Ainda sob o efeito do filme “Bruna Surfistinha”, que vi na noite anterior, estava dentro do meu carro estacionado ouvindo músicas, e nos meus devaneios sexuais via Deborah Secco dançando em frente ao carro, dizendo: “Hoje eu não vou dar, vou distribuir.” Noite mal dormida, com sexo na cabeça, mas sexo diferente, não os habituais. Naquele momento só meu carro poderia me compreender. O calor do Outono colaborava com meus pensamentos. As flôres no chão me davam idéias nunca antes me seduzidas. Num intervalo de pensamentos, olho pelo retrovisor e vejo uma cabeleira vermelha balançar com o vento, um jeito moleque de andar e de sorrir. Como se fosse a única a andar pela rua, como se o mundo não tivesse importância, porque naquele momento a calçada era sua passarela. Ao passar pelo meu carro, como se a Deusa Afrodite tivesse me ajudado, o cadarço de seu All Star desamarra e ela, sem titubiar, abaixa e o conserta. Sem nenhuma timidez e sem nenhuma resistência a observei-a abaixada ao meu lado. Seu perfume de açaí e aquele fogo que lhe cobria a cabeça me entorpeceram. Como se os segundos para amarrar um tênis tornassem-se dias. Sua calça jeans baixa não foi suficiente para cobrir a calcinha com cerejas que insistia em aparecer. Quando levantou olhou em meus olhos e sorriu. Não sei se sorriu da Vanessa Rangel que tocava no CD do carro. Não sei se sorriu do meu perfume EGEO. Não sei se sorriu pra mim, ou se sorriu de mim. Mas olhei para suas sardas e dentes separados, sorriso de menina-mulher e retribuí o sorriso. As mesmas cerejas de sua calcinha estavam tatuadas no ombro. Esqueci Bruna Surfistinha e lembrei de Kim Basinger, em “9 ½ Semanas deAmor”. Talvez pela carência em que havia acordado, aquele cheiro e aquele sorriso me deram idéias e desejos. Acompanhei seu andar pela calçada como se contasse seus passos. Liguei meu carro e a segui pelas ruas, discretamente. Entrou numa sorveteria e saiu um com um belo picolé de abacaxi (talvez) e sentada na praça chupava aquele picolé como se fosse o último de sua vida, como se não pudesse perder uma só gota que escorria. Sua blusinha branca, sem sutiã, contrastava com o sol seus seios e seus braços. Ela me via sem me olhar, sentia minha presença sem demonstrar, e isso me causava mistério e minha imaginação cada vez mais aguçada. Segui-a novamente até sua casa, pois precisava saber onde era o castelo . Voltei para casa e aquela garota não saia da minha cabeça, aquelas cerejas em seu ombro e em sua calcinha me atormentavam as idéias. Não a vi nos dias que se passaram, ainda que tenha retornado ao mesmo lugar. Na primeira sexta-feira após o ocorrido, estacionei meu carro na esquina próxima a sua “casa-castelo” e aguardei, aguardei qualquer coisa que acontecesse. Depois de meia hora sua janela se abriu e, como se estudasse a meteorologia, olhava para o céu. Pude perceber, ainda que distante, que havia acabado de sair do banho. Cabelo molhado e enrolada na toalha, fazia um acordo com as estrelas: “- vocês não vão embora e eu represento vocês aqui na Terra ”. Era tudo que precisava, a certeza de que iria pra noite. 23 horas e ela finalmente sai, sigo-a sem constrangimento. Passa na casa de uma amiga, loira de cabelos compridos, com piercing brilhando à luz da lua. Onde iriam? Torcia para que fosse em lugar público em que pudesse observá-la e, novamente, sentir seu perfume. Poucos minutos depois o carro estacionou em frente a uma boate, “Flor de Lis – Balada Liberal”. Casa GLS, eu poderia entrar como “S”. E ela? Minha curiosidade aumentou, minhas fantasias explodiam em minha mente. Elas entraram primeiro, eu em seguida. Passei por ela, que sorriu discretamente, sem que pudesse ter a certeza de que me reconhecera ou de que soubesse da minha existência. Ela vestia um vestidinho preto, curto, 12 dedos meus acima do joelho. Reparei tanto que seria impossível errar a quantidade de dedos. Sentei em uma mesa de frente pra sua e meu mundo naquele instante estava voltado para aquele sorriso, aquelas cerejas e uma pimentinha vermelha pendurada em seu pescoço. Tempo depois, seu rosto já vermelho pela bebida, minha musa levanta, como se fosse a personagem Estrela de Fogo do desenho do Homem-Aranha, vai para a pista. Daí por diante, meus pensamentos e minha tara de descontrolaram. Era como se visse algo que não acontecesse na vida real, mas sim no sonho pós-Bruna Surfistinha. Ela e a amiga dançavam e se exibiam, seu cabelo voava e contagiava. Elas se esfregavam, seus seios encostavam e as mãos passeavam pelo corpo. Se encoxavam e se desejavam. Minha Estrela de Fogo (assim que a chamarei doravante) rebolava e sorria como se estivesse numa apresentação de dança com direito a Streap-Tease. Em uma dessas abaixadas por um descuido planejado, suas pernas se entreabriram, escancarando a calcinha vermelha por debaixo do vestido. Nesse momento ela me olhou e sorriu, aí tive a certeza que sabia que eu existia. Meu vinho subia, meu pênis subia, assim como meu desejo incontrolável de beijá-la. Eis que as duas desapareceram. Procurava pela casa escura e pelos becos sombrios. Quando olho a um canto vazio, minha Estrela de Fogo encostava a amiga na parede como se pudesse atravessá-la. Sua língua passeava pelo pescoço de sua vítima, com pequenas mordidas e sussurros. À vítima indefesa só restava acariciá-la, e foi o que ela fez. Colocou a mão pelas coxas de sua algoz e fui subindo por debaixo do vestido, que subia até que os curiosos, já extasiados com a cena, pudessem observar um lindo fio dental vermelho que surgia na escuridão. Trocavam de posição e se beijavam. Minha fantasia e meu voyeurismo misturavam com a insegurança de que ela não sentisse desejo por homens. Mas depois do espetáculo, ela novamente passa por mim, encosta seus seios no meu peito e desliza a mão por sobre minha calça, sentindo meu pênis ereto. Aquela mulher era tudo que queria naquele momento. Seu suor escorrendo pelo rosto e seu olhar de desejo me contaminaram. Quando saí atrás dela, já havia desaparecido. O que me restou foi voltar em frente sua casa e aguardar. Mas o sol chegou antes de minha Estrela de Fogo, e desisti. Pensei: a amiga conseguiu o que mais queria, essa noite com ela. Os dias passaram e meus desejos não passavam. Passando em frente a uma loja de lingerie, vi um espartilho vermelho exposto na vitrine. Era com se a visse dentro dele dançando para mim. Não pensei duas vezes, entrei na loja, comprei-o e embrulhei pra presente. E como entregar? Nem sabia seu nome, mas sabia seu endereço. E o nome poderia ser Estrela de Fogo. Mandei mesmo pelo Correio, sem saber o resultado. Alguns dias depois nos encontramos e ganhei apenas um sorriso. Talvez o carteiro não o tenha entregue, ou o mais provável, como ela saberia que fui eu? Mais uma noite e eu em frente a seu castelo, de tocaia, observando todos os movimentos. Até que ela abriu a janela, olhou para mim e me chamou. Desci do carro e com aquela cena tão conhecida de um idiota na dúvida apontei o dedo para mim mesmo e perguntei “eu?”. Ela: “Sim, você!” (Dããããrrrrrrrr). Cheguei próximo à janela, ela sorriu e me convidou para entrar. Qual não foi minha surpresa quando a vi dentro do espartilho vermelho. Tão vermelho quanto seu cabelo, suas cerejas e sua pimenta. Era exatamente como sonhara, ou um pouco mais. Seu perfume de açaí se confundia com meu EGEO e seu desejo se confundia com o meu. Sem nenhuma palavra me agarrou e me beijou, com tanta volúpia quanto na boate. Enfiei minha língua dentro da sua boca, nossas salivas se misturavam. Nossa respiração se tornou uma só. Foi quando ela abaixou e, de joelhos para mim, abriu minha calça, abaixou meu zíper, desceu minha cueca boxer e colocou meu pênis todo em sua boca. Me chupava da mesma forma que chupava aquele picolé na praça. Fomos para a cama, abaixei lentamente seu espartilho, seus seios saltaram para fora. Engoli-os um a um, lambia seus biquinhos e ouvia seu gemido. Foi quando ela me deitou e novamente começou a me chupar e lamber meu saco. Via aquela figura deliciosa de quatro no espelho, aquela calcinha toda dentro dela. Parecia um sonho. Depois de muito sexo oral, ela sentou em meu pênis, rebolava como se dançasse novamente na pista. Queria ela de quatro pra mim, retirei sua calcinha e a coloquei nesta posição. Comecei devagar, olhando para a marquinha de biquíni que sobrou do último verão, mas a razão deu lugar a emoção e aí penetrei-a como nunca tinha feito. Aos gritos de “vagabunda” e “minha putinha”, metia sem dó nem piedade. Puxava seus cabelos e a obrigava a gemer como se tivesse me feito algo de ruim. Não durou o tanto que deveria, meu gozo foi incontrolável. Desde Bruna Surfistinha que queria isso e precisava disso. Fomos pro chuveiro, cheios de curiosidade e ainda com desejo. Nosso nome? Qual a importância? Voltamos pra cama e tinha uma grande dúvida: qual era seu sexo afinal? G, L ou S? Ela me respondeu: “-Gosto de sexo, na acepção da palavra. Se tenho vontade de pinto, porque não? Se tenho vontade de buceta, porque não?”. Era tudo que queria ouvir. Sem pudor, sem medo, sem preconceito. Eu tinha mais uma pergunta, o que tinha rolado com a amiga naquela noite, pós-dança? Ela me respondeu que isso ela não contava nem sob tortura, não comentava com outros o que fez com alguns. Mas tortura era meu forte. Desci até seus pés e fui lambendo cada pedacinho de suas pernas, até chegar na coxa. Ela com calcinha a calcinha vermelha de novo, sentiu minha língua contornando-a enquanto massageava seus seios. Perguntava da sua aventura e ela resistia bravamente. Quando comecei a morder sobre a calcinha, senti suas unhas entrarem no colchão e sua respiração tornar-se mais ofegante. Puxei a calcinha de lado e coloquei minha língua úmida nela, como se fosse um limpador de pára-brisas e a enxarquei. Coloquei 1 dedo, 2 dedos e ela não resistiu, me fez uma retrospectiva de cada minuto de sua aventura com a amiga. Prometemos na próxima vez fazer a três e, aí sim, fazermos uma retrospectiva só nossa, juntos. E quando acontecer essa nova aventura, prometo escrevê-la e descrevê-la com a mesma densidade e tesão que escrevi essa. Qual o nosso nome? Ela se chama Fogo, eu Gasolina.
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