Os Imorais falam de Nós - Capítulo 2




CAPÍTULO 2 – O Começo

        Bem, tudo começou a uns dois ou três meses atrás, quando eu descobri que um amigo meu, mais um tipo de amigo que eu considerava como irmão, estava passando por problemas. Mais não era qualquer tipo de problema, ele estava se envolvendo com drogas, e também tinha acabado de descobrir que a sua namorada estava grávida.
        Nessa vez, eu sou obrigado a confessar que eu fiquei mais pasmo. Em se tratando de droga, eu realmente podia “compreender”, por mais que isso me doesse; mesmo eu achando que isso era uma tremenda idiotice, mais sinceramente, engravidar a menina? Isso eu não podia aceitar, ou melhor, não podia entender.
        Bem, eu já o conheço há pelo menos uns dezoito anos... Bem, nós nos conhecemos na rua onde morávamos, e então depois disso, surgiu uma grande amizade, tanto que, começaram a aparecer alguns comentários maldosos, não que eu me importasse tanto com alguma coisa. Pra ser sincero, eu estou me lixando para o quê os outros pensam... Bem, quase tudo...
        _ Hei cara, onde você está?
        _ Eu... To aqui...
        _ Então, me responde a pergunta.
        _ Que pergunta?
        _ A que eu já te fiz hoje só umas duzentas vezes. Você vai querer ir comigo pro sítio nesse fim de semana?
        _ Vamos só eu e você, além dos seus pais?
        _ Não, eles não vão.
        _ Vamos só nós dois?
        _ Não. Eu tava pensando em chamar mais uma galera e fazer uma festa. E ai? Você topa?
        _ Sim, mais antes eu tenho que ver com a minha mãe se não vai ter problema. _ Apesar de eu já saber a resposta, eu tinha que perguntar. Dá minha turma de amigos, se tinha um que ela mais gostava era ele. _ Eu vô pra casa falar com ela, e depois eu te ligo pra falar. Ta?
        _ Ok. Falô.
        _ Falô.
        Atualmente as nossas casas eram separadas por mais ou menos um quarteirão. Eu percorri a distância perdido em meus pensamentos. Eu não tinha muita certeza, mais eu parecia gostar um tanto a mais do Caio. Isso era fato, afinal, nós andávamos juntos, a maior parte do tempo. Mais quando eu digo isso, eu creio que não era exatamente dessa forma que eu estou falando. Eu gosto além do normal, digo, além do que dois amigos deveriam se gostar normalmente... Sou obrigado a confessar que já havia um tempo que eu o via com outros olhos. Já há um tempo que eu o imaginava junto a mim...
        _ Fala Vicentão!
        Ao me virar pra ver quem tinha me chamado, eu encontro com o inconveniente e sorridente, Eduardo.
        _ Fala Du!
        _ Pra onde tu tá indo?
        _ pra minha casa. Tô vindo agora dá casa do Caio.
        _ Você tá sabendo do que vai rolar no sítio dele...
        Então o choque na minha cara deve ter sido tão evidente que ele parou de falar abruptamente.
        _ Vai rolar alguma coisa?
        _ Vai mais você tem algum problema com isso?
        _ Não. Só me assustei com a rapidez do Caio em avisar. Ele tinha acabado de me falar.
        Ele fez uma cara de menino que foi pego no momento que tava fazendo a arte.
        _ Bem... Ele não disse o quê realmente vai acontecer... Mais ele falou de uma festa pra galera.
        _ Ah sim, isso ele tinha me falado.
        _ E ai, vai ou não?
        _ Ainda não sei. Eu tenho que falar com a minha mãe. Mais isso é quase certo que não vai ter problemas. E você?
        _ Sim, e mais uma galera dá escola. Inclusive a Juliana, que dizem que paga o maior pau pra você...
        _ Que nada... Bem eu tenho que ir, eu prometi ligar pro caio assim que eu tivesse uma resposta. Falô Du!
        _ Falô!
        Cara, uma festa com a galera... Eu não tinha tanta certeza se era bem o quê eu realmente queria.
_ Mãe! Cheguei.
        _ Oi filho, tá tudo bem?
        _ Sim. Mãe? Posso falar com você?
        _ Sim.
        _ O Caio vai pro sítio dele nesse fim de semana, parece que ele vai dar uma festa lá pra nossa turma, e ele me chamou, tem algum problema?
        _ Não. Eu realmente tava pensando em ir fazer umas compras com a Gilda esse fim de semana.
        _ Ta. Eu vô tomar um banho e vô pro meu quarto. Tá mãe?
        _ Ta. Já, já, chega à pizza que eu pedi. Por isso não demora ta?
        _ tá mãe.
        Eu saí e fui pro banheiro no meu quarto. Aliás, esse é o lugar onde eu passo a maior parte do meu tempo quando estou em casa. No meu quarto, é o meu lugar sagrado, quase um santuário, é onde eu me sinto à vontade, pra ser quem eu sou sem máscaras. E é também onde eu posso ter os meus pensamentos preferidos com...
        _ Filho, já chegou à pizza!
        _ Tô saindo.
        Mais ele não é tão impenetrável quanto eu gostaria que fosse...
        Depois de ter comido, eu liguei pro Caio.
        _ Caio? Sou eu.
        _ E ai cara, vai?
        _ Sim, o quê eu tinha dito?
        _ Certo você é foda.
        _ E ai, que horas vamos sair?
        _ Eu passo ai amanhã as nove ta?
        _ Ta.
        _ Vê se não atrasa. Se não todo mundo vai chegar antes e não vai ter ninguém pra abrir a porta.
        _ Ta. Falô Caio!
        _ Falô.
        _ Ah, uma coisa.
        _ Fala.
        _ Você vai mesmo dar uma festa lá?
        _ Eu não. Nós vamos.
        _ Vamos?
        _ É.
_ Não         tem muita gente nessa frase?
        _ Não. Olha: eu, você e mais a galera que eu chamei.
        _ Cara, se eu soubesse disso, eu realmente não tava muito afim de uma festa...
        _ Eu sabia. Justamente por isso que eu não te contei. Mais por que você não tá afim de uma festa com a galera?
        _ Não é bem com a galera...
        _ Não? Então?
        _ É mais com o... Eduardo que com outra pessoa...
        Nessa hora, eu acho que a minha hesitação me traio, porque, ele perguntou:
        _ É só com ele mesmo?
_ Não. Tem a ver com a Juliana também.
        _ O que foi? Ela paga o maior pau pra você!
        _ É mais ou menos isso, eu acho que ela vai querer ficar comigo, mais eu não tenho muita certeza se eu to...
        _ Pô Vicente! A mina é a maior gostosa e tá te dando mole, e agora você tá dizendo que não tá afim? Olha eu não consigo te entender. Ela é a menina pela qual metade dos caras da escola daria um braço e sem reclamar.
        _ Eu sei de tudo isso. Mais ela provavelmente vai querer namorar, e eu não to nem um pouco afim de ficar preso a alguém agora.
        _ Se for por isso, fica tranquilo. Porque ela não tá afim de namorar
        _ Ah, sei lá. Eu vô e vejo o que acontece...
        _ Ta. Falô.
        _ Falô.
        _ Ah, Vicente! Vê se não atrasa amanhã ta?
        _ Vai à merda antes que eu me esqueça ta?
        Antes de desligar, eu ainda tive tempo de ouvir ele gargalhando.
        _ Filho, eu vô sair com a Gilda e já volto ta?
        _ tá mãe.
        Depois de me dar um beijo, ela saiu. Eu conhecia bem essas noites que ela saia com a Gilda. Ela nunca voltava logo.
        E aproveitando a oportunidade de ter a casa toda pra mim, eu realmente me soltava e fazia tudo que me desse vontade, inclusive andar pelado pela casa. Logicamente, isso não era via de regra. Uma vez ela me pegou no flagra. Deu o que fazer pra ela entender por que eu saí correndo quando ela entrou. Ela achou que eu tava usando droga e tudo mais...
        Ta aí uma das coisas ruins de ser filho único, e ficar a maior parte do tempo com a mãe. Meu pai viaja muito a trabalho, mais ele fica conosco em casa sempre que ele pode. Aliás, as chegadas dele são a melhor parte. Ela fica toda risonha, e nós sempre vamos jantar fora. Damos muita risada nessas noites...
        Mais voltando ao assunto da minha mãe. A Gilda é a melhor amiga dela, e pra minha infelicidade, a conselheira dela também. Quase sempre que uma frase dela começa “A Gilda falou...”, eu já sei automaticamente que eu vô me ferrar de alguma forma. Ela é uma coroa solteirona que não se conforma da minha mãe ter casado, e ela gasta a maior parte do tempo xingando o meu pai. Mais fora isso, ela é boa pessoa.
        Depois que eu tive certeza que elas já tinham virado a esquina, eu fui pro meu quarto e tirei a minha roupa, dessa vez se ela chegasse e eu não tivesse tempo de correr, eu ia falar que era por causa do calor. Já sem roupas, eu deitei na minha cama e liguei a TV pra ver o quê tinha passando de interessante. Fui rodando pelos canais e parei num com um filme que me chamou a atenção. Era um filme brasileiro, e eles estavam num puta de um amasso.
Parecia que era o Fábio Assunção, e alguma outra atriz que eu não consegui identificar. Fiquei assistindo. Confesso que eu tive que me segurar muitas vezes pra não descer a minha mão até a minha cintura.
        Mais além das cenas que tinham me parado em primeiro lugar, eu comecei a prestar atenção na história e tive um susto ao constatar que ela se tratava de decisões e sonhos reprimidos. Depois que o filme acabou eu desliguei a TV e liguei o rádio. Nem olhei qual era o cd que estava lá. Depois de um tempo, eu parei e ouvi que era um cd do Kenny G. Eu fiquei deitado no escuro por um bom tempo e aí comecei a pensar na minha vida, nos meus sonhos, nas minhas vontades, nos meus desejos reprimidos.
        E sempre que eu falava de desejos reprimidos, o primeiro nome que me vinha à cabeça era objetivo e rápido. Caio... Caio... Caio... Caio...
        Já há um tempo que eu vinha tendo sonhos com ele, e não era qualquer tipo de sonho. No mais recente, ele chegava à minha casa, numa noite que a minha mãe tinha saído e não era pra conversar. Ele entrava de surpresa, e me pegava nu no sofá. Quando eu fazia menção de levantar, ele vinha em passos largos até mim, e sem mais nenhuma palavra, ele se jogava sobre mim, me beijando loucamente. No sonho nós ficávamos assim por um tempo, e geralmente eu acordava depois disso de pau duro e logo corria pro meu banheiro. Aliás, eu tinha me esquecido de comentar:
Essa é uma das vantagens de se ter um banheiro dentro do quarto.
        A propósito, a minha casa ficava em um bairro de classe média-alta de São Paulo. Era uma casa antiga, minha mãe foi criada La, e era também bem grande. Além do meu, tínhamos mais três quartos, a suíte dos meus pais que era o maior quarto da casa, e mais dois menores um para hóspedes e o outro que era o escritório do meu pai, quando ele estava em casa. Aliás, era Lá que ele passava também a maior parte do tempo.
        No andar de baixo, ficava a sala de jantar com sua longa mesa, e a sala de TV, isso mesmo agente tendo uma TV em cada quarto. Era uma insistência da minha mãe, que dizia que era bom pra nos         manter juntos quando o meu pai estava em casa. Foi lá que ela me pegou da outra vez que eu estava andando pelado pela casa. Eu tinha acabado de assistir a um filme e tava zapeando pelos canais, e ela chegou. Era lá que geralmente eu, o Caio e a galera assistíamos filme quando nos reuníamos. Até porque, era uma TV de plasma de 42 polegadas, e toda a galera curtia. Ao lado da sala, ficava o banheiro de baixo, que era uma das minhas salvações quando eu me empolgava com algum filme, ou mesmo com alguma cena, e tinha que me lavar. Tinha também a cozinha, que a minha mãe costumava exibir como um troféu, apesar de quase ninguém se interessar muito por isso hoje. Ela contava que a minha vó é igual, seja lá quem for, entrando em casa, era a primeira parte que ela mostrava, ela levava a pessoa direto pra La. Não sei que mania estranha. Além dos meus amigos,         quem mais frequentava a nossa casa quando o meu pai não estava era a Gilda, quando ele estava em casa, gostava de fazer festa, gostava de casa cheia.
        Me levantei e fui ao meu computador e entrei no meu MSN, não tinha ninguém interessante para falar, então, sai e voltei pra cama.
        Vesti o meu pijama, e logo estava dormindo.


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Ficha do conto

Foto Perfil Conto Erotico victorpass-sjc

Nome do conto:
Os Imorais falam de Nós - Capítulo 2

Codigo do conto:
60896

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
18/02/2015

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