Algumas pessoas podem achar que essa história é falsa, eu também gostaria que fosse, mas tem situações da vida real tão inacreditáveis que superam até a ficção. Estou aqui para abrir meu coração e expor minha vida e tudo que fiz. Espero que não me julguem tanto, porque já não sou o mesmo, hoje sou outra pessoa.
Me chamo Thiago e tenho 17 anos. Não me acho bonito, estou fora do padrão que a maioria dos gays ativos procuram. Sou gordo e afeminado, o que dificulta um pouco na tarefa de encontrar parceiros, mas não é por isso que não tive algumas experiências sexuais.
Sempre fui o nerd da turma e isso fez muitos colegas se aproximarem de mim por interesse. Fiz trabalho dos outros e passei cola durante as provas inúmeras vezes.
Diego era um dos meus colegas de sala, ele nunca foi muito esperto (para não chamar de burro), mas todo mundo adorava suas piadas. Pensando bem, nem eram tão boas, é muito fácil fazer rir quando se faz um professor que ninguém gosta de ridículo. Na aparência, Diego era o oposto de mim. Ele era alto, bem magrelo e tem orelhas grandes.
Outra colega nossa era a Sara. Sabe quando a pessoa é tão linda que nem ela duvida disso? Ela era tão bonita que despertava até o interesse dos professores. Diego também tinha uma queda por ela. Ele, que não teria chance com ela nem se fosse o único homem do mundo, vivia sonhando com isso.
Sara tinha namorado, Carlos, que também era da nossa sala. Ele era aquele tipo de cara de academia, bem sarado e gostoso, e que faz amizade com todo mundo. Dos meninos, com certeza era o mais popular. Com um cara desse, vocês acham que Diego ainda teria chance com Sara?
Mas ser gostoso não é tudo, infelizmente. Carlos vivia fazendo piadas machistas e homofóbicas. Ele se achava engraçado, mas na verdade só queria reforçar sua masculinidade.
Eu sentava do lado esquerdo de Sara e ele no direito. Não sei porque, mas acho que ele sentia um certo ciúmes por ela dividir a atenção comigo. Típico de homem que se acha dono da namorada.
Um dia estávamos em horário vago e os amigos dele estavam falando de um vídeo que o Homem Formiga entrava no cu do Thanos, dos Vingadores, e depois ficava gigante. Carlos olhou pra mim e disse:
- Se fosse no cu de Thiago, com certeza ele iria adorar! Mas já deve tá tão aberto que até o Homem Formiga gigante ia ficar folgado.
Todo mundo da sala caiu na gargalhada. Até Sara que deveria ser minha amiga. Me senti completamente deslocado naquele ambiente, minha vontade era de ir embora, mas fingi que não era comigo. Depois desse dia, decidi que ia fazer Carlos pagar pelo que ele fez.
Algum tempo depois, o professor de matemática tinha passado uma lista enorme com quase 50 questões. Sara nunca foi boa em matemática e não conseguiu fazer a lista, mesmo tendo 2 semanas. As notas dela estavam péssimas e sem essa nota, ela iria se dar muito mal.
Quando o professor passou recolhendo os trabalhos, Sara não sabia onde se esconder. Até que coloquei um trabalho na mesa dela e mandei assinar rápido. Antes que ela entendesse, o nome já estava no papel e o professor já tinha levado.
- Não sei nem como te agradecer, Thiago. Nem acredito que fez outro trabalho inteiro pra mim.
- Não me agradeça, Sara. Tá vendo Diego ali? Ele que fez tudo pra te ajudar. Você sabe como ele gosta de você, mas ele pediu pra manter segredo. Ele não sabe matemática, mas pode ficar tranquila que ele copiou minhas respostas.
Na verdade, eu tinha ido dormir bem tarde copiando o trabalho dela, mas era um esforço que ia valer a pena. Assim que a aula acabou, Sara se levantou e foi abraçar Diego, que não entendeu nada, mas ficou bem animado. Fiquei com medo que ela falasse do trabalho e Diego contasse que não tinha feito nada, mas eu estava mais preocupado em ver a reação de Carlos. Sorri vendo ele cheio de ciúmes, mas tentando disfarçar. Depois que Sara voltou, Carlos perguntou o porquê do abraço, mas ela preferiu não falar.
Mais tarde, nossa turma foi pra quadra na aula de educação física. Os meninos iriam jogar bola, o que eu nunca vi a menor graça. Então decidi ficar junto das meninas, que iriam esperar a partida acabar pra jogar vôlei. Mas antes do jogo começar, percebi Carlos me chamando pra conversar. Algo que não era nada comum.
- Por que Sara deu um abraço em Diego? Ela não quis me falar.
- Você acha que se eu soubesse, eu iria te contar?
- Mano, sei que você não gostou da forma que eu brinquei, mas foi só uma piada. Hoje em dia tudo é merda de homofobia.
- Não gostei mesmo. Você nem ao menos reconhece o quanto foi imbecil.
- Beleza, foi mal então. Mas fala aí o que aconteceu.
- Olha, vou te perdoar dessa vez, até porque não gosto de guardar rancor de ninguém, mas não posso falar nada. Só te digo uma coisa: toma cuidado pra não ser o último a saber.
- Como assim?
Não quis falar mais nada, deixei ele com a dúvida na cabeça. Até porque veneno bom é aquele que sutilmente atinge o sangue, depois se espalha pelo corpo inteiro até não ter mais volta. A cara de desconfiança de Carlos foi a melhor coisa do dia.
Durante o jogo, Carlos ficou no time com camisa e Diego sem (uma pena). As meninas e eu ficamos nas escadas conversando e assistindo o jogo. Minha isca parece ter funcionado, Carlos estava mais violento que o normal. Não saia do pé de Diego, esbarrando nele e cotovelando o tempo inteiro.
- Caralho, joga direito essa porra, Carlos!
- Se não aguenta, pede arrego!
Continuaram o jogo se batendo. Eu sempre odiei futebol, mas não conseguia parar assistir aquele jogo, enquanto segurava o riso. Até que num instante Diego cansado das pancadas de Carlos, atinge o nariz dele com o cotovelo.
- FILHO DA PUTA!!
Todas as meninas que conversavam distraídas olharam pra quadra assustadas com o grito de Carlos. A confusão estava feita, enquanto eles brigavam, todo mundo se reunia ao redor. Carlos conseguiu segurar Diego num mata-leão e os dois cairam no chão.
- Sara, segura seu namorado, ele vai matar Diego! - gritei.
Sara invadiu a briga e tentou puxar o braço de Carlos gritando pra ele soltar Diego.
- Solta ele! Você vai matar o menino, ele já tá roxo!
- Vai ficar defendendo ele?
Com a gritaria, o professor entrou na quadra, conseguiu acabar com a briga e levou os dois pra diretoria. Depois que todo mundo se dispersou, Sara e eu fomos pra porta da direção saber no que ia dar.
- Amiga, Carlos sempre foi violento assim?
- Ele nunca fez isso antes, não sei o que aconteceu.
- Você sabe como me preocupo contigo. Vocês não estão juntos há tanto tempo, talvez você ainda não conheça ele. Alguém que perde o controle assim, pode muito bem partir pra cima de você num momento de raiva.
- Ele nunca faria isso, Thiago. Nunca faria nada pra me prejudicar.
- Eu sei, é só um excesso de preocupação.
Carlos acabou levando a culpa por tudo e levou uma suspensão de 3 dias. Durante o tempo que ele ficou ausente, Sara chamou Diego pra sentar ao seu lado, no antigo lugar de Carlos, ela estava com muita pena dele. Um dia quando Sara tinha saído ao banheiro, aproveitei pra conversar com Diego a sós.
- Hoje vai ter festa na casa de Bruna. - Bruna era outra colega nossa, que fazia aniversário no dia. - Você vai?
- Nem pensar, não quero dar de cara com Carlos.
- Que pena, mas você não vai escapar por muito tempo, ele já volta amanhã. Aliás, você não vai mais poder sentar aqui.
- Eu sei disso - respondeu Diego, fechando a cara. Se dependesse dele, Carlos nunca mais voltaria. - Infelizmente, não dá pra evitar isso.
- Sara parece tão feliz nos últimos dias, você acha que ela pode estar sentindo algo por você?
- Como assim?
- Acho que Carlos não teria batido em você se não desconfiasse que a namorada dele está afim de outro.
- Você acha isso mesmo? - perguntou Diego iludido.
- Não sei, pode ser só uma impressão.
Diego ficou me olhando sem graça, parecia querer perguntar mais coisas, mas Sara já estava voltando.
- Se não tem coragem de perguntar pessoalmente, por que não escreve um bilhete? Eu entrego. - falei antes que ela chegasse.
No final do dia, quando já estava no portão da escola, Diego veio até mim e me passou um papel escondido. Depois saiu sem nem olhar pra trás.
Abri o bilhete em casa, ele se declarava e perguntava se tinha alguma chance com ela. Comecei a rir da inocência do coitado, mas a esperança é a última que morre.
Assim que anoiteceu, me arrumei o melhor que pude pra festa de Bruna. Antes de sair, guardei o bilhete no bolso. Mesmo me apressando, cheguei na festa meia hora depois do início e encontrei Carlos sozinho na frente da casa falando com alguém no celular.
- Ela não vem, disse que está com dor de cabeça. - lamentou.
Depois de saber que Sara não viria, também acabei perdendo o interesse, mas logo vi naquilo uma grande oportunidade.
- Sério? Que estranho...
- Por quê?
- Ela estava tão bem hoje, não parava de conversar com Diego.
- Ela saiu do nosso lugar pra conversar com ele?
- Não, ele está sentando com a gente desde que você foi suspenso.
- Que merda, é pior do que eu imaginava. Sara está se rebaixando a um filho de faxineira. - Fiquei bem irritado com aquele comentário, mas continuei calado. - Eu poderia ficar com qualquer menina da escola, mas escolhi ela e essa puta se aproveita da minha ausência pra dar moral pra vagabundo.
- Calma, Carlos. Se eu soubesse que você iria ficar assim, teria ficado quieto.
- Não Thiago, você tá fazendo o certo, tá mostrando que é amigo. Nunca pensei que teria um amigo via... homossexual. - Sorri meio sem graça.
- Por que a gente não aproveita pra beber um pouco?
- Melhor não, só quero ir pra casa.
- Não Carlos, é bom pra esquecer os problemas, você vai ficar mais animado. - Insisti.
- Vai tentar me embebedar pra me pegar, é? - Perguntou rindo, como se tivesse alguma graça. Também forcei o riso. Até que não seria uma má ideia, mas a minha intenção era outra.
- É, vou fazer você tomar várias e depois te levar pra casa. - Falei sendo irônico.
- Sai fora! - caímos no riso.
Ele acabou aceitando e fomos num bar que ficava duas ruas depois. Ele disse que era melhor não ficar por lá, porque iriam estranhar dois homens numa mesa. Falou pra eu comprar a bebida e então iríamos pra praça que ficava na frente.
Entrei no bar e pedi duas cervejas. Perguntei se ele poderia me arranjar papel e caneta pra anotar um número. Enquanto o atendente não trazia, peguei o bilhete do bolso e rasguei. Depois com o papel que recebi, escrevi um novo bilhete. Voltei com as cervejas na mão e fomos pra praça.
Carlos parecia estar numa consulta no psicólogo. Foram duas horas falando do seu relacionamento com Sara, como tudo começou, como os dois viviam trocando nudes e vídeos, como finalmente transaram pela primeira vez, como ele teve que rejeitar várias meninas, como os pais dele adoravam ela e como ele se decepcionou. Nunca vi um hétero se abrir tanto. Nesse tempo, voltamos mais algumas vezes no bar para comprar mais cerveja.
- Não seja precipitado, Carlos. Vocês precisam conversar pra resolver essa história.
- Parece que não conheço mais ela. Agora vive escondendo as coisas de mim. Diego é um talarico... e pensar que era um cara que eu considerava tanto. Mas Diego é homem e tá solteiro, a culpa é de Sara, ela que deveria se dar ao respeito. De um tempo pra cá está se aproximando dele, abraçando ele na frente dos meus amigos, sempre defende ele e agora até colocou ele no meu lugar. Amanhã meus amigos vão me encher o saco, vou ser o corno manso da escola.
- Eu te entendo completamente. É difícil mesmo não reconhecer mais a pessoa que você ama, mas às vezes é melhor ficar sem saber certas coisas do que sofrer ainda mais.
- Sem saber do que?
- Nada, foi só jeito de falar.
- Thiago, se você estiver sabendo de alguma coisa é melhor falar logo.
- Carlos, eu não quero piorar sua situação, você já tá sofrendo demais. Além disso, é algo particular, que só é do interesse de Sara e Diego.
- Do interesse deles é o caralho! Fala logo essa porra!
- Calma, calma! É só um bilhete que Diego pediu pra entregar a Sara hoje na festa.
- Então passa aqui! - falou estendendo a mão.
- Não posso, Carlos.
Ele se levantou e me puxou com toda força. Tentei me soltar, mas ele enfiou a mão nos meus bolsos e encontrou o bilhete. Depois chutou a cerveja que estava no chão com toda a força e foi embora correndo.
Quando dei por mim, ele já virava a esquina, não me aguentei e caí na gargalhada. Algumas pessoas da rua ficaram olhando, tentando entender o que tinha acontecido. Peguei minha cerveja e voltei pra casa.
Enquanto tomava banho, meu celular alertou uma nova mensagem. Era Carlos.
- Eu li o bilhete. Eles estavam marcando de se encontrar. Deve ser por isso que ela não apareceu. Se eu visse Sara na minha frente agora, iria quebrar a cara daquela vadia. Ela iria aprender o que puta merece.
- Você tentou falar com ela?
- Ela não está online. Deve estar dando a buceta agora.
- E Diego?
- Ele me bloqueou.
- É melhor esquecer essa história. Ela não te merece, depois de fazer tudo isso, tenho certeza que ela vai dar uma de doida e fingir que não sabe de nada.
- Nada disso, eu não vou esquecer porra nenhuma. Ela me paga! Não vou passar essa vergonha sozinho. Ser o corno da escola, enquanto ela sai por cima.
- Se você quer fazer ela passar vergonha, por que não pega um dos vídeos pelada que ela te mandou e divulga?
- Mas iriam saber que foi eu que divulguei.
- Cria uma conta fake.
Confesso que não pensei muito nas consequências quando sugeri que ele fizesse isso. Hoje em dia, me arrependo muito. Nunca mais faria isso com ninguém, ainda mais com Sara que nunca me fez mal nenhum.
No dia seguinte, eu tinha umas 500 mensagens novas no celular. Carlos tinha enviado fotos e vídeos da Sara completamente nua, a turma inteira (e até alguns professores) tinha recebido as fotos por e-mail. O e-mail dizia ser um hacker que tinha invadido o celular dela.
No grupo do WhatsApp da turma, só se falava nisso. Eu tinha recebido algumas mensagens de Carlos.
- O que foi que eu fiz? Não lembro de nada. Meu Deus, eu não deveria ter feito isso.
- Você estava bêbado, se descontrolou. Apaga as mensagens, ninguém pode saber disso. - respondi. - Posta algo no grupo da turma, antes que suspeitem de você.
Carlos postou uma mensagem indignado, querendo saber quem tinha feito aquilo com Sara. Fiz o mesmo. Diego também estava bem preocupado. Sara tinha sumido, mandei mensagens e liguei, mas ela não respondia ninguém da turma.
Nesse dia, pela primeira vez senti um pouco de remorso. Sara não tinha ido a aula e a escola estava num clima muito estranho, parecia que alguém tinha morrido. O diretor mandou chamar vários alunos da nossa sala. Ele e os professores pareciam uma comissão da justiça, fizeram uma colheita de depoimentos pra esclarecer a história. O pai de Sara estava presente.
Carlos estava perturbado com tudo aquilo, suava mesmo parado e tremia muito. Ele iria precisar se acalmar ou teria muitos problemas. Quando ele foi ao banheiro, aproveitei e o segui.
- Carlos, se acalma ou vão descobrir o que você fez.
- O que eu fiz?! - Nunca vi Carlos tão estressado. - Antes de apagar as mensagens, eu reli tudo, e se eu fiz isso é porque você me provocou! Eu estava bêbado, fora de mim, e você se aproveitou disso!
- Você está querendo jogar a culpa de algo que você fez em mim? O que eu iria ganhar com isso? Sara é minha melhor amiga. E o que estou fazendo aqui agora? Estou preocupado com você, querendo te ajudar. Não adianta brigar comigo agora, eu sou a única pessoa que você pode contar. - Ele se acalmou um pouco.
- Foi mal, Thiago. Você não sabe como estou mal com tudo isso.
- Sua consciência está sofrendo depois do crime que você cometeu.
- Crime?!
- Sim, por isso você tem que se controlar. Divulgar fotos íntimas de alguém é crime e você pode ser preso por isso.
- Thiago, você não tá me ajudando.
- Só estou sendo realista, mas fica tranquilo. Se fizer o que eu pedir, ninguém nunca vai saber disso.
- Como assim?
- Ninguém vai ficar sabendo disso, mas quero algo em troca.
- Você é um filho da puta mesmo! - O ódio ficou evidente em seu rosto. Mas não voltei atrás.
- Ah, então você prefere que eu conte tudo a ele. Então, tudo bem! - Fui em direção a porta, mas ele me segurou.
- Não, não, por favor, fala o que você quer.
- Carlos... você é o cara mais... tipo... você sabe que sou gay... e...
- NEM FUDENDO! Sai fora, não vou comer viado! - Carlos fez uma cara de nojo. Mas não importava, quanto mais ele me rejeitava, mais vontade eu tinha.
- Como eu pensei, então vou lá contar tudo!
- Espera, espera! Thiago, é serio! Você sabe que sou hétero, eu gosto de mulher! Meu negócio é buceta! Nunca comi viado na vida. - Ele tinha voltado a se tremer.
- Pra tudo tem a primeira vez na vida. Eu vou te dar um tempo pra pensar, mas fica tranquilo, eu não quero te prejudicar, pode não parecer, mas gosto muito de você.
Carlos pareceu se acalmar um pouco. Ele parecia um filhotinho de cachorro perdido, minha vontade era de abraçá-lo. Mas me controlei porque provavelmente ele não iria deixar.
Respira, vai lá fora, toma um pouco de água e fica tranquilo. Todo mundo vai achar que você está assim pelo que aconteceu com sua namorada. De certa forma, você também foi prejudicado.
Fomos pra sala e pouco tempo depois Carlos foi chamado à direção. Eu só conseguia pensar no que ele estava falando lá dentro. Será que ele seria burro o suficiente pra confessar tudo? Será que iria envolver meu nome? Eu precisava fazer alguma coisa.
O professor de Geografia estava tentando dar uma aula normal, mesmo com o clima de velório. Carlos ainda estava na direção, Diego tinha voltado ao antigo lugar dele na sala. Fui até ele, puxei a cadeira e sentei ao seu lado.
- Não estou afim de conversa. - disse antes que eu abrisse a boca.
- Só queria saber como você está.
- Como você acha? Foi tudo culpa dele... Carlos. - Por um momento demonstrei surpresa, mas logo me contive.
- Como você sab... você suspeita dele?
- Claro, quem mais teria essas fotos?
- Mas por que ele faria isso com a namorada dele? Além disso, no e-mail dizia ser um hacker, podem ter invadido o celular dela. Talvez nem seja alguém da nossa turma. Você só acusa ele porque vocês não se gostam.
- E por que você o defende tanto?
- Eu não estou defendendo. Só não gosto de acusar os outros sem provas. Mas nessa eu estou do seu lado, Diego. Se você diz que foi ele, então acredito.
- Se eu pudesse pelo menos fazer ele pagar pelo que fez. - Ficamos em silêncio por um tempo. Mas logo tive uma ideia.
- A gente poderia fazer ele pagar na mesma moeda. - Diego estava distraído e pareceu não entender nada. - E se ele fosse exposto da mesma forma? Tipo, a gente também poderia divulgar nudes dele.
- E como é que conseguiria fotos dele assim? Criaria um fake de uma mulher gostosa e tentaria convencer ele a trocar nudes? Mas mesmo assim, nudes de homem não são tão constrangedoras quanto de mulher. As mulheres meio que têm uma reputação a preservar.
- Olha, dependendo da nude, pode ser muito constragedor até para um homem. E não estou falando em roubar as nudes, mas sim em produzir.
- Como assim?
- Quando todas as aulas terminarem, vá ao banheiro e entre no terceiro box. Fique me aguardando... - Me levantei pra voltar ao meu lugar. - e não se esqueça do celular.
Depois de mais alguns minutos, Carlos voltou a sala e sentou ao meu lado. Estava meio desconfiado, como se tivesse feito algo errado.
- Deu tudo certo, Thiago. - Mostrou um sorriso de leve. - Mas pra me proteger, tive que acusar Diego. Entreguei a eles o bilhete que ele escreveu pra Sara. Não vamos ter problema.
Nesse momento eu gelei. Eu sabia que Carlos ia fazer algo errado. Eu só conseguia imaginar que o Diretor iria mostrar o bilhete a Diego, ele iria dizer que não era o dele e depois iam descobrir que a letra era minha. Além disso, eles iriam chamar Diego a qualquer momento e iriam atrapalhar meu plano do banheiro.
- Por que você fez isso?! - Minha vontade era de gritar, mas eu não podia fazer isso em sala de aula.
- Eles fizeram muitas perguntas, fiquei contra a parede. Ou era isso, ou teriam descoberto tudo.
Me bateu um desespero, eu não sabia o que fazer, era só questão de tempo e iriam descobrir tudo. Todo mundo ia saber do bilhete que escrevi e de como enganei Carlos, fiz ele ter ciúmes de Sara, incentivei ele a beber e depois a divulgar os nudes dela. Eu precisava agir rápido, muito rápido.
Peguei o celular e enviei uma mensagem pro Diego dizendo que se ele quisesse vingança, ele teria que ir pro banheiro da quadra imediatamente. Mas ele estava distraído e não olhava o celular. Não ia dar certo, meu coração estava acelerado, eu não tinha mais o que fazer.
- Carlos, me encontre lá na quadra.
- Hã? - Ele fez cara de desentendido. Fitei os olhos dele por um tempo, até que finalmente ele entendeu. - Agora? Ainda estamos em aula.
- A - go - ra. - Falei sussurrando pausadamente. - Você me prometeu.
Ele me olhou por um tempo e se levantou. Assim que ele passou da porta, me levantei, passei por Diego e praticamente o puxei pra fora da sala. Não me importei nem um pouco com o que iriam pensar, eu tinha coisas muito mais importantes pra me preocupar.
- Você é idiota? Você tem celular pra quê? Mandei mensagem e você não viu. Se quiser se vingar, corra agora o mais rápido que puder pro banheiro da quadra antes que Carlos chegue lá. Dê a volta no prédio, o caminho vai ser maior, mas ele não vai te ver.
Diego saiu correndo e continuei meu caminho até a quadra. Quando cheguei lá, estava completamente vazia e Carlos estava sentado nas escadas.
- Eu não sei se vou conseguir fazer isso, Thiago. Meu pau não vai subir.
- Fica tranquilo, se não conseguir, tudo bem. - Carlos ficou mais confiante.
Entramos no banheiro. Eu não sabia se Diego tinha conseguido entrar antes de nós, mas agora já era tarde demais. Peguei umas das carteiras que ficava na quadra e prendi o trinco da porta. Agora estávamos em total privacidade.
Carlos começou a tirar a roupa e foi só nesse momento que me dei conta da situação. Eu estava vendo o cara mais gostoso da sala, talvez até da escola inteira, ficando completamente nu na minha frente. Senti meu corpo inteiro tremer. Eu nunca pensei que isso um dia poderia acontecer, ainda mais comigo, um gay gordo e afeminado. Eu nunca tive uma autoestima boa, sempre me achei horrível, nunca nem consegui ficar sem camisa na frente dos outros e naquele momento me sentia mais ridículo ainda. Mas decidi pensar que se ele estava ali, tirando a roupa pra mim, é porque eu merecia. Não pela minha aparência, mas pela minha inteligência.
Se eu tentasse imaginar um corpo sarado perfeito, o corpo de Carlos ainda superaria. Cada parte perfeitamente proporcional, peitos grandes, mamilos rosados, ombros largos, bíceps bem definidos, barriga tanquinho que terminava num V, pernas grossas. O corpo dele quase não tinha pelos, os pelos pubianos bem aparados e um pau lindo. Mesmo mole, parecia grande, a cabeça estava coberta, mas dava pra ver um pouco da ponta rosada pra fora.
- Pronto, Thiago. - Ele abriu os braços como se me convidasse para um abraço. Pensei que tinha morrido e encontrado Jesus. - Pode fazer o que você quiser comigo.
O que eu quiser? Eu queria pular em cima dele, lamber aquele corpo inteiro, chupar aqueles mamilos, beijar aquele pescoço. Queria me jogar naquele chão de banheiro, sem me importar com sujeira, e beijar aquela boca, chupar aquela língua enquanto ele me abraçava com aqueles braços fortes. Queria sentir o pau dele ficando duro na minha boca e chupar aquela cabeça linda até escutar os seus gemidos de prazer. Eu queria fazer ele perceber tudo que ele perdeu, ficando com Sara, enquanto poderia estar fudendo comigo. Eu queria ensinar a ele, o quanto o viado afeminado que ele tanto desprezava poderia dá-lo prazer.
Mas eu não podia. A imagem do celular de Diego embaixo da porta do box me trouxe de volta a realidade. Mesmo querendo muito, eu não iria transar na frente de Diego. Mesmo sendo minha maior vontade, eu tinha que continuar o plano. Eu tinha que salvar a minha pele.
- Vai, Thiago. Vai ficar só olhando? O que você quer?
- Fica de costas.
- Pra quê?
- Eu vou te respeitar, Carlos. Não quero te forçar a ficar comigo, você é hétero. Não vou nem tocar em você, só te observar. Eu quero que você vire de costas, se agache e abra a bunda com as mãos.
- O QUÊ? Não vou fazer isso, se quiser bato uma punheta pra você ver, mas não vou mostrar meu cu!
- Você prometeu que a gente iria transar. Eu decidi nem te tocar e você ainda está reclamando?
- Eu pensei que você fosse mulherzinha. Você é todo fresco, pensei que gostava de levar na bunda. Você gosta de comer? - Carlos começou a rir. - Menos humilhante, né?
- Não tem nada de humilhante em ser passivo. Só existe alguém que come, porque existe alguém que dá. Agora cala a boca, a gente tá perdendo tempo, alguém pode aparecer a qualquer momento. Rápido, não vou pedir de novo!
- Tá bom, vou mostrar rapidinho. Não sei qual a graça em ver isso. Nem a Sara chegava a pedir isso. - Carlos ficou parado por um momento, eu não sabia se ele iria continuar, mas tentei manter a cara fechada. - Thiago...
- O que foi agora? - Continuei o encarando, fixando meus olhos no dele.
- Você é doente.
Virei meu rosto pro chão, nunca me senti tão constrangido em toda minha vida. Carlos estava completamente pelado na minha frente, virado de costas e abrindo a bunda como eu pedi. Mas naquele momento, eu me sentia mais exposto que ele.
Continua...