Em nome da lei - Capítulo 02

- E você ficou com mais alguém desde então? - disse ele curioso

- Não - falei encostando minha cabeça no volante do carro e sentindo Daniel passando a mão no meu cabelo de maneira carinhosa – eu sou um completo idiota até para isso.

- Eu te garanto que ele foi quem saiu perdendo – Daniel disse encostando sua cabeça em meu ombro.

Fiquei um tempo ali, sentindo o peso de Daniel em meus ombros e pensando se um dia eu viveria um amor novamente. O domínio que Rick tinha sobre mim me incomodava. Eu tinha que fazer alguma coisa, eu precisava provar a mim mesmo que eu estava um passo à frente dele em alguma coisa.

-Esse caso é nosso - disse levantando a cabeça rapidamente e dando um susto no detetive Daniel - vamos comigo.

Entramos na delegacia e seguimos para minha sala onde tinha um quadro enorme com todas as vítimas até o momento.

-Daniel, eu quero o melhor analista de sistema do distrito juntamente com um legista aqui na sala em 10 minutos, vamos pegar esse filho da puta - eu disse enquanto espalhava todas as pistas do caso pela minha sala.

Alguns minutos depois, quando Daniel retornou a minha sala, ela já estava tomada por fotos de todas as cenas do crime colada nas paredes. Ele chegou acompanhado de uma mulher bem jovem.

-Eu te pedi um legista e um analista de sistema - disse fuzilando Daniel com o olhar - e não uma policial nova de 25 anos de idade.

-Detetive Lucas, agradeço o elogio, me chamo Kate, sou analista de sistema e também trabalho com análise forense. Será um prazer trabalhar com o senhor- disse ela - aliás, tenho 35 anos e fui a melhor da minha turma na academia de polícia.

Kate era alta, deveria ter cerca de 1.70m de altura, morena, com o cabelo curto, olhos castanhos e sabia se vestir muito bem. Ela estava com uma roupa social preta, e um blaser com detalhes brancos, além de trabalhar em um salto super alto e fino, algo incomum para profissão. Sua aparência parecia de uma menina na faixa dos 20 anos. Se ela tinha mesmo 35, estava muito bem conservada.

-Como posso te ajudar aqui? - ela perguntou.

-Precisamos refazer todos os passos do assassino, eu quero pegar esse filho da puta o mais rápido possível.

-Esse caso não foi para os federais? Até onde sei não temos permissão de continuar as investigações - disse Kate.

-É o seguinte, detetive Kate. - respondi - eu não me tornei um dos melhores detetives dessa cidade seguindo todas as regras que a NYPD* colocou em meu caminho, agora, se você não quiser me ajudar, sinta-se a vontade para ir embora - respondi a encarando.

-Vamos lá, me resume todo o caso. - disse Kate caminhando até o computador que estava no canto da sala.

-O assassino realizou um total de 4 vítimas até agora. Em todos os casos ele seguiu o mesmo modos operante, tirando esse último. Nos 3 primeiros casos, as vítimas eram mulheres e todas elas ruivas. Agora, nesse último, ele mudou o padrão para uma mulher loira. - comecei a explicar o caso - a vítima número um foi Amanda Baills.

-Ok, Amanda Baills - disse Kate digitando rapidamente em seu computador - encontrei. Amanda Baills, foi ginasta durante a adolescência, mas parece que depois de um tempo casou-se e virou apenas uma dona de casa comum. Ela e seu marido tinham um petshop, ambos tem ficha limpa na polícia.

-Talvez o padrão de vocês esteja errado - disse Daniel em voz baixa.

-Como assim? - Perguntei a ele.

Daniel foi caminhando em direção ao quadro que tinha a foto de todas as vítimas, e começou a selecionar algumas fotos das cenas do crime colocando uma  ao lado da outra.

-A polícia acreditou que o padrão do assassino seria mulheres ruivas, até que nesse último assassinato ele matou uma loira.

-O assassino pode estar se sentindo encurralado - disse Kate.

-Pode - completou Daniel - mas presta atenção. O que encontramos no bolso da quarta vítima?

-Uma bolinha de cachorro? - perguntei

-Isso, mas não encontramos nenhum cachorro na cena do crime. E agora, de acordo com a detetive Kate, parece que nossa primeira vítima era dona de um pet shop, e repara só na imagem das outras duas vítimas. A vítima número dois usava um pingente em sua pulseira que é uma pata de cachorro, enquanto a vítima número 03 tem alguns arranhões no braço que pode ser de algum cachorro grande, caso ela tenha. Eu sei que é um tiro no escuro, mas talvez ele não escolhe suas vítimas pela cor do cabelo...

-Ele escolhe mulheres que estão passeando com seus cachorros - falamos juntos.

-Nossa, que cena mais linda - disse Rick parado na porta da minha sala - vocês já até falam juntinhos. 

-O que você está fazendo aqui? - perguntei de maneira ríspida.

-Você acha que eu não sei que você continuaria a investigar por conta própria esse caso? - Rick perguntou - então é o seguinte, ou você me deixa ajudar, ou eu faço o FBI abrir um processo contra você por se meter em nossa investigação.

-Você não seria capaz - disse me aproximando dele

-Isso tudo é medo de ficar perto de mim? - Rick perguntou enquanto chegava seu rosto mais perto de mim, quase encostando seus lábios nos meus me fazendo arrepiar.

Antes que eu pudesse pensar em dizer qualquer coisa, em questões de segundos, Daniel empurrou Rick o fazendo dar de costas na parede que tinha atrás dele.

-Fica longe dele - disse Daniel.

Em questão de segundos a sala virou um verdadeiro ringue. Rick foi com tudo em direção a Daniel, que não teve medo e partiu pra cima de Rick no mesmo momento. Eles teriam lutado até a morte se não fosse por Kate, que rapidamente conseguiu separar os dois e imobilizar Rick enquanto eu segurava Daniel.

-Escuta aqui - disse Kate - enquanto os dois babacas estão brigando sabe lá Deus por que motivo, eu descobri aonde vai ser o próximo assassinato. 

...

Estávamos de tocaia em frente ao carrossel do Central Park. Em um carro, eu e Daniel, que estava com um olho roxo por conta da briga que ele conseguiu arrumar. No outro, Kate e Richard.

A verdade é que Kate era extremamente inteligente.

Ela conseguiu descobrir que o assassino também seguia uma padrão para escolher os locais onde ele mataria sua próxima vítima. Assim, acreditamos que talvez o próximo assassinato seria no Central Park, na manhã seguinte, mas que o assassino com certeza iria antes ao local para observar todas as rotas de fuga e escolher sua próxima vítima.

-Eu sei me defender, você não precisa entrar em uma briga por mim - disse quebrando o silêncio. 

-Sim, mas quando eu vi a maneira como ele ainda mexe com você... isso me irritou absurdamente, esse domínio que ele tem de você - respondeu Daniel.

Ficamos em silêncio por alguns minutos até que resolvi puxar algum assunto.

-Bonito relógio - disse encarando o pulso dele.

-Obrigado, era do meu pai.

-Era? - perguntei

-Sim, ele morreu. - ele disse com a voz embargada, como se fosse desabar de chorar a qualquer momento - essa é a única coisa que restou dele.

-Desculpa, eu não queria...

-Sem problemas - ele disse me encarando- se não fosse por ele jamais teríamos nos conhecido.

-Como assim? - perguntei confuso.

-Quando eu tinha 16 anos meu pai foi assassinado na porta da minha casa, em frente a mim e minha irmã. Foi bem traumático, principalmente para minha irmã que tinha apenas 6 anos. O assassino desceu de um carro, deu dois tiros no meu pai e foi embora. O pior é que eu já tinha visto aquele homem alguns dias antes, me lembro que ele estava conversando com meu pai na porta de casa.

-E você não disse isso a polícia? - perguntei curioso.

-Eu disse... mas eles preferiram arquivar o caso, disseram que eu era apenas uma criança e não sabia o que tinha visto. Preferiram acreditar que aquilo foi apenas uma tentativa de assalto que fugiu do controle. - disse ele com uma lágrima escorrendo eu seu rosto - depois disso, resolvi virar policial. Eu não quero que ninguém passe por isso que eu passei nunca mais, eu acho que pior que o sentimento de perda, é o fato de não ter a quem culpar.

Fiquei encarando Daniel, aqueles olhos verdes que passavam uma verdadeira pureza. Como alguém poderia fazer aquele garoto chorar? Num ato de impulso, sem pensar, passei meus dedos em seu rosto secando suas lágrimas e encostei meus lábios no dele.

-Mil desculpas - falei me afastando dele - eu não queria...

Antes que eu pudesse completar a frase Daniel me puxou para perto dele e me beijou. Um beijo calmo, mas ao mesmo tempo intenso. Era como se tudo ao meu redor tivesse parado para que aquele momento acontecesse. O Beijo de Daniel era perfeito, como se ele existisse para mim.
Naquele momento estávamos tão entregues que éramos capazes de transar ali mesmo, dentro da viatura. Se não fosse pelo rádio da polícia que acabou fazendo com que voltássemos a realidade.

"Detetive Lucas, na escuta?" 

"Sim detetive Kate, pode falar" disse tentando me recompor do que tinha acabado de acontecer.

"Até agora não encontramos nenhum suspeito por aqui, e ai?"

"Até agora ninguém desse lado, completamente vazio, só tem 3 moradores de rua mesmo"

"Entendido."

Algumas horas se passaram e tanto eu quanto Daniel não tocamos mais no assunto do nosso beijo. Apenas focamos na operação e ficamos observando todas as pessoas que passavam pelo Central Park.

Já era por volta de 05h da manhã e o dia ia começar a clarear.

-Talvez a detetive Kate estivesse errada - falei - se o assassino fosse estar aqui ele já deveria ter feito algo, enquanto ainda tem poucas testemunhas.

-Aquele mendigo não estava aqui ontem a noite? 

-Qual? 

-Aquele ali com o cachorro.

-Acho que sim, mas ele não tinha nenhum cachorro ontem.

-E nem estava usando essa roupa - Daniel disse puxando o rádio de seu bolso - nenhum mendigo muda de roupa da noite pro dia e nem arruma um cachorrinho limpo.

"Todas as unidades mais próximas, temos um 147 no Central Park, repito, 147."

"Entendido" disse a voz de um policial

"Detetive Daniel, estamos indo para esse lado, como o suspeito está?" disse Kate no rádio.

"Vestido de morador de rua, ele está com um cachorro."

Abri a porta do carro imediatamente enquanto Daniel fazia o chamado pelo rádio e fui andando devagar em direção ao suposto serial killer. Tentei não chamar atenção, mas acho que ele percebeu que eu estava indo atrás dele e começou a correr, largando o cachorro.

-Policia de Nova Iorque, parado - gritei enquanto corria atrás dele.

O assassino era bastante rápido, ele correu em direção ao carrossel e passou por dentro do brinquedo.

"Ele está tentando ir para estação de metro mais próxima, e se ele entrar não vamos conseguir pegar ele" disse a voz de Daniel no rádio.

Neste momento virou uma verdadeira corrida, eu ia atrás dele e ele fazia questão de passar sempre por onde tinha mais pessoas, com o objetivo de dificultar minha passagem.

Essa perseguição levou cerca de uns 2 minutos até que ele estava conseguindo chegar onde queria, mas quando ele foi descer as escadas da estação de metrô, foi interrompido por Rick, que o jogou no chão com uma rasteira e o imobilizou.

-FBI e Policia de Nova Iorque - disse Rick - você tem o direito de permanecer calado, tudo que você disser poderá ser usado contra você no tribunal.


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205031 - Em nome da Lei - CAPÍTULO 01 - Categoria: Gays - Votos: 1

Ficha do conto

Foto Perfil Conto Erotico th1ago-

Nome do conto:
Em nome da lei - Capítulo 02

Codigo do conto:
205146

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
25/07/2022

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