Fogo



Fogo

Ela passou o dia todo se olhando no espelho; várias vezes admirou-se de sua pele íntegra, de suas curvas bonitas e de sua barriga lisa. Ele viveu uma espera interminável, como se aquele dia fosse em si uma eternidade a se perder no infinito de algumas poucas horas.
            Ambos sabiam que não tinham muito tempo, era apenas um rápido encontro, às pressas, às furtivas: só para se olharem, trocarem algumas palavras, e matar aquela saudade sem fim.
            Na hora marcada, ela encostou seu carro no exato local combinado. Ele chegava ali naquele instante e, como se ensaiado exaustivamente, caminhou com naturalidade, abriu a porta do passageiro e entrou.
            No interior do automóvel, nenhuma palavra; ambos apenas trocaram um olhar: nem longo, nem curto, mas eloquente suficientemente para que admitissem de imediato que os planos haviam mudado, pois tanta saudade e tanta vontade acumuladas faz com que as pessoas esqueçam o trivial da discrição.
            Ela deu partida e arrancou. Diante de sua casa, desceu, cuidando para que a luz do habitáculo não se acendesse e delatasse a algum bisbilhoteiro a presença de seu acompanhante. Abriu o portão, voltou até o carro e guiou, adentrando lentamente. Em seguida desceu novamente e fechou o portão, virou-se e observou que ele permaneceu no interior do veículo.
            Ela então caminhou até a porta do carro, abriu-a com disfarçada calma e, em tom de motejo, perguntou-lhe se não ia descer. Ele a contemplou sob aquela atmosfera lunar; acompanhou com os olhos a linda silhueta que se desenhava na penumbra, deu um longo suspiro de satisfação e, num único movimento, apeou do automóvel e a pegou firme pela cintura, dando-lhe um beijo ensandecido.
            Ela correspondeu no mesmo tom de volúpia e se entregou em carnes e alma ao impulso do desejo. E, ignorando o local onde estavam, sem dar pausa no ardente beijo, ele a conduziu até a parte dianteira do carro e, com algo de violência consentida, a virou e a conduziu, fazendo com que ela apoiasse as mão sobre o capô, ainda quente, e se entregasse em imolação.
            Com voracidade, ele a beijou nas costas enquanto erguia-lhe a saia. Meteu as mãos sobre a calcinha dela e a tirou com certa pressa. E, em seguida, pousou sua boca sobre aquela perfumada e úmida flor do desejo. Ela se conteve para não soltar um grito de lascívia, ergueu freneticamente o bumbum e abriu um pouco mais as pernas. E enquanto a língua dele devorava a seiva erótica e abundante da divina gruta, seu membro se avolumava dolorosamente sob a pressão de suas roupas íntimas.
            Ele se levantou, despindo-se de suas incômodas indumentárias e com suavidade a invadiu. Ela reagiu com pequenos tremores enquanto mordia a própria mão numa terrível luta contra o ímpeto de gritar, tamanho era seu prazer. Lentamente ele foi movendo-se dentro daquele pequeno arcabouço úmido; e aos poucos foi ampliando o ritmo, deixando-se levar pela luxúria daquele morno delicioso. Ela se contraía ferozmente, e se projetava para trás, dando a deixa para que ele a pegasse com força pela cintura e se deixasse levar pela fome que o consumia.
            Quando o atrito dos corpos escaldantes e famintos de prazer chegou ao seu auge, ela simplesmente se desvencilhou, empurrando-o pouca coisa para trás e, tão rapidamente se virou, arrojou-se aos pés do parceiro e, com toda a sinceridade de sua alma, quis degustá-lo lentamente, sentir-lhe no membro seu próprio sabor que naquele momento o encharcava. Mas não pôde fazê-lo, porque para além da vontade medida pela razão, estava a ânsia quase desesperada por devorá-lo. E ela então o fez. Tal qual uma famélica, ela o pôs na boca, o sorveu, o engoliu, o consumiu; fê-lo com força, depois com delicadeza, com fome e, por fim, sentindo a si mesma, saboreou seu parceiro num deleite imoral.
            À beira de explodir de excitação, ele se deixou, por longo tempo, ser consumido por aquela boca destra. E, ao cabo de um movimento de lábio, com a língua a correr por todo o corpo do rijo membro, como que por um gesto de telepatia, ele a tocou nos cabelos, ela lentamente se soltou do objeto de sua tara e se ergueu, dando-lhe alforria de sua boca para então ser penetrada com a mesma voracidade que sugou-lhe até o limite do deleite.
            Ele a pôs deitada, com as costas sobre o capô, abriu-lhe as pernas, colocou-se entre, e a segurou, num misto de força e delicadeza, carinho e brutalidade, e se projetou dentro de sua fêmea. Ela, apoiando as pernas sobre os braços dele, deixou-se invadir. E ambos, se devorando mutuamente, sentiam-se um no outro, comprimindo-se, apertando-se, consumindo-se com tal voracidade que, ao cabo, tanto ele quanto ela, não conseguiram conter o gemido de prazer, e se desfizeram em um longo e gostoso espasmo, no qual sentiram contrair cada fibra de cada músculo do corpo, seguido de um relaxamento quase obsceno.
            Ela sorriu, como se fizesse mofa. Ele entendeu que haviam ido longe demais na transgressão, e o risco de serem pegos era iminente. Ela limpou o suor de seu rosto e apanhou sua calcinha que estava no chão; ele vestiu sua roupa. Trocaram um longo beijo, rompido a custo. Ele saiu às furtivas, e ela adentrou a casa.
            Pouco depois, ouviu-se palmas vindas da rua. O homem falava com carinho, identificando-se como progenitor. Ela abriu a porta sorridente, convidou-o a entrar e, enquanto conversavam alegremente na sala da casa, ela viu seu próprio reflexo projetado na porta de vidro da raque e sorriu, lembrando-se de que nem ao menos teve tempo de se contemplar durante sua entrega, pois esteve tanto em seu parceiro, e ele nela, que naquele momento eles não eram indivíduos, mas um só, numa única carne, num único desejo: consumindo a si e sendo consumido sem nenhum pejo ou responsabilidade. Ela pensou isso e sorriu novamente.
Foto 1 do Conto erotico: Fogo


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Ficha do conto

Foto Perfil Conto Erotico j.c.erotic

Nome do conto:
Fogo

Codigo do conto:
44337

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
14/03/2014

Quant.de Votos:
2

Quant.de Fotos:
1