Sem Rótulos Capitulo 04 - Dança comigo



Fazia um tempinho que eu não ia em uma boate, tipo desde nunca. Nunca me senti bem nesse tipo de ambiente. Não era uma opinião preconceituosa, eu sabia o que se fazia la, mas digamos que ficar chapado e delirando com um monte de desconhecidos não era minha praia.

Bom, mas aqui estava eu, na Eros , a boate mais bem frequentada de Sunnyville. Estava sentado num espaço reservado pelo meu grupo, que incluia Ângela, a recepcionista do Cura D'ars, Tyllara e Geronimo, um casal amigo que eu conheci na faculdade, e também Rodrigo.
Na verdade fora ele quem me convenceu a vir, torrando minha paciência na minha propria casa,  veja so, ate eu corroborar o convite.

- Por que você ta aqui parado, vem dançar! - Chamou Tyllara, com um copo daquelas batida na mão.
Tyllara era uma pessoa peculiar, dizia o que queria com quem queria e não via problema em ser abertamente incomodada com os outros. Eu a adorava. Ela tinha cabelos escuros, um corpo normal, com uma bela bunda, e olhos cor de mel.

- Eu não sei dançar - Respondi simplesmente. Era uma verdade inquestionável, eu não tinha coordenação motora nos pés o suficiente para não tropeçar se eu arriscasse um passo de dança.

- Que besteira, ninguem sabe, nem por isso eles tão aqui morgando. - Ela riu da minha cara de irritado.

- Ty, por favor-  Supliquei para ela me deixar em paz.
Nesse momento Rodrigo aparece junto de Geronimo.

- Ah, você vai dançar! - Disse Rodrigo, seus dentes ultrabrancos tinindo de maliciosidade.

- Sai fora, Rodrigo-  Retruquei - Vai achar quem te quera para variar, ne! Esse seu comportamento de cachorrinho me da nojo.

Senti o baque que essas palavras causaram nele. Sua expressão sorridente e maliciosa passou para magoada. Ele se retirou em silêncio, caminhando para fora da area reservada indo em direção a saida da boate.

Me senti um monstro na mesma hora. O remorso me corria, e tratei de correr atras dele para pedir desculpas. Ty e Geronimo disseram algo, mas eu nem ouvi.

Tentava passar entre as pessoas empurrando para que saissem do caminho e recebia um xingamento aqui e ali. De repente, eu esbarro em um cara que tava me bloqueando, ja proximo a saida.

- Da licença, por favor! - Gritei desesperado.

O homem se vira para mim e eu tremo as pernas. Sim, era o cara que eu consultei a uma semana e que tinha me despertado um interesse significante.
Percebi que havia sujado sua camiseta xadrez com a bebida que ele segurava quando colidimos.

- Oh, desculpa, perdão. - Me adiantei falando rapidamente - Olha so, eu preciso alcançar uma pessoa, então se puder esperar um pouco aqui eu ja volto.

- Tudo bem... - Respondeu ele. Eu ja estava 2 metros dele abrindo caminho entre a multidão.

Cheguei suado no lado de fora da boate, num daqueles bequinhos laterais onde os casais adolecentes iam a fim de alguma privacidade. Não havia nenhum sinal de Rodrigo, muito embora eu tenha certeza que o vi sair por aqui. Estava escuro, mas isso não me impediu de ver dois homens se aproximando lentamente de mim.

- Ei, você ai! - Falou um deles, o de cabelos loiros e cara de nojo. Ele so podia estar falando comigo, não havia mais ninguem por ali. Gelei instataneamente.

Eles estavam a 2 metros de mim agora. A porta da boate estava proxima, mas não o suficiente de dar tempo de correr sem que eles me alcançassem. Rezei outra vez para alguma entidade das causas desesperadas. Isso estava se tornando muito comum.

- Não tenho grana, se é isso que querem. - Falei esvaziando os bolsos para eles verem.

O outro marmanjo riu ruidosamente. Sua expressão era maligna, pura maldade.

- O que mais você tem a oferecer? - perguntou o loiro, dando um leve sorrisinho.

Não respondi. Me concentrei em recuar lentamente em direção a boate. Eu so pensava em como aquilo ia acabar caso eles me pegassem. Certamente preferia morrer. Não havia outra alternativa, eu não sabia dançar, muito menos lutar. Gritar era inutil devido ao isolamento acustico da boate e o proprio som de rachar os timpanos.

Lagrimas me invadiram e eu paralisei de vez. Eu era um covarde irremediavel quando se tratava de enfrentar as dificuldades cotidianas. Numa situação de perigo assim eu era mais inultil que uma peteca.

Eles estavam a dois passos de mim agora. Ouvi claramente quando aquela voz grave me alcançou.

- Querem mesmo começar isso? - Perguntou a pessoa atras de mim.  A visão de seus cabelos castanhos e a blusa manchada de bebida me aliviou profundamente.

Seus braços estavam cruzados ameaçadoramente perto de mim. Os dois homens recuaram e foram embora resmungando algum coisa.

Pus minhas mãos na cabeça e me apoiei na parede. Minha cabeça latejava de dor devido ao stresse emocional. Jeremy me envolveu num abraço que eu não recusei e acabei retribuindo, grato.

- Obrigado! - Solucei. As lagrimas me invadiam como nunca. Mantive meu abraço bem apertado nele, com medo dele sumir caso eu o soltasse.

- Ta tudo bem agora, você está seguro - Ele disse, tentando me acalmar.
Pus minha cabeça no seu peito para ouvir seus batimentos cardíacos. Não funcionou como era com Gustavo, mas ajudou a desacelecerar os meus proprios batimentos.

Por fim, quando me senti em paz desgrudei de seu peitoral firme e olhei diretamente para seus olhos.

- Obrigado mesmo, não sei nem como te recompensar.

- Eu sei! - Vi o mesmo sorriso maroto de Rodrigo nascer em sua face. - Dança comigo?

Ruborizei no mesmo minuto. Foi isso mesmo que eu ouvi? Pensei comigo. Não pude deixar de notar que meu corpo ja reagia com a possibilidade de isso ocorrer. Meu corpo coladinho no dele, suas mãos em minha cintura...

- Eu não sei dançar - Respondi automaticamente. Por mais que meu corpo suplicasse o corpo dele, era fato minha inutilidade na pista de dança.

- Qualé! É so uma dança, você me deve - Disse ele, sorrindo, consciente de que o que eu não poderia negar isso.

- Ok - Concordei por fim - Mas a vergonha alheia é sua, eu não me responsabilizo pelos atos numa pista de dança.

Ele gargalhou, meu rosto avermelhou-se e por fim voltamos para a boate.
Estava quente, mas era um calor humano excitante, e eu gostava daquilo.
Seus braços me conduziam para o meio da multidão que de agitava sob o som de Mike Posner 'I took a pill in Ibiza'. O som era contagiante, me fazendo pular e dançar como um adolescente ao lado de Jeremy, aquele macho tesudo que me salvou há 5 minutos.
Suas mãos percorriam meu corpo sem minha permissão, todavia eu não tinha mais controle dos meus instinstos carnais. Seu pau ja duro rossava minha bunda de vez em quando, e eu ia ao céu com aquilo.

O clima estava perfeito, seu perfume misturado com seu cheiro de macho suado me invadiam, fazendo-me ficar louco de desejo.
Subitamente senti quando seu toque não veio mais. Me virei curioso para saber do porquê e me deparei com seu rosto ensanguentado estendido no chão. Rodrigo estava em cima dele quebrando o resto da cara de Jeremy.

- O que você ta fazendo? - Gritei com Rodrigo, tentando afasta-lo de Jeremy.

A cólera estampava seu rosto enquanto me fitava com um olhar selvagem. Um circulo se formava para dar espaço a cena que se desenvolvia.
- Por que esse cara tava roçando o pau dele no seu rabo como se você fosse uma puta? - Esbravejou Rodrigo. Seu rosto também tinha sangue jorrando do nariz.

Meus pulmões ficaram sem ar e meu rosto ficou vermelho como um pimentão. Ja haviam me xingado de muita coisa, mas de puta nunca. Nada contra as meretrizes, mas o tom que ele usou como se me chamasse de objeto sexual me atingiu em cheio.
- Cai fora daqui, Rodrigo! - Disse Geronimo, que havia chegado para apartar a briga. Ty e Ângela olhavam assustadas a cena.
Decidi não responder nada. Eu era muito bom em responder com silêncio quando me ofendiam tão baixo. Não sou do tipo que arruma barraco ou fica revidando xingamentos.
Levantei Jeremy pelo braço, sustentando seu corpo com o meu, e me dirigi para o banheiro mais proximo. Pedi uma garrafa de bebida pro balconista do bar. Precisava tratar aqueles ferimentos antes que infeccionassem.
Apoei seu corpo em cima da pia e comecei lavando seu rosto. O nariz estava claramente quebrado, se projetando num ângulo nada natural. O sangue estancou rápido, o que me aliviou, pois em casos assim desmaios eram frequentes, devido a perda de sangue.
Seus olhos ocres me fitavam enquanto eu limpava os ferimentos da bochecha. Pus um pouco da bebida alcoólica em cima do ferimento, depois de senta- lo no chão.

- Isso vai doer um pouco, segura minha mão. - Disse, me sentando ao seu lado.

Ele apertou minha mão com força enquanto o liquido escorria em sua face. Pude sentir sua dor no aperto de sua mão na minha.

- Obrigado, Dr. Griffin. - Disse ele, dando um sorriso amargo.

- Shiu! Evite falar muito agora, para não voltar a sangrar - Repreendi ele. - E pra você e Dr. Leon ou Leon, simplesmente, ja disse. Aliás, não sei nem por que chamam médicos de Dr. Não tem nada a ver, nem todos nós fizemos doutorado.
Dei um selinho em seus lábios, que haviam sangrado um pouco. O gosto de ferrugem com sal não me incomodava e estava bem fraco.
Ele acenou com a cabeça, mostrando obediência.

- Desculpe por isso, eu não tinha ideia que ele ainda estava aqui. Na verdade nem sei porquê ele fez isso. - Expliquei, esperando ele me engulir com as palavras de ódio que receberia dele, mas seu semblante era indecifrável - Não somos nem namorados ou coisa do tipo.

Levei Jeremy ate seu carro, um Citroen, peguei suas chaves e assumi a direção. Coloquei-o no banco do carona e afivelei seu cinto.
- Então, onde você mora?-  Perguntei, dando partida no carro.
- Pode deixar que eu dirijo - Começou Jeremy, mas eu logo o interrompi.

- Nem pensar! É o minimo que posso fazer pra me desculpar pelo acontecido.

Seu rosto inchado apenas concordou com um movimento de cabeça. - Studart Day com a Nona, 759.
- Ok, vamos lá.

Dirigia em silencio passando rapidamente pela avenida principal e pegando a Studart Day no cruzamento com a Nona.
Chegamos em seu apartamento em 15 minutos, graças ao bom transito da noite. Era um condominio privado, bem caro, pude notar. Estacionei seu Citroen na garagem com cuidado, não tava a fim de mais estragos por hoje.

- Pronto, esta entregue. - Disse, quebrando o silêncio sepulcral. Estava constrangido pelo que aconteceu com ele por minha causa e do idiita do Rodrigo. Principalmente considerando que ele tinha salvo minha vida há poucos minutos.

- Não tem problema, Leon. - Falou Jeremy, como se lesse meus pensamentos. - Afinal, ele também não saiu intacto e eu ainda fiquei com o médico. Valeu a pena.

Ri de sua piada fraca, aliviado com o peso de sua possivel rejeição tirado de minhas costas.

- Eu ja vou, então, meu fiel escudeiro. - Disse, ja saindo do carro.

- Por que não fica cuidando de mim essa noite? - Propos Jeremy.

- Claro que não! Você tem esposa, lembra? - Respondi, lembrando do motivo de sua ida no meu consultório.

- Ela não está por aqui, viajou a negócios e so volta proxima semana. - Disse ele, claramente contente.

Ponderei um pouco a respeito. Eu me conhecia bem, não conseguiria manter aquilo. Eu era tipicamente romântico, não gostava da ideia de ser " a outra "

- Sinto muito, mas não funciona pra mim assim. - Respondi, a tristeza me inundando - Não sou esse tipo de pessoa.

Caminhei a passos largos em direção a rua, sem dar chance dele responder. Pegaria o metrô, sempre me ajudava a pensar.

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Ficha do conto

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Nome do conto:
Sem Rótulos Capitulo 04 - Dança comigo

Codigo do conto:
94588

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
21/12/2016

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