Chego em frente a sala e está tudo escuro. Abro a porta enquanto dou passos lentos.
Hen, Henrique? -Pergunto a escuridão.
Do nada sou puxado por um braço e me sufocam com algum tipo de pano. Não consigo ver o que ou quem é pois minha vista escurece e acabo caindo no chão.
Acordo na mesma sala porém a única coisa que tinha nela de novo era um relógio que marcava 23:15 da noite.
Onde estou? -Falo comigo mesmo.
Olha rapaziada a princesa acordou. - Ouço a voz do Henrique enquanto vejo ele e seus 4 amigos se aproximando.
O que vocês querem, porque estou amarrado, me soltem e devolvam meu celular. -Falei enquanto tentava me soltar.
Vai fazer o que? Você está indefeso e em menor número aqui. -Ele falou enquanto seu amigo apertava o pau e olhava para mim com um sorriso perverso.
NÃO, SOCORRO, SOCORRO. -Tento gritar mas sou impedido pois amarram um pano na minha boca.
Olhei para Henrique como quem pedisse ajuda e ele simplesmente balançou a cabeça como se estivesse pedindo desculpa.
Quem vai comer o viadinho primeiro? -Pergunta Alex, um dos amigos do Henrique.
E aí Henrique, quer provar não? -Ele fala se aproximando de Henrique.
Vai você primeiro. -Henrique responde.
Você vai ser o primeiro nessa porra sim tá me ouvindo, não tenho amigo viado não caralho, vai comer e acabou. DEITEM ELE NO CHÃO. -Alex fala enquanto dá um empurrão em Henrique e vem em minha direção.
Eu começo a me debater enquanto os outros 3 vem em minha direção e e começam a dessamarrar meu braço para me deitarem no chão. Tento gritar mais ainda e não consigo. Começo a chorar e eles começam a puxar minha calça.
Consigo ver Henrique me olhando com um certo pavor no rosto.
Porque ele não faz nada, me ajuda Henrique me ajuda, ele vão me estuprar Henrique, me ajuda. -Penso comigo mesmo chorando no chão.
As lágrimas se misturavam com minha saliva devido ao desespero. Sinto um deles puxarem minha cueca e o Alex se aproxima chuta minha barriga e fala.
Viado bom é viado morto, mas antes eu vou te comer, eu não, todos eles. Não é de pau que você gosta? Você vai ter então, viado nojento.
Ele puxa minha bunda para ambos os lados enquanto começa a se deitar em cima de mim.
Me debato mais forte e não consigo.
Meu deus POR FAVOR ME AJUDE. -Penso em meio aos meu gritos sufocados.
QUE PORRA É ESSA AQUI! - Ouço a voz da Fernanda na porta da sala.
Fudeu galera, vaza vaza. -Alex fala para seus amigos, que pulam a abertura da sala para a outra do lado enquanto fogem.
Ana vem correndo até mim e me desamarra. A abraço e começo a chorar muito.
Eles iam me estuprar Ana. Ana obrigado por aparecer. Falo em meio ao choro de alívio e desespero.
Olho para o canto da sala e lá está Henrique olhando para mim apavorado.
Você não fez nada seu verme nojento.
Vou denunciar a faculdade e você e seus amigos. Ana fala se levantando e indo em direção a ele. Ele por sua vez, apenas passa por ela, olha para mim com um olhar enigmático e sai da sala.
Vamos Gui, vamos pra minha casa. Vou ligar para Rafael.
Eu não consigo responder pois estou em choque ainda. Nunca vivi algo tão ruim em minha vida.
No carro, Ana apenas dirige e o silêncio toma conta dele.
Ao chegar na casa dela ela me senta na cadeira da sala e traz água pra mim. Mal consigo segurar o copo de tanto nervoso.
Calma amigo calma, passou, calma. -Ela fala me abraçando.
Alguém bate na porta da casa dela e quando ela abre Rafael começa a perguntar por mim com certa preocupação. Quando ele me vê corre até mim e me dá um abraço. Não sei o que acontece mas como foi se tudo viesse com força pedindo para sair. Então comecei a gritar chorando, não de dor física, mas sim emocional, aquilo para mim foi demais.
Ana e Rafael começam a chorar comigo enquanto ambos me abraçam.
Os minutos vão passando e ao pouco vou me acalmando. Não tenho voz para falar pois fiquei rouco devido a situação.
01:00. Vem Marcelo, vamos tomar um banho, separei aquela última roupa que você deixou aqui no dia da piscina. Veste ela e dorme aqui. Rafael dorme aqui também. -Ana fala para mim e Rafael sem dar opção de negar ao pedido dela.
Tomo meu banho e começo a chorar no banheiro. Enquanto a água cai em meu corpo começo a me olhar no fino reflexo da porta do box e começo a me achar nojento. Começo a me bater e choro mais ainda enquanto evito fazer muita zuada.
Me acalmo e saio do banheiro, já vestido com a roupa que a Fer separou pra mim.
Rafael dorme com ele, vou dormir no meu quarto, e vocês dormem aí no quarto de hóspedes. Acredito que dormir na mesma cama não vai ser problema para vocês. -Ela fala e sai.
Era nítido perceber que a Fernanda estava fervendo em ódio do Alex e seus amigos, e do Henrique também.
Apenas caminho em direção a cama e me deito, sem falar nada para o Rafael que está sentado ao meu lado. Passa alguns minutos e ele se deita também.
O silêncio se instaura. As horas vão passando e não consigo dormir, e pelo visto nem ele.
Me desculpe por deixar você tão sozinho nesse momento horrível, e não estar lá para te proteger. -Fala Rafael com os olhos cheios de lágrimas
Não foi culpa sua. -Falo com a voz bem baixa.
Nos olhamos e ele começa a acariciar meu cabelo, o que faz eu acabar dormindo.
No outro dia já acordo sozinho na cama. Ele não está mais lá, apenas o cheiro do seu perfume.