Como Irmãos – O Silêncio. (PARTE 07)

Como Irmãos – O Silêncio. (PARTE 07)
      Depois que o Marcos saiu do quarto acabei pegando no sono. Pouco tempo depois fui acordado com alguém entrando pela porta e acendendo a luz do quarto.
Marcos: - Desculpa se te acordei.
JF: - Que nada, já abusei demais da sua boa vontade. Acho que essa é a hora em que eu despeço de você, vou atrás do meu irmão, agradeço pela hospitalidade e vou pra minha casa.
Marcos: - Então, é exatamente sobre isso que vim falar com você. Eu encontrei seu irmão e ele não esta muito bem, por isso tomei a iniciativa de mandar uma mensagem do celular dele avisando que vocês irão dormir aqui. Fiz mal?
JF: - Bem... Nada do que eu disser vai mudar o fato do meu irmão estar bêbado e nem vai mudar o fato de você já ter avisado aos meus pais que não volto pra casa hoje. Então só me resta você me mostrar o sofá onde vou dormir.
Marcos soltou uma gargalhada e disse:
- Sofá?! Que sofá?!
JF: - Não entendi. Qual a graça?
Marcos: - Esquece essa história de sofá. Você pode continuar ai onde você esta. Eu ia dormir no quarto ao lado já que cedi meu quarto lá de baixo pro seu irmão. Mas como não gosto muito de dormir “sozinho” aqui em cima vou arrumar minha cama aqui no chão. Claro, se você não se importar. Você importa – Marcos sorriu pro JF meio que sem graça.
JF: - A casa é sua, você que manda. E cara, não precisa arrumar cama no chão não. Essa cama aqui é muito grande, da pra gente dividi-la. Não acha?
Marcos: - Sim, acho. Já que você insiste vou dormir ai com você. Mas só por precaução eu vou arrumar a cama no chão mesmo assim.
      Eu juro que eu tentei entender essas frases entrelinhas que o Marcos tinha soltado nesses últimos instantes. Não consegui decifrar. Mas me fiz de desentendido e não fiz nada, não no seguinte instante. O Marcos buscou tudo que tinha que buscar arrumou a cama e depois de alguns minutos voltou perguntou se eu precisava de alguma coisa e se eu estava com fome, eu disse que estava bem e ele perguntou:
Marcos: - Posso?
JF: - Pode o que, Mané?
Marcos: - Me deitar do seu lado ora bolas... - Nós dois rimos.
JF: - Chega ai logo, pô.
       Marcos apagou a luz e se deitou ao meu lado. O silêncio tomou conta do quarto, porém minha cabeça estava um turbilhão, não conseguia parar de pensar nos últimos acontecimentos, na forma como Marcos estava me tratando e principalmente nas coisas que ele tinha dito e eu não tinha entendido bulhufas. Durante uns dois minutos eu consegui me manter inerte e quando decidi dizer algo o Marcos também tentou dizer alguma coisa. Então eu disse pra ele falar primeiro e ele disse que só queria saber se eu já estava dormindo e perguntou o que eu iria falar. Respirei fundo e soltei:
JF: - É que assim... Você nessas ultimas horas disse algumas frases soltas que na minha cabeça não fizeram sentido algum. Quero saber o porquê dessa cama no chão por “precaução”? E também quero saber o porquê de você ter cuidado de mim e me tratado da forma como está me tratando.
      O silêncio mais uma vez tomou conta do quarto. Acho que talvez ele pudesse estar tomando coragem para poder me responder. Foi quando percebi ele se mexendo e vindo em minha direção, ele se aproximou e perguntou:
Marcos: - Posso?
JF: - Pode o que?
Marcos: - Só responde sim ou não?
      Respondi sim e posso confessar que meu coração acelerou na hora. De repente do nada sinto os seus lábios tocarem os meus. Não pude acreditar aqueles lábios macios, aquele hálito quente, aquele toque tão delicado e ao mesmo tempo tão intenso fez com que eu fosse tomado por uma sensação muito diferente de tudo que eu já tinha sentido, bem estranha, porém muito boa. O Marcos se acomodou novamente no seu lugar respirou fundo mais uma vez e disse...
Continua...