Tiros, incertos e segredos



Sentia ele pulsar por cima e dentro de mim, o nosso suor se misturava, eu segurava nos antebraços dele, apertando os dedos entre os pelos negros enquanto sentia a pressão das suas metidas abrindo caminho na minha bunda. Meu pau estava duro como nunca esteve, com a fricção das metidas, ele pressionava contra os músculos e pêlos de seu abdômen, meu orgasmo estava mais perto a cada movimento. Sentia as mãos dele em minha cabeça, a esquerda segurando meu queixo, a direita nos cabelos da minha nuca, enquanto eu gemia, arfava de desejo, minhas pernas entrelaçadas na altura de suas costas, tão alto que minhas coxas arrepiavam com os pêlos do peitoral forte dele.

Eu revirava os olhos, de tesão e não conseguia deixar de reparar naquela pistola Beretta, carregada, escorada no canto na tentativa dele de não deixar que nada de mal nos aconteça. Mas já havia acontecido, estávamos em grande perigo mas eu nem me lembrava, naquele momento, eu só me concentrava em como seu membro latejava cadenciado no meu cu, e inchava, porra, como era grande, ouvia pelos seus gemidos animalescos que o ápice chegava, metia mais fundo e mais forte, até que explodimos, os dois, num orgasmo que parecia o reencontro definitivo, depois de tantos anos de espera. O leite quentinho, recém gozado me inundava por dentro. Enquanto nos desmanchávamos em gemidos, arfei, abafado pelo gozo mais pleno de todos, disse baixinho em seu ouvido "-Te amo pai" e ele, ofegante respondeu, "-Te amo filho" e caímos em um beijo, salivado, amoroso, de redenção após tudo o que passamos, sem saber nem ao menos se acordaríamos vivos no dia seguinte.

Para entender o ápice dessa história, repleta de segredos, incestos, mistério, sexo e ação é necessário ouvi-la desde o começo.

"-Lucas Ávilla" era o meu nome, proclamou o gravador, eu percorri aquela salinha do prédio do Ministério da Justiça, fazia um ano que eu morava em Barcelona e, agora, estava prestes a ouvir que eu não estava "apto" para voltar pra lá. Meus documentos não estavam em ordem, e se eu tentasse, corria o risco de ser deportado. O motivo era que eu tinha apenas 18 anos, meus responsáveis, no caso, meus avós maternos tinham falecido, vovó primeiro, e meu avô logo depois, era compreensível, sempre me disseram que um não vivia sem o outro. Por sorte, me deixaram uma gorda herança, suficiente para eu concluir meus estudos no exterior, me bancar por tempo indeterminado e tudo mais, eu já tinha tudo planejado.

Procurei o melhor advogado que conhecia, ele me garantiu que realizaria os tramites para a minha permanência na Espanha, no entanto, eu devia ficar no Brasil, pelo menos até o processo ser concluído. Eu não conseguia conceber a ideia de não voltar para a Espanha, muito menos de ficar no Brasil, onde, agora, eu não tinha ninguém, a não ser, uma pessoa, que eu não via a muitos anos...

Minha história é complicada, meus pais nunca se casaram formalmente, eram namorados quando eu nasci, moravam no Rio de Janeiro, minha mãe, Fernanda, era arquiteta, meu pai se chama César, era policial, não lembro de muita coisa dele, lembrava que era um homem muito inteligente, líder de uma força tarefa contra o narcotráfico, um tira conhecido e respeitado. Me lembro que jogávamos futebol num clube da Urca, ele assistia filmes comigo e que me levava na praia de Copacabana, me colocava em suas costas, eu me agarrava na corrente prata que ele sempre usava e nadávamos por horas, era um grande pai.

Isso até meus 8 anos, quando o namoro dos dois, que parecia ótimo, começou a degringolar, de uma hora para outra, as brigas eram constantes, intensas, e um dia, no meio da noite, ele disse que iria embora, me lembro dele entrar no meu quarto, de eu fingir estar dormindo, do beijo que ele deu e de uma correntinha de prata que ele colocou no meu pescoço. No dia seguinte, vi que a correntinha era igual a que ele usava, e tive a certeza que ele tinha ido embora.

A vida seguiu, minha mãe me criou sozinha, com o auxílio dos meus avós que sempre me trataram feito filho. Me lembro que pedia muito do meu pai e minha mãe sempre desviava do assunto, mas ela sempre o respeitava, dizia que era um homem bom, que me amava, mas precisou ir embora por que "tinha um dever", coisa que nunca tinha entendido.

Quando eu tinha 12 anos, minha estava visitando uma obra que tinha projetado, o teto desabou e ela foi uma das várias vítimas fatais. Logo após ela morrer, meu avó me disse que tinha uma carta, era do meu pai, ele lamentava o que tinha acontecido, e dizia que estava aberto para o que eu precisasse, não precisei, meus avós passaram a cuidar de mim. Mesmo assim, eu e meu pai começamos a conversar por email, quase diariamente, mesmo assim, eu não sabia quase nada dele, conversávamos sobre filmes, livros, política, menos sobre coisas pessoais dele, ele sabia toda minha rotina de estudos, o que eu fazia nas horas vagas, era atencioso, mesmo assim, eu só sabia que ele estava trabalhando numa delegacia de interior, sabia que ele adorava Rolling Stones, que tinha ouvia sempre o disco do The Strokes que eu mostrei pra ele, mas não sabia nem a cor do cabelo dele, não sabia como ele era, se eu tinha traços físicos dele, ele era só um endereço de email.

Assim que terminei o ensino médio, meus avós permitiram que eu fosse pra Barcelona estudar arquitetura como eu queria. Até que os dois acabaram me deixando, e tudo veio a baixo. Sem poder voltar pra Espanha, e sem lugar pra ficar no Brasil, depois de ter de arranjar advogados, contadores e corretores de imóveis para resolver todos os tramites que caíram no meu colo, me lembrei da única pessoa que poderia me dar apoio, pelo menos até o tempo de tudo se resolver e eu poder ir embora, sem opções mandei um email para o meu pai que não via desde pequeno, explicando a situação e esperando que aquele homem, que era quase um desconhecido fizesse seu papel de pai.

Recebi a resposta, me pedindo paciência, falando sobre uma situação complicada da qual ele não podia dar detalhes, como sempre, percebia no corpo do email um tom de desculpas, porém, surpreendentemente, o instinto paterno falou mais alto, ele dizia que estava de portas abertas, que morava em Aiuba (fictício), cidade próxima a Corumbá, Mato Grosso do Sul, rente a fronteira com o Paraguai. Marcamos o dia para ele me buscar no aeroporto de Campo Grande. No fim da mensagem, ele advertia "Vou fazer tudo o que puder por você filho, mas tem que confiar em mim", um tremor me correu dos pés a nuca, não sei dizer porque, mas parecia que algo estava me dizendo que meu destino estava para mudar.

Após várias transições de avião, finalmente cheguei ao aeroporto de Campo Grande, antes que eu pensasse em fazer contato, eu o vi, já tinha construído e reconstruído a imagem dele na minha cabeça, pensava se éramos parecidos, quando o vi, tive certeza que era ele, depois de todos aqueles anos. Era um homem alto, cerca de 1,90 de altura, pele morena, ombros largos, tínhamos vários traços semelhantes, eu também era alto, tinha 1,80, nós dois tínhamos cabelos castanhos, o meu era mais cheio e o do meu pai com alguns fios grisalhos, olhos verdes, eu sem barba, papai com ela por fazer. Ele usava camisa xadrez, jeans escuros e sapatos abotinados. Eu era um rapaz bonito, tinha até feito algumas fotos como modelo na Espanha, papai não ficava atrás, as passageiras que desembarcavam comigo não conseguiam deixar de olhar para ele, era um homem maduro, sabia que ele tinha 46 anos, e era muito bonito e charmoso, fiquei orgulhoso, como todo garoto que admira o pai, naquele momento, retomei por ele toda a admiração adormecida a 10 anos.

Ele me abraçou com força, me aninhando nele, como eu me lembro que ele me abraçava quando eu era pequeno, me beijou na testa, "-Que saudade meu filho!". Percebi no vão da camisa que ele ainda usava a correntinha de prata que cintilava entre os pelos do peito, e que eu também continuava usando até hoje. Ficamos sem palavras depois daquele longo abraço, podíamos ser pai e filho mas éramos desconhecidos um para o outro. Ele se ofereceu para carregar minha mochila e entramos no carro dele, uma Pajero preta, pela sujeira dos pneus, iríamos enfrentar muita terra de chão batido no caminho para a casa do meu pai. Em horas e horas de viagem, papai me perguntou meio desconcertado sobre a faculdade, se estava sentido falta de meus amigos em Barcelona, os meus planos, se precisava de ajuda com os advogados para inventários dos meus avós e essas coisas, conversa amena, que ele já sabia da resposta, só não queria deixar o silêncio imperar.

Finalmente chegamos a tal Aiuba, uma cidadezinha que mais parecia um vilarejo. Logo que avistei uma farmácia, lembrei de meus remédios. "-Pai, pode parar um segundo? Eu esqueci meus remédios, preciso comprar." "-Remédios? Está sentindo algo? Eu tenho tudo em casa." "-Não pai, são remédios para ansiedade" "-Ansiedade? Não sabia que você tinha isso." Pensei em responder: "Talvez porque você me abandonou a 10 anos e a gente só fala sobre livros". Pensei mas não disse, só disse. "- Tem receita médica." Ele hesitou, não entendi por quê. "-Tá legal, mas eu vou te deixar uma quadra antes, quando terminar, eu passo na frente, depois volto para o mesmo lugar que eu te deixei, se alguém da farmácia perguntar, diz que você é estudante de geologia, que veio fazer uma pesquisa da faculdade, esses alunos aparecem sempre por aqui" Estranhei aquelas instruções todas, antes que eu pudesse perguntar por quê ele já me advertiu "-Lembra do que eu avisei, confia em mim."

Desembarquei do carro, andei umas três quadras até a farmácia, quando o balconista que estranhou o forasteiro me pediu de onde eu vinha, eu já tinha a resposta falsa na ponta da língua. Com os remédios em mãos aguardei pelo meu pai. Observando aquele lugarejo, de aspecto tão pobre, com um calor absurdo e pessoas desinteressantes, observei alguém que me chamou a atenção, um garoto andando de bicicleta, quando eu era adolescente descobri que gostava mais dos meninos que das meninas, depois de me mudar para Barcelona, um lugar mais progressista comecei a experimentar, ficar com meninos, eu gostava, mas por mais que eles insistissem, nunca passou de alguns beijos, até tinha sido chupado por um garoto uma vez, mas até então não tinha experimentado sexo gay, mas isso ia mudar. Aquele garoto despertou minha atenção, era lindo e parecia ter algo muito familiar, pele branca mas bronzeada, cabelo preto e curto, usava só tênis, óculos e um shortinho azul de futebol, o que deixava seu físico a mostra, ele devia ter a minha idade. Eu também tinha um corpo definido, gosto de exercícios, mas ele tinha jeito de quem pegava firme na academia, tinha braço fortes, uma tatuagem preta que eu não consegui identificar de loge, abdómen trincado, todo lisinho e suado, com coxas grossas, as meninas ficavam nas janelas das casas o observando, parecia uma miragem no meio daquele lugar.

O ronco da Pajero do meu pai me tirou da viagem que era olhar para o corpaço daquele garoto. Observando o meu pai no carro, comecei a me perguntar porque ele tinha ido embora a 10 anos, ele era um dos policiais mais respeitados do Rio, tinha namorada e filho, era feliz, por quê trocou aquilo por liderar uma delegacia naquele fim de mundo? Um ronco de moto rompeu no asfalto, vindo em direção a caminhonete do meu pai, de repente, vi um homem que estava na garupa sacar uma arma e mirar para o vidro do motorista. A Pajero era blindada e barrou os tiros, a moto seguiu acelerada, com o garupa atirando tentando furar a blindagem e papai o seguiu, acelerado, os tiros acertavam vidraças de lojinhas, muros. Meu pai abaixou o vidro, vi ele mirar a Beretta 9mm dele, e dar um tiro certeiro no pneu da moto que perdeu o controle e caiu no asfalto, ele correu até os atiradores e antes que o garupa pudesse alcançar o revolver que levava, meu pai o dominou de um golpe só, derrubando e algemando ele. Em meio ao caos, das pessoas correndo e gritando, vi o garoto moreno, ele sacou um celular do short azul, provavelmente de dentro da cueca e com o celular na orelha pegou o seu rumo.

Eu, ainda na farmácia, sem reação depois de ver aqueles tiros, perseguição e meu pai quase morrer não sabia o que estava acontecendo. O balconista comentou com outro cliente. "-De novo tentaram matar o delegado Ávila, o Cabral já jurou ele de morte, uma hora isso vai ter fim!" Quem era Cabral e por que meu pai estava jurado de morte era um mistério, algo me dizia que tudo isso tinha a ver com o fato dele ter ido embora a 10 anos, além daquele rapaz moreno que tinha algo de muito familiar para mim, naquele momento, sabia que meu pai tinha muito para me esclarecer...

*Leitores, por favor, comentem o que estão achando do conto, escrevi para vocês e gosto de saber o que estão achando de cada linha, aguardo que acompanhem minhas postagens, obrigado!


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Ficha do conto

Foto Perfil Conto Erotico haibara

Nome do conto:
Tiros, incertos e segredos

Codigo do conto:
96190

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
27/01/2017

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