Desabafos e devaneios: situação inusitada que vivi.



Gostaria de compreender o comportamento do outro. Mas como desejo isso, se nem o meu eu compreendo? Ah! Eu ajo, por vezes, por impulso, movido pela emoção desenfreada, onde a adrenalina se faz presente. Eu me questiono, busco respostas, mas elas não vêm. O que me resta? Seguir procurando as respostas para as perguntas mais íntimas. Se eu descobrirei? Não sei. Mas continuarei nessa jornada, na jornada do autoconhecimento.

O que busco, a cada dia, é ser uma pessoa melhor. O que busco é uma versão melhor de mim mesmo. O que busco, talvez, nem tenha nome nem definição ainda. Tenho anseio por tantas coisas inomináveis. Sei lá. Vivo um constante paradoxo.

Por que você age de forma tão fria comigo? Seria medo? Insegurança? Venha comigo, eu pego na sua mão e lhe conduzo. Seja a minha paz ao menos por um instante. Diga que sou importante pra você e que me quer bem. Por favor, coloque o sentimento pra fora, não me deixe atordoado, não deixe as coisas ambíguas, seja a minha calmaria e não a tempestade. Entendo as suas limitações, sei das inúmeras variáveis, mas não permita que exista esse hiato entre a gente. Vamos viver o que sentimos, vamos aproveitar os momentos juntos, vamos fazer bem um ao outro. Sim, eu eu sei que te faço bem e sei também das dificuldades que teríamos para ficarmos juntos. Sei e compreendo. Mas eu não posso sufocar o que eu sinto por você. Até já tentei, você sabe. Mas o que existe é uma ligação magnética muito grande entre nós. Tenho culpa? Você tem culpa? Não, não temos. Eu quero olhar pra você bem nos fundo dos seus olhos, te abraçar, sentir teus batimentos cardíacos e dizer ao pé do seu ouvido o quanto és especial. Sabe, eu não sei como uma pessoa pode me fazer tão bem e tão mal ao mesmo tempo, sinto algo indescritível, um sentimento avassalador que me traz uma euforia e um certo descontrole. Juro que não quero lhe magoar nem lhe prejudicar de forma alguma. Quero o seu bem e o seu crescimento pessoal e profissional. Queria você andando comigo, crescendo comigo, mas sei que isso não é possível, ao menos no momento não. Mas saiba que, independentemente de qualquer coisa, o que "vivemos" foi muito especial e estará guardado pra sempre em minha memória.

Sempre fui claro com relação aos meus sentimentos e você sempre na retaguarda, no controle da situação. Sempre fui transparente, sempre falei abertamente pra ti o que se passava e você sempre tácito. Teu silêncio fazia eu pensar mil coisas, aumentava a minha ansiedade e me deixava muito triste.

Às vezes sinto como se o mundo estivesse desabando sobre mim. Sinto um peso enorme nas costas. Talvez seja o peso da expectiva que sinto nas pessoas. Mas elas me frustam e eu não sei exatamente como lidar com isso.

No início, quando te vi, apenas constatei um rosto bonitinho, mas sem muitos atrativos. Nada demais. Fato é que você não fazia meu estilo na íntegra, ao contrário era totalmente diferente do que eu buscava. Não detém conhecimento cognitivo, não tem os mesmos planos que eu, não representava o que eu buscava para a minha vida e não exalava o cheiro que me atraia. Mas o jogo virou, por ironia da vida ou do destino. O tempo foi passando, você se mostrou uma pessoa companheira, carismática, de bem com a vida e cheia de planos. Fui acompanhado você, seu desenvolvimento e seu aprimoramento profissional. Comecei a ter ver sob um outro olhar. Por vezes, eu me peguei pensando em
você. E eu não entendia. Censurei várias vezes os meus pensamentos. Ia estudar, ouvir músicas ou fazer qualquer coisa que tirasse tu do meu pensamento. Algumas vezes funcionou, outras foi sem sucesso. Mesmo assim, segui. Continuei seguindo, tocando o meu trabalho, fazendo e executando minhas tarefas diárias. De início, achei que era uma ilusão, uma paranoia da minha cabeça. Antes fosse. O tempo passou, e o sentimento estranho me perseguia ... e como forma de me proteger passei a agir de forma estranha e indiferente pro seu lado. Você percebeu, mas não entendia o motivo. Como bom ariano, nunca me perguntou o motivo, se mantinha inerte, tácito. O sentimento que eu sentia começou a me sufocar. Perdi o controle das coisas. Sim, perdi, fiquei meio desajustado e desequilibrado. Para me deixar mais paranoico, tive um sonho contigo, daí não tive dúvidas: algo estava acontecendo comigo. E dali por diante teria um problemão pra enfrentar.

Após o dia do sonho, acordei agitado, buscando explicações para aquele fenômeno. Recorri aos estudos psicanalíticos e Freud. Li e reli várias teorias do sonho, buscava entender a todo custo o que se passava comigo. Nesse dia, eu me arrumei e fui ao trabalho, te vi e senti algo estranho, diferente. Entrei, fui pra minha sala, baixei uns arquivos, ouvi umas música. Não consegui me concentrar para fazer nada. Várias vezes ia até onde você estava, eu te olhava de longe. Não sabia literalmente o que fazer. Não tinha com quem conversar, não tinha com quem desabafar. Horrível a sensação.

Os dias seguiram, e o sentimento estava me sufocando. Quando chegava o final de semana, eu odiava. Queira que passasse rápido, queria te ver. Te ter na minha rotina. Mesmo estando envolvido sentimentalmente com outras pessoas, eu pensava você. Quando comececei a te analisar, percebi também um certo interesse da tua parte, via a forma de tu me olhar. Sentia algo. Tipo um clima, uma euforia entre a gente. Mas eu não tinha certeza de nada, até porque você nunca tinha deixado claro nada.

Eu tinha que resolver isso, de uma forma ou de outra. Tiraar essa dúvida que pertubava. Tirar a prova dos 9. Assim fiz. Como bom sagitariano, cheio de timidez e ousadia, mandei-lhe mensagem. Falei de forma aleatória sobre o sonho. Você ficou curioso, quis saber detalhes. Mas eu temia. Temia muito. Que loucura eu estava fazendo? Por ser teu superior, fiquei com muito medo de pegar mal. Mas ali eu não estava nessa posição. Eu me despis do cargo e apenas abri meu coração. Mesmo com medo, fui adiante. Falei, falei, você sabe o quanto eu falo. Boto pra fora o que sinto. Não sou de guardar nem de esconder sentimentos.

A todo momento tu me deixava encafifado, às vezes eu sentia um certo interesse da sua parte às vezes não. Pelas mensagens, você se mantinha bem na retaguarda, convicto da sua posição e por um momento pediu pra eu parar de mandar mensagens sobre o assunto que tratávamos. Eu pensei, e agora?

Fiquei muito mal. Que merda eu fiz.

Mesmo diante do medo e da apreensão e devido à confiança que eu nutria, resolvi conversar pessoalmente. Fui até à farmácia, tomei dois calmantes naturais e pedi para falar contigo. Assim fiz. No começo, meio gaguejando falei do sonho e do que eu vinha sentindo, eu me abri. Disse tudo, em detalhes. Você se mostrou surpreso com a minha coragem, talvez fosse algo que nunca se passaria pela sua mente. Foi bizarro. Deixei meu orgulho de lado, minha função e falei abertamente sobre o meu sentimento. Depois que eu falei, eu te senti frio. Era uma sexta, e eu já fiquei imaginando como seria difícil o final de semana, tendo em vista a nota de culpa que assumi.

Ao falar sobre o que sentia, você foi embora. E eu fiquei na sala, perplexo, sem ação diante de tudo. Fiquei parado. Algumas pessoas perceberam o meu estranhamento. Me indagaram, me questionaram. Eu tive que arrumar subterfúgios, tive que sair pela tangente. Me recompus. Fui tomar um café para espairecer.

O final de semana se sucedeu, e eu me martirizando. Mal consegui dormir. Era muita informação pra eu digerir. Fiquei muito mal. Mas sabia que o meu segredo estava nas mãos de uma pessoa confiável, mesmo sendo uma pessoa mais nova que eu.

Uma coisa eu sempre tive clareza: não iria nunca usar do meu cargo nem da minha posição para beneficar ele. Nem iria fazer promessas. Não o fiz. Não tinha coragem, iria me sentir um lixo se assim fizesse.

Seguimos trabalhando, fingindo naturalidade e sempre que eu podia mandava mensagem, puxava conversa. Às vezes eu via empolgação, outras vezes não.

Diante de tudo que se passava, eu me sentia mal, minha ansiedade aumentou. Minha síndrome do pânico ameaçou voltar. Algumas pessoas perceberam a minha mudança. Me questionavam, e eu sempre inventava desculpas. O motivo real era tu. Só você sabia disso.

Caminhamos, participamos de projetos e de ações do trabalho. Às vezes, como você bem sabe, eu criava situações para te perto de mim. Sua presença, por si só, me fazia bem. Mas aos poucos, fui vendo que tudo que eu pensava e planejava, não iria se consumar. Eu me fiz várias promessas e não as cumpri. Também nunca fui bom nisso.

Nesse meio tempo, conheci pessoas especiais, que me fizeram bem e que representava o que eu buscava. Pessoas esclarecidas, estável financeiramente, que podia me dar carinho e atenção - tudo que eu precisava no momento. Eu mergulhei fundo, eu me doei, eu me aventurei, fiz planos com a pessoa, cometi loucuras, realizei fetiches. Foi tudo massa. Mas quando chegava em casa, após o momento de sexo, eu me sentia vazio. E as lembranças suas voltavam à tona. Pensava que eu poderia estar vivendo aquilo tudo contigo. Fantasiava. Dormi várias vezes agarrado ao travesseiro pensando em ti. Tive sonhos eróticos.

O que ele tem de tão especial a ponto de fazer com que eu não pare de pensar nele? Qual a característica dele que me deixava mais enebriado? Eram perguntas constantes que eu me fazia. Tinha que descobrir. Eu, com 26 anos, formado, advogado, relativamente estável financeiramente, com várias pessoas querendo uma chance comigo e eu meio apaixonado, fissurado por um peão? Nunca entendi isso. Mas ele tinha algo especial e eu precisava descobrir.

Continuei me envolvendo com outras pessoas, entre homens e mulheres, beijando outras bocas, comecei a sair mais pra festas, a beber, a viajar - isso tudo servia de válvula de escape. Fiz isso por muito tempo até ver que não adiantava muito.

Dias se passaram e nada mudava. A expectativa que eu tinha era que eu iria acordar qualque dia e ver que tudo era apenas um pesadelo. Que não era nada daquilo. Só queria voltar a ter controle sobre mim e sobre minhas ações. Mas não. Esse dia não veio.

Movido por um súbito momento de euforia, lembrei de uma cartomante que já havia me indagado pra eu fazer um jogo de tarô com ela. Sempre fui místico, mas tinha medo de saber coisas que eu não queria. Lembrei dela e a procurei. Ela fez o jogo e sem eu dizer nada ela colocou sobre a mesa toda a minha história. Falou de tudo. Fiquei perplexo. Sem ação.

No momento, ela me disse que estava muito fissurado, inseguro e muito ansioso. Que eu me acalmasse, pois o universo estaria conspirando a meu favor. Falou sobre ele, disse que havia uma ligação entre a gente, algo que fugia meramente o desejo e prazer carnal, como se fosse um encontro de almas. Disse que eu teria que aprender muitas coisas com ele e ele comigo. Que o nosso encontro terreno seria de aprendizado. Falou muita coisa, coisas que até nem digeri. Disse que iríamos ter momentos de intimidade, que ele sentia algo forte, mas que tinha dificuldade de se expressar, pois era algo que não era comum na vida dele. Eu saí de lá pior do que eu cheguei. Muito confuso eu estava.

Os dias se passaram, e em uma oportunidade que tivemos, conversamos e eu falei sobre o que a cartomante disse. Esboçou reação de surpresa, mas ficou meio incrédulo.

Desde o início, eu pedia a Deus para tirar esse sentimento de mim, afinal eu não podia alimentar algo que não seria frutífero. Sabia que não iria sair do zero. Por mais que nós quiséssemos, não teria como ficar juntos. Seriam muitos empecilhos pela frente. Nem eu nem ele iria enfrentar tudo. Ele com uma família constituída, eu cheio de sonhos e planos, buscando o meu espaço e estudando para conseguir algo melhor. Estávamos/estamos em vibes diferentes.

Tempo foi passando e angústia persistia. Fazia morada em mim. Eu não sabia mais como lidar com a frustração de ter e ver todos os dias a pessoa que me atraia e eu não podia fazer nada. Queria abraçar, sentir o cheiro de batinha frita que exalava dele (risos). Sim, mas eu não podia fazer isso. Eu me continha.

Depois fui descobrindo que o riso leve, a prontidão para ajudar as pessoas, a barba dele, a parceria, tudo isso constituiu mum mix de motivos que fizeram eu me apegar a ele. E como me apeguei.

Eu o protegia, sem ele nem saber. Eu era o defensor de forma bem implícita. Não podia transparecer.

Ele sempre foi cordial comigo, sempre me respeitou. Respeitou até demais. Queria uma ousadia a mais. Mas não tinha. Affs, ficava puto com a falta de iniciativa dele.

Em um dia normal de trabalho, eu o pedi um abraço. Precisava daquele abraço. Ele seria o meu calamante naquele dado momento. Lembro que nesse dia chovia bastante, tempo agradável, eu estava todo de preto, ele bem normal como sempre. Dado momento, perguntei onde ele estava, ele me disse. Fui ai encontro dele e segui pra um lugar mais calmo e tranquilo. Ele veio atrás. Eu o abracei, nos abraçamos. Liguei o botão do foda-se. Beijei seu pescoço. Senti teu cheiro. No dia exalava cheiro de café (um dos cheiros que mais gosto por sinal). Movido pela ousadia dei um selinho, fiz uma loucura? Fiz. Mas já tinha feito. O que me restava era pedir desculpa. Foi tudo muito rápido, mas muito intenso.

Depois do que aconteceu fiquei rindo à toa, igual bobo. Eu me senti um jovem apaixonado do tempo de escola, ficando de maneira escondida. O clima tava no ar. Chegaram a me perguntar o que tinha acontecido. Que eu estava com a cara de quem tinha feito algo. Sim, eu cometi mais uma loucura pra minha coleção. Inclusive ele costuma dizer que tudo que eu me envolvo é loucura. E nisso eu concordo.

Assim passaram os dias. Sempre que tínhamos oportunidades, acontecia algo. Sim, eu tinha que tomar a iniciativa, pois por mais que ele estivesse com muita vontade de me abraçar e me beijar, não fazia. E eu sempre respeitei isso. Entendia as suas limitações.

Tivemos outras oportunidades, onde eu pude abraçar, beijar, sentir o cheiro e a presença. Isso servia como um calmante pra mim.

Durante os abraços, eu ficava nervoso. Meu coração acelerava. Era algo muito estranho. Eu me perdia. Eu me desligava do mundo. Sensação indescritível. Mal sabe ele como era bom.

Fato é que nunca priorizei o sexo com ele. Eu nunca o vi apenas como objeto sexual. Pra mim ele era e é bem mais que isso. Sempre deixei bem claro.

Outra coisa que me deixava muito chateado era quando alguém queria roubar a atenção dele. Sim, eu comecei a ter ciúmes. Evitava ao máximo, mas sentia. Eu me segurava, me continha. Por mais que eu negasse o óbvio, ele estava ali.

No trabalho, senti um clima entre ele e uma funcionária. Comecei a observar. Juntei as peças do quebra-cabeça e cheguei à conclusão de que a Jack estava a fim dele. E ele, fazendo o papel de bobo da corte, percebia e dava corda. Eu só observava. Por vezes, eu falei pra ele que se ele viesse a ficar com ela eu perderia por completo o interesse nele. Sim, isso iria acontecer. Até hoje tenho minhas dúvidas sobre eles.

Em um dia de sábado, lembro como se fosse hoje, fui pego de surpresa. Ao acompanhar os status dos amigos no WhatsApp, me deparei com uma foto dele com a mulher, com um texto de felicidade e avisando que a esposa estava grávida. A notícia veio como um choque. Fiquei pasmo. Decepcionado? Talvez. Eu me senti muito mal, não sei explicar ao certo o que se passou.

Não esbocei reação. Emudeci. Fiquei pensativo o dia todo. Eu me senti traído. Como? Não me pergunte. A sensação era de impotência. Não tínhamos nada. Disso eu tenho convicção. Ele não me prometeu nada. Eu não prometi nada a ele. Eu sabia que ele era casado, então era algo que já dava pra imaginar. Mas não. Eu estava mal e pronto.

Fiquei pensativo o dia todo, digerindo aquilo que eu acabara de ler. Ele postou uma foto no instagram, comentei. Quis mostrar plenitude. Mas não. Eu estava muito encabulado. Por fim, passou a tristeza. Eu tinha que evoluir.

Paralelamente a isso e diante do que aconteceu, eu me propus a seguir em frente. Recebi a ligação de uma pesssoa com quem não estava mantendo contato há um tempo, e que eu estava até magoado. Sentei com a pessoa, conversamos e chegamos ao consenso de tentar novamente algo. Nesse dia fomos a um motel, fizemos um sexo intenso, bebi um pouco, cheguei em casa altas horas. No outro dia tive ressaca moral.

Logo cedo, tinha uma mensagem dele no whatsApp falando da noite que tivemos. Ele estava mais empolgado que eu. Continuamos ficando até eu descobrir algumas coisas. Nesse meio tempo, terminamos e reatamos várias vezes.

Dias se passaram, nada mudou. A euforia continuava. No trabalho, não conseguia me concentrar. Em casa, ficava agitado e não tinha disposição para estudar nem seguir a minha rotina. Eu vivia em um constante dilema.

A imagem dele não sabia da minha cabeça. Tentava a todo custo tocar a minha vida pra frente, mas tava difícil. Nesse meio tempo ouvi uma música que descrevia justamente a vontade que eu tinha, que era a de viajar com ele pra um lugar bem distante e construir uma história juntos. A música "nosso plano" da tribo da periferia passou a ser a trilha sonora do nosso lance proibido. Era impossível ouvir essa música e não lembrar dele. A letra descreve justamente um sentimento louco, eufórico, bem análogo ao que eu sinto. Mostrei a música a ele, e ele entendeu a mensagem. Entendeu o que eu queria dizer pela música.

Pela simplicidade dele, sempre o via com roupas surradas. E em um dado momento organizando meu guarda-roupa separei algumas peças para doá-lo. Assim fiz. Dei de coração e bom grado. A esposa, por ser uma aquariana ciumenta ao extremo, passou a questioná-lo pelos presentes dados. Ele desconversou e explicou que eu estava doando apenas porque não me era útil mais. Talvez nesse momento ela tenha ficado com
uma pulga atrás da orelha.

É óbvio que a minha intenção não era essa. Nunca quis gerar mal estar ou ser o pivô de brigas do casal. Não mesmo. Mas a partir desse dia ela começou a suspeitar de um possível interesse meu nele.

Em um dia comum de trabalho, quando tivemos oportunidade, eu o abracei e o beijei. Ele recuou. Acabei dando um selinho. Fiquei meio desconcertado. Nesse momento, ele sentiu meus batimentos cardíacos. Percebeu o quanto o momento era especial pra mim. Foi algo mágico. Confesso.

Bejei teu pescoço e rosto, acaricei e disse o quanto era especial pra mim. Talvez ele nem entenda o quanto seja. Devido ao abraço e aos afagos, meu perfume ficou nele. Sim, propositadamente, usei um perfume marcante para que ele carregasse consigo o meu cheiro. Que ele me sentisse, mesmo de longe.

O que eu esqueci é que a fragrância do perfume é forte. O cheiro é marcante e doce. Enebria. Chegando em casa, e mesmo tendo tomado um banho de álcool pra tirar meu cheiro, o mesmo persistia.

A esposa dele ao cheirá-lo notou na barba   um cheiro diferente e de mulher. Começou a questioná-lo perguntando com qual rapariga ele estava. Ele passou por maus bocados nesse dia. A rapariga, na verdade, era eu.

No trabalho, seguíamos normal. Não tão normal porque o sentimento meio que me sufocava. Eu queria estar sempre junto dele e o incluia em todas as tarefas só para mantê-lo perto de mim. Assim se passaram dias, e eu cada vez mais atraído por aquele cara.

Comecei a viver um paradoxo na minha vida. Algo até então inimaginável. Nunca pensei que iria me encontrar atraído por um cara mais novo que eu, e totalmente diferente do que busco. Isso mexia muito comigo. Não estava sabendo lidar com essa situação nova. Mas eu tinha que agir, porém não sabia por onde começar.

Dias se passaram e cada vez mais se aproximava o término do contrato dele. Eu ficava apavorado com a possibilidade de não vê-lo mais nos meus dias. Eu tinha que agir, fazer algo para recontratá-lo. Queria a todo custo conseguir isso. E assim fiz. Eu me mobilizei, fiz relatório de desempenho e ofícios e encaminhei pra gestão. Solicitei a recontratação e após muita luta, consegui.

Ele a todo momento se mostrava confiante, até porque sabia que eu iria mover céus e terra para que ele fosse recontratado. Ele sabia que eu iria fazer o que pudesse. E assim fiz.

Fiquei muito feliz com a notícia, pois sabia que o teria mais uns dias na minha rotina, na minha vida.

Eu sempre tive clareza da dificuldade e da impossibilidade de ter algo perene com ele. Mas o fato de ser algo proibido me atiçava. Nossos encontros clandestinos acendiam o fogo do ser sagitariano. Eu me sentia o máximo. Isso me despertava muito desejo. Ele todo sem jeito me abrançando, se arrepiando com meus beijos no pescoço me faziam de algum modo delirar. Tudo era mágico. Confesso que ficava bobo com tudo.

O trabalho continuava, e diante do momento que vivemos de pandemia e isolamento social, íamos ao trabalho por escala. E eu fazia de tudo para me encaixar nos dias de escala dele. Fazia de tudo para estar junto, poder conversar e, quem sabe, ter um momento de intimidade e um aconchego nos braços dele.

Ele passou a ser o meu refúgio e, por incrível que pareça, o abraço desajeitado dele era meu alento.

O que eu sentia, e até comentei com ele diversas vezes, era a falta de entrega da parte dele quando estávamos a sós. Eu me entregava inteiramente durante o abraço, o beijo e o cheiro no pescoço. Já ele, meio retraído, ficava um pouco disperso. Mas eu o compreendia, pois pra ele tudo era novo e as coisas acontecem naturalmente, sem pressão. Eu teria que respeitar o tempo dele.

Mas ao mesmo tempo, comecei a sentir também uma espécie de manipulação da parte dele, porque ele sempre se colocava em uma posição de superioridade, como se estivesse no controle da situação. Ele sabia e compreendia todos os meus jogos, passos e comportamentos. Eu acabei dando a ele muito poder sobre mim. O errado fui eu, literalmente.

Ele é muito firme nas decisões dele. Tem um pode de camuflar seus desejos e vontades. Inclusive é orgulhoso. Eu sou coração, determinado e cheio de atitude. Somos díspares. Sim, os opostos se atraem.


Mas devido à sua falta de ação resolvi tirar meu time de campo. Resolvi dar um basta. Não podia me limitar nem esperar nada dele. Afinal, ele era comprometido e não havia possibilidade da gente ter algo mais duradouro. Sim, a única coisa que podíamos fazer é ter um momento de intimidade maior, onde poderíamos se entregar a essa atração louca, mas nem isso dependeria de uma decisão mais dele do que da minha.

A partir do momento que notei que ele estava no domínio da situação fiquei pensativo. Eu não poderia me deixar levar por um cara mais novo que eu, totalmente inexeperiente. Eu já havia vivido muita coisa, com pessoas experientes e do mais alto nível, e não poderia deixar aquele cara me manipular nem afetar a minha autoestima.

No fim das contas, cheguei à conclusão de que ele não merece o que sinto. Não merece a minha dedicação e o carinho que tenho por ele. Entendo que existem limitações e empecilhos para ficarmos, mas, ao mesmo tempo, sinto frieza, falta de empatia e de responsabilidade afetiva por parte dele. Isso me machuca muito, pois sempre fui dedicado e sempre o ajudei em tudo. Queria eu encontrar alguém com a mesma disponibilidade e carinho que eu ofereço aos outros.

Entre altos e baixos os dias se sucederam, e a apreensão de algum modo persistia. O sentimento de culpa estava instalado em mim. Eu precisava entender o que estava se passando. Mas estava muito difícil. Tivemos longas conversas, analisando todo o contexto, os pós e os contras. Claro, eu sempre bem transparente e ele sempre na defensiva. Talvez meu maior problema seja ser explícito demais nas minhas decisões e escolhas. Como bom sagitariano, eu continuava intenso, seguindo a premissa do 08 ou 80.

Em um dado dia, tivemos a oportunidade de ficarmos a sós. Aproveitei a oportunidade e o abracei. Beijei teu pescoço, senti teu cheiro, falei palavras bonitas ao seu ouvido. Senti a tua respiração, teus batimentos cardíacos. Olhei para tua face e vi, de certo modo, um misto de prazer e arrependimento. O proibido nos deixava atônitos.

Por sermos do signo do fogo - sagitário + áries - a gente se entende bastante. Se bem que eu sou muito mais impulsivo. Não sei nadar no raso. Ele já é mais controlado. Ainda bem, porque senão não sei onde iríamos parar. Tem que haver, de algum modo, um equilíbrio.

Eu me sinto mal diante de tudo. Nunca pensei que minha vida iria


Hoje estou aqui escrevendo de forma breve essa história, sem citar nomes, para botar pra fora tudo que senti e sinto. Sou um sagitariano muito intenso, muito ousado. Quando quero algo dou a cara pra bater. Eu me entrego completamente, vivo de forma frenética. Sou assim. Deus me fez assim.


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Comentários


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casalbisexpa Comentou em 11/04/2021

delicia de conto




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Ficha do conto

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Nome do conto:
Desabafos e devaneios: situação inusitada que vivi.

Codigo do conto:
176320

Categoria:
Fantasias

Data da Publicação:
11/04/2021

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