— Quem é você? — perguntei, a voz firme e, de frente pro vento, sentia o arrepio comum percorrer meu tórax.
— Olá, filha.
E ele saiu das sombras. Eu pisquei algumas vezes, mas meu arco continuou armado. Era um homem, não tão mais velho que eu. Loiro, olhos azuis, bronzeado. O cabelo era longo e o rosto marcante e meio queimado, como os surfistas da Califórnia. Como eu. Ainda assim, são quase todos metamorfos. Não vou arriscar.
— Quem é você? — repeti. Ele sorriu com prepotência, então eu tive um pouco de certeza.
— Achei que reconheceria seu pai. Mas já que não, eu sou Apolo. Deus do Sol, arqueria, curas e venenos, oralidade, artes, teatro, música...
— Tudo bem — resolvi interromper o currículo dele, dessa vez abaixei o arco — já entendi. O que faz aqui?
— Bom, eu sempre venho aqui. Mas geralmente você já dormiu. Não posso deixar minha pequena oráculo desprotegida, posso?
Minha risada foi quase amarga. Ele pensa que pode surgir do nada depois de dezoito anos e agir como pai?
— Acho que já percebeu que eu nunca estou desprotegida — balancei o arco, pra indicar a resposta.
— Mas também nunca mais esteve sorridente.
— Então espera que eu me alegre só porque você está aqui, Lorde Apolo?
Minha ironia pareceu mexer com ele. Cruzou os braços e perdeu quase metade do sorriso enquanto começava a andar pelo quarto.
— Vocês mortais pensam pequeno... Não quero que se alegre por mim, quero só que se alegre. Eu sei de cada uma de suas noites mal dormidas, sei da sua dor, sei que...
— Se sabe, porque não veio antes?
— Deuses não podem interferir na vida dos mortais. Você, de todos os outros... Eu faria qualquer coisa pra estar com meus filhos nas horas difíceis.
— Qualquer coisa. Menos contrariar seu pai.
— É mais complicado que isso.
Devolvi o arco pra seu lugar e a flecha voltou pra aljava. Sentei na cama outra vez e suspirei. A verdade é que eu entendo, só... Não gosto. Se fosse mais sortuda, poderia contar com meus pais sempre. Infelizmente, não sou. E também não posso contar com meus amigos.
— Olha... Tudo bem. Eu entendo. Mas estou exausta, em todas as formas possíveis. Se puder me deixar dormir, então eu...
— Pode ir, vou vigiar você.
Engoli um palavrão. Ele estava falando sério?
— Lorde Apolo, não preciso da sua proteção, e não vou conseguir dormir com você me olhando.
— Então temos um problema, Cassie, porque não vou te deixar sozinha.
Nos encaramos por longos minutos, mas somos dois teimosos: ninguém venceria. Engoli um outro palavrão e podia jurar que o sorriso dele aumentou.
— Porque não deita comigo, Lorde Apolo?
O sorriso diminuiu. É um jogo que dois podem jogar, mas eu vou fazer tudo nos meus termos. Foi a vez dele de engolir algum palavrão e suspirar.
— Sabe — ele começou a andar na minha direção e eu deitei na cama outra vez — pode me chamar de pai.
— Claro — brinquei, ele deitou e eu voltei pra posição anterior: de lado, as costas pra janela. Mas ele deitou logo atrás de mim e eu não pude mais sentir a brisa, o que me fez mudar o tom ao terminar de falar: — papai.
Usei o quadril pra empurrar ele levemente, o que não surtiu efeito nenhum além de me fazer sentir algo na cintura dele. Ignorei, talvez o tecido fino da túnica branca tenha me enganado. Ouvi uma risada tão suave que parecia um vento de verão, e o braço dele envolveu minha cintura: um calor gostoso se espalhou pelas minhas costas, como o Sol numa tarde chuvosa como a que tivemos hoje. A brisa trouxe o cheiro da terra molhada pro quarto e eu relaxei, pelo menos assim dormiria mais fácil. Senti um beijo em meu ombro e quase me senti como uma adolescente normal recebendo carinho do pai ausente.
— Boa noite, filha.
Deixei aquele calor me tranquilizar e me aconcheguei mais contra meu pai. É o nosso primeiro encontro físico, e ele vai passar a noite comigo... Provavelmente sumirá pela manhã, mas ele está aqui. Fazendo o que pode — e o que não pode — pra me dar um pouco de conforto. Antes dos braços de Morfeu me guiarem na direção do sono, falei baixinho e com a voz rouca:
— Obrigada por vir quando eu mais precisava. Aprecio você, e sabe disso... Mas deixe uma prova de que foi real antes de partir pela manhã.
Senti o sorriso dele em minha nuca, através dos nossos fios dourados.
— Não se preocupe com isso.
Acho que dormi por uma hora, talvez duas. Eu tive o melhor sono da minha vida inteira: nenhuma visão, nenhum pesadelo, nenhuma entidade querendo fazer contato. Só o conforto do sono. Mal percebi quando acordei, porque ainda me sentia num sonho: ele ainda estava atrás de mim, seu calor ainda se espalhava por minhas costas. Minha boca se abriu num pequeno sorriso, já que até estando acordada me sentia tão bem. Comecei a brincar com os dedos dele, entrelaçando-os com os meus e imaginando uma realidade diferente onde pude crescer com um pai presente. Meu dedo indicador deslizou pelo braço dele, dançando pelos pelinhos loiros e quase transparentes. Segurei sua mão outra vez, deixei nossos dedos entrelaçados e me aconcheguei contra seu corpo de novo: e, de novo, senti algo em sua cintura. Será que é possível...?
Mordi meus lábios levemente, a curiosidade sempre foi um dos meus maiores defeitos. Agora mexi só o meu quadril, e minha bunda foi de encontro com a virilha dele outra vez, vindo de cima pra baixo. Ele estava duro. Minha mão começou a suar, mas quis ter certeza... De novo. Minha bunda desceu, e lá estava seu pau. É estranho. Foi dali que eu saí. Porque então toda essa curiosidade? Porque eu...
— O que está fazendo? — o sussurro dele na minha nuca fez arrepios correrem por todo o meu corpo. Engoli em seco e procurei concentração antes de responder.
— Fiquei curiosa... — pensei em algo que amenizasse a situação mas não faço ideia de como acabei falando: — papai.
Minha voz estava mais rouca do que eu esperava. Outro arrepio, sentia minha calcinha úmida. Isso é tão errado, eu nem posso...
— Curiosa? — foi outro sussurro, e o arrepio novo me fez cogitar se ele estava ou não fazendo de propósito.
Bom, então não vou deixar que ganhe.
— Sim, papai. — agora eu também sussurrei, e apertei levemente a mão dele. Uma gota única de suor escorreu pelas minhas costas.
Respirei fundo e me afastei, o suor incomodava. Procurei uma posição nova e encontrei uma ao colocar a cabeça sobre o peito dele, o abracei e minha perna se cruzou sobre sua cintura. A coxa grossa ainda mantinha contato com o pau duro dele, e me senti estranhamente satisfeita com isso. Agora seu pescoço estava ao meu fácil alcance.
— Resolveu sua curiosidade? — a voz do meu pai tremeu um pouco no final. Ponto pra mim.
— Mais ou menos — fiz questão de encostar os meus lábios em seu pescoço enquanto falava, e podia jurar que senti o deus se arrepiar. Agora o meu sorriso era o presunçoso.
— Cassandra, pare. Não pode me provocar assim.
— Porque não, papai?
Ele pareceu grunhir. Eu sorri minimamente, porque, na minha contagem, eu ganhei.
— Porque você é uma das virgens sagradas.
— Pensei que seria por eu ser sua filha — meu riso foi substituído pelo dele.
— Ah, por favor! — ele ainda ria — somos gregos, Cassandra.
Meu rosto ruborizou, e mesmo com raiva sabia que era outro ponto pra ele. Mas meu sorriso voltou em pouco tempo.
Eu me soltei do abraço e levantei da cama, sentindo o olhar dele em minhas costas enquanto eu tirava a túnica suada e voltava pra cama usando só a calcinha branca, pequena, fina e... Molhada. Não deitei.
Me apoiei em meu joelho e sentei pouco acima da cintura dele. Apolo, meu pai, engasgou com a própria saliva. O pequeno sorriso travesso ficou em meu rosto. Minhas pernas abertas na direção dele — acho que foi até algo automático: ele flexionou os joelhos e eu encostei minhas costas ali, como o apoio da cadeira mais confortável do mundo. Meu sono estava em qualquer lugar agora, menos em mim. Meus dedos escorregaram pela minha pele, apartir do meu pescoço.
— O que está fazendo agora? — ele gaguejou. Mais um ponto! Abaixei meus olhos pro meu corpo, só ergui o rosto quando senti ele se mexer. Meu travesseiro agora estava no pescoço dele, e meu pai tinha a visão perfeita de toda... Eu.
— Descobri um tempo atrás que não deixo de ser virgem me tocando... E quero que veja.
— Porque? — a voz dele não tremeu. Não marquei pontos, mas tentei não lembrar da parte em que ele é meu pai e desci meus dedos pra cima da calcinha. Senti ele segurar meus joelhos e abrir mais minhas pernas, e eu nem percebi quando falei a verdade mais pura:
— Porque isso me excita, papai.
Talvez seja por ele também ser o deus da verdade, mas eu decidi que não ia mais me conter. E daí se ele é meu pai? Ele ficou duro sentindo minha bunda, então eu me excito com ele. Ponto final.
Afinal... Somos gregos.
Meus dedos começaram a se mover ainda sobre a calcinha. Movimentos circulares que eram seguidos pelos olhos hipnotizados do meu pai, e um gemido rouco e arrastado rasgou minha garganta. Afastei o tecido e pressionei meu clitóris. Senti os dedos dele segurando a calcinha, e com a mão livre arranhei meu corpo até alcançar o pescoço. Meus dedos entraram em meu cabelo ao mesmo tempo que, lá embaixo, os outros dois entraram na minha buceta molhada. Fiz os movimentos de vai e vem de sempre, mas senti meu clitóris pulsar. Parei de puxar meus cabelos e voltei as duas mãos pra mesma tarefa: me fazer gozar.
Senti um calor diferente emanando dele. Passava por meu corpo como se fosse erótico, e aumentava a sensação de cada toque. Eu movimentei meus dedos mais rápido, minhas pernas começaram a tremer. Mordi meu lábio com tanta força que senti o gosto de ferro, mas não parei... Quando a mão dele veio pra cima da minha eu gemi mais alto do que nunca tinha gemido. Impulsionei o corpo pra cima por alguns instantes e ele segurou minhas mãos. Meu pai as afastou e começou a me tocar por ele mesmo. Os dedos dele começaram a estimular meu clitóris e com a outra mão, colocou dois dedos dentro de mim, de uma só vez.
Eu estava tão molhada, que deslizou.
Rebolei de encontro as mãos dele, gemendo como uma puta — e sem nenhum arrependimento. O pau dele ainda estava duro, e a cada rebolada eu o sentia esquentar mais. Apolo moveu as mãos tão rápido, tão quente... Eu gemi o nome do meu pai enquanto me derretia toda em seus dedos. Meu gozo molhou a barriga dele, mas meus olhos pressionados ainda não tinham processado toda aquela carga inesperada de prazer. Minhas pernas continuaram tremendo, eu gemia cada vez mais baixo, e ele usou as mãos molhadas pra segurar minha cintura com força e me fazer parar de rebolar.
Quando abri os olhos, ainda via estrelas.
— Você é tão... Gostosa. — ele disse, e quando o encarei, sob a luz da lua seus olhos literalmente brilhavam de prazer. O último gemido foi morrendo em minha garganta e eu me abaixei rápido, beijando o meu próprio pai com tanta sede...
— Por favor — gemi em seu ouvido, baixinho — por favor, papai, me fode?
Eu não sei onde enfiei a cabeça. Eu sou uma das virgens sagradas, ele mesmo disse isso... Podia perder a ligação com Delfos, no mínimo! Podia acabar amaldiçoada, como a maioria... E eu não dava a mínima pra nenhuma das opções.
Só queria, eu... Precisava ser fodida pelo meu pai.
Quando me afastei, o sorriso presunçoso estava de volta, mas o brilho no olhar não sumiu. Ele deu um tapa estalado em minha bunda, e logo depois de bater, apertou com força a minha carne. Outro gemido baixinho, e esse foi diretamente em seu ouvido.
— Sabe que pode morrer por pedir isso, não sabe, menina levada?
— Vou morrer se você não me foder — mais uma vez, a franqueza me surpreendeu, e eu não dava a mínima. Pra reforçar o pedido, meu rebolado voltou, e a calça jeans estava com um volume absurdo.
Pra meu prazer, ele me soltou só pra tirar a blusa escura e social que o deixavam com cara de ator. Quando tocou a barra da calça, eu coloquei minha mão sobre a dele. Parei de rebolar e comecei a distribuir beijos e mordidas em seu pescoço, ombros, peito... Fazendo todo o caminho até embaixo. Minhas mãos se mexeram praticamente sozinhas. Eu tirei seu cinto e o deixei sobre a cama, depois me ergui só pra abrir sua calça e tirar ela. Quando ela deslizou pelas pernas torneadas do deus, eu fiquei de quatro e beijei sobre a boxer branca, pra logo depois colocar a mão dentro dela e puxar o pau grosso e enorme pra fora. O admirei por alguns segundos, tendo a certeza absoluta de que aquilo não entraria na minha buceta virgem nem que eu quisesse, mas não tive medo. Beijei a glande e senti ele segurar entre meus fios de cabelo quando comecei a chupá-lo. Nunca poderia engolir aquilo tudo de vez, então fui aos poucos: masturbando ele, subindo e descendo minha boca até onde podia. A minha saliva e o pré-gozo dele escorriam por toda a extensão do membro, e eu só parei quando ele me puxou, pelo cabelo, até seu rosto. Ele segurou meu queixo com uma mão e virou, ficando por cima de mim. Minha boca suja escorregava entre o beijo que me deu, e quando senti seus dedos me masturbando quase impulsionei minha cintura pra cima outra vez. Minhas pernas estavam bem abertas, e a esquerda foi parar enganchada na cintura do meu pai. Seus dedos pararam rápido, mas logo senti a cabecinha daquele pau enorme e gostoso na entrada da minha buceta pequena e apertada. Eu respirei pela boca e o abracei só pra afundar minhas unhas em suas costas.
— Tem certeza disso?
— Por favor! — eu implorei com um gemido, e as costas suadas dele se inclinaram levemente enquanto seu pau entrava em mim, rasgando tudo em seu caminho.
Meus gemidos altos eram tanto pela excitação quanto pela dor, mas ele não parou. Mais uma vez o gosto de sangue encheu minha boca, e quando me senti totalmente preenchida, ele começou a se mexer. Assim como era com a masturbação, ele fazia movimentos de vai e vem, e a dor que eu sentia era tão excitante pra mim quanto o calor dele foi. Gemi com mais força e lágrimas brotaram nos cantos dos meus olhos. Àquela altura suas costas deviam parecer uma tela abstrata, e ele começou a aumentar a velocidade.
— Ah, papai... Bem assim, aí! Isso, papai!
Meu quadril começou a se movimentar ao mesmo tempo, e a dor era só mais uma das coisas gostosas naquela cama molhada de suor.
Ele ficou tão rápido que eu não conseguia mais gemer. A voz se perdia entre meus pedidos sussurrados, e a mão dele alcançou meu pescoço e me sufocou. Meus olhos reviraram e eu gozei outra vez, mas ele ainda se mexia... Cada vez mais rápido. Minhas pernas tremiam tanto que eu já não tinha mais apoio, e a mão dele soltou meu pescoço pra desferir um outro tapa forte e estalado na minha bunda, segurando ali e me apoiando contra ele. Não durou muito, e quando soltou minha carne, sua mão estava mais uma vez massageando meu clitóris, tão rápido quanto ele se mexia. Meus gemidos voltaram enquanto eu gozava pela terceira vez, mas foi diferente. Dessa vez algo quente me encheu por dentro, e eu soube que ele também tinha gozado. Não conseguia falar nem respirar do jeito certo, ofegando enquanto ele tirava o pau da minha buceta gozada e tocava o gozo dele em mim, me causando novos arrepios. Quando minhas pernas finalmente pararam de tremer, eu o abracei com força. Meus lábios estavam pouco abaixo de seu ouvido, e eu sussurrei:
— Obrigado, papai.
E eu finalmente consegui dormir — nua, suada e suja de gozo, abraçada ao meu pai, que só parou de beijar meu rosto e fazer carinho em meus cabelos dourados quando eu dormi.
Pela manhã, acordei sozinha.
De início, pensei que tudo aquilo tinha sido outro sonho erótico, e a luz do Sol que tocava meu tórax não era deliciosamente impura, mas quando levantei o lençol me vi nua.
O sinal de que nada daquilo foi mentira estava na minha buceta molhada outra vez pela simples lembrança do calor do meu pai dentro de mim.