PRÓLOGO Era uma manhã fria e nebulosa. Entrei no carro de Alan apenas usando uma calcinha e sem sutiã. Logo que me sentei no banco detrás, Alan me olhou e disse suavemente: - A calcinha... Entendi o que ele queria. Tive que me contorcer para tirar a calcinha. Consegui depois de um certo esforço. Senti o banco frio por debaixo das minhas nádegas. Alan pegou a calcinha e a guardou no bolso, num gesto casual. Depois deu a volta por trás do carro e abriu o porta-malas. Voltou com uma corda e disse para mim: - As mãos... Estendi as mãos. Ele passou as cordas pelos meus pulsos. Verificou se não estava muito apertado. Ele sorriu de satisfação. Olhou-me por um instante. Quando seus olhos cravaram nos meus seios, os bicos ficaram ainda mais intumescidos. Já estavam assim por causa do frio. Ele passou a mão levemente por sobre meus peitos. Senti um arrepio de prazer. Depois ele apertou um dos bicos com força. Eu não esbocei nenhuma reação. Já estava acostumada com a dor. Alan parou com as carícias. Tirou do outro bolso do seu casaco, um capuz negro. Colocou-o na minha cabeça. A escuridão cobriu meus olhos. O capuz só tinha uma pequena abertura, por onde eu respirava. Ouvi o momento que Alan fechou a porta traseira do carro e entrou pela porta da frente. Ligou o motor e deu a partida. Não disse uma única palavra. Eu estava sentindo muito frio e tremia. Aos poucos, o carro começou a rodar suavemente. Minha respiração estava ofegante. O capuz me dava uma sensação esquisita. De todos os nossos jogos eróticos, ter a cabeça coberta era o que mais me dava agonia. Ainda mais do que a dor das pancadas na minha carne nua. Enfim, tentei me concentrar em outros pensamentos, mas não consegui. Ouvi o trânsito intenso e o barulho dos outros carros me perturbava ainda mais. Eu não sabia para onde Alan estava me levando. Naquela altura do nosso relacionamento, eu já não era mais uma garota assustada. Tinha me tornado mais confiante depois de todos aqueles meses. Finalmente o carro entrou por uma rua tranqüila. Ouvi pássaros cantando e um cheiro perfumado de flores. Quando já estava acostumada com a suavidade do movimento, o carro parou. Ouvi Alan abrindo a porta da frente. Esperei ansiosamente. Ouvi o barulho de uma campainha. Não consegui ouvir direito o que Alan falava pelo interfone, mas ouvi nitidamente o portão sendo aberto. Alan entrou novamente no carro e deu a partida. Senti uma ansiedade terrível, mas tentei me controlar. O carro deu um solavanco e subiu uma ladeira íngreme. Alan parou alguns segundos depois. A porta detrás foi aberta. Senti uma mão forte e firme me pegando pelo braço. Não era Alan. Ouvi uma voz masculina, mas suave. - Onde eu a levo? - Para o quarto da frente. Era Alan que dava a ordem. Fui levada para dentro da casa. Não conseguia ver nada. Não sabia quem me levava pelo braço. Subi uma escada com medo de tropeçar. Mas nada de mal aconteceu. Uma porta foi aberta e eu fui empurrada para dentro de um quarto. Caí num tapete felpudo. Fiquei parada sem saber o que fazer. Estiquei o corpo em cima do tapete e me acalmei. Senti uma excitação tomando conta do meu corpo. Se não estivesse amarrada certamente eu me acariciaria. Fiquei por um longo tempo sem ninguém aparecer. O tapete aqueceu meu corpo. Mais uma vez, meu cérebro voltou para o passado. Lembrei-me da minha vida antes de conhecer Alan. Uma vida tão normal e tão sem graça. Ao mesmo tempo, nunca imaginei que pudessem existir tantos prazeres diferentes como aqueles que senti com Alan. O prazer de sentir uma mão masculina batendo no meu corpo. O prazer de ser amarrada e amordaçada. O prazer de ser apenas um objeto sexual. O prazer intenso de sentir o corpo todo tremer de dor. O prazer... Meus pensamentos foram interrompidos. A porta se abriu. Ouvi alguns passos vindos em minha direção. Senti o perfume de Alan. Ele se ajoelhou e tirou meu capuz. Fechei os olhos por causa da claridade do sol que entrava pela janela. Alan acariciou meus cabelos. - Como você está, princesa? – perguntou. Sorri timidamente e nada disse. Ele continuou: - É aqui que você vai passar alguns dias... - Sem você? – perguntei, atordoada. Alan ficou de pé: - É necessário. - Por que? – perguntei, ansiosamente. Alan tentou ser doce na sua explicação, mas o que ele falou foi terrível: - Passamos muitos dias juntos. Você foi tudo aquilo que eu imaginei que fosse. Quer dizer, por uma ou duas coisinhas, mas nada que afetasse nosso relacionamento. Estou orgulhoso de você, garota. Sorri constrangida, como uma aluna que recebe o elogio de um professor. Alan continuou: - Já está na hora de avançarmos mais. - Como assim, Alan? Ele me olhou com doçura. - Este é seu último estágio. Até aqui você se comportou muito bem, mas quero ver como você reage sem mim, durante estes dias, aqui, nesta mansão... - Que mansão é esta, Alan? Enquanto me explicava, Alan retirou as cordas dos meus braços. Senti um alívio imediato, mas suas palavras continuavam me perturbando: - Tudo que vivemos nestes últimos meses, será revivido por você, aqui. Você ficará a disposição de Mestres experientes, que vão testar seus limites, principalmente em relação à dor. Depois disso, você passará pelo ritual final e será de fato, minha para sempre. Ser de Alan para sempre, era tudo o que eu mais queria. Mas ainda assim, eu continuava aflita. - Que ritual é este? – perguntei, enquanto Alan me acariciava por inteira. - É um ritual muito simples, querida. Ele parou e se afastou de mimo. Olhou pela janela e comentou: - O dia está ficando muito bonito. Esperei. Alan ficou em silêncio por algum tempo. Depois, ele se virou e me olhou com doçura. - Depois de algumas semanas de obediência total, você vai ser marcada com minhas iniciais... - Uma tatuagem? – perguntei, sem compreender. - Não. Aguardei a resposta, mas preferia não ter ouvido. - Você vai ser marcada com um ferro em brasas, querida...
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