Um dos monges fez um corte no meu antebraço, esperando, por certo, que a criatura fosse atraída pelo sangue, o que demonstrava sua ignorância sobre a verdadeira natureza de Xulhutu.
A porta já estava aberta o suficiente para permitir a entrada de uma pessoa, então eles empurraram Claudia primeiro, depois a mim. Estava escuro, e um odor fétido empestava todo o lugar. Pobre criatura!
- Você me acha digno de piedade, reles mortal?
- Eu tenho a certeza de que ninguém merece passar o que você passou em todo esse tempo. Não consigo imaginar como é.
- Guarde sua piedade para você, criatura. Faca o que prometeu.
Claudia estava aterrorizada, e devia estar nauseada. O odor devia ser de cadáveres que estariam espalhados pela Câmara. Eu a abracei e disse:
- Querida, você precisa se concentrar e descarregar o máximo da sua Energia, acho que isso deve abrir o Portal.
- Mas como faço isso?
- Imagine um Portal entre duas dimensões se abrindo, e então solte toda a energia que puder.
- N- não sei se consigo!
Não sei se a criatura fez isso para tentar ajudar, se ala captou meus pensamentos e viu o que acontecera antes, ou se, em seu ódio pelos Magos, queria matar todo mundo, mas um tentáculo envolveu minha esposa lentamente, como que a acariciando, depois a ponta dele foi chagando na entrada da bucetinha dela e começou a penetrá-la. Nesse instante, ela deu um grito altíssimo, e um clarão cegante iluminou toda a câmara, mostrando dezenas de cadáveres, armas, capacetes medievais, restos seculares de tentativas infrutíferas de destruir Xulhutu.
- AAAAAAHHHHHHHHHHHH!!!!!
Após o clarão, a névoa dourada provinda de Claudia tomou a forma de um grande círculo, que em seu interior deixava entrever um céu estrelado, com galáxias para mim desconhecidas.
Ao ouvir o grito, os dois monges entraram na Câmara, espadas em punho. Não houve tempo para mais nada. Xulhutu soltou minha esposa, pegou os dois com seus tentáculos, e entrou no círculo, levando-os. Pude ainda ver os outros monges, caquéticos como se tivessem sido absorvidos, presos em outros tentáculos. A cena foi impressionante, pois a criatura devia ter dezenas de metros de comprimento.
Assim que terminou de passar, o portal se fechou, e Claudia caiu em meus braços, exausta.
Saímos pela porta de madeira e fomos em direção à escada em espiral. A forma sobre o círculo mágico, que parecia feita de sangue coagulado, se dissolvia lentamente. Mas ainda recebi algumas imagens. Xulhutu havia decidido poupar a minha vida por ter percebido meu amor por minha esposa.
- Amor, que lindo! Você estava disposto a se sacrificar por mim!
- Sempre, querida. Sempre!
Nisso, aparecem Meister, Astra e Nguvu.
- MAS O QUE FOI ISSO???
- Xulhutu voltou ao seu plano dimensional.
- COMO ASSIM? E COMO OUSAM MENCIONAR ESSE NOME?
- É o nome dele – disse Claudia. E não vejo problema em falar já que ele não está mais aqui.
- MAS COMO??COMO??
Os três correram até a Câmara. Não havia mais fosso, apenas pedra sólida. Os cadáveres e restos haviam sido todos levados pelo Portal dimensional. A claridade provocada pela energia de Claudia ainda iluminava o local.
- Impossível – murmurou Nguvu.
Vocês precisam pagar por isso! Exclamou Astra.
- De jeito nenhum. Nós enfrentamos o “Terror do Abismo”e sobrevivemos, ao contrário dos Monges de Preto.
- Vamos chamar os Guardiães! Eles irão decidir o seu destino!
Claudia estava furiosa.
- NGUVU!! Você jurou por sua HONRA!!
Astra interferiu:
- Ele só falou aquilo porque achava que vocês não iriam sobreviver!
- Eu empenhei minha honra – disse o Negão – e agora o que eu disse terá que ser cumprido! Vocês podem escolher se querem ir para sua casa, e nesse caso não serão mais importunados, ou ficar e fazer parte da Irmandade.
Meister estava intrigantemente quieto. Astra, furiosa.
- De jeito nenhum! Esses dois precisam pagar pelo que fizeram!
Claudia respondeu enfaticamente:
- Nós fomos trazidos aqui contra nossa vontade ! E o que aconteceu foi consequência disso! Agora queremos ir para casa, e nunca mais ver vocês!
A Sacerdotisa foi para cima de Claudia, mas ela, furiosa, usou o resto de enrgia que tinha para dar um choque nela, equivalente a um “Taser”. Astra caiu, tremendo espasmodicamente. Meister finalmente falou:
- Vocês são perigosos demais para continuar aqui. E talvez sejam perigosos demais para continuar vivendo, principalmente depois de tudo que viram aqui dentro.
- Disso cuido eu, Meister. Como advogado, posso elaborar um documento onde eles irão se comprometer a manter sigilo absoluto, ou terão que pagar uma fortuna, que eu sei que eles não têm.
- Não contaremos nada a ninguém, pode ter certeza, se é isso que querem. Mas deixem-nos viver nossas vidas em paz.
Meister, embora contrariado, respeitou a decisão de Nguvu. Pelo menos foi o que me pareceu na ocasião. Apenas o tempo iria dizer se teríamos realmente paz.
- Ah…mais uma coisa, disse Claudia. Peçam ao Walter para nunca mais telefonar ou aparecer lá em casa.
Eles nos deixaram ir, acompanhados por uma moça nua, que casualmente era Stella. Os dois iriam levar Astra novamente à enfermaria.
- Fico feliz por vocês – disse ela.
Quando estávamos saindo, encontramos Mestre Zelador, que parecia estar aguardando por nós . Ele se aproximou, e Claudia foi dizendo:
- Ah não, traidor! Fique longe!
- Esperem! Eu lhes dei uma dose pequena da “Burundunga”, apenas para convencer Meister. E lembrem que eu disse a vocês o que fazer com sua energia.
- É verdade, falei. Mas como permitiu que fizessem aquilo?
- Era a única maneira de vocês conseguirem sair vivos. E, devo admitir…alguém mais ajudou vocês.
- Quem?
- Ele me pediu que jamais dissesse que ele fez isso, mas foi Nguvu. Ele falou aquilo, que jurava pela honra dele, com a esperança que vocês eventualmente conseguissem sobreviver com suas habilidades.
- Eita Negão… sempre imprevisível – disse Claudia, com um sorriso. – Talvez eu devesse ter dado uma chance a ele.
- Aí ele não deixaria você sair daqui.
- Tá com ciúmes, hehe.
Na saída, devolveram nossos telefones, documentos e dinheiro. E o motorista, que desta vez era um desconhecido, nos levou até um posto de gasolina na estrada, onde um táxi já estava nos esperando para nos levar para casa.
Finalmente em casa! Mas eu estava preocupado. Claudia havia perdido vários dias de trabalho, poderia perder seu emprego por abandono. Eu teria que arrumar alguma desculpa, já que sou profissional liberal.
No entanto, parecia que nada havia mudado. O fato é que existiam membros de Ordens e Irmandades em todos os lugares, e já haviam providenciado para que não fôssemos prejudicados. O que era preocupante, porque sempre teríamos a sensação de estarmos sendo observados. Mas Nguvu havia dado sua palavra, e teríamos que confiar nele. Escolhemos levar nossa vida “insossa e monótona”e isso teria que ser respeitado.
Depois de tomarmos um bom banho e descansarmos, Claudia me abraçou e me beijou. Transamos gostoso, por algumas horas. Comi a bucetinha e o cuzinho dela com tranquilidade, finalmente, sem toda aquela agitação . E parecia que toda aquela coisa de energia havia terminado, como se tivesse se esgotado inteira com a abertura e fechamento do Portal Dimensional.
Nessa noite, Claudia dormiu profundamente. Eu, no entanto, tive um sonho muito estranho, do qual não me lembro por inteiro. Me pareceu que, novamente, um filme passava muito rápido. Mas eu estava cansado demais para tentar decifrá-lo.
FIM DA AVENTURA
EPÍLOGO:
Acordei pela manhã em meu apartamento, onde vivia sozinho. Eu não podia reclamar: tinha um bom salário, um carro importado, e me dava muito bem com as mulheres. Solteiro convicto, não tinha a mínima intenção de me “amarrar”, mas tinha uma amizade colorida com uma bela mulher. Astra era linda, e também não queria um relacionamento fixo, então tínhamos a liberdade de sair e ficar com outras pessoas, se quiséssemos. Além disso, ela conhecia os melhores lugares para jantar, dançar, pubs com música... e também era muito safada na cama. Não tinha preconceito com posição, sexo anal, e já tinha sugerido sexo grupal, algo que eu ainda não tinha feito ainda, mas a ideia me atraía.
Uma noite, enquanto eu comia gostoso o cuzinho dela, ela disse que gostaria de fazer um ménage com dupla penetração, comigo comendo o cuzinho e outro a bucetinha dela. Eu perguntei:
- E com três? Você levando dois cacetes e chupando um terceiro. Também gostaria?
- Ah, claro que sim. Difícil é achar alguém gostoso como você, e que aceite fazer isso. Alguns homens têm medo de falhar na hora “H”, na frente de outros.
- Eu acho que não brocharia. Mas tenho amigos que me disseram que aconteceu.
Astra me disse que talvez pudéssemos ir a um clube de swing – em nossa cidade havia vários – para ver as pessoas em ação, e, quem sabe, participar. Eu tinha a impressão que ela já conhecia os lugares, mas eu não tinha ciúmes, afinal éramos apenas “ficantes”.
Minha vida era realmente boa, mas embora eu não tivesse nada com que realmente me preocupar a não ser o trabalho diário, à noite eu tinha uns sonhos muito estranhos, como se eu tivesse uma outra vida... difícil explicar. Mas era como se fosse uma vida paralela, onde eu era casado, morava em uma bela casa, tinha uma esposa belíssima, e era tudo diferente. E esses sonhos se repetiam, como se fosse uma dessas séries de tevê a cabo, em capítulos.
Talvez fosse meu subconsciente me mostrando como seria a vida de casado, ou apenas imaginação. Mas a moça do sonho era realmente lindíssima, quem não gostaria de casar com alguém assim? Corpo perfeito, sorriso maravilhoso... bem, talvez não existisse ninguém tão perfeito. Seria o “sonho dourado” inatingível. De qualquer maneira, eu sempre acordava mais feliz quando sonhava com ela. Claro que, mesmo se ter um relacionamento fixo, nunca contei a Astra o que eu sonhava. Mulheres costumam ser imprevisíveis, talvez ela achasse que eu não a considerava boa o suficiente e não quisesse mais trepar comigo. Já havia acontecido antes... com Julianne. Ela era linda, havia dito que não queria “nada sério” mas logo na primeira semana começou a “grudar” e ficou enciumada quando viu um cabelo loiro na minha jaqueta de couro (ela era morena). Terminei tudo na hora.
Então, achei que a ideia do clube de swing era boa. Daria uma apimentada no sexo, e evitaria essa coisa de ciúme.
Combinamos de ir a um dos clubes na sexta-feira seguinte, o ambiente parecia legal, pelas fotos, e Astra acrescentou que conhecia um casal que costumava ir lá. O amigo dela era advogado, e tinha uma esposa muito bonita, eram um casal liberal, talvez até rolasse alguma coisa, se nossa química combinasse com a deles.
- Mas não é meio cedo para já ir direto ao sexo, na primeira noite? Perguntei.
- Ah, depende. A gente trepou logo na primeira vez, não foi?
- Verdade - Rimos juntos.
Só que nessa sexta-feira não deu para ir. Astra era envolvida no meio místico, ela pertencia a um grupo esotérico, periodicamente ia a uma espécie de “retiro” em um lugar no meio da Natureza, era tipo uma Pousada ou algo assim. Como nunca me interessei por esses assuntos, ela nunca me convidou. Ou melhor, não convidou de novo, porque lembro que uma vez ela falou algo a respeito e eu meio que desdenhei da coisa, então ela falou:
- Vamos apenas trepar gostoso, e deixar que cada um viva sua vida.
Isso foi sem demonstrar rancor ou algo parecido.
Enquanto ela estava em seu retiro, fui dormir mais cedo. Nessa noite, meu sonho foi muito vívido. Parecia que eu realmente estava vivendo nessa realidade alternativa. Ela estava na cama, completamente nua e linda. Enquanto eu a beijava, sentia seu perfume, que me deixava inebriado. E me ouvi sussurrando o seu nome:
- Claudia!
CONTINUA