Movido pelo desejo



       Era verão, o sol brilhava onipotente em um céu sem nuvens. Maceió estava beirando os trinta e seite gruas naquele dia.
        Mesmo de bermuda e um com uma camisa de malha fria, eu ainda consegui suar. Preto sempre foi minha cor favorita e no verão eu sofria com isso, morria no calor, mas usava preto. Tinha pego um ônibus lotado na faculdade e estava indo para o shopping mais próximo, havia marcado de encontrar alguns amigos para resolvermos assuntos pendentes sobre os trabalhos do curso. O coletivo estava exageradamente cheio e a cada ponto o motorista abria as portas para que mais pessoas entrassem, minha mochila estava nas pernas de uma gentil senhora que se oferecera para segura-la enquanto eu estava em pé, próximo à porta de saída. O calor só aumentava, eu conseguia sentir o suor escorrendo por minha nuca, meus cabelos loiros e encharcados grudavam na minha testa enquanto as mechas mais longas cobriam meus olhos. Estava muito quente. Várias pessoas abanavam-se com leques improvisados como capa de cadernos, pasta de documentos e etc. Mesmo com o ônibus em movimento e todas as janelas e escotilhas abertas o calor era sufocante.
        Sem aviso, a condução simplesmente parou em um ponto que ficava na metade do caminho para o shopping. “Puta que pariu quantas pessoas mais esse motorista pretende colocar nesse carro?” Pensei. No fundo eu sabia que o condutor estava apenas fazendo seu trabalho, mas tudo o que eu queria era sair o mais rápido possível.
        Mais pessoas foram entrando e começaram a se amontoar, alguns foram empurrados, outros apenas saíram do caminho e houve aqueles que preferiram descer naquele ponto. Eu não sei como aconteceu, mas quando o ônibus voltou a andar havia alguém atrás de mim. Normalmente duas pessoas ficam em pé no corredor do veículo, uma de costas para a outra, mas quando se pega o B. Bentes – Colina – Clima Bom 802 todo e qualquer espaço é válido. Então, ao invés de duas pessoas no corredor, tínhamos três. Eu virado para o lado das portas, uma mulher virada para o outro lado, e como recheio do sanduiche havia um cara. Aparentava ter a mesma idade que eu, apesar da barba muito bem cuidada no rosto, era cerca de dez centímetros mais alto e suas mãos quase tocavam as minhas na barra de apoio acima de nossas cabeças – pequeno detalhe, ele estava atrás de mim, mas virado para o meu lado -, esperei que ele passasse, achando eu que estava apenas procurando um lugar melhor, mas não, ali mesmo ele ficou.
        A mulher que estava na outra extremidade do sanduiche era meio corpulenta, o que fez com que eu e o desconhecido nos espremêssemos – o que para mim não foi algo ruim. O pau do rapaz em minhas costas encostava na minha bunda a cada sacolejo que o ônibus fazia e com alguns minutos esse pau foi endurecendo. Eu conseguia sentir a respiração pesada dele em minha nuca suada, suas mãos estavam tocando as minhas na barra de apoio acima de nossas cabeças e seu pau rosava em minha bunda enquanto ele rebolava discretamente. No começo fiquei assustado e pensei em gritar, chamar de tarado e mandar a galera expulsar do ônibus, mas olhei em volta e ninguém havia notado. Em um mundo onde várias coisas acontecem ao mesmo tempo, onde a informação circula na velocidade da luz, as pessoas ficam presas a celulares, tabletes e vários outros aparatos eletrônicos. Todos estavam olhando para baixo, ninguém nos notara. Mesmo assim eu pensei em gritar, mas na verdade eu sabia que estava gostando daquilo, era novo, era errado, era inserto, era perigoso e eu queria muito. De soslaio comecei a olhar mais para o homem atrás de mim, era lindo, queixo quadrado, olhos castanhos, sobrancelhas grossas, cabelos pretos em um corte social, pele clara, um pescoço que não sei por que me fascinou.
        Quando eu sentia seu pau duro atrás de mim, eu mexia minha bunda como que para atiçar o apetite da fera que ele guardava entre as pernas. A respiração do estranho estava cada vez pesada em minha nuca, o calor aumentava e o balançar do ônibus também, estávamos quase transando lá mesmo quando o coletivo parou. Era o ponto do shopping. Várias pessoas começaram a descer e eu peguei minha mochila das pernas da gentil senhora.
        - Vejo você no banheiro do primeiro piso. – Disse o estranho quando saiu de trás de mim e desceu do ônibus.
        Fiz o mesmo.
        Quando atravessei as duas vias e todo o estacionamento do shopping em baixo do sol forte e com a mochila nas costas, recebi aquela rajada fria do ar condicionado assim que coloquei o primeiro pé dentro do centro comercial. Foi como um tapa na cara, e esse tapa estava cheio de murmúrios mal criados como: “Você é o que, idiota? Ficar se esfregando com um estranho dentro de um ônibus lotado! E o pior! Ainda cogitar a hipótese de realmente ir atrás dele no banheiro! Perdeu o juízo?”
        - Acho que sim – disse para mim mesmo.
        “Não faça isso, Filipe!” Gritou meu bom senso. “Vai se arrepender!”
        - Ótimo! Prefiro me arrepender pelo que eu fiz, não pelo o que eu poderia ter feito. – E em silencio absoluto eu fui caminhando até as escadas rolantes perto da praça de alimentação.
        “Louco...” Foi tudo que meu bom senso disse.
        - Eu sei.
        Quando coloquei o pé na escada e comecei a subir, vi meus amigos rindo nas mesas lá em baixo e naquele momento veio a mim a sensação de que talvez fosse inteligente ouvir o bom senso. De que eu estava completamente errado e devesse voltar a trás na minha escolha, mas como todo mortal, fui movido pelo desejo e continuei subindo.
        Encontrei o banheiro do primeiro piso com muita facilidade, ficava a menos de dez metros das escadas, tinha várias placas sinalizando de modo que nem precisava ser alfabetizado para acha-lo, mas estava escrito em inglês, espanhol e português.
        Fiquei parado na porta do lado de fora por cinco minutos, tentando arrumar coragem e me perguntando onde estava aquele devasso que possuíra meu corpo e ficara esfregando-se no pênis de um estranho dentro de um ônibus lotado pedindo para ser linchado pelos outros passageiros. Cansei de esperar e mentalizei meu mantra sagrado, - foda-se - pensei e entrei no banheiro. Era como todo banheiro de shopping costuma ser, com mictórios e pias e box com vasos sanitários e tinha até um espaço para tomar banho lá no fundo. Era um espaço razoavelmente grande. Havia alguns homens fazendo suas necessidades fisiológicas, mas olhei em volta e não vi o estranho, então achei que ele tinha cansado de me esperar e resolvera ir em bora. Mesmo assim restava um fio de esperança que me fez da volta e ir para a outra parede do banheiro que ficava meio escondida e perto dos últimos sanitários. Mesmo assim não o vi.
        “Pelo menos eu tentei,” pensei.
        Para não perder a viagem até o piso superior eu resolvi urinar, já estava no banheiro mesmo. Abri o zíper da bermuda e fui ao mictório mais próximo, baixei um pouco a cueca com mão esquerda e segurei meu pau com a direita, puxei o couro do prepúcio até toda a cabeça do meu pênis ter saído e então mijei. Nesse momento de mãos ocupadas e bermuda aberta eu me tornei vulnerável, e não me dei conta que a porta da cabine do box atrás de mim tinha se aberto, um homem veio em minha direção e ficou no mictório ao meu lado direito. Era ele, o estranho. Estava de pau na mão e esse já se mostrava grande e duro, e todo melado de gala e urina. Era lindo, agora eu via como ele se vestia. Tinha uma camisa social de cor vinho e uma calça jeans preta e um sapato preto brilhante. Ele me encarava com aquele olhar fixo nos meu olhos enquanto movia a língua de lado para o outro na boca molhada.
        Quando tentei pergunta seu nome e colocou um dedo na minha boca para calar-me, senti gosto de urina e esperma, sei que deveria ter ficado com nojo, mas não, aquilo, aquela nojeira me deu excitação e meu pau ficou tão duro quanto o dele e o mijo que ainda sai de dentro de mim ficou com jatos mais fortes e foi nessa hora que ele retirou a mão dos meus lábios e agarrou meu pau. Levei um susto, mas ele se manteve sério o tempo todo. Então ele começou a me masturbar enquanto eu mijava e sua mão se encharcou com minha urina, mas ele não se importava, o estranho soltou seu pau e com a mão direita começou a apertar minha bunda com força e mais força e mais força. E a cada aperto ele me masturbava mais rápido e mais forte, o mijo acabou, mas a ele não tinha acabado comigo, o homem bem vestido colocou a mão direita por dentro da minha bermuda e cueca e com o dedo do meio começou a massagear meu ânus, eu queria gemer, mas não podia, havia mais pessoas do outro lado daquela parede. Eu queria que ele me chupasse todo, mas não podia. Ele enfiou o dedo dentro de mim e eu gemi baixo, olhei em seus olhos e estavam sérios. A masturbação continuou cada vez mais rápida e forte, ele fez força dentro da minha bermuda e senti outro dedo.
        Eu estava suando em bicas e ele sério, minha rola estava pulsando nas mãos de um homem que eu nem sabia o nome, não foi como naquela vez em Salvador, estávamos num banheiro publico, podíamos ser presos, mas o cheiro do mijo, da sujeira e o saber que era extremamente errado só faziam meu pau ficar ainda mais duro de desejo. Talvez pelo perigo, ou pelo estranho, ou por todo o resto.
         Ele dedava cada vez mais forte, ele apertava meu pau cada vez mais forte e quando eu fui gozar ele tampou a cabeça do meu pênis com a palma da mão esquerda e eu o deixei todo melado de gala. Quando olhei, ele estava se lambendo e me dedando com a mesma força, depois parou e retirou a mão da minha bermuda e fechou a calça.
        - Foi bom – ele sorriu. – Se vista e vá embora, garoto.
        Da mesma maneira estranha que ele surgiu também desapareceu. Virou a direta na outra parede e desapareceu pela porta que levava a saída. Coloquei meu pau dentro das roupas e fui para fora do banheiro a fim de tentar vê-lo, mas não consegui, se ele estava por lá se misturou a multidão. Notei que não tinha lavado as mãos e por puro reflexo as levei ao nariz e senti o cheiro de mijo, gala e suor.
        “Vai pro mural do só faço uma vez na vida!” Pensei comigo mesmo.
        Desci as escadas e fui à praça de alimentação.
        Não sentia mais calor...


                            Fim.


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Comentários


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hunter50 Comentou em 01/06/2016

gostosa tua historia




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Ficha do conto

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Nome do conto:
Movido pelo desejo

Codigo do conto:
84135

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
31/05/2016

Quant.de Votos:
5

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