O astro do Rock



— Como é mesmo o seu nome?
O recepcionista do hotel analisava-me com desconfiança, mas aquilo era até compreensível, afinal, uma garota vestindo trajes simples e carregando uma mochila velha — ao invés de uma Louis Vitton — não combinava nenhum pouco com aquele recinto: um hotel classificado com cinco estrelas quando na verdade merecia uma constelação inteira.
— É Stela Sousa. — Repeti com um sorriso forçado.
— Ah sim, agora encontrei sua reserva. Queira nos desculpar por dificultar sua entrada, mas chegamos a pensar que era uma das fãs da banda.
— Sem problemas. — Disse de forma amigável, fingindo não me importar por quase ter sido derrubada, minutos antes, pelo segurança troglodita do hotel.
— Aqui está seu cartão senhorita Sousa, o quarto fica no sexto andar. Desejamos uma boa estada.
Agradeci e fui até o elevador, livrando minhas costas da mochila que mais parecia carregar tijolos do que as poucas peças de roupa. Era o suficiente para o curto tempo que eu ficaria na Europa a fim de aprofundar meus estudos em Simbologia: etapa necessária para que eu obtivesse meu título de Doutora em História.
Enquanto subia, olhei-me no espelho para conferir se realmente poderia ser confundida com as adolescentes histéricas que ameaçavam invadir o hotel. Talvez devesse fazer um corte mais formal quando retornasse ao Brasil, quem sabe assim eu realmente aparentaria ter 25 anos, ainda que o rosto que eu via no reflexo quisesse me dizer o contrário.
Minha estada em Praga seria extremamente curta e por isso — aliado ao fato de ter passado várias noites em hostels de banheiros coletivos — resolvi me presentear com algo mais confortável. Acabei descobrindo o Hotel Maxence ao acaso na Internet, só depois soube que era um dos melhores da capital Tcheca, mas como o reservei com antecedência em um site de hospedagens acabei conseguindo um bom preço.
Segui pelo corredor de carpetes vermelhos até chegar ao meu quarto, as luzes se acenderam automaticamente e revelaram-me o melhor dormitório da minha viagem pela Europa. Depois de me livrar da mochila pesada — agora de forma definitiva — me joguei impensadamente na cama, já antevendo o quanto seria macia.
Por força do hábito liguei a televisão, mas logo me arrependi, pois não era tão divertido ver as imagens sem entender o que elas diziam. Teria que arrumar outra coisa para fazer no tempo ocioso, já que os compromissos acadêmicos só se iniciariam às treze horas do próximo dia. Ah, e de preferência algo que envolvesse gastos compatíveis com o valor miserável da minha bolsa de estudos.
Solucionei meu problema buscando atrativos no próprio hotel, descobri que havia uma piscina de água aquecida na cobertura. Por sorte, lembrei-me de que carregava um maiô (definitivamente nada de biquínis brasileiros e pequenininhos). Não que eu pensasse em nadar no frio Europeu, mas uma piscina aquecida em uma hospedagem luxuosa era bem convidativa.
Troquei minhas roupas por um roupão de banho fornecido pelo serviço de quarto, depois abri furtivamente a porta e torci para que ninguém me visse vestida assim, mas antes de chegar ao elevador dei de cara com uma fã sendo arrastada por um segurança. Sua cara era de derrota e eu me senti condescendente com sua intransigência.
Sem mais surpresas, apertei o quatorze para chegar à cobertura. Subir os oito andares demorou tempo suficiente para que eu reparasse na música que inundava o cubículo de metal, Garota de Ipanema. Pensei no porque dessa melodia ter se tornado um total clichê.
Quando as portas se abriram eu parecia estar em outro mundo: o ambiente quase escuro só iluminado por leds violetas, tinha um ar meio intergaláctico. Coloquei meu pé na água confirmando sua temperatura agradável, então retirei o roupão e desci a escada, sentindo seu efeito calmante sobre minha musculatura. Uma música instrumental conferia à cena a deixa perfeita para que eu me entregasse ao momento. E foi isso que eu fiz, recostei-me na parede de pastilhas azul petróleo curtindo o isolamento daquele paraíso artificial.
Mas minha privacidade duraria pouco. Só me dei conta de que não estava sozinha quando alguém mergulhou de forma nada diplomática, lançando água por todos os cantos e dilacerando a atmosfera harmônica e serena que eu vinha mantendo.
— Essa não... — pestanejei baixinho.
Esperei a pessoa misteriosa colocar seu rosto para fora d’água, chateada com o fato de dividir o recinto, depois de uns segundos ela emergiu na superfície retomando o fôlego. Nossos olhos se encontraram — e admito que os meus ficaram satisfeitos com o que testemunharam — o hóspede então sorriu enquanto me perguntou algo em checo.
— Desculpe não falo checo. — disse em inglês, torcendo para que ele entendesse.
— Que bom, porque eu também não. — Ele sorriu e eu reconheci o sotaque britânico. — Prazer, Brian Carter.
—Prazer, Stela Sousa — retribui apertando a mão do “invasor”.
— De onde você é?
— Brasil. E você deve ser inglês, acertei?
— Acertou sim. O sotaque entrega, não é mesmo? — Carter sorriu novamente.
— Entrega sim, mas devo dizer que é adorável. — Respondi, devolvendo o sorriso.
A curta apresentação fez com que ele passasse de invasor desconhecido para companhia agradável em questão de segundos. Sabe aquela sensação de: “parece que te conheço há anos”? Foi exatamente assim que me senti naquele momento.
Prestei atenção em seus lábios bem desenhados enquanto eles diziam alguma coisa sobre praias brasileiras, eu sorria concordando com os elogios (mesmo não conhecendo a maioria dos locais que ele citava). Conversamos sobre várias coisas e eu até diria que o tempo havia parado se não fosse o aviso sonoro emitido pelos “tic-tacs” de um relógio inoportuno colocado estrategicamente acima da piscina, lembrando-me, de forma odiosa, que os segundos não eram complacentes com meu flerte.
Como se quisesse saber mais de mim, Carter perguntou-me sobre meu estilo musical favorito:
— Curto um estilo específico do meu país, chamado MPB. — Respondi e foi inevitável não lembrar a música do elevador.
— Caetano Veloso, Elis Regina, Tom Jobim...combinam mesmo com você — ele disse com um sorriso divertido nos lábios. Aquele garoto era mesmo uma caixinha de surpresas. Então perguntou:
— E rock? Gosta?
— Vamos dizer que o mais próximo de rock que tenho na minha playlist é uma versão em jazz de “Sweet Child o’ Mine”.
Brian riu.
— Então não conhece a banda que está hospedada no hotel?
— Nunca ouvi falar.
— Imaginei. Teria interesse em ir ao show? Trabalho para eles e poderia conseguir um convite.
— Eu agradeço, mas tenho que terminar um artigo, senão até cogitaria ver caras tatuados quebrando guitarras. — Respondi e Brian gargalhou, mesmo ficando um pouco decepcionado com minha recusa.
— Quebrar guitarras é tão anos setenta, nenhuma banda hoje em dia faz isso.
— E como são os caras para os quais você trabalha? — Perguntei curiosa.
— São uns malucos que só pensam em mulheres e bebidas, mas não quebram guitarras — ressaltou.
A música de fundo mudou repentinamente para um lounge com uma pegada erótica. Corei e, me pergunto até hoje, se não foi um telespectador oculto que mudou propositalmente a música só para aumentar o clímax que se intensificava.
Ao contrário de mim, Carter ficou tranquilo com a situação e me olhou de um jeito libidinoso. Fiquei ainda mais vermelha, se é que isso era possível, e agradeci o fato do ambiente escuro tornar isso imperceptível. Ele se aproximou, sei que assim como eu, queria que um beijo acontecesse, mas uma terceira pessoa — que realmente não deveria estar ali — empurrou a porta de metal e entrou sem aviso na cobertura:
— Brian! O procuramos por todo lugar! A banda está esperando!
— Já estou indo. Só precisava de um pouco de privacidade antes do show. — Carter deu de ombros e o homem me olhou de uma forma impaciente:
— Agora é assim que você chama fãs bonitas? De privacidade?
— Fãs? — fiquei confusa — Mas você me disse...
Brian dirigiu-me o olhar um pouco envergonhado e então se voltou para o homem que fez cara de poucos amigos:
— Robert, quando terminarmos a turnê, lembre-me de arrumar um empresário que não pegue tanto no meu pé.
— Ok, engraçadinho. Vou marcar isso na minha agenda junto com outra nota: “procurar uma banda mais compromissada para agenciar”. Agora vamos.
Olhei atônita para Brian. Queria afundar minha cabeça num buraco para esconder minha vergonha — entretanto a piscina estava de bom tamanho. — Como fui boba! Agora era bem óbvio que um homem tão perfeito como Carter fosse alguém famoso. Repassei nosso curto diálogo várias vezes tentando me sentir menos estúpida.
— Desculpe por isso Stela, foi um prazer conhecê-la. Boa sorte com seu Doutorado. — Não consegui responder, ainda estava digerindo o fato de ter conversado com um astro do rock e tê-lo tratado como um mortal comum.
Brian então saiu da piscina conferindo-me uma bela visão de seus atributos físicos enquanto a água escorria por seu corpo: músculos bem definidos e tatuagens, o mesmo estereótipo que eu havia lhe descrito agora a pouco.
Saí da cobertura pouco tempo depois. No quarto, enquanto secava os cabelos, pude ouvir os gritos histéricos das fãs intensificarem-se, fui até a janela e vi Brian mais quatro caras passando entre flashes e braços de meninas enlouquecidas. Imaginei quanto elas pagariam para terem aqueles minutos na piscina com o ídolo, assim como eu tive.
Esperei o término daquele alvoroço e desci até a recepção, a fome apertava e eu precisava de algum lugar bom e barato para aplacá-la. O recepcionista me explicou, em um inglês improvisado, como chegar a um restaurante a poucas quadras dali. Agradeci e já estava quase indo embora, mas minha curiosidade fez com que eu me voltasse novamente para o funcionário:
— Você sabe o nome da banda que está hospedada aqui?
— Claro! Chama-se Dark Paradise, senhorita. — O rapaz riu, me achando uma alienígena por não saber algo que supostamente era tão óbvio.
Depois de comer, caminhei pelos arredores e pude confirmar o quanto Praga realmente era linda, faltar-me-iam palavras para descrever sua beleza, mas senti o peso do cansaço. Antes de dormir, porém, acabei ficando curiosa e acessei a internet para pesquisar mais sobre a banda de Brian. Descobri que a Dark Paradise já estava em seu quinto disco de sucesso e me perguntei realmente onde eu estive durante todo este tempo. Pesquisei o nome de Brian, queria descobrir qual instrumento ele tocava e, então, surpresa: ele era simplesmente o vocalista!
— Não acredito! — Pronunciei cada sílaba bem devagar, já me imaginando em uma conversa com as amigas: quem acreditaria que um cantor lindo e famoso atrasou o show para ficar conversando com uma simples anônima como eu?
Nem eu acreditava.
Acessei o Youtube e escutei suas músicas: eram boas a ponto de eu rever minhas concepções musicais. Envolvida pelas melodias da Dark Paradise, acabei relutando para desligar o computador e finalmente tentar algumas horas de sono, mas antes disso, meu necessário descanso foi interrompido por “uma festinha” no quarto ao lado. Conferi que o relógio marcava duas da manhã. Os responsáveis certamente eram pessoas da banda, pois a aquela altura o show já devia ter terminado.
Tentei ignorá-los e continuar a dormir, foi em vão. Mesmo parecendo uma ideia absurda, peguei meu computador e decidi ir trabalhar no lounge do hotel, longe do barulho que atrapalharia meu raciocínio. Quando saí no corredor, vi dois caras beijando garotas que pareciam não se importar em serem revezadas, os reconheci das imagens da internet como outros integrantes da banda. Estavam visivelmente bêbados e pareceram nem perceber quando eu passei desviando-me do aglomerado de pessoas.
— Brian não está com eles. — pensei um pouco decepcionada, pois queria vê-lo mais uma vez.
Escutei algumas gracinhas antes da luz finalmente se acender indicando que o elevador chegara e, por um lado, acabei ficando aliviada por Brian não ter me visto com olheiras e cabelos bagunçados, mas então a porta se abriu e meu coração disparou: ele estava lá dentro sorrindo libertinamente não com uma garota apenas, mas três, três mulheres, todas aspirantes a top model:
— Ah pronto! O pesadelo agora está completo.
Fiquei enciumada, mas o que eu estava pensando? Eu jamais ficaria com ele mesmo, então aceitei meu previsível destino e me conformei ao imaginar que aquilo acabaria ali: Carter pararia no sexto andar com suas fãs perfeitas e terminaria a noite com sexo, drogas e rock’n’roll, enquanto eu trabalharia no térreo em um artigo nada empolgante sobre simbologia nórdica acompanhada de meu moletom velho. Quando me viu, disse em meio a um sorriso licencioso:
— Olá Stela. Ainda acordada?
Oh, meu Deus! Ele lembrou meu nome! Senti minhas bochechas corarem ao mesmo tempo em que suas acompanhantes me olharam com desdém, então respondi acanhadamente:
— Tenho que terminar um artigo e não consigo me concentrar. Vão descer aqui?
As meninas sorriram quase como se dissessem: “óbvio vadia, agora volte para sua realidade patética e nos dê licença.” Mas então Brian disse algo que retirou instantaneamente o sorriso sarcástico delas:
— Na verdade eu vou acompanhar as moças até a recepção. Desculpem senhoritas, mas tenho que pegar um avião cedo.
As meninas não esconderam a cara de decepção. Imaginei qual delas pensou que passaria a noite com ele, ou talvez fossem as três juntas? Mais provável, levando em consideração a fama de astros do rock. Entrei no elevador e me acomodei atrás deles, não era complacente da minha parte, mas fiquei feliz com o fato de Brian Carter dispensá-las. Levantei o olhar e encontrei os olhos do astro, tentei disfarçar, mas já era tarde, ele percebeu e me lançou seu sorriso avassalador.
— Céus, como você é lindo. — Pensei aliviada por Brian não poder ler meus pensamentos. Quando o elevador parou no térreo ele se despediu das garotas, mas antes de ir, escutei uma delas dizer:
— Brian, me autografe aqui. — O “aqui” era o peito esquerdo da piranha, mas ele não se intimidou, imaginei que já deveria ter feito aquilo outras vezes.
Saí enojada com a cena e fui até o lounge. Procurei uma mesa com boa iluminação e comecei a escrever, ou melhor, a tentar, pois só conseguia pensar no lindo astro de olhar impudico que tirava totalmente minha concentração. Passaram-se alguns minutos e eu ainda não havia escrito praticamente nada.
— Stela.
Quase dei um pulo da cadeira, era Carter, que mais uma vez aparecera sorrateiramente:
— Brian! Oi... — Não pensei em nada melhor para dizer, então ele continuou:
— Te assustei?
— Claro que não, é que eu estava um pouco concentrada e não o ouvi chegando. — “Concentrada na sua imagem que não sai da minha mente”, obviamente eu poderia pular essa parte.
— Falei com meus colegas e expliquei que estavam atrapalhando os hóspedes, pode voltar para seu quarto, não irão mais incomodar.
O quê? Ele realmente tinha feito isso? Se preocupado comigo? Fiquei lisonjeada e agradeci enquanto fechava meu notebook:
—Obrigada Brian, não precisava dar-se o trabalho. — Respondi sem graça.
—Trabalho nenhum, venha. Eu te acompanho. — o segui até o saguão e entramos no elevador, ficava melhor assim: apenas nós dois, sem nenhuma fã oferecida. Ele apertou o décimo terceiro andar e a porta fechou subitamente.
— O meu andar é o sexto. — Disse meio sem graça.
— Eu sei, mas o décimo terceiro é o meu. — Brian me olhou de um jeito sacana que me deixou constrangida, eu estava enganada ou aquilo era uma indireta? Na dúvida, achei melhor não arriscar.
— Ah, claro. Então... Boa noite. Foi um prazer conhecê-lo. —Tentei apertar o sexto andar, mas Brian segurou meu braço e empurrou-me contra a parede gélida do elevador deixando-me perplexa:
— Você pode trabalhar em seu artigo outra hora. — Não tive tempo para lhe contradizer e, se tivesse, com certeza não o faria. Logo em seguida senti o hálito doce de Carter, nossos lábios fundiram-se em um beijo intenso conduzido pelo meu novo vocalista favorito enquanto seu sexo roçava minha perna, arrancandome leves gemidos.
O elevador parou e Brian conduziu-me à suíte de luxo do andar reservado exclusivamente para ele. O fechar da porta pareceu ser a deixa para que nos entregássemos ainda mais. A excitação era tanta, que até a curta distância entre o hall e a cama de lençóis egípcios pareceu ser um longo percurso.
Carter me jogou no colchão e arrancou meu moletom velho, depois tirou meu sutiã e traçou uma rota imaginária com sua língua, iniciando-se em meu pescoço com destino aos meus seios.
— Oh, Brian! — Falei entre gemidos.
Ele entendeu aquilo como um sinal e avançou para outras partes do meu corpo. Seus dedos empurraram minha peça íntima e quase fui ao delírio com o toque da sua pele penetrando meu sexo.
— Deliciosa. — Disse meu vocalista depois de levar os dedos embebidos até a boca enquanto me queimava com seus olhos intensos.
Abaixei as calças de Brian, ainda em êxtase em saber que aquilo é real. Cheguei ao seu sexo e o abocanhei lascivamente, arrancando-lhe suspiros. Carter murmurou algo em inglês que não entendi, mas pela sua expressão, sabia que estava no caminho certo. Aumentei meu ritmo e quase o fiz alcançar o clímax, mas antes que eu terminasse, Brian colocou-me de quatro na cama e roçou seu sexo em minha parte mais íntima: uma tortura deliciosa que me fazia implorar:
— Oh Carter, não me torture mais!
— É isso que você quer, Stela? — O hóspede mais ilustre do hotel então me possuiu com voracidade fazendo meu corpo estremecer.
— Oh, Sim!
A posição nada ortodoxa permitiu que Brian alcançasse meu pescoço com beijos avassaladores enquanto seu órgão ereto trabalhou de forma intensa: uma sincronia perfeita que me fez ir ao delírio. Pensei nos hematomas que seus lábios causariam na minha pele, mas não tinha problema, o clima frio aceitaria que eu os cobrisse com uma echarpe.
Sei que se continuássemos mais uns segundos alcançaríamos o clímax, mas Brian parou seus movimentos e colocou-me deitada de costas:
— Fique assim, quero olhar nos seus olhos enquanto te fodo.
Enrosquei minhas pernas e deslizei meus braços pelo seu corpo, sentindo a musculatura bem trabalhada. Já havia feito amor com alguns homens, mas Brian me possuía de uma forma que nunca antes havia experimentado. Seus movimentos ora eram lentos e carinhosos, ora tornavam-se intensos, quase violentos, mas aquilo me enlouquecia e, quando não podia mais suportar, exclamei entre gemidos de prazer:
— Por favor, não pare! Eu vou...
— Isso, baby. Diz pra mim. — Carter falou com o sorriso torto e sacana, enquanto eu sentia seu sexo mais forte do que nunca.
— Oh, Brian! — Meu corpo estremeceu e vi pontos brilhantes, ao mesmo tempo, Carter soltou meus cabelos e deitou-se esgotado ao meu lado, passei a mão pelo suor que se instalou em seu peito ainda ofegante. Ele sorriu de forma orgulhosa e então me beijou com ternura.
— Meu Deus! Esta é a noite mais incrível da minha vida. — Declarei enquanto reparava melhor em uma de suas tatuagens: um lobo no ombro direito.
— A minha também. — Quis rir, até parece que um homem como Brian Carter tenha passado sua melhor noite comigo, mas seus olhos pareciam sinceros.
Ele se levantou depois de dar-me um beijo estalado na têmpora direita e caminhou até o local em que jazia um uísque dezoito anos inviolado: um dos presentes
enviados por uma TV local na tentativa de conseguir uma entrevista exclusiva. Então, de forma inesperada, pegou o violão e tocou uma de suas músicas. Sentime uma menina apaixonada, não muito diferente de uma de suas fãs que certamente dariam o mundo para estar no meu lugar: Brian tocando violão, cantando sem a ajuda de nenhum microfone e usando apenas sua peça íntima.
Se eu não tivesse olhado o relógio talvez passasse a eternidade ali: sendo possuída por Brian e ouvindo-o cantar apenas para mim.
— Carter, já são quase seis horas. Preciso dormir. — anunciei e não me preocupei em esconder minha insatisfação.
— Sério? Garota, você fez o tempo parar. — ele lamentou e eu me senti ainda mais especial.
— Rola uma música sobre esta noite? — Brinquei.
— Baby, até um álbum inteiro. — riu — Tome um banho comigo antes de partir.
Fechei os olhos e curti a água quente que escorria pela meu corpo. Então Brian se aproximou, roçando os pelos curtos da barba em meu pescoço, mas logo em seguida afagou minha pele, recém castigada pelo atrito, com beijos carinhosos. Deslizei as mãos pelos vidros embaçados, se não estivéssemos tão cansados teríamos nos entregue novamente, mas daquela vez os beijos foram suficientes para satisfazer-nos.
Vestimo-nos e Carter acompanhou-me até meu quarto, mesmo depois de eu dizer que não precisava, mas ele havia insistido e eu, claro, não me incomodei nenhum pouco:
— Já são sete horas. Tenho que pegar um voo para Amsterdã logo, mas dá tempo de tomar o café, vamos? —Ele anunciou entre um sorriso convidativo.
Fiquei pasma e ao mesmo tempo lisonjeada, achei que depois que saísse do quarto de Brian ele se desligaria de mim para sempre, mas aqui está ele novamente: convidando-me para sentar na sua mesa de café da manhã.
— Ok... espere só eu tirar esse moletom e colocar algo mais apropriado.
No restaurante do hotel, todos os olhares se voltaram para Brian Carter. Uma hóspede pediu uma foto com o astro e perguntou se eu me importava.
— Claro que não, fique a vontade! — respondi achando graça por ser elevada ao status de namorada do vocalista da Dark Paradise.
Brian Carter era gentil. Observei-o enquanto sorria para a câmera e distribuía meia dúzia de autógrafos para outros hóspedes, impelidos pela coragem da primeira fã.
— Carter, venha! — Os outros membros da banda o esperavam em uma mesa ampla o suficiente para músicos e produtores.
Antes de irmos, disse um pouco embaraçada:
— Tem certeza? Não quero atrapalhar.
— Tenho sim. E você não atrapalha. — O cantor segurou minha mão e conduziume até a mesa. Ao me verem, fui alvo de gracejos que me deixaram ainda mais constrangida, mas depois de alguns minutos deixei de ser o centro das atenções e não demorou para que eu me sentisse à vontade. Os escutei conversando entre si: eram divertidos e comportavam-se como amigos de muitos anos. Brian aproveitou um momento de distração de todos e perguntou-me:
— Mudou sua concepção sobre caras tatuados e rock?
— Depois dessa noite, sim. — Afirmei veementemente. — Também quero perguntar uma coisa.
— Pode dizer.
— Na piscina do hotel — mordi os lábios receosa — por que não me disse quem você era?
Um deleitoso sorriso formou-se nos seus lábios:
— Porque sei que não faria diferença para você.
O tempo passava mais rápido do que eu gostaria e Carter precisou subir para arrumar as malas, logo eu também faria o mesmo e então seguiria até a Universidade de Praga. Antes de subir, no entanto, meu affair prometeu se despedir.
Nove e meia a campainha tocou, era Brian cumprindo sua promessa. Acompanheio ate o saguão. No elevador, ele me beijou como na primeira vez, claro, com um pouco menos de intensidade. Era nosso beijo de despedida.
A porta se abriu e já no saguão, Robert Barlet, fez um gesto de impaciência com os braços:
— Até que enfim! Companhias aéreas não são como shows, Brian! Se você se atrasa, eles não esperam. — Tinha a ligeira impressão de que o empresário não gostava muito de mim.
A multidão de fãs já estava formada novamente na porta e gritou alvoroçada ao avistar Brian Carter: a maior estrela da Dark Paradise. Antes de sair pela porta e, de vez da minha vida, Carter se virou para mim:
—Este é o número do meu telefone.
Não peguei o papel e dei uma gargalhada debochada. Aquilo era dispensável.
— Brian, isso é desnecessário. Posso lidar com isso de forma adulta, não se preocupe.
— Stela, pegue. — Ele insistiu e eu acabei cedendo.
Seus olhos me analisaram uma última vez, depois, Carter foi ao encontro dos fãs antes de entrar no veículo da banda que o levaria até o aeroporto, longe de mim para sempre. A cena fez com que eu voltasse a minha patética realidade:
— Droga! Meu artigo.
Tentei descansar um pouco antes de revisá-lo e ir para meu compromisso: o real e principal motivo da minha curta estada.
***
Um mês depois, defendi minha tese conseguindo o título de Doutora e, com ele, um convite para lecionar em uma das melhores universidades brasileiras. O tempo fazia com que Brian se tornasse cada vez mais uma lembrança distante, daquelas que só vivenciava quando me pegava sozinha no trânsito e a rádio tocava um dos sucessos da Dark Paradise.
Certo dia, visitando meus pais no interior, escutei um som familiar: notas de guitarra e a voz intensa de Brian Carter sendo abafada pela porta fechada do
quarto do meu irmão caçula. Ignorei o aviso de “não entre” colado com fita adesiva pelo jovem de vinte anos e abri sem muita diplomacia:
— Irmã mais velha chegando!
— Stela! — Samuel revirou os olhos — Sabe que o aviso na porta é para a sua própria proteção, não? Eu poderia estar fazendo algo bem íntimo e que você não gostaria de ver.
— Urgh! Não arrumou uma namorada até hoje? — ele riu de forma sarcástica e eu continuei — Desde quando você gosta de Dark Paradise?
— Desde quando nasci. — Falou como se aquilo fosse elementar. — Desde quando você se interessa por música boa?
— Desde...deixa para lá. — Samuel nunca acreditaria em mim mesmo.
***
Quatro meses se passaram desde aquela noite. Minha vida profissional ia extremamente bem e fui convidada pela Universidade de Seattle para ministrar uma palestra, fiquei honrada.
Duas semanas depois embarquei para os Estados Unidos. Cheguei ao aeroporto de NY e enquanto esperava pela conexão, vi os noticiários: a banda Dark Paradise iria se apresentar em Seattle naquele mesmo dia. Que ironia do destino! Meu coração disparou.
— Oh, Brian, tão perto e tão longe! — Pensei e então me lembrei do cartão já amassado no fundo da minha carteira. — Por Deus, não posso ter jogado fora!
Depois de me livrar de vários papéis inúteis, encontrei o telefone de Brian Carter, mas fiquei paralisada por alguns segundos enquanto escutava minha pulsação em um ritmo acelerado:
— Por que não? — Sem pensar mais vezes, peguei meu smartphone e digitei em meio a tremores de ansiedade:
* Olá Brian, *
* Quanto tempo! Você não deve se lembrar de mim (é claro que não se lembra), de qualquer forma, estarei em Seattle hoje a noite. *
* Abraços, *
* Stela. *
Apertei o botão de enviar, mas logo me arrependi sentindo-me uma tola.
— Sua idiota, você foi apenas uma dentre centenas, ele nunca se lembrará de você. — minha consciência desmancha-prazeres continuou — Afinal, quantas “Stelas” Brian Carter não deve ter conhecido?
Era duro, mas sabia que ela tinha razão.
Conferi o relógio: ainda faltavam duas horas para meu voo. Pedi um cappuccino e tentei me concentrar no aroma doce da bebida enquanto ria da besteira que havia feito. Ele devia estar acostumado a este tipo de coisa, já até imaginava a cena: Brian lendo a mensagem e dizendo em voz alta dentro de alguma banheira cercada de belas mulheres: — Que Stela? — Então todos gargalhariam sarcasticamente.
Segunda hipótese: ele nunca leria a mensagem. Famosos devem mudar de número com frequência e Carter não seria exceção. Sim, essa teoria era a mais plausível de todas.
Mergulhada nesses devaneios, acabei me assustando quando o celular emitiu um aviso sonoro. Senti um frio na barriga, mas minha mente me repreendeu mais uma vez: “Não seja boba Stela, é apenas sua mãe dizendo que está com saudades!” Mas ela estava enganada, minha mensagem havia sido respondida:
* Stela! *
* E como esquecer a ilustre hóspede do Hotel de Praga? O show começa as onze e desta vez não aceito não como resposta. Diga-me qual o seu hotel e que horas posso mandar o carro. *
* Brian Carter *
*PS: Senti sua falta. *
Fiquei em choque. Precisei reler o texto dezenas de vezes até me convencer de que aquelas palavras foram mesmo digitadas. Sim, era real.
— Ele me respondeu! — Falei um pouco alto demais enquanto abraçava meu celular e acabei atraindo a atenção de mesas vizinhas que me olharam curiosas. Meu corpo se estremeceu com a doce lembrança de Brian Carter.
Definitivamente, minhas amigas não acreditariam em mim, não daquela vez.
Foto 1 do Conto erotico: O astro do Rock

Foto 2 do Conto erotico: O astro do Rock

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Comentou em 02/07/2015

Delicia




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Ficha do conto

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Nome do conto:
O astro do Rock

Codigo do conto:
67115

Categoria:
Fantasias

Data da Publicação:
29/06/2015

Quant.de Votos:
7

Quant.de Fotos:
3