para isso tudo. Não estão mesmo. E isso é o que me deixa ainda mais confiante
de que eu irei sair daqui hoje.
Nesse momento eu comecei a ouvir um barulho muito alto de helicóptero, posso até me
arriscar em dizer que eles estão sobrevoando em cima da casa. Agora os barulhos de tiros
eram bem mais altos. Com certeza os policiais já se encontram aqui perto. O soldado sai
correndo para fora da casa sem esquecer-se de nos lembrar para nos escondermos.
- Vem Sophia. – a Isabela segurou na minha mão.
- Eu não vou me esconder coisa nenhuma, eu vou ficar aqui. Eu sei que o Rodrigo vai vir me
buscar.
Eu pego o Gustavo no colo e ele me abraçava forte, devido ao barulho dos tiros. Por incrível
que pareça não está chorando. De repente escutamos um barulho de vidro se quebrando na
parte de cima da casa e não demorou muito, seis homens encapuzados desceram as escadas
correndo, nos assustado. Mas me tranquilizo assim que vejo os uniformes pretos da policia.
Olho para cada um deles, na esperança de que o Rodrigo esteja com eles. E ele está, eu não
preciso que ele tire a touca pra eu saber que é ele. Eu sei que é.
Sem pensar duas vezes eu corro para os seus braços, ele coloca o seu fuzil pra trás e nos
envolve em um abraço forte, cheio de saudades e protetor.
Como eu senti falta disso.
Não consigo evitar as lágrimas que caiam insistentemente pelos meus olhos.
- Está tudo limpo aqui embaixo. – diz um dos policiais.
- Vo-você veio. Você veio nos buscar. – eu o abraço com toda a força do mundo e pela
primeira vez o Gustavo não se incomodou com isso.
- Eu nunca deixaria vocês aqui, Sophia. Eu prometi proteger vocês, não prometi? – balanço a
cabeça. – Eu falhei nessa missão uma vez, mas eu não vou falhar nunca mais.
Levanto a touca até a sua cabeça deixando-a enrolada no meio de sua cabeleira e lhe dou um
beijo. Um beijo rápido, mas que renovou todas as minhas forças para lutar. Papai. – o Gustavo diz com sua voz um pouco embargada e seus olhinhos cheios de
lágrimas.
Por um momento pude ver o mesmo se repeti com o Rodrigo.
Ele o pega dos meus braços e o abraça forte, dizendo...
- Oi meu filho, eu senti tanto a sua falta meu pequeno. – vejo uma lágrima escorrendo de
seus olhos e ele apertar o Gustavo com mais força em seus braços.
- Senhor, já conseguimos chegar com o carro aqui.
Quando o policial chamou a nossa atenção, eu fui me dar conta de que os tiros haviam
cessado.
- Conseguiram controlar tudo?
- Eles recuaram, Senhor. Viram que estávamos muito mais fortes.
Eu conheço bem essa voz. Era o Douglas.
- Então vamos, Sophia. E vocês dão um jeito nela. – ele fala se referindo a Isabela.
Ela já me olhou com medo e ao mesmo tempo me pedindo ajuda. Assim que viu um dos
policiais apontando o Fuzil pra ela e indo em sua direção.
- NÃO! Não fazem nada com ela, por favor.
- Mas ela é irmã do DG, também é cúmplice, Sophia, tem que ser levada à delegacia.
- Mas foi ela quem me ajudou Rodrigo, ela me ajudou a mantê-lo longe de mim esses dias
todos. Se não fosse por ela eu nem sei.
Ele respira fundo e solta um palavrão apertando as mãos.
- Ele tocou em você, Sophia? Ele abusou de você novamente? – ele dizia entre dentes, podia
ver a raiva viva em sua voz.
- Ele só não conseguiu graças á ela, mas ele tentou. – falo baixo.
- QUE PORRA! EU VOU MATAR ESSE FILHO DA PUTA É AGORA. – Ele pega na minha mão – O
carro está a onde, Douglas?
- Na área lateral da casa, senhor.
Ele sai me puxando sem me dar chances nenhuma para me despedir da Isabela.
Eu sentirei falta dela, mas estou feliz por estar finalmente indo pra casa.
Ainda tenho que conversar com o Rodrigo sobre a minha gravides. Pelo o que eu o conheço
ele vai amar saber da noticia.Saímos da casa e a cena era a pior do mundo. Tinha corpos espalhados para todos os lugares.
Mas o local estava cheio de policiais. O carro preto está parado na lateral da casa onde dava
acesso para a mata.
Assim que entro no carro, o Rodrigo coloca o Gustavo sentado ao meu lado, eu me afasto um
pouco e espero que ele entre também, mas ele não faz isso.
- Rodrigo, entra. Vamos embora.
- De jeito nenhum. Eu vou caçar aquele desgraçado até o inferno. Só saio daqui com o
cadáver dele nas mãos.
- Papai, vem papai.– o Gus pedia com aqueles olhinhos em suplica.
O Rodrigo para por um momento parecendo pensar e logo responde.
- Meu filho, o papai não vai poder ir com vocês agora. Mas eu prometo que depois eu chego
lá em casa pra gente brincar. Tudo bem? – ele diz acariciando os cabelinhos do Gus, que o
olha atento a cada palavra. Depois de pensar um pouco ele assente.
- Rodrigo, por favor, se cuida.
- Eu vou me cuidar, amor. Eu prometo.
Assim que ele fecha a porta do carro, abaixa a touca e segura o seu fuzil. Ele acena e começa
a andar com uns policiais até uma viatura que estava um pouco longe do nosso carro. Pra ser
mais exata, na esquina de frente para a casa do DG.
Os dois policiais que nos levaria para casa, entraram no carro. E foi ai, que ainda olhando
para o Rodrigo, eu o vi. O DG parado em frente ao portão da sua casa, segurando uma arma,
que estava apontada diretamente para o Rodrigo. Os outros policiais estavam distraídos e
não o viram ali, até porque ele acabou de aparecer. Eu vi esse momento. E ele é maluco,
completamente maluco. Ele vai atirar no Rodrigo. Mesmo sabendo que provavelmente
morrerá em seguida.
Não penso em mais nada. Eu vejo em seus olhos que ele vai atirar. Consigo ler a contagem
regressiva em seus lábios.
No momento em que o policial ligou o carro onde eu me encontro, eu não pensei muito e
abri a porta do mesmo e sai correndo. Eu corri como se a minha vida dependesse daquilo. E
ela realmente depende, pois o Rodrigo é a minha vida... ele faz parte dela.
Quando eu consegui ler a contagem em seus lábios, estava no numero dois.
Eu não pensei muito e gritei pelo Rodrigo, ainda correndo.
- RODRIGO!!!
Isso fez com que ele se virasse para mim... E depois disso tudo aconteceu rápido demais.
Eu só me vi na frente do Rodrigo, um barulho de tiro foi ecoou pelos meus ouvidos e uma
ardência começou a se fazer em minha barriga. Ouço mais dois tiros e antes que eu vá para o
chão, consigo ver o DG também sendo acertado e caindo e os policiais irem até ele.
Quando sinto a minha cabeça bater no chão tudo perde o sentido.
Tudo escurece.
A única coisa que eu consigo ouvir é a voz desesperada do Rodrigo ao fundo.
- Sophia... Sophia, meu amor, por favor! Não faz isso comigo. Eu te amo. Não me deixa. Por
favor, acorda. SOPHIA EU TE AMO. NÃO ME DEIXA.
E tudo perdeu o sentido de vez.

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105252 - A professora submissa - Capítulo 33 - Categoria: Sadomasoquismo - Votos: 2
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Ficha do conto

Foto Perfil erodev
erodev

Nome do conto:
Meu Delegado - Capítulo 21

Codigo do conto:
111048

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
31/12/2017

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