Gustavo, o melhor amigo do meu papai (3)



APÓS A CONVERSA em torno da piscina, recolhi-me para meu quarto, a fim de tomar uma ducha quente. Minha ideia a respeito de pedir que Gustavo passasse protetor solar no meu corpinho não surtiu efeito. Não houve tempo nem coragem suficiente, e quando meus pais apareceram, fiquei mais envergonhado. Ainda por cima, aquela historia foi para mim um caldeirão de coisas e coisas. Eu achava divertido o fato de minha mãe ser disputada por dois homens, que eram amicíssimos. Tenho certeza que mamãe achou excitante, em sua juventude. A situação poderia ter descambado para a tragédia, todavia incrivelmente tudo se ajeitou: meu pai “ganhou”, o amigo aceitou a derrota, “e todos viveram felizes para sempre”.

Ou será que não? Pensamentos negros me acompanhavam enquanto eu subia a escada até meu quarto. E se minha mãe tivesse realmente se arrependido da escolha? Claro que ela jamais assumiria publicamente. Meu pai não era de se jogar fora, é verdade. Mas não se equiparava a Gustavo, cujo porte sempre me alucinou, desde a adolescência. Meu pai era uns vinte centímetros mais baixo, com músculos menos salientes, uma pele que recebia pouco sol; seus cabelos eram curtinhos, meio crespos, seu nariz aquilino, os olhos eram castanhos. Era uma visão, sim, agradável, mas acho que as amigas de minha mãe não sentiram tanta inveja dela como sentiriam se soubessem que o outro pretendente era o Gustavão. Meu pai e eu éramos parecidos em muitos aspectos, sendo todavia diferentes quanto às personalidades. Posso me gabar que sempre fui mais atirado. Não muito dado a discrições. Quando eu queria, não dava indiretas; era certeiro, pra agora, já. Meu pai, contrariamente, era tímido e discreto... era bem solto com os amigos, mas em rodas com desconhecidos, se escondia sob a tutela do amigo, que era o centro das atenções.

Causa-me certa estranheza ficar descrevendo sensualmente o corpo do homem que meu deu a vida, embora eu saiba que muita gente tenha tesão com isso. Eu não tinha, sinceramente. Alguns leitores poderiam insinuar que o corpo do Marcelo não estava de acordo com minha preferencia... mas... o importante era que eu o amava, e, mesmo que fosse feio, era um bom homem, honesto, sincero, bom pai e esposo.

Eu refletia sobre a conversa da tarde, enquanto a agua quente escorria pelo meu corpo magro, pequeno e liso. Cacete! Meu pau logo ficou em ponto de bala. Claro que não parava de pensar no amigão do meu papai. Que homem! Eu nunca tinha visto ao vivo o cacete dele, nem mesmo mole, vizinho dele em mictórios de shoppings, mas já tinha a confirmação de que era enorme, porque muitas vezes seu falo não se continha na sunga.

Mencionei que meu corpo era magro, pequeno e liso, muito parecido como de meu pai, que todavia sempre foi bonito. Eu não era tão bonito quanto ele, e muitas vezes fiz pedidos aos céus para que meu cacete ficasse maior, conforme eu fosse crescendo. Traumas de adolescentes! Não surtiu efeito. Desde os meus quinze anos, não se alongou mais que quinze centímetros. Meu ex-namorado adorava, é verdade, achava um charme. Enfiava gostoso na boca, abocanhava inteiro, me levando à loucura. Meu ex, apesar dos pesares, foi o grande responsável por eu ter gostado mais de mim. Até uma marca de nascença, horrorosa, em forma de meia-lua, que eu tinha na nádega direita, ele dizia ser a “marca dos deuses”. E dava-me tapas de deixar minha bunda vermelha por dias.

Não sei se por pensar em Gustavo ou meu ex-namorado, comecei uma punheta leve, só pra deixar meu pau mais feliz. Eu sempre gostei de bater punhetas mais longas. Acordava, tocava uma, sem esporrar, me acalmava, guardava o bichinho, e recomeçava o ato uma hora depois. Repetia essa tarefa até não me aguentar mais. Claro, quando esporrava, era muito mais gostoso. O tesão tinha se prendido tanto tempo que meu êxtase era demais! Então, uma punhetinha básica, pensando em Gustavo, meu quase pai.

Ainda dentro dessas possibilidades de realidades, ou realidades alternativas, uma coisa martelava minha cabeça. Como seria se o Gustavo tivesse sido o meu pai? Como seria? Talvez eu fosse gostoso como ele, mais encorpado, mais divertido, e mais pegador. Talvez até eu fosse hétero. Não estou insinuando que a “culpa” por eu ser gay era do Marcelo, mas... sei lá... Havia muita testosterona dentro do homem que minha mãe não quis. Meu pai demonstrava ser todo satisfeito com sua esposa, eu nunca soube de nada que provasse o contrário: se eu soubesse de alguma traição dele, já teria contado para minha mãe. Talvez ela tenha se ajeitado com Marcelo por saber que ele era “fácil de lidar”. Se tivesse se casado com o outro, teria muito trabalho em mantê-lo na linha.

Será que se o Gustavo fosse meu pai, eu teria tesão por ele mesmo assim? Que horror pensar nisso! esse é dos assuntos que devem ficar trancados no lugar mais recôndito do nosso ser. Pensar nisso, mesmo que fosse uma terrível suposição, era proibido. Afinal, gay não é só bagunça. Mas eu pensava naquilo tudo e meu pau não se recolhia. Daí pensei em minha mãe, e tudo voltou ao seu devido lugar.

Saí do banho, arrumei-me desleixadamente, e desci para o jantar. Todos comemos muito rápido.

— Vou pra biblioteca — anunciou minha mãe. — Os papeis me chamam.

E saiu.

— Pois a minha noite de sábado será muito animada — declarou Gustavo, dando uma piscadela para o amigo.

— Marcelo, vamos comigo até a lanchonete do Walter. Preciso falar seriamente com você.

— Quer ir também? — perguntou meu pai, torcendo no fundo da alma para que eu não fosse: a conversa entre eles certamente era confidencial, ou sobre trabalho.

— Não, obrigado. Talvez eu saia com os amigos.

— Tudo bem, mas não volte tão tarde.

Percebi que durante o jantar Gustavo estava muito eufórico. Ele tinha dito que dormiria em casa, aquela noite. E isso me deixou eufórico também. Mais que eufórico, me deixou com o cu arreganhando de vontade de ficar mais perto dele. Mas... ao dizer que sairia pra naite, fiquei com raiva. O certo seria eu também sair com os amigos, caçar uns caras que gostavam de me comer sempre que eu quisesse. Eu não só estava com raiva daquele homem — estava morrendo de ciúmes. Era um sentimento que eu sempre iria ter, até o fim da minha vida. Porque, afinal de contas, ele dava muitos motivos.

Ao invés de sair, algo me dizia para ficar de tocaia. Fiquei jogando videogame até que eu ouvisse pela janela o carro entrando na garagem. As horas passaram voando, como bem acontece quando estamos nos divertindo. Eram quase dez horas da noite quando ouvi a garagem sendo aberta. Esperei mais uns dez minutos, enquanto me ajeitava de modo bem desleixado, vestindo meu pijama mais justo. Depois desci para a sala de estar.

Eu já estava cansado de ficar rodando em torno daquele homem, feito urubu, sem saber se atacava, ou se corria. Já disse que minha natureza era ser direto, decidido. Partir para cima. Contudo, “era da família”, como meu pai sempre salientou. Ei tinha fotos com ele em todos os momentos importantes da minha vida. Aniversários, formaturas, enfim. Ele era da família. Nós éramos a sua família. Eu sabia que o queria fisicamente, precisava daquele sujeito cheio de testosterona dentro da mim, enfiado naquele pau que não me saia da cabeça. Mas era da minha família, um irmão para meu pai. Eu tinha de tentar algo, pelo menos ser mais insinuante. Avançar algumas casas. Mas... ele era da família, não era tão simples chegar e ser comido.

Caminhei pelo corredor como se fosse um bovino para o matadouro. Meu coração não se controlava, mas meu cu estava ok. Nessa altura, nada mais importava. Andei pelo corredor, e estando no final, perto da escada, ouvi a tv ligada. Lá estava Gustavo, todo largado no sofá, distraído com algum filme. Talvez estivesse esperando que nossa empregada arrumasse seu quarto. Não, não poderia ser isso. Não havia necessidade de arrumações, a empregada tinha ordens de sempre deixar o quarto tão perfeito como se Gustavo morasse com a gente. Segurei a respiração, fui descendo os degraus pé ante pé. Ao me aproximar, percebi que tinha a nunca esquecida taça de vinho nas mãos. Estava vestido com uma calção de dormir azul marinho, de seda. O torso completa e deliciosamente nu.

Enquanto eu ainda descia, lá fora veio-me o som do motor do carro deixando a garagem. Estranho! Não poderiam ser outras pessoas senão meus pais. Onde estariam indo? Ninguém havia me avisado a respeito. Mas era bem uma mania da minha mãe, sendo adoradora da noite, do teatro, do cinema, da boa musica, dos restaurantes... minha mãe também era do agora, tinha uma boa ideia na cabeça e a executava.  

Aproximei-me de Gustavo, que ainda não tinha percebido minha presença. Assim de perto, pude ver melhor de que modo ele estava ajeitado no sofá. Não estava ajeitado, e sim sentado, afundado nas almofadas, mexendo distraidamente no elástico do calção de seda. Então meus olhos se retiveram no que se escondia entre suas pernas: seu pau estava duro, e tive a nítida impressão de que ele batia uma punheta enquanto via tv. Quando eu já estava quase do seu lado, tossi para anunciar minha presença. Assim que me ouviu, pegou uma das almofadas e se cobriu com ela, me encarou, sorrindo de um modo muito sacana, e estendeu um braço para o lugar vazio ao seu ladinho, dizendo:  

— E aí, Bruninho? Seus pais pediram pra te dizer que vão há uma festa e voltarão muito tarde. Senta aqui do meu lado e vem ver tv comigo. A noite será longa: hoje seremos só nós dois aqui!


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Comentários


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hahasexo Comentou em 30/07/2015

Ainda bem que você voltou, estava com saudades.

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betopapaku Comentou em 30/07/2015

Muitíssimo bem escrito. Devia servir de exemplo. Votado, com gosto




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Ficha do conto

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Nome do conto:
Gustavo, o melhor amigo do meu papai (3)

Codigo do conto:
68594

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
30/07/2015

Quant.de Votos:
26

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