Simples artimanhas da traição



Simples artimanha da traição

Na vida estamos sempre preste a aprender uma nova lição e assim amadurecemos em todos os sentidos e na velhice carregamos no peito lembranças e muitas histórias para contar aos netos.
Mais uma vez eu estava errado pagando por minha ignorância, encontrar o melhor caminho era de minha obrigação; ferido, traído não justificava, menos ainda amenizava a razão do fim do meu ca-samento...
Eu amava, idolatrava Yasmin, Cintia com certeza se sentia inferiorizada e ferida em todas as vezes que Yasmin e eu no olhar deixávamos claro aos presentes o amor que nos envolvia.
Dois dias depois viajei com destino a SP visi-tar Carla e Pedro.
Pedro homenzarrão de um e noventa de altu-ra, braços que mais pareciam galho de pinheiro, forte gozando de boa saúde.
No trajeto recordava minha infância, dois anos depois de eu voltar para cidade meu tio Gusta-vo pai de Carla faleceu.
Minha tia Simone desolada cedeu à venda de sua parte para o homem que vivia com a minha mãe e comprou uma casa no mesmo bairro que eu morava.
Meu padrasto parecia ser bom para minha mãe e eu ganhei um irmão e uma irmã.
Três anos depois perdia a pessoa que eu amava e conhecia como meu pai.
Embora eu me desse bem com meu padrasto a distancia era visível e assim também era com minha mãe, não tinha nada a perdoar, ao mesmo tempo considerava mais minha tia como minha mãe.
Minhas razões eram simples, depois de ela me abandonar, minha tia assumiu os deveres de mãe com muito amor e o outro motivo antes do meu tio falecer eu ouvi parte de certa discussão entre minha tia e minha mãe.
Simone - Não vem com essa de ciúme pra cima de mim, só não arrumou um jeito de ficar com teu filhou por que precisa transar; sair de baixo de um e entrar em baixo de outro.
- Não sou vadia! Você não tem direito de fa-lar comigo dessa maneira!
Simone - Não sou eu que estou falando, são os teus devaneios que berram para o mundo ouvir, lembra pelo menos de onde está vindo?
- Só fui colher flores, não demorei tanto as-sim!
Simone - De madrugada deixando o coitado dopado, no meio da mata tu cavalgavas em cima de outro.
- Pena que se esqueceu de apanhar flores co-lhidas, há sim é inverno, não tem flores...
- Criada na cidade não saberia disso, em compensação trouxe consigo dois enormes galhos para enfeitar a cabeça do coitado.
- Andas me vigiando?
Simone - Não, apenas a vi sair, como demo-ravas fui ao teu encontro; pelo menos esses dois são filhos do teu marido atual?
- Irmãos legítimos de Cesar!
Simone - Tá brincando, se deita com teu ex?
- Não foi isso que eu disse; o pai dos meus fi-lhos nunca foi meu ex!
Simone - Então por que não vives com essa pessoa; ele é casado?
- Bem casado, apaixonado pela esposa; eu me apaixonei loucamente por ele, temos três filhos lindos, o que há de errado nisso!
Minha tia não entendeu nas entre linhas, mas eu matei a charada de cara.
Minha mãe era amante do cunhado, eu era fi-lho do meu tio Gustavo e meio irmão de Carla.
Se eu tivesse alguma duvida meu tio que fora a vila resolver problemas, minutos depois de minha mãe chegar, ele entrou com cara deslavada com ar de quem se deu bem.
Ao mesmo tempo entendi a razão do homem que eu conheci como meu pai e o perdoei por não me olhar mais como seu filho; segredo que ira comigo para o tumulo.
Na viagem não conseguia me conformar com o diagnostico dos médicos em relação à doença do Pedro.
Conheço a relação entre a vespa e a aranha, jamais imaginaria que nós seres humanos poderíamos ser hospedeiros de algum inseto.
Na relação à aranha não leva em consideração a simples picada da vespa e continua sua vida normal, logo é devorada viva pelo hospede que car-rega dentro de si.
Nós também deixamos passar despercebidas simples picadas de insetos...
Diagnóstico dos médicos, Pedro fora picado por inseto nas costas, meses depois condenado a uma cadeira de rodas.
Carla, forte, apaixonada, uma linda filha e o braço direito do Pedro; abatidos com as fisionomias vinte anos mais velhos e Pedro sem forças para lutar.
Na viagem RJ x SP, no fundo do ônibus uma jovem não parou de me admirar, idem de minha par-te.
Cabelos curtos, saia curtinha exibindo belo par de coxas, blusa com botões desabotoados dei-xando amostra parte do sutiã vermelho e parte dos exuberantes seios dourados.
Primeira parada e nós dois nos aproximamos; no bar lhe ofereci café para espantar o frio, bom pa-po; rimos e nos tocamos de mãos dadas, no ônibus cada um iria para o seu lado.
Antes de sairmos do bar disfarçadamente apanhei alguns preservativos, ela como mulher pre-venida também apanhou colocando na bolsa.
Tipo, não quer dizer que isso era de costume de nossa parte, mas vamos combinar de que não seja incomum entre pessoas descentes esse tipo de situa-ção incontrolável onde “envergonhamos a lua” e não nos sentimos promiscuo.
Deixando ser abelhudo, voltando ao assunto, deixamos o Rio, entrando na divisa de SP, frio con-gelante requeria um aconchego, não era justo deixá-la sozinha tremendo de frio.
Alguns passageiros reclamaram, não ligamos, afinal só percebemos as caras feias quando desembarcamos e completamos a viagem no motel.
Duas horas depois de volta à rodoviária, es-távamos na plataforma de desembarque, o marido aguardava por ela; ela o apontou pra mim.
Tipo, lá estava o pobre sentado no portão de desembarque; inocentemente eu perguntei para ela.
– Teu marido ficou por mais de duas longas horas a tua espera, nem ao menos está nervoso?
Sorriu e disse:
“Não percebeste ônibus que acabou de esta-cionar, nós acabamos de desembarcar!”.
Pasmo, pensei comigo.
“Até riria desse otário, se tivesse certeza que não cairia nessa também”.
Calado nada disse, ela escreveu e me entre-gou seu telefone para mais tarde marcamos um novo encontro; encontro que não aconteceria, eu iria me encontrar com três pessoas que ocupariam meu tem-po todo.
A poucos passos atrás dela seguia seu andar sedutor pelo corredor de desembarque.
Ela com a cara de pau que Deus lhe deu e com ar de quem pouco dormiu; o marido andou feliz em sua direção e a beijou.
Ao passar por ela não resisti, estrategicamente parei próximo a eles como se esperasse as pessoas passarem protegendo ela com meu corpo e deslizei meu dedo no seu rego.
Arrepiada empinou corpo pra trás, segurou meu dedo com carinho e ecoou baixinho gemido, logo com carinho gingou como se dissesse; “mais tarde é todo teu”.
Meu assedio passou despercebido pelo mari-do abraçado a ela e logo os dois sumiram.
Pasmo, travado não conseguia andar, olhar perdido, incrédulo resistia em acreditar na facilidade que temos para trair, ao mesmo tempo aprendi que não ficamos cegos à traição, em compensação não nos damos direito a duvida, sim confiamos cega-mente na pessoa a qual escolhemos para dividir nossa vida.
De minha parte não avisei Carla e ela ficou plantada por mais de duas horas a minha espera, assim que me viu não perdeu a majestade.
Carla - Depois do chifre voltou ser rastelo?
Cesar – Nada do que está pensando!
        Carla – Então não a vi apontar o corno sentado a sua espera, teu dedo nada abusado; o que são duas horas?
Cesar – Magoada?
Carla – Jamais, ansiosa; não sei mais deixá-lo sozinho, estou mais paranoica do que ele; obri-gado por ter vindo, de certa forma perdeu o parcei-ro, então não vá desmoronar!
Cesar – Tentarei, me prometa se dois machos cair em prantos não pensara maldades!
Carla – Grande novidade, grandes no tama-nho, frágeis como menininhas assustadas.
Cesar – Lá vem você com tuas implicâncias...
Carla – Feliz em te ver, não resisto aos velhos e bons tempos...
Cesar – Idem, magoado com Deus por con-dená-lo a uma cadeira de rodas...
Carl - Força irmão, muita força...
Carla minha priminha do coração, irmã pen-telha, a porta do meu quarto estava sempre aberta e logo minha tia desistiu de arrancar ela e colocou seu berço, ela dormia feliz da vida; quando eu chegava tudo estava de pernas para o ar.
Ela sorria escondendo o rosto com as duas mãozinhas corria para meus braços, me beijava como pedido desculpas, depois adormecia no meu colo, com carinho a colocava no seu berço, dava um beijinho de boa noite, ganhava um lindo sorriso.
Minha tia às vezes ficava em pé na porta es-piando, eu andava em sua direção, ela me abraçava, beijava minha cabeça com carinho e dizia;
- Boa noite meu filho.
Era impossível negar o amor que eu sentia pelos meus tios, mas a pentelhinha era meu chamego, amava encontrar tudo bagunçado só para ganhar seu abraço e o beijo de boa noite depois do meu cabelo todo bagunçado.
Carla e eu dividimos o mesmo quarto até ela completar dezessete anos quando se casou com Pe-dro.
Eu já estava na cidade e nas poucas vezes que voltei minha cama me esperava arrumada, Carla noiva fazia questão que eu dormisse no nosso quarto.
Meus tios não se importavam, Pedro no inicio teve ciúme, depois que batemos de frente ele entendeu o puro e sublime amor que existia entre Carla e eu e passou a levar numa boa.
Pedro amigo de infância; unha e carne; pas-samos juntos poucas e boas.
Eu orgulhoso sou padrinho de casamento e padrinho da pimentinha como chamo Bia que adora deixar meu quarto de pernas para o ar.
Quando me vê esconde o rostinho com as duas mãozinhas, corre para meus braços, me beija, bagunça meu cabelo; nem um pouco parecida com a mãe.
Agora estava Pedro em uma cadeira de rodas; inevitável dois machos não chorarem.
Carla não perderia a chance de implicar, hoje para levantar dois machos apoiados nos seus braços frágeis e fortes...
Embora nós conseguíssemos esconder as la-grimas no abraço, era quase impossível esconde-las a cada olhar.
Carla firme como sempre conseguia desfazer clima.
Estar ali era como voltar ao passado, era im-possível não relembrarmos em todos os sentidos, gestos, carinhos...
Pedro forte, ágil, não estava completamente invalido, saia da cama para cadeira, tomava banho sozinho, ajudava nos afazeres de casa.
Na segunda noite eu estava deitado de bruços no chão da sala, Bia deitada nas minhas costas como Carla adorava fazer, ela entrou na sala e não se fez de rogada deitou-se com parte do corpo sobre mim e ficamos colocando o passado em dia.
Pedro parado na porta do quarto admirava a cena, cena que eu sabia que lhe causava ciúme e eu evitava, mas aquela noite era especial e Pedro sabia que precisávamos daquele momento que era só nos-so, mas ele seria bem-vindo.
Pedro voltou para cama e aguardou a família, no dia seguinte uma lágrima em seus olhos, eu o cobrei.
Cesar – Perdoa, foi mais forte do que eu...
Pedro – Acredita mesmo que eu em algum momento senti ciúme da minha mulher e minha filha agarradas a você no chão da sala como no passado?
Cesar – Desculpe...
Pedro – Calado, só escute, passamos juntos maus bocados; eu vi minha mulher crescer na tua garupa; assisti como você a mimava a ponto de me deixar com ciúme...
- Um dia eu estava abeira de um barranco sem forças e pronto pra saltar...
- Uma doce voz me disse; provavelmente não morrera, mas é certo de que fiques entrevado, nada demais já é mesmo invalido só concretizara o fato;
- Decepcionara uma linda mulher que apos-tava que você seria um grande homem; enfim, te espero amanha para irmos junto à escola, ou vou te visitar de vez enquanto e empurrar tua cadeira...
- Virou-se e sumiu; meu irmão e meu melhor amigo, eu nunca tive ciúme de você com minha mu-lher; sempre tive ciúme de você, ela me roubava você e você me roubava ela, droga confessei...
Cesar – E hoje é um invalido ou só esta preso a uma cadeira rodas?
Pedro – Com certeza só estou preso a uma cadeira e ainda posso bater em você no basquete, vai encarar...
Esse momento aconteceu quando sua mãe nos deixou e foi difícil para ele superar e estava es-crito em seu rosto o desejo louco de se encontrar com ela...
Minhas palavras tinham de ser rudes para trazê-lo de volta.
Assim deixei o preconceito de ver meu me-lhor amigo como cadeirante, e pisoteei o coitadinho recuperando de volta meu melhor amigo, preso sim e apenas a uma cadeira roda, o invalido morreu renas-cendo o grande homem e trazendo de volta o lindo sorriso de Carla.
No dia seguinte arrastei a família para mere-cida férias nas praias cariocas.
Na casa da minha tia construímos um puxa-dinho com dois quartos onde eles moraram até Bia completar um ano, proposta de trabalho para Pedro os levou morar em SP.
Todo ano nas férias eles vinham para o Rio, o puxadinho mobiliado ficava a espera deles.
Carla tinha por quem puxar, minha tia era dez vezes pior do que ela, quando eu estava por perto ela não aliviava e dizia.
Simone - Pedro é o melhor genro do mundo, mesmo quando morava no Rio eu nunca o via, agora eles vêm; fico com minha neta e nunca o vejo, uma vez ou outra vejo minha filha...
Essa era comigo, por que eles se enfurnavam em minha casa.
Nas férias que conheci Cintia e Yasmin de cara Carla não aprovou meu namoro com Cintia e na véspera do casamento me arrastou pelas orelhas, salvo por Pedro.
Carla – Nem vem que não têm, vocês são fa-rinha do mesmo saco, sempre acoitara as burrices dele...
- Não me olhem assim, então não sei..., esse coração despenca desfiladeiro abaixo em queda livre por Yasmin...
        Pedro – Ele lá tem suas razões para isso...
Não precisei contar nada a Pedro sobre Yas-min, nossos olhares nos condenavam; Carla percebeu de cara.
Carla – Cafajeste, comeu Yasmin e vai casar com Cintia, apaixonado por Yasmin; safado...
Carla havia confundido minhas intenções com Yasmin, casar com Cintia e ficar comendo a cunhada na encolha não estavam nos meus planos.
Pedro e eu nos recuperamos nos dias que se sucederam; o cantinho do basquete baixou nos pri-meiros dias, depois voltou ao normal, e descobrimos juntos que havia vida mesmo em uma cadeira rodas.
Carla rejuvenesceu na força e na alegria, Pe-dro passou a trabalhar em casa com contabilidade...
Nas férias, claro em minha casa e minha tia continuava a reclamar e depois mais ainda e dizia.
Simone - Hoje só vejo a chegada e algumas aparições de relâmpagos; roubaste até minha neta;
Na verdade quando eles estavam no Rio, ela ai para minha casa de mala e cuia e dizia.
Simone - Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé!
        Entrava direto para o nosso quarto, Cintia adorava ela e não ligava, na verdade quando eles estavam pra vir Cintia preparava o quarto de hospede para eles e arrumava o quarto da bagunça pra nós dois e colocava os lençóis preferidos da minha tia na nossa cama e aguardávamos ansiosos por ela.
Um ano depois minha tinha faleceu, devia a Carla à verdade sobre nós, na primeira oportunidade contei.
Cesar – Desculpe por não te contar antes, eu e meus irmãos somos filhos do tio; isso nos torna meio irmãos.
Carla – Já sabíamos disso meu querido ir-mão, nossos corações nunca nos enganaram...
- E eu jamais duvidaria do motivo do teu si-lencio, tinhas que proteger quem mais amava...
- Minha mãe sempre fui tua mãe e nós somos irmãos por inteiro.
Cesar – Não esta magoada?
Carla - Magoada por ser tua irmã, não, feliz até mesmo com meu pai,
- Quanto a não me contar, sei que jamais magoaria a nossa mãe, quanto a mim feliz e feliz.

                                


Faca o seu login para poder votar neste conto.


Faca o seu login para poder recomendar esse conto para seus amigos.


Faca o seu login para adicionar esse conto como seu favorito.


Twitter Facebook



Atenção! Faca o seu login para poder comentar este conto.


Contos enviados pelo mesmo autor


139251 - EVIS - Puberdade - Categoria: Traição/Corno - Votos: 1
139181 - Fatalidade - Categoria: Traição/Corno - Votos: 4
124372 - On-line - Categoria: Traição/Corno - Votos: 1
124175 - Traição e culpa - Categoria: Traição/Corno - Votos: 1
124174 - Inevitável ñ conhecer minha rival - Categoria: Traição/Corno - Votos: 2

Ficha do conto

Foto Perfil lourenco12
lourenco12

Nome do conto:
Simples artimanhas da traição

Codigo do conto:
124810

Categoria:
Traição/Corno

Data da Publicação:
29/08/2018

Quant.de Votos:
1

Quant.de Fotos:
0