Narrado por Alarick
Nunca entendi por que as pessoas cultuam muito o sexo, parece que todo mundo só pensa e fala sobre isso e que o significado da vida é ser feliz trepando. Nunca me encaixei direito nessa sociedade sexualista, não tenho atração nem por mulheres ou homens, penso que sou assexuado. Essas coisas não importam para mim, se vou ser solteiro/ virgem a vida toda, isso não é o fim do mundo, mas ultimamente me pego pensando muito em meninos, ou mais especificamente, no meu melhor amigo. O Ethan é meu amigo desde que me entendo por gente, não me lembro de como tudo começou, mas sei nós estamos juntos a muito tempo. Quando ele fez 15 anos, me contou que era gay. Sei o quanto foi difícil para ele dizer isso, acho que é difícil para todos e depois disso, nós começamos a assistir filmes LGBTQI+ toda quarta. -- é mais uma das várias atividades que fazemos juntos -- Na escola, as pessoas sempre perguntam se nós somos namorados -- eu não me importo que achem isso, mas quando olho pra Rick, ele está todo vermelho e logo começa a xingar, acho que ele não gosta dessa ideia de sermos namorados -- Eu acho que provavelmente eu sou gay -- acabo falando meu pensamento em voz alta --
_ O que? O que você está dizendo Rick?
_ -- tenho que levar a conversa em diante, ele provavelmente vai surtar -- Eu comecei a andar no mundo LGBT por sua causa, eu poderia experimentar ser gay, talvez?!
_ QUEEEEE? Por que disso agora?
_Eu nunca senti nada por mulheres. Sempre achei que fosse assexuado.
_ E acha que só por que nunca teve sentimentos por mulheres, você é gay? Você é idiota! As coisas não são assim.
_ -- eu sei que não é assim, ele vai insistir nisso, vou mudar de assunto -- Você está com raiva?
_ NÃO!
_ Por que está irritado?
_ EU NÃO ESTOU IRRITADO
_ Eu vou tentar ficar com um cara! Quero ficar com um menino baixo, alguém bonito, fofo e calmo. O oposto de você! -- eu praticamente descrevo ele, tirando o calmo. Tinha que colocar um adjetivo que não condiz com ele --
_ POWWW. IDIOTA!
_ AIIIiiii! isso doeu! Vai acordar minha mãe com toda essa gritaria -- Minha mãe está de folga do hospital, ela está mais que acostumada com os barulhos que fazemos. Ela reformou o quarto dela com isolamento acústico. Ethan sempre teve esse jeito meio doido explosivo. O que é muito engraçado, porque eu amo provocar ele. Mas o mais importante ele está vermelho --
_ Vou pra casa.
_ Não vai, fica aqui comigo, me desculpa ( Eu o abraço e faço ele ficar preso na parede), não fica com raiva
_ N-não estou com raiva, tenho que ir. SOLTaaaaa
_ Isso! Grita mais -- minha mãe vai acaba acordando -- grita mais que eu gosto.
_ Tá machucando meu braço, palhaço.
_ Desculpa! ( Disse beijando os pulsos dele e depois me deito em cima dele). Tem mesmo que ir embora?
_Vai dar meia noite sabe como meu pai fica preocupado
_ Vou ligar pro tio Will e dizer que você vai dormir aqui comigo hoje. Não queremos que nada de mal aconteça com você certo. -- Digo lançando um olhar descarado --
_ Convite tentador, eu sei me virar. Além disso o mal encarnado está olhando para mim.
_ Quando chegar em casa me liga, tá bom?
_ OKAYYYYYYY -- ele diz com um sorriso lindo --
_ Amanhã 9h tá lembrado?
_ Estou! -- aposto que não -- O que vai ter amanhã mesmo?
_ Sabia que não tava lembrado. Você disse que ia comigo no centro.
_ Certo, 8h eu chego aqui. Agora estou indo, vê se não dorme tarde.
_ Espera, não vai me dar meu abraço? -- ter ele nos meus braços é uma sensação muito boa --
_ Não! ( Nos abraçamos, um abraço demorado, eu aperto ele mais um pouco )
_ Boa noite Ethan!
_ Boa noite Alarick! -- meu nome é Alarick, mas todos me chamam de Rick. Mas toda vez que nos despedimos ele chama meu primeiro nome direito, acho que ele gosta de me zuar --
Fico vendo ele ir embora até dobrar a rua, ele mora na rua de lado a casa dele é, quase paralela a minha. Fecho o portão, decido fazer algo para comer e voltar a jogar. Coloco um pedaço de pizza no micro-ondas e vou para o quarto. Me jogo na cama e digo em voz alta: DROGA! Sinto que estou deitado em cima de algo e tento pegar. Uma chave com um urso? A chave de Ethan. Eu levanto e saiu. Vou levar á chave. A rua está bem escura, o poste de luz da rua dele queimou faz uma semana e ainda não trocaram, eu caminho devagar… até escutar um barulho. Parece que tem alguém chorando e escuto uma voz dizendo: “vou traçar um viado virgem“. Meu corpo estremece -- Ethan -- e eu escuto de novo a voz: “Isso, chora vai seu viadinho”. Não consigo pensar em nada, olho para os lados em busca de algo ou alguém e avisto uma árvore, casas trancadas com as luzes apagadas, em uma das casa tem um saco de lixo e um ferro apoiado no meio das sacolas. Eu pego o ferro e me aproximo devagar dos barulhos. Não dá pra ver quem é a pessoa, mas sei que está chorando. Estão de costas para mim e o cara está tentando estuprar a pessoa eu não penso, eu só bato na cabeça do cara como se estivesse batendo em uma bola de baseball. Fazendo o cara ir para o chão. Quando vejo a pessoa que o cara tentava estuprar eu só consigo gritar.
_ SOLTA ELE FILHO DA PUTA. FILHO DA PUTA, FILHO DA PUTA, FILHO DA PUTA, DESGRAÇADO, NOJENTO
Ethan estava sem o short e a cueca, tremendo, chorando e sua cabeça estava cortada e o sangue escorria pelo rosto. -- corre -- Vamos correr, eu digo. Então, pego na mão dele e começo a correr, ele corre com dificuldade e escuto ele me chamar
_ R-rick. O que você fez com o cara? -- que se foda o cara --
_ Eu bati na cabeça dele com um ferro, espero que ele não tenha seguido a gente. Estamos quase em casa.
_ Minha cab-cabeça -- os passos dele estão diminuindo, decido pegar ele no colo e começo a correr --
_ Eu sei, vai ficar tudo bem!
_ Rick! -- ele me chama para dizer algo e para.
_ Chegamos -- ele desmaiou, droga --
Ao chegar em casa toco a campainha e grito clamando minha mãe, chutando o portão. Coloco Ethan no chão um instante e tento abrir o cadeado, mas estou tremendo muito. Tento, tendo, grito, tento e começo a chorar. Minha mãe aparece e grita, eu consigo encaixar e abrir o portão. Mãe ele estava indo pra casa, tudo aconteceu tão rápido, ele vai ficar bem não é mãe? Por favor, não deixa nada acontecer com ele mãe. Minha mãe diz: Leva ele pro quarto, pegar um balde e colocar um pouco de água, liga para ambulância e depois para William. Agora -- eu só consigo olhar para ele, tem sangue na minha mão e só consigo chorar -- AGORA ALARICK! Ela grita me sacudindo. E eu pego ele e levo para o meu quarto que fica do lado da porta e vou fazer o que ela disse enquanto ela corre para o banheiro e pega o kit de primeiro socorros e vai para o quarto.
Ligo para ambulância e depois para Tio Will… primeira ligação ele não atende, ligo novamente
_ Oi filho
_ Tio!! Vem pra minha casa agora, o Ethan tá machucado
_ O que aconteceu? Eu to indo pra ai agora! Acabei de chegar em casa, EU ESTOU CHEGANDO FILHO (desliga).
Eu vou para portão, abro deixando aberto e fico na porta do meu quarto que dá pra ver o portão. Volto a chorar, minha vontade é entrar no quarto, mas sei que de eu ficar lá chorando só vou atrapalhar. Tio Will chega entra com tudo, pega minha mão e puxa pra um forte abraço rápido. E diz:
_ Tudo bem meu filho ( Escuto tio Will chorar baixo, ele me solta e entra no quarto), o que aconteceu Paola?
_ William, ele vai ficar bem. Ele teve um corte na testa e como você pode ver, tentaram abusar ele. Eu estou ( A ambulância chega), a ambulância chegou, pega ele, temos que levar ele para o hospital.
_ Espera, eu vou pegar um roupa pra ele, eu digo ( eu pego um short, uma camisa de frio e uma calça moletom, entrego o short para tio Will e pego uma bolsa e guardo o resto da roupa, meu cobertor, meu celular e 10 reais. Enquanto tio Will colocava a roupa, minha mãe fala com Tom, enfermeiro que veio na ambulância.
Fomos nós três para o hospital, na ambulância foi tio Will e eu ( eu fui contando a ele tudo que aconteceu). Minha mãe foi no carro de tio Will. Ele foi atendido rápido e logo as horas se passaram e eu estava ao lado do quarto e acabei adormecendo e fui acordado pela minha mãe
_ Filho, quer ir para casa descansar?
_ Não mãe, prefiro ficar aqui. Sei que a senhora e tio Will também pretendem ficar, eu trouxe roupa e dinheiro. Eu também não tenho condições para sair de perto dele nesse momento
_ Vai ser difícil separar os dois agora Paula ( tio Will aparece, em sua mão uma bandeja de plástico com 3 copos de café e uns biscoitos amanteigados), quando será que poderemos ver ele?
_ Posso falar com Meredith, acho que ela nos deixar ver ele por alguns minutos, mas ele precisa descansar. O corte não foi fundo, ele não terá nenhum risco, mas pegou ponto. O que me preocupa é seu emocional. William, tem alguma informação daquele aquele monstro?
_ Meus rapazes acharam ele caído no chão ensanguentado
_ EU MATEI ELE?
_ Quase! Mais alguns minutos o sujeito não estaria com vida. Depois que ele for examinado, irá para delegacia.
_ William, você está bem?
_ Não ( uma lágrima cai, e tio Will senta ao lado da minha mãe), como poderam fazer isso com meu filho? Droga! Meu menino, meu pequeno menino! -- nunca tinha visto o tio Will chorando, embora seja muito carinhoso com a gente do tipo pai babão ( A mãe de Ethan morreu em seu parto, tio Will nunca teve outro relacionamento depois, dedicou sua vida ao seu filho). Ele é um homem sério que faz jus ao seu cargo, tem 40 anos, 1,70cm, cabelo pouco grisalho, muito musculoso com uma voz grossa. Lembro que quando ele brigava comigo e com o Ethan ele só precisava dar uma olhada que nós começavamos a morrer de medo --
_ Eu sei, disse minha mãe também já querendo chorar. -- Minha mãe é uma médica muito atraente de 35 anos e 1,75cm, seu cabelo é chanel, tem algumas tatuagem no braço e na perna e teve um casamento que não durou muito. Se divórcio do meu pai quando eu tinha 5 anos, ele arrumou outra mulher e saiu das nossas vidas. Minha família é a junção de duas famílias. --
_ Sr. William, o senhor gostaria de ver seu filho? Diz Meredith que acaba de chegar -- Tio Will fala que sim, e Meredith acompanha ele até a sala, depois ela sai e depois de 20 minutos tio Will sai. --
_ Posso ver ele? ( Pergunto a minha mãe, que olha para tio Will, que olha em volta para ver se tem alguém por perto)
_ Vai lá muleque! Eu e Paola estamos de olho ( Minha mãe rir e dá de ombros, minha deixa). Eu entro na sala e vejo ele na cama com todos aqueles aparelhos conectados, minha vontade de chorar volta, mas me seguro e vou até ele. Deitado, o corte realmente não foi fundo, mas ele tinha alguns hematomas no braço. Eu sento na cadeira de lado, e acaricio sutilmente seu rosto e digo: “Oi”, depois seguro sua mão de leve e digo: “Que confusão em?”, “Parece que não vamos mais ao centro”, “Mas fico feliz agora, só em te levar pra casa”, “Hospital não combina com você, não é lugar pra fazer barulho”.
_ Quem está fazendo barulho agora? -- ele acordou! --
_ Oii ( eu digo bem calmo, sorrindo e fazendo carinho em seu cabelo), bom dia!! -- ele ri -- Espera, vou trazer alguém aqui ( Abro a porta e digo que ele acabará de acordar. E tio Will logo muda de expressão e corre para dentro da sala). Minha mãe foi chamar a Dr. Meredith. Ela entra na sala e faz uns exames para ver se estava tudo bem, e está tudo certo. Ela recomenda que todos descansem e amanhã irá fazer mais exames e a depender do resultado poderá ser liberado. Eu e minha mãe deixamos o hospital e fomos para casa mais tranquilos, eu queria ficar mais, mas não queria atrapalhar minha mãe e tio Will. Então, nos despedimos e fomos embora, e no outro dia minha mãe trocaria de lugar com tio Will que teria de trabalhar e resolver o que fazer com o filho da puta do estuprador.