Enquanto aguardava o garoto subir, Aleksander Ivankov saboreava mais uma dose de whisky, sentado no sofá da sala. Havia planejado meticulosamente cada detalhe deste encontro para que tudo parecesse transcorrer da forma mais natural possível. As bebidas estavam em seu devido lugar, todo o apartamento preparado. Repassou seu planejamento, começando na sala, seguindo ao escritório, biblioteca, a área externa e demais cômodos. Sorriu para o copo imaginando o quão inesquecível seria para o rapaz e sentiu-se satisfeito. Eduardo, como sempre, havia executado tudo com perfeição.
Aleksander estava em uma fase minimalista de sua vida. A decoração contemporânea da sala ampla com pouco móveis era toda em preto e branco, e não possuía quase nenhum adereço. Os únicos que se destacavam eram uma maçã de cristal vermelho envolta em correntes, presente de uma antiga amiga, no centro de uma estante preta de nichos assimétricos, e um quadro de Wilfredo Lam, que adquirira das mãos do próprio pintor.
A pintura, no estilo cubista e em tons de vermelho, tomava metade da parede oposta à varanda e retratava uma cena de esmagamento em que se misturavam pessoas, árvores e engrenagens, em uma massa quase amorfa. Admirava o item de sua coleção pessoal, uma das obras fora dos registros deixados pelo pintor, quando ouviu o som da chegada do elevador em sua casa.
Olhou o relógio de pulso, uma relíquia encomendada em 1907 a Louis Cartier, feito com certos mecanismos especiais que encomendou à Forja, que garantiam precisão subatômica. Eram três minutos depois das dezenove horas. Então, o rapaz havia chegado ao prédio precisamente no horário. Um ótimo sinal.
Morava na cobertura e o elevador abria diretamente para o hall de entrada de seu apartamento. Fechou os olhos para aguçar os outros sentidos. Escutou com clareza Eduardo apresentando-se e dando as boas vindas ao rapaz do Grindr. Ouviu o nome dele, Gabriel. Apreciava estes primeiros momentos.
Achava a hesitação humana intrigante, o misto de dúvida e medo que surgia do deslumbramento. Sentiam-se especiais e, contraditoriamente, demonstravam receio. Havia aqueles que quase desistiram na porta, mas, no fim, todos sempre se convenciam a entrar.
Podia sentir o coração do garoto acelerando com surpresa, confusão e excitação quando, já na entrada, recebeu instruções de um mordomo: tirar a roupa, colocar a jockstrap com o short curto preto por cima e, principalmente, servir a bebida sempre que solicitado. As interjeições pela vergonha de trocar de roupa perante Eduardo, que apenas aguardava em silêncio, tornava a composição da cena ainda mais deliciosa.
Ao longo de sua vida, Aleksander aprendera muito sobre a existência humana. A maioria se impressionava com a simplória demonstração de poder material: um mordomo, uma cobertura, um original de Velázquez na entrada (o que, sabia, era um clichê. Mas admitia que era mais facilmente reconhecível do que suas outras obras favoritas).
No entanto, esses não duravam mais do que um ou dois encontros, pois eram, invariavelmente, pouco interessantes. Serviam para passar o tempo e supriam uma vontade ilusória de novidade, mas jamais se elevavam além de fodas aleatórias que não intencionava repetir. Ele já sabia disso desde que batia os olhos nos garotos em questão.
Afinal, de acordo com o senso comum dos seus, o instinto de um dragão nunca erra. No entanto, isso é um erro de concepção, pois a verdade é que o instinto de um dragão pode errar.
Apenas nunca aconteceu.
Naquela noite, o instinto lhe dizia que esse garoto se impressionaria com outras coisas. Mais do que o luxo envolvido, Aleksander acreditava que ele estaria fascinado pela situação, pela novidade e por esperar algo além de mais uma transa ordinária, ao mesmo tempo em que temeria isso. Desde o primeiro tap, quando viu o perfil do rapaz com o nome Novo na cidade e a descrição procuro a boa foda que nunca encontrei, soube que a curiosidade do garoto poderia ser algo a se explorar. Mais um experimento, como diria Lillianna.
Abriu o robe vermelho e deixou o corpo mais à mostra, ainda sentado no sofá branco. Por baixo, estava apenas com uma cueca boxer preta. Tinha perfeita noção do efeito que causava quando as novas presas entravam pela sala e o viam assim, um homem grande e maciço, com o pau quase duro, as tatuagens à mostra, displicentemente sentado apreciando um whisky em uma cobertura na área nobre da cidade.
Ouvia os passos hesitantes do garoto pelo hall de entrada. O corpo dele exalava um pouco de vergonha, algum medo e bastante tesão. Aleksander abriu os olhos quando ele chegou à sala, e levantou a cabeça devagar até encará-lo com um sorriso no rosto.
Gabriel era jovem. Deu um instante ao garoto, que ficou paralisado na entrada, admirando-o ali sentado, com uma mão sobre a coxa e outra segurando o copo de whisky. Justamente o efeito esperado. Como ordenado, o rapaz vestia apenas o short preto, quase transparente, e, por baixo, a jockstrap branca, as roupas que Eduardo providenciara. O carrinho de bebidas estava ao lado dele. Aleksander terminou sua dose de whisky e mostrou o copo vazio, em silêncio.
— Com gelo ou sem gelo? — O garoto manteve a cabeça baixa enquanto pegava o copo para servir a bebida, conforme instruído. Parecia ávido em obedecer, nervoso de fazer algo errado. Parecia o estado de espírito perfeito para o que o Dragão procurava.
— Puro.
***
Gabriel estava nervoso. Desde o momento em que embarcou no Uber, fantasiou sobre o que poderia ocorrer naquela noite. Imaginou diversos cenários, dos mais frustrantes, onde o Dragão era apenas mais um perfil falso, até os mais loucos, onde Gabriel ficaria amordaçado e algemado a uma cama. Em nenhum deles, entretanto, cogitou que estaria em uma sala luxuosa servindo bebida para um homem semi nu, após ter trocado de roupa na frente de um mordomo. Suas mãos tremiam enquanto pegava a garrafa de whisky e, esquecendo-se de usar o dosador, serviu uma dose generosa. O Dragão o encarava e imaginou-se como um novo brinquedo dele. Era um pensamento que o excitava. Sentiu-se estranho e quase hipnotizado, uma mistura de urgência, medo e tesão percorrendo seu corpo.
— Vem — Gabriel sentiu a palavra retumbar em si e, em um impulso mais forte, o impelir a obedecê-lo. Com o copo na mão, atravessou a sala de cabeça baixa.
Aleksander Ivankov, como o mordomo o chamara, era muito mais impressionante pessoalmente do que pelas fotos do perfil do Grindr. A voz era grossa e parecia preencher a sala inteira, mesmo que ele sequer tivesse levantado o tom.
Quando aproximou-se, Aleksander reclinou-se levemente no sofá, abrindo mais as pernas, o pau demarcado sob a boxer preta. As entranhas do garoto reviraram mais uma vez. Seu corpo trêmulo o traía. Teve um impulso desvairado de ajoelhar-se e agradecer chorando por estrar ali. Refreou-se, temendo parecer louco.
— Seu whisky… — Gabriel estendeu o copo. Aleksander ficou parado por um instante, como se o examinasse. Pegou o copo, tomou um gole em silêncio. Depois, o deixou sobre a mesa de apoio ao lado do sofá. O garoto, de pé e com o pau duro dentro da jockstrap, tentou segurar o tremor, sem muito sucesso.
— Ajoelha aqui.
Gabriel obedeceu, aliviado. Manter-se de pé estava sendo um esforço enorme. Suas pernas queriam se dobrar quase que por vontade própria, como se algo em si desejasse se colocar no chão diante de Aleksander. Em um movimento demorado e cheio de antecipação, ajoelhou-se e foi em direção à cueca dele, pousando as mãos sobre as coxas grossas e peludas, desejoso para desvendar o que se escondia por baixo do tecido preto.
Mas, antes que pudesse se aproximar mais, Aleksander segurou-lhe pelo cabelo, freando-o. Tinha uma pegada forte, decidida e bruta. O Dragão levantou-lhe a cabeça e o encarou com os olhos castanhos escuros, profundos. Gabriel registrou os detalhes, uma barba rente e densa que emoldurava um meio sorriso no canto dos lábios avermelhados. O riso quase cruel de quem sabia que poderia fazer o que quisesse.
Aleksander o beijou.
Gabriel recebeu o beijo surpreso, mas sem qualquer resistência. Não era um ato de carinho ou um beijo banal, como o que trocaria em uma festa. Era diferente. Gabriel estava impotente perante ao homem diante de si, que lhe beijava com volúpia, força e pressão. Sentia-se beijado por completo, envolvido pela mão firme de Aleksander em sua nuca, a língua quente em sua boca, o gosto da saliva dele misturando-se à sua, os movimentos das bocas se encontrando, o misto de brutalidade e desejo que sempre sonhara.
As bochechas de Gabriel queimaram com os dois tapas que levou quando suas bocas se descolaram. Abriu os olhos. Poucas vezes vira um sorriso ao mesmo tempo tão devastador, depravado e sedutor. Admirou a boca grande e sentiu uma falta desesperada do calor do hálito dele. Queria outro beijo e faria qualquer coisa por mais um. Mas não teve coragem de pedir.
Com a mão ainda segurando o cabelo de Gabriel, Aleksander puxou-o em direção ao pau. O rapaz, mais uma vez, não resistiu, apenas se deixou levar até ter o rosto pressionado contra a rola dura sob a boxer. O corpo dele emanava um calor sensual e envolvente.
Gabriel abriu a boca e começou a lamber e chupar sobre o tecido, ávido por sentir o gosto. Aleksander soltou-lhe o cabelo, recostou-se mais no sofá e pegou o whisky, tomando outro gole. Gabriel continuou esfregando o próprio rosto sobre a rola daquele homem, passando as mãos nas coxas dele.
— Eu… posso? — O pedido veio tímido.
Gabriel deitou a cabeça no meio das pernas do Dragão, olhando-o de baixo para cima. Aleksander parou de sorrir e se reclinou de volta, chegando o rosto bem próximo ao do rapaz.
— Fala para mim, o que você quer, viado? Pode o quê? — Gabriel tremeu com medo de ter dito algo errado.
— Abrir, tirar… Eu quero…? — Mal conseguia formar palavras. Aleksander segurou-o pelo queixo. O rapaz baixou os olhos.
— Quer o quê? Quer chupar rola, putinha? — Deu-lhe mais dois tapas no rosto, agora um pouco mais fortes. Gabriel sentiu a bochecha arder.
— Sim. Quero chupar rola. — A frase saiu como um grito abafado. — Posso, por favor?
O Dragão se levantou e deixou o robe vermelho cair sobre o sofá branco, ficando apenas de boxer. Gabriel, encolheu-se e se jogou no chão. O Dragão era muito grande, uma muralha maciça e impenetrável. Um medo primordial misturou-se ao tesão. Agarrou-se aos pés dele e começou a beijá-los.
— Obrigado… muito obrigado, macho. — Gabriel soluçava e agradecia, prostrado diante de Aleksander.
— Vem, viado.
Gabriel sorriu consigo, em uma mistura de alívio e felicidade pela permissão. Subiu beijando-lhe as pernas e ficou novamente de joelhos diante dele. Olhou para cima. O Dragão sorria, parecendo ainda maior do que momentos antes.
— Vai, tira pra fora e mama, porra.
O garoto abaixou a cueca preta de Aleksander com cuidado, suspirando de antecipação. O pau saltou duro para fora e bateu em seu rosto, o que arrancou uma gargalhada do Dragão. Embora Gabriel já tivesse visto maiores, ficou impressionado com a grossura. Sua mão praticamente não fechava em torno dele. Segurou-o com reverência e sentiu a pulsação do sangue nas veias saltadas. O cheiro, natural e inebriante, invadiu suas narinas. Trêmulo, encostou a boca, sentindo o gosto. Fechou os olhos, para saborear o momento, como em um sonho.
Aleksander segurou-lhe brutalmente a cabeça com as duas mãos enormes e forçou até quase a garganta, fazendo com que o garoto abrisse a boca o máximo possível e engasgasse.
— Mandei chupar, caralho — Os olhos de Gabriel encheram-se de lágrimas. Tentou olhar para cima, em um misto de pedido de clemência e vontade secreta de que o forçasse a ir mais fundo.
Aleksander sorria daquele jeito depravado e irônico. Gabriel sentia-se desafiado a desistir, ou então a implorar para que ele continuasse. Em um lampejo de delírio, imaginou que os olhos do Dragão estavam vermelhos, um brilho cruel nas fendas amareladas que os cortavam.
— Continua. — Gabriel apenas abriu a boca e parou de pensar. Forçou-se a engolir o máximo que pôde, deixando que a rola entrasse mais fundo antes de engasgar.
Aleksander segurou novamente a cabeça do garoto com as duas mãos e começou a bombar, aumentando cada vez mais o ritmo, até Gabriel sentir o pau em sua garganta. O reflexo o fazia ter ânsia, mas não queria parar.
— Hoje vou ensinar como um viadinho que nem você tem que mamar um pau.
Tentou responder um “sim, macho”, mas sua boca, ocupada, encheu-se de uma gosma transparente e viscosa, mais grossa que a saliva comum, que besuntava todo o pau do Dragão, o próprio rosto e escorria pelo seu queixo, pescoço e torso. Em seguida, outro tapa na cara, ainda mais forte do que os anteriores. Mas Gabriel não reclamou, ao contrário, começou a chupar com mais vontade, perdendo o ar, engasgando, quase vomitando e babando fartamente, sem parar.
Aleksander incentivava, chamando-o de viadinho e putinha, dizendo-lhe para deixar mesmo todo o seu pau babado. Dava-lhe tapas e esfregava a gosma viscosa no rosto do garoto. Gabriel, que conseguia respirar apenas quando o Dragão o soltava por breves instantes, voltava ávido com a boca aberta, quase implorando por mais. Só queria aquela rola na garganta para sempre.
Abruptamente, Aleksander puxou-lhe a cabeça para trás, segurando-o pelo cabelo e cuspiu em sua cara. Em seguida, o beijou. O mesmo beijo forte que fazia o garoto se sentir pressionado, impotente e entregue. Largou Gabriel, quase empurrando-o para trás, e sentou-se no sofá, de pernas abertas e rola dura. Pegou o copo de whisky e apontou com a cabeça para o próprio pau, sorrindo. O rapaz se aproximou, cauteloso. Ainda ajoelhado, admirou o caralho à sua frente.
— Quer mais piroca na garganta, não é, viado? - Gabriel só balançou a cabeça, afirmando que sim. — Vem, então, mama até o fundo. Quero ver se já tá aprendendo.
***
Aleksander era realmente quente ao toque, quase febril. Gabriel suava ao senti-lo perto de si, o que o excitava. Estavam no escritório, uma sala com livros em estantes brancas, uma mesa de vidro sobre o apoio de metal e uma larga poltrona de couro negro, onde Gabriel o chupava. Aleksander, com o quarto copo de whisky na mão, levantou-se e puxou o cabelo do rapaz, jogando-o contra a poltrona.
— Vira. — Ordenou.
Gabriel obedeceu e se colocou de quatro. Mordeu os lábios e respirou fundo, antecipando o momento em que aquele caralho grosso iria arrombá-lo pela primeira vez. Temeu e excitou-se com a possível brutalidade do Dragão, imaginando como ele o comeria, se iria devagar, rápido. Pensou em pedir para ter cuidado, mas talvez Aleksander não gostaria de ser instruído sobre como fazer algo. Apenas fechou os olhos e aguardou.
Primeiro sentiu os dedos do Dragão por fora, massageando-o ao redor do cu, laceando-o. Resistiu ao impulso de olhar para trás. Depois, sua bunda ardeu com alguns tapas fortes e imaginou as marcas vermelhas da mão enorme do Dragão, contrastando na sua pele muito branca. Ouviu mais risos e xingamentos, excitando-se ainda mais. Aguentou firme e em silêncio, mordendo os lábios. Em seguida, Aleksander abriu as duas polpas com as mãos, expondo-lhe por completo, e mergulhou com a língua, o que arrancou de Gabriel gemidos altos e descontrolados.
O garoto não soube ao certo por quanto tempo Aleksander chupou-lhe a bunda e não conseguia recordar de alguém tê-lo feito com tanta maestria. A língua dele era ligeiramente áspera, longa e quente. Alternava entre entre rodear seu cu e ir fundo nele, explorando-o por dentro. O Dragão ora ia com a boca inteira e sugava, fazendo pressão ao mesmo tempo em que o lambia, ora o dedilhava enquanto mordia sua bunda, para então voltar a chupar.
Gabriel estava em delírio. Gemia e tentava falar, implorar para ser fodido, louco para sentir o peso daquele homem sobre si. Mas não conseguia sequer articular palavras. Usava toda sua energia apenas para se manter de quatro sem desfalecer ali mesmo.
Ao final, sentiu uma mão envolvendo-o pelo quadril. A outra passou o gel, preparando-o. Os dedos o massagearam por dentro, fazendo com que o lubrificante se espalhasse.
— Fala pra mim, viadinho. Quer meu caralho dentro de você, porra?
— Por favor, macho, me fode. Me fode forte, me abre, me usa como quiser. — Gabriel suplicou entre gemidos abafados.
Aleksander segurou-o com as duas mãos na cintura e encostou a cabeça da rola na entrada de sua bunda. Gabriel fechou os olhos e enterrou o rosto no couro da poltrona, antecipando o momento em que Aleksander arqueou o próprio corpo sobre o dele, jogando-lhe o peso sobre suas costas, ao mesmo tempo em que começava a entrar, forçando o caminho para abri-lo.
Quando o pau entrou, o Dragão rugiu e apertou-o na cintura. Gabriel gemeu com a sensação maravilhosa de estar sendo comido. As mãos de Aleksander deslizavam por seu corpo à medida que continuava a abrir o rabo do garoto. O corpo do Dragão grudou em suas costas e o rapaz amou a sensação do suor dos dois se misturando. Um dos braços dele envolveu seu peito, a outra mão tampou sua boca, no mesmo momento em que, em uma estocada mais forte, Gabriel sentiu o pau inteiro dentro de si.
— Agora você é meu, viadinho. — Sussurrou em seu ouvido. Gabriel não teve dúvidas de que aquilo era a mais pura verdade.
O pau deslizou até a metade para fora de sua bunda e em seguida voltou ao fundo, invadindo-o mais uma vez. Seu grito foi abafado pela mão do Dragão tampando-lhe a boca. Ouviu a risada dele no ouvido, misturada com um urro baixo e grave de prazer. Aleksander o prendia com o próprio corpo e, mesmo que quisesse, não conseguiria sair dali. Viu-se entregue e indefeso, mas também pleno e realizado.
Os olhos de Gabriel reviraram enquanto Aleksander voltou a ficar ereto e segurá-lo apenas pela cintura, puxando-o para si enquanto o comia com rapidez crescente. Estava sendo gradativamente aberto por aquele pau grosso, que começava a bombar cada vez mais forte. Aleksander batia-lhe na bunda, xingava-o de puta, viadinho, buraco de macho, e puxava-o para junto de si cada vez que Gabriel parecia prestes a desfalecer. O garoto apenas conseguia concordar e gemer mais alto e, em um ímpeto, começou a rebolar, para fazê-lo ir ainda mais profundamente. De uma maneira estranha, sentiu-se sendo usado para o prazer de Aleksander, o que o deixou realmente feliz.
***
Gabriel acabou por conhecer toda a cobertura, pois Aleksander parecia decidido a comê-lo em todos os cômodos possíveis, alternando entre momentos em que estavam fodendo brutalmente com aqueles em que lhe servia uma bebida e esperava de cabeça baixa a próxima ordem.
Esse contraste ficou mais claro quando Aleksander o levantou como se fosse uma pluma e, segurando-o no colo, o comeu contra a parede da biblioteca, derrubando livros. Ao parar, ele sentou-se numa cadeira e colocou o garoto no chão, com a cabeça apoiada sobre a coxa, acariciando-o enquanto bebia outro gole de whisky.
Foi no jardim externo, entretanto, que Gabriel começou a entender melhor as regras desse jogo. Como sempre, o carrinho de bebidas estava na entrada, abastecido com as mais variadas opções e o balde de gelo cheio, embora Aleksander apenas ordenasse que lhe servisse whisky puro.
Ao chegarem, as espreguiçadeiras estavam dispostas próximas à jacuzzi ligada. Aleksander sentou-se numa delas e Gabriel o serviu de mais uma dose. Voltou a chupá-lo, para depois ser fodido de frango assado olhando as estrelas. Em seguida, quando o rapaz estava servindo mais um copo, o Dragão o chamou de volta com um “vem logo, putinha”, dando dois tapas na própria coxa.
Com o whisky em uma mão e uma taça de vinho na outra, Gabriel sentou-se no colo dele. Aninhou-se no peito dele e suspirou. A noite estava cálida e as estrelas brilhavam junto à lua nova em um céu limpo, sem nuvens. Estes momentos de silêncio, com os dois bebendo a céu aberto e Gabriel agarrado ao peito de Aleksander, pareciam-lhe tão intensos quanto ser fodido. Era a repetição desse ciclo, o uso contínuo das mesmas palavras e gestos, sempre em uma mesma cadência e, a cada vez, avançando um pouco mais, o que o fazia se entregar aos poucos e estar disposto a ir além na vez seguinte.
O Dragão ditava o ritmo e exercia um controle impressionante, usando essa alternância entre a brutalidade e o cuidado. Durante as horas que passaram juntos, Gabriel foi incapaz de resistir às ordens, fosse para chupar-lhe o pau, virar-se para que o comesse, buscar a bebida ou simplesmente ficar em silêncio com os corpos colados. O Dragão era uma presença quase opressora, e sentia-se reduzido apenas ao desejo dele.
Ao passarem pela sala a caminho do quarto, notou que estava arrumada. As almofadas que derrubaram no chão, os copos que deixaram nas mesas de apoio, o robe e boxers de Aleksander que largaram sobre o sofá, nada disso estava mais lá, e Gabriel lembrou-se da existência do mordomo que o recepcionara. Na verdade, a sala estava perfeitamente organizada e limpa, como se sequer tivessem estado ali antes.
Mas esse pensamento foi varrido de sua mente ao atravessarem o corredor e darem com uma porta dupla de madeira maciça com cenas de batalhas entalhadas em alto relevo, retratando dragões devorando homens. Com mais de dois metros de altura e madeira escura, ela destoava de todo o restante da casa, pela sua opulência e ostentação exageradas. Não tinha fechaduras e parecia pesada, mas, com um simples toque, Aleksander a fez deslizar nas dobradiças.
Ao entrar, Gabriel sentiu como se mudasse de dimensão. As paredes eram de pedra exposta e o pé direito do quarto tinha, facilmente, mais de três metros de altura. O cômodo era iluminado por archotes elétricos, que bruxuleavam como fogo, criando jogos de luz e sombra. Um dossel esculpido em colunas góticas, que ia do chão ao teto, ladeava a cama que ficava bem no centro do quarto, duas vezes maior que a kingsize que seu pai comprara após o divórcio. Paredes internas de alturas variadas, que não chegavam a alcançar a dimensão total do pé direito, criavam diferentes espaços no cômodo, como um labirinto. Era um quarto gigantesco e perguntou-se como este aposento enorme poderia caber dentro do prédio.
Pendurado em uma das paredes havia um enorme quadro à óleo retratando alguém muito parecido com Aleksander. A figura vestia roupas que pareciam vitorianas e tinha olhos vermelhos. Um brasão emoldurado por dois dragões de escamas avermelhadas destacava-se ao fundo da cena. Mesmo com seu pouco conhecimento artístico, Gabriel reconheceu que a pintura era antiga. Imaginou que poderia retratar um antepassado, ou ser uma relíquia de família, mas ficou intrigado sobre o porquê de manter uma obra assim dentro do quarto e não na sala.
Aleksander sentou-se na cama e apontou com a cabeça para o carrinho de bebidas logo ao lado da entrada, encostado à parede de pedra nua. Gabriel caminhou até o aparador ciente de que o Dragão o admirava e pegou um copo para servi-lo.
— Não. Traz a garrafa, viado.
O jovem eriçou-se com o timbre autoritário na voz. Virou-se com a garrafa em mãos, ainda lacrada.
Aleksander sorria de pau duro, encarando-o. Ao se aproximar, Gabriel só conseguia pensar “obrigado, muito obrigado”. Ajoelhou-se diante dele, entregou-lhe a garrafa de cabeça baixa e se prostrou no chão, beijando-lhe os pés.
O Dragão virou a bebida, tomando um longo gole. Segurou o queixo de Gabriel com uma mão, aproximando-o do próprio, e forçou-o a abrir a boca. Cuspiu dentro dela repetidas vezes.
— Engole, caralho. — O gosto da saliva misturado ao do whisky excitou o garoto.
— Obrigado. — Murmurou sem pensar, e abriu de novo a boca. O Dragão cuspiu novamente, rindo, e o garoto voltou a agradecer.
Aleksander o beijou. Gabriel sorveu o beijo, sentindo a língua dele dançando sobre a sua. O whisky caiu no chão, aberto, derramando-se dourado pelo assoalho de madeira, o cheiro do malte tomando conta do ambiente.
O Dragão levantou-se, puxando Gabriel para mais perto, ainda o beijando. Em pé, enlaçou-o pela cintura com as duas mãos. Em seguida, o empurrou sobre a cama. Por um instante, na meia luz dos archotes, o rapaz viu novamente os olhos do Dragão vermelhos e ferozes. Aleksander subiu na cama, levantou-lhe as pernas e, com força, enterrou o pau em sua bunda. Gabriel gemeu, completamente exposto com a facilidade com que era penetrado.
O Dragão debruçou-se sobre o garoto, pressionando-o contra o peito, metendo com mais força, movendo-se em um ritmo rápido e contínuo, o corpo suado, o rosto alternando entre um olhar bruto e um sorriso safado. Em meio a beijos e tapas, o Dragão o chamava de viadinho, puta, cadela.
Gabriel, trêmulo, tentava abraçar e prender-se a Aleksander. Este, por sua vez, parecia estar por todo o corpo do garoto, mordendo-lhe os mamilos, apertando sua bunda, batendo-lhe no rosto, cuspindo em sua boca, apertando-o contra si, sem nunca parar de comê-lo.
Aleksander virou Gabriel, colocando-o de bruços. Passou-lhe o braço em volta de seu pescoço, virou-lhe o rosto e o beijou. Com um movimento rápido, encontrou o caminho para a sua bunda e voltou a comê-lo, bombando forte. Gabriel mais uma vez sentiu o suor dos dois se misturando, o calor que emanava do corpo dele, sua bunda sendo arrombada. Gemia alto e pedia mais.
— Gosta assim, né, puta? — Aleksander falava no ouvido, mordiscando a orelha e passando a língua pelo lóbulo.
O braço dele pressionava-lhe o pescoço, deixando Gabriel na iminência da falta de ar. A outra mão passeava pelo seu corpo, por suas coxas, apalpava sua bunda, agarrava e apertava suas costelas e o bico do seu mamilo.
Os sentidos de Gabriel se misturaram em uma coisa só. Seu corpo inteiro estava entregue. Movia-se sem controle. Dentro de si, estava tomado pela certeza de que se encontrava no devido lugar. Não sabia se era a leve asfixia, o peso do homem sobre si, ou a forma vigorosa com que o caralho entrava e saia de seu cu arrombado, mas Gabriel se percebia inteiro ali para ser o brinquedo de Aleksander, e nada mais lhe importava.
O lençol de cetim preto friccionava o pau de Gabriel contra o seu próprio corpo, por dentro da jockstrap. O garoto começou a gemer mais alto e descontroladamente. Aleksander ia cada vez mais rápido, chamava-o de viadinho gostoso no ouvido e o pressionava mais e mais. No momento em que o Dragão enterrou-se nele o mais fundo possível e rugiu, Gabriel sentiu o pulsar firme do pau dele dentro de si, sincronizado ao latejar do seu próprio, e ambos gozaram intensamente.
O Dragão desfaleceu sobre o garoto. Em seguida, rolou para o lado e retirou a camisinha. Gabriel virou-se para ele, um pouco encolhido, e encarou o resultado do seu trabalho, o gozo do homem que acabara de fodê-lo como nenhum outro o fodera antes.
— Quer, não é? — Aleksander balançou a camisinha cheia de porra. — Você foi bem. Mas hoje, ainda não foi o bastante. Na próxima, você faz por merecer.
— Aleksander descartou a camisinha, que caiu no chão sobre o whisky derramado. O cheiro da bebida impregnava o ar.
— Isso foi… Nossa...
Gabriel, ainda tendo espasmos pelo corpo, não conseguia articular um pensamento. Só conseguia sentir ondas de prazer que o percorriam, as extremidades dormentes e as pernas bambas.
— A primeira vez é normalmente assim. Com a prática, melhora.
— Não! Não foi isso que eu quis dizer! Quero dizer, foi assim, eu…
— Você gostou. Foi uma das melhores fodas da sua vida e você não consegue sequer encontrar palavras para descrever. Eu sei. Mas, se você não fugir depois dessa noite, eu garanto, melhora.
— Fugir? Por mim, eu não faria mais nada pelo resto da minha vida.
O Dragão riu.
— Cuidado, garoto. Eu realmente posso acabar te prendendo em minha masmorra, assim.
— Quem dera. — Gabriel se aproximou timidamente dele e estendeu a mão para tocá-lo.
— Vem. — Aleksander bateu duas vezes no próprio peito. — Deita aqui.
Gabriel aninhou-se no tórax do Dragão, sentindo-se pequeno e vulnerável. Aleksander passou o braço por baixo de sua cabeça e o puxou para si. Ajeitou o travesseiro com a outra mão e, em seguida, beijou Gabriel. O mesmo beijo intenso, porém, dessa vez, com um pouco mais de tranquilidade. Deu dois tapas leves no rosto do garoto e sorriu. Então, fechou os olhos.
Gabriel também fechou os olhos, adormecendo quase que de imediato.
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