porque

Porque ele me cala mesmo quando não ocupa minha boca. Porque quero permanecer como ele: livre até depois dos 60. Porque nem sei seu nome. Porque ele também nunca perguntou o meu.

Porque ele me acha doido, mas se arquejou e com olhos assustados ainda lá embaixo disse nunca antes ter chupado um pinto. E voltou a me abocanhar quando de modo terno e excitado lhe convidei a seguir em frente.

Porque sempre que me vê seu short desenha o tamanho de seu apreço por mim. E seu apreço é reto, e sempre duro. E ele sempre comenta que o meu é maior, ainda que o seu seja mais duro.

Porque ele quer outro conosco, para que eu possa experimentar um na frente outro atrás, mas não tem ninguém a quem chamar – e espera que um dia eu tenha; afinal, sou doido. E ele esperançoso e aberto ao desconhecido, e tarado. E quase chego a acreditar que o que ele deseja é mesmo me dar prazer, e não a si próprio em uma suruba.

Porque já quase ficamos presos em uma salinha de fechadura rota, com sua família reunida mais ao fundo. Porque no meio do mato uma vez pensei ter ouvido alguém falar, de longe: __ Olha o cara chupando o velhote ali – e ele me tranquilizou, dizendo não ter ouvido nada. Porque ele tem medo que o segurança da casa ao lado perceba. E porque ainda assim se encontra comigo nos fundos de sua oficina.

Porque me disse que estava com saudades quando ficamos sem nos ver por dias. Porque quer experimentar um beijo na boca mas não consegue fazer isso de olhos abertos, e não consegue fazer isso de olhos fechados. Ainda não consegue.

E talvez no dia que consiga venha a me perguntar meu nome, e cobrar que eu apareça com mais frequência, ou pedir que eu não volte em intervalos tão curtos. E eventualmente discutiríamos, porque então já nos teríamos tornado ‘alguém’, pessoa com nome, não mais apenas dois homens que se entregaram à descoberta como meninos impúberes experimentando o primeiro troca-troca.