Já nas primeiras horas da manhã os raios de sol invadiam o quarto. Despertei vagarosamente. Ainda estava intricada com a noite passada. Olhei para o lado, estava vazio. Levantei-me, me vesti. –“Clarice?”. Ela estava na cozinha. –“Ah, oi. Aqui um café”, dizia ela com certo constrangimento e sem olhar em meu rosto. Sentei-me à mesa olhando-a e tentando depreender o que se passava pela sua cabeça. –“Tudo bem? Como dormiu onte...”, ela me interrompeu num brado: –“Eu nunca havia feito isso. Não com ma mulher... Espero que isso não saia daqui. Realmente não sei o que aconteceu comigo. Podemos preservar nossa amizade, mas...”, eu a interrompi dessa vez: –“Hei! Calma, Clarice! Tudo bem, o que aconteceu não precisa ser do conhecimento de mais ninguém além de nós duas. Não fizemos nada de mais, afinal. Apenas sexo. Somos duas mulheres adultas donas das nossas vontades, não é?”, ela concordou com a cabeça e voltou os olhos para a mesa. Ficou um instante pensativa, enquanto bebericava a xícara de café. Quebrei o silêncio pedindo para usar o banheiro e tomar um banho. –“Um minuto, vou pegar uma toalha limpa”, e levantou-se da mesa, ainda um pouco sem jeito. Voltou à cozinha com a toalha nas mãos e me entregou. –“O banheiro fica na primeira porta à esquerda”. Sentou-se à mesa da cozinha sem falar e sem me olhar. Terminei o café e me levantei. Eu procurei compreender a desordem que estava na cabeça dela. Tomei um banho rápido. O suor e o perfume de Clarice ainda estavam impregnados em minha pele, e se esvaíam junto da água do chuveiro. Durante o banho remontei minhas lembranças da noite passada. Suspirei. Noite maravilhosa... Sequei-me, fui ao encontro dela para tentar por as coisas em ordem e me despedir. –“Acho que é tudo. Espero que você fique bem. Sinceramente, eu curti muito nosso momento, mas se soubesse que você iria se sentir tão mal por isso eu o teria evitado”. Ela se levantou. Finalmente me olhou nos olhos. –“Eu... eu também gostei da nossa noite. Foi ótima... Quero dizer...”. Mordia os lábios de ansiosidade. Silêncio. Pensou por mais instantes. Falou. –“Estou um tanto perdida. Terminei um noivado conturbado há pouco tempo, como você sabe... Já estou há alguns meses sem sentir nem um toque de outra pessoa, daí você aparece e deixa tudo ainda mais confuso. Compreende?”, disse em voz de murmúrio. Definitivamente eu compreendia suas razões. Aproximei-me. Ela estremeceu e me olhou ligeiramente assustada. Eu ainda a desejava; talvez mais agora. Olhei fixamente em seus olhos. Ela se desarmou. Eu não pedia mais justificativas. Apenas nos beijamos recostadas na mesa da cozinha. Ela segurou meu rosto e me beijou com desespero. Segurei em suas mãos e as beijei. As memórias da noite passada estavam vivas, como se ainda não estivessem terminado. Eu não queria ir embora, e pela maneira que se agarrava a mim, ela também não queria que eu fosse. Retribuí seus beijos com mais intensidade. O arroubo da noite anterior não havia sido consumido. A vontade ainda dominava nossos corpos e contrariava toda a racionalidade que tentávamos estabelecer. Deslizei minha mão pelas suas costas. Beijávamo-nos. Nossas línguas dançavam numa harmonia quase perfeita. Mordia seus lábios. Beijava seu queixo. Com a língua, percorria sua cútis. –“Que se dane! Não devo satisfações a mais ninguém”, ela suspirou baixinho enquanto enlaçava as mãos em minha cintura e apertava meu corpo contra o dela. –“Quero sentir seu gosto novamente. Quero continuar o que começamos ontem”, sussurrei em seu ouvido. Ela se arrepiou e sorriu. Encaramo-nos, e seu olhar a entregava. Então subi minha mão pelas suas costas e a embrenhei em seus cabelos, puxei-os para trás com voracidade, deixando seu pescoço indefesso contra minha boca. Ela ficou estática enquanto eu a deliciava. Nossos corpos se inflamavam. –“Ah! Ai, que delícia”, não segurava os gemidinhos. A cobiça ficava mais ardente. Agora, com menos pudor ainda, tateava todo meu corpo. Enfiei minha mão por sob sua camiseta, e entre o indicador e o polegar massageava seus mamilos saltados. O corpo dela se abrasava. Seus pelos se ouriçavam e seus poros se dilatavam. Meu corpo reagia como o dela. Debruçamo-nos sobre a pequena mesa da cozinha, derrubando os itens que sobre ela estavam. –“Quero gozar na sua boca de novo!”, ciciou ao pé de minha orelha, provocando em mim um tesão cego. Num impulso nos lançamos totalmente sobre a mesa, que parecia que iria desmoronar. Agarrávamo-nos com afinco. Nossas línguas brigavam. Corações disparados. Faltava ar. Dois corpos femininos lutando para dividirem o mesmo espaço sobre a mesa. –“Vou te chupar todinha”, falava enquanto mordia sua orelha e apertava seu corpo. Os arranhões, mordidas, chupões – e toda sorte de pequenos hematomas resultantes da trepada da noite anterior – se abriam novamente. Voguei uma das mãos pela sua barriga, enfiei-a em seu short até chegar a sua boceta. Ela estava tão molhada quanto eu. Comecei a provocar movimentos delicados. Ela gemeu mais intensamente. Beijava sua boca que se ocupava tanto em retribuir as investidas da minha língua quanto em soltar suspiros abafados. Quanto mais eu me movimentava no vértice de seu corpo, mais ela se arreganhava e me espremia. –“Me chupa, quero sentir sua boca me devorando!”, implorou com a voz esganada. Imediatamente me levantei e a puxei para junto de mim. Corpos colados. Beijávamo-nos incessantemente enquanto que aos tatos procurávamos um lugar mais confortável para foder. Ao longo do corredor até a sala nos livramos das roupas, que ficaram espalhadas por todo lado. Lançamo-nos no sofá macio, e ali mesmo nos esfregávamos uma contra a outra. Beijos ferventes. Mãos libidinosas. Pernas entrelaçadas. Pelos ouriçados. Gotículas de suor. A gana tornava o ar denso. Levantei-me, e a fiz se virar de bruços. Sentei-me sobre ela. Premia seus glúteos com impetuosidade. Perfazia as mãos pelas suas costas arranhadas. Ela revirava os olhos. Ela segurava fortemente minhas pernas e coxas. Afastei seus cabelos e beijei sua nuca. Minha respiração ofegante em seu pescoço lhe provocava tremura. Resvalava meus lábios e língua pela sua nuca, pescoço, orelha e toda a extensão de suas costas. Estávamos completamente encharcadas de um tesão que aumentava a cada contato. Apertei seu quadril e mordisquei seus glúteos. Ela se retorcia e desatava gemidos. Estava num estado de excitação incontrolável. Sem perder mais tempo, meti a língua naquela boceta que apelava para ser chupada. Ela movia o quadril sutilmente em minha língua. Eu degustava o sabor de seu corpo, de sua boceta. Perpassava a ponta da língua pelo seu cu. Ela se extenuava em gritos e gemidos estrangulados. Num giro nos viramos. Ela sobre mim tocava meus seios com desvelo, admirava-os. Seus olhos brilhavam, seu rosto expressava lascívia. Começou devorar meu corpo de todas as formas. Mordia-o. Beijava-o. Arranhava-o. Gemidos se misturavam ao som da cidade tranqüila que acordava. Chupou meus seios de modo que me fez devanear. Aquilo beirava a loucura. O máximo prazer físico. Beijamo-nos enquanto nossos dedos nos masturbavam simultaneamente. Ousamos em experimentar posições variadas, e a cada nova maneira descobríamos um novo prazer. Eu também enlouquecia ao chupar sua boceta e ver sua reação alucinada. Enfiava minha língua, a comia profundamente, brincava com seu clitóris e explorava com a boca todo o contorno de sua vulva. Gemidos e suspiros mais intensos. –“Vou gozar agora!”, exprimiu enquanto sua face figurava um semblante de dor e satisfação. Quase morte. Minha língua movia-se freneticamente dentro de seu corpo. Ela me espremia com as pernas. –“Ah!”. Mãos que tremiam e apertavam o veludo do sofá. Enquanto se contorcia involuntariamente num orgasmo, sentia as pequenas constrições em sua boceta. Todo seu corpo se torcia de regalo. Gemeu tão alto que o prédio inteiro possivelmente ouviu. Por alguns instantes permanecemos paralisadas. Quando Clarice se recuperou, voltou-se a mim. Beijava-me com a boca seca. Com as mãos e com a língua massageava meu corpo. Desceu sem delongas ao meu umbigo. Eu estava a ponto de explodir de ânsia por sentir sua boca me chupando. Desceu um pouco mais. Continuava a beijar minha pele que ardia. Chegou ao meu clitóris. Eu mordi o braço, abafando um grito urrado que explodiu da minha garganta. Pela primeira vez Clarice experimentava a gustação de uma boceta, e como que por extinto ela descobria os caminhos do gozo no corpo alheio. Movimentava a língua com agilidade. Chupava-me com apetite. Nossa transpiração evaporava no ar. Sussurros. –“Que delícia, Clarice. Não para!”. O prazer que ela provocava em mim se tornava maior, quase transbordava. –“Assim!”, disse e aspirei profundamente tentando retomar o fôlego. –“Ah!”. No auge do gozo eu não contive meus gemidos aos soluços. Exauria-me em sua língua. Por fim, já exaustas, caímos deitadas naquele sofá nos acariciando, trocando beijos e risadas. As horas já haviam passado quando decidimos por um banho à duas. Aquele foi um longo sábado para ambas. Nossa história estava apenas começando.
Cada vez mais excitante e interessante. Votei com gosto.