“Que droga!” - esbravejou Virgínia olhando para a tela de seu laptop que continha uma mensagem de erro no trabalho que ela estava desenvolvendo. Mais um dia que tudo parecia estar dando errado – ela desejou estar em outro lugar bem longe dali, fazendo qualquer coisa que a relaxasse da tensão que estava sentindo. Há meses que não tinha uma transa decente com seu marido Gustavo, e isso era algo que a estava deixando realmente perturbada. “Como é que pode?” - ela pensou; seu marido sempre fora um amante excepcional, que sabia exatamente como satisfazer o desejo incontrolável que rugia como uma fera aprisionada dentro dela e que quando saciada permitia que ela se sentisse uma pessoa diferente; uma pessoa melhor!
Era tudo um enorme mistério e uma decepção que estava arrastando o seu casamento na direção de um abismo cujo fundo não se podia ver. Gustavo fora o homem da sua vida, o amante, o companheiro e o marido que ela sempre sonhara. Não podia pensar em uma vida sem ele. Não, definitivamente, ela não podia viver sem ele. Eles se completavam em todos os aspectos – principalmente no sexual – e Gustavo sabia muito bem como tornar Virgínia uma mulher feliz e realizada. Eram noites deliciosas (e que noites!), onde o tempo parecia para apenas para que Virgínia pudesse sentir o vigor de seu macho possuindo-a de todos os modos possíveis e imagináveis, provocando-lhe orgasmos prolongados por mais carícias que ela achava que podia resistir. Enfim, Gustavo era o seu homem e aquela situação decepcionante e inesperada faziam com que Virgínia enlouquecesse com a remota possibilidade de perder seu marido e, consequentemente, seu casamento.
“Nossa! Que cheiro é esse?” - Pensou Virgínia enquanto aquele odor inebriante de jasmim invadia o ambiente. Era um odor muito familiar para ela, pois foi a essência do primeiro perfume que ela ganhou de sua adorável avó materna que além de cuidar de sua criação, também foi sua primeira e melhor confidente.
Jasmim também era a essência dos perfumes que costumava ganhar de presente de seu marido, que aprendera com a família dela que aquele era o seu odor preferido. Como Virgínia adorava aquele odor. Era algo adorável e, ao mesmo tempo, excitante!
Mas, afinal, de onde vinha aquele odor suave e delicioso? Virgínia ficou muito intrigada e decidiu que era melhor sair da sua sala de trabalho e tentar descobrir de onde vinha aquele cheiro que a provocava, bem como a excitava profundamente. Chegou à recepção ainda curiosa em saber a razão daquele odor tão delicioso. Fincou os pés no centro da enorme sala e começou a agir como um animal a procura de sua presa, aspirando profundamente o ar à sua volta com a esperança de que ele lhe indicasse a origem daquele odor quase enlouquecedor. E não foi difícil descobrir a origem do odor já que seu portador estava à sua espera.
“A candidata à vaga de estágio está ali a sua espera” - a voz de Samantha, sua secretária funcionou como um alarme em seus sentidos que imediatamente se direcionaram para a pessoa que estava sentada em um sofá de canto oculto entre folhagens decorativas da recepção. Virgínia caminhou na sua direção percebendo que o odor ia tornando-se mais acurado e estimulando ainda mais os seus sentidos.
Não demorou muito para que o odor tomasse a forma de uma belíssima jovem que, sentada naquele sofá certamente passaria despercebida de todos que por ali passavam. Era uma ruiva de ascendência nórdica marcante, cuja beleza não podia ser descrita com palavras – até mesmo porque Virgínia não seria capaz de encontrar alguma capaz de defini-la – e cujas feições mesclavam um ar adolescente em um corpo de mulher escultural. Enquanto caminhava na sua direção percebeu que ela lançou-lhe um olhar ensejador de pensamentos escusos (quase obscenos), mas do qual Virgínia esquivou-se sutilmente, não querendo demonstrar que o odor exalado por aquela mulher havia acendido uma chama diferente em seu interior.
A jovem levantou-se do sofá aguardando a chegada de sua interlocutora com um sorriso amplo e acolhedor iluminando sua face e deixando claro que queria ser bem recebida. Virgínia apresentou-se estendendo a mão para a jovem que retribuiu de forma bastante calorosa, mas com certo comedimento. “Olá, me chamo Dafne e tenho um enorme prazer em conhecê-la. Vim para a entrevista que havia sido agendada dias atrás pela sua secretária para a vaga de estágio” - a voz daquela jovem soava em um tom singelo com certo toque de ousadia característica da idade. Era uma jovem precoce e com ar decidido, de quem quer conquistar o mundo o mais rápido possível – e isso lembrou a própria Virgínia anos atrás quando também passara por situação similar.
Virgínia devolveu o cumprimento e pediu para que Dafne a acompanhasse até a sua sala onde poderiam conversar melhor. Entraram na sala ocupada pela executiva cujas janelas largas e altas permitiam a entrada de luminosidade suficiente para tornar o ambiente acolhedor, ao mesmo tempo que possibilitava a Virgínia observar melhor aquela candidata cujo aroma de jasmim persistia invadindo o ambiente e imiscuindo-se em suas narinas causando sensações ainda indescritíveis e inesperadas.
Conversaram sobre o trivial e depois de uma breve apresentação curricular de Dafne, Virgínia disse-lhe que segundo o que observara de suas qualificações acadêmicas ela era a pessoa indicada para o estágio e que se não houvesse qualquer problema ela poderia começar na próxima segunda-feira. O rosto da jovem iluminou-se mais uma vez com um enorme sorriso de felicidade pela notícia que acabara de receber, obstando apenas se não poderia começar imediatamente. Virgínia, surpresa com aquele pedido, ficou alguns segundos sem saber o que dizer, mas logo em seguida, respondeu-lhe que não haveria problemas, apenas que o contrato de estágio seria assinado apenas na próxima semana por conta de uma questão restritiva do Departamento de Recursos Humanos. E Dafne, por sua vez, disse que adoraria iniciar seu estágio o mais breve possível, inclusive porque achava “delicioso” trabalhar ao lado de Virgínia.
Aquela palavra (“delicioso”) deixou Virgínia ainda mais intrigada com o comportamento daquela novata, mas pensou que talvez fosse apenas uma força de expressão adequada ao que estava ela sentindo. Antes de encaminhar Dafne para sua secretária, Virgínia não foi capaz de conter sua enorme curiosidade e perguntou se ela estava usando algum tipo de perfume de jasmim. Dafne imediatamente ficou ruborizada e um acanhamento incomum tomou conta do comportamento até então espontâneo da jovem. Virgínia, por sua vez, achou que havia dito alguma coisa indevida ou indelicada e rogou que a jovem esquecesse a pergunta e a desculpasse pelo abuso de privacidade.
Dafne sorriu ainda meio encabulada e devolveu as desculpas explicando que sempre que lhe perguntavam sobre isso ela ficava meio sem jeito, já que percebera que a sua nova chefe sentira o odor de jasmim que seu corpo exalava. Sem querer manter aquela situação atípica, Dafne justificou-se dizendo que fora habituada por sua mãe e avó a banhar-se com uma essência natural de jasmim desde a tenra infância e que ao longo dos anos aquilo tornou-se sua marca registrada, sendo que algumas pessoas achavam exótico enquanto outras detestavam.
“Você não gostou?” - a pergunta de Dafne novamente pegou Virgínia desprevenida, já que a bem da verdade sentira-se excitada com aquele odor. Todavia, sem deixar transparecer o que realmente sentia, disse-lhe que pelo contrário, gostava muito daquele odor suave e sutil, e que usualmente também usava perfumes com a mesma essência. Dafne abriu um novo sorriso muito mais enigmático que os anteriores, revelando que o comentário de sua interlocutora havia causado uma sensação diferente daquela que esperava.
Ficaram ali, alguns minutos, sem palavras – apenas olhares que pareciam dizer tudo sem revelar nada – e foram interrompidas pela entrada de Samantha com a agenda de atividades de sua superiora para o período da tarde. Virgínia apresentou oficialmente Dafne para Samantha e disse-lhe que a encaminhasse ao Departamento de Recursos Humanos a fim de regularizar o contrato de estágio da jovem que pretendi começar naquele mesmo dia.
Despediram-se com um novo aperto de mão e Virgínia percebeu um estranho calor percorrer-lhe as entranhas respondendo ao toque suave, mas repleto de certa “eletricidade” que vinha de sua nova funcionária. Samantha e Dafne retiraram-se da sala e Virgínia ficou ali onde estava por alguns minutos tentando compreender o que tinha realmente acontecido naquele encontro.
E o restante da tarde transcorreu com as atribulações diárias de sempre, exceto pelo fato de que o encontro de Virgínia com a jovem estagiária havia causado um impacto ainda não totalmente avaliado. Vez por outra, ela flagrava a si própria pensando naquele rosto e ainda sentindo aquele odor suave e deliciosamente provocante de jasmim; era uma situação inusitada para aquela mulher experiente em sua profissão, mas totalmente desconhecedora do comportamento humano.
À noite, em sua casa, na companhia de seu marido, Virgínia procurou agir normalmente, evitando denunciar o acontecimento ocorrido naquele dia com a jovem estagiária que havia lhe despertado alguma espécie de sentimento inexplicável e que a deixara confusa com suas sensações e expectativas. Jantou e assistiu um pouco de televisão com Gustavo que, por suas vez, também encontrava-se absorto em seus pensamentos que o levavam para longe dali, em algum lugar onde – segundo Virgínia – ele perdera toda a sua excitação e todo seu desejo. Virgínia achou por bem ir deitar-se e após comunicar sua decisão ao companheiro, dele recebeu uma concordância de que deveriam ambos fazerem o mesmo.
Virgínia despiu-se lentamente de suas roupas que àquela hora da noite mais se assemelhavam a uma armadura medieval – pesada e incômoda – pensando em Dafne, no seu dia de trabalho e na remota possibilidade de estar sendo observada pelos olhos gulosos do marido, o que, de fato, era uma verdade. Porém, uma meia verdade, já que a cobiça e o desejo de Gustavo resumiam-se a olhá-la sedento de tesão, mas sem a necessária contrapartida para um enlaçamento que resultasse em muito sexo e muitos orgasmos.
Virgínia banhou-se e secando-se muito rapidamente buscou seu baby doll preto ( a única peça que vestia para dormir) e deitou-se sem esperar pelo marido que ainda estava sob o chuveiro aproveitando o poder restaurador da água que escorria pelo seu corpo cansado e repleto de sinais da preocupação que lhe perseguia nos últimos tempos. Do quarto, olhando diretamente para o box de vidro Virgínia saboreava o corpo de seu marido. Era um homem bonito e sensual, de uma masculinidade discreta e atraente. Seus ombros largos ladeando um tórax modelado sem abusos e com uma barriga praticamente imperceptível sustentados por braços e pernas torneados a custo de idas diárias à academia, faziam dele um homem desejável e excitante para qualquer mulher.
Quanto ao rosto, Virgínia pensava em como seu marido era bonito – de uma beleza sem excessos estéticos produzidos apenas para a satisfação hedonista – e de como sempre se cuidara para ela – e apenas para ela – demonstrando que o amor que sentia era algo digno de ser cultivado e alimentado apenas para a satisfação do casal. Realmente, Gustavo era um homem maravilhoso em todos os sentidos, mas aqueles eram tempos difíceis que exigiam dela, assim com dele, a firmeza de acreditar que dias melhores estavam por vir e que eles ainda seriam muito felizes.
E foi com aquela visão em seu olhar e com aqueles pensamentos rondando sua mente que Virgínia adormeceu profundamente, deixando para trás todas as decepções e surpresas de mais um dia de vida. Estava tão extenuada que nem sentiu quando Gustavo deitou-se ao seu lado a abraçou-a carinhosamente, também adormecendo logo em seguida. Foi um sono profundo e gostoso, operando uma real reparação no seu corpo e espírito. Até mesmo a imagem de Dafne havia desaparecido de suas lembranças e com ela o odor de jasmim que havia deixado seus sentidos meio que enlouquecidos pelo que não conhecia.
MAIS UMA DECEPÇÃO.
Os dias que se seguiram foram recheados de novos desafios e expectativas em seu trabalho, compensando a ausência e o distanciamento de Gustavo que a cada dia demonstrava sua decepção e seu absoluto estado de infelicidade e impaciência com aquela situação de impassividade sexual que refletia em seu casamento e abalava a crença de que tudo poderia mudar.
Por outro lado, Virgínia havia aproximado-se muito mais de sua estagiária. Além dos trabalhos que desenvolviam em conjunto, habituaram a almoçarem juntas e depois de alimentadas fazerem caminhadas pelo entorno do edifício trocando ideias sobre novos projetos e anseios sobre os possíveis resultados daqueles que estavam em andamento. Eram momentos de descontração em que Virgínia conseguia sorrir abertamente, liberando sua mente das preocupações com seu casamento e com a falta de sexo com seu marido. Dafne assemelhava-se a uma válvula de escape por onde todas as tensões desapareciam e as gargalhadas espontâneas operavam um verdadeiro milagre no ânimo daquela mulher perdida em sentimentos de ausência e desejo não correspondido.
Certo dia, Gustavo aparecera de surpresa no escritório de Virgínia com um convite para almoçarem juntos. Virgínia ficou inicialmente esfuziante com aquela deliciosa surpresa do marido, mas percebeu os olhares curiosos e incômodos de Dafne que os espiava de uma distância discreta. Virgínia sentiu-se em uma saia justa, pois ao mesmo tempo em que desejava realmente partilhar da companhia de Gustavo naquela tarde, não podia simplesmente dispensar sua nova amiga com quem havia dividido o horário do almoço no último mês. Era uma dúvida cruel e sem possibilidade de escolha justa.
Neste momento crítico Dafne aproximou-se com a desculpa de trazer alguns relatórios para Virgínia impondo que esta a apresentasse ao seu marido. Virgínia fez as devidas apresentações e assim que esboçou proferir alguma desculpa para dispensar Dafne, esta atravessou-lhe uma afirmativa de que ia ausentar-se na hora do almoço para resolver algumas pendências pessoais. Despediram-se com Virgínia aliviada pela ação sutil de sua nova amiga e depois de passar algumas informações para Samantha, saiu com seu marido para um merecido almoço.
Durante a tarde daquele dia, Virgínia percebeu que Dafne evitara permanecer a sós com ela, sentindo que a jovem estagiária havia se ressentido do acontecido na hora do almoço. Virgínia, sem saber muito bem porque, sentiu-se desconcertada pelo acontecimento e pela repercussão causada em Dafne. Ela não conseguia entender quais as razões íntimas que a levavam a preocupar-se tanto com aquela jovem como se a sua aprovação ou reprovação tivesse u,m significado sentimental para ambas. Virgínia tentou por algumas vezes aproximar-se da estagiária para perguntar-lhe se estavam tudo bem, mas em todas elas Dafne esquivara-se de maneira polida e sutil. O final do expediente e a despedida destituída do entusiasmo usual da estagiária sopraram um vento gélido no coração de Virgínia que foi para casa com uma ponta de angústia minando-lhe as energias.
Após o jantar, Gustavo flagrou sua esposa com um olhar perdido e um aspecto de tristeza. Perguntou-lhe o que estava se passando e Virgínia sorrindo com um sorriso impessoal, disse-lhe que não havia nada de errado e que estava apenas muito cansada, pois o dia havia sido extenuante. Ela achou por bem não revelar suas preocupações a respeito de Dafne, até mesmo porque nem ela própria seria capaz de explicar-lhe o que estava acontecendo.
Deitaram-se cedo e Virgínia demorou a pegar no sono; o olhar de Dafne, a sensação de que ela havia ficado enciumada com a presença de Gustavo, a tristeza com o acontecido, e uma estranha sensação de desejo reprimido, impediam Virgínia de adormecer. Ficou ali, revirando-se na cama de um lado para o outro, até aninhar-se ao lado do corpo do marido que – como sempre – dormia um sono pesado e pouco sonoro. Gustavo estava nu (aliás, como era seu hábito), e Virgínia ficou apreciando aquele corpo esguio de delineado por músculos bem trabalhados, mas sem excessos, pensando como seria bom uma noite de sexo insano como nos velhos tempos. Velhos tempos que pareciam ter desaparecido na bruma do tempo. Sem escolha adormeceu.
“Virgínia acordou de sobressalto ao toque suave de mãos percorrendo seu corpo. Abriu os olhos e percebeu que estava nua em pelo, deitada em sua cama sem a presença de seu marido. Sentiu mais uma vez o toque suave e aveludado de mãos pequenas e ágeis que passeavam pelo seu corpo causando um arrepio sem medidas. O quarto estava em uma suave penumbra e a única luz que banhava seu interior tinha um tom azulado operando uma calma deliciosa e relaxante. Virgínia abriu os olhos buscando acostumar-se com a pouca luminosidade do ambiente ao mesmo tempo em que procurava pela pessoa dona daquelas mãos que haviam deixado seu corpo em ebulição, excitada como uma colegial e sentido sua vagina úmida e ansiosa por prazer. O vulto que ela percebia atrás de si não era o de Gustavo. Mais uma vez assustou-se, pensando na possibilidade de que estivesse sendo vítima de um estupro. Mas uma voz doce e conhecida pediu que ela se acalmasse para aproveitar os carinhos que estava recebendo. Virgínia fixou o olhar naquele vulto esguio e sutil percebendo a certa altura que era o vulto de uma mulher. Levantou-se quase de um salto e segurou aquela pessoa pelos ombros aproximando seu rosto da pouca luminosidade dirigida para constatar que se tratava de Dafne! Virgínia enlouqueceu, quis gritar, quis esbofetear aquela safada, mas tudo isso desapareceu quando a jovem desferiu-lhe um beijo íntimo e sensual, que a fez quase perder os sentidos, percebendo que não mais comandava seu corpo e sua vontade; a única coisa que queria era entregar-se àquela mulher deliciosamente obscena e que acenava com uma sedução pervertida, mas muito desejada. Toques e carícias foram sucedendo-se de forma quase incontida e Virgínia sentiu-se levitar quando os dedos ágeis de sua parceira começaram a brincar com os grandes lábios de sua vagina que pulsava inchada e úmida de tanto tesão! Que loucura era aquela? O que estava acontecendo?”
Desta vez Virgínia foi de fato acordada daquele sonho quase real, não pela voz de Dafne, mas sim pelas palavras preocupadas de Gustavo cujas mãos sacudiam seu corpo que parecia sair de um estado de convulsionamento incontrolável que a deixara completamente suada e agitada. Ela abriu os olhos como quem salta do trem da morte e olhando para o rosto de seu marido, constatou que tudo o que sentira – ou pensara que sentira – não passava de um devaneio desfigurado da realidade. Abraçou Gustavo com tanta intensidade que o ele ficou sem ação, assustado com as ações de sua esposa, mas afável em confortá-la mais uma vez.
Beijaram-se.
Era uma beijo que continha todos os desejos ao mesmo tempo. Gustavo desejava por demais retomar os tempos em que amava sua esposa com o tesão de um garoto de vinte anos, e que via nela a expressão viva da sua concepção de sensualidade e excitação. Virgínia, por sua vez, queria ser amada e possuída muito mais do que antes; queria esquecer o rosto de Dafne e aquela estranha sensação de desejo por alguém do mesmo sexo, refreando algo que tinha em si como obsceno, pervertido e injustificado por qualquer ângulo que fosse visto. Tocou o membro meio enrijecido de Gustavo e passou a massageá-lo com a firme intenção de masturbar seu marido a fim de provocar-lhe alguma reação.
Gustavo sentia-se excitado de verdade, mas ao mesmo tempo, percebia que a resposta era fraca e distante. Virgínia não hesitou em abaixar sua cabeça e tomar aquele instrumento na boca sugando-o com sofreguidão de quem almeja um pênis rígido a pronto para uma penetração inesquecível.
Quedaram-se largados naquele momento de intimidade em que o homem era subjugado pela deliciosa boca de uma mulher cheia de tesão e cujo corpo parecia uma usina de hormônios em explosão. Virgínia insistia na prática daquele sexo oral que ela tanto gostava de fazer, e sentia que a cada momento sua vagina ficava mais úmida que antes e mais receptiva a uma penetração que lhe rasgasse o interior e lhe provocasse uma onde de satisfação única e suficiente para sufocar a ideia de entregar-se à Dafne e uma relação fadada ao infortúnio.
Em algum momento aquele enorme instrumento musculoso deu sinais de uma ereção digna de ação e Virgínia sentiu-se recompensada pelo esforço desprendido para fazer do seu homem o único macho pronto para penetrá-la com o vigor de um sexo ansiado há muito tempo. Sem perder tempo ela deitou o marido sobre a cama e subiu por sobre ele cavalgando aquele garanhão musculoso e sensual. Esfregou suas nádegas no pênis enrijecido e permitiu que ele roçasse os grandes lábios dilatados de sua vagina em chamas, clamando por um ataque impiedoso do varão insaciável que quer ter aquela mulher a qualquer custo.
Gustavo pegou seu pênis e de forma decidida apontou a glande na direção da vagina penetrando-a de forma calculada e progressiva apenas para permitir que Virgínia sentisse a penetração, gemendo e movimentando-se a fim de acolher toda a extensão daquele membro brutal mas impiedosamente potente que sempre causara-lhe orgasmos deliciosos e que naquele momento era a única coisa que importava.
Ficaram assim unidos por uma penetração iniciada e que dava sinais de sucesso igualável ao que sempre fora. Virgínia forçou seu ventre oferecendo a vagina ao esperado sacrifício imposto pelo poderoso instrumento de Gustavo e balançou os quadris, arfando com uma respiração profunda de quem tinha tanto tesão reprimido que não seria capaz de retê-lo por mais tempo. E não tardou para que aquele verdugo composto de carne e músculos penetrasse a vagina encharcada de fluidos e de tesão. Realmente tudo parecia ter voltado ao que era antes.
Todavia, o enlace não perdurou por muito tempo, posto que repentinamente, Gustavo sentiu seu vigor esvair-se sem qualquer razão para tal, esvaziando a rigidez de seu pênis em um processo de declínio totalmente decepcionante. Virgínia, por sua vez, sentia também a perda que murchava dentro dela deixando sua vagina pulsando pelo inacabado. Não sabia se chorava, se gritava ou se apenas simplesmente abandonava aquele momento para ir chorar em algum canto escondida de tudo e de todos – principalmente de seu querido marido destituído de energia.
Quedaram-se na cama, um ao lado do outro. Os olhares perdidos, os corpos despidos, e a sensação de vazio e de tristeza invadiram seus seres, jogando-os em um abismo escuro e sombrio repleto de tristeza e de revolta irreprimidos. Apenas a noite em sua profundidade silenciosa e omissa os acompanhava enquanto adormeciam inertes e impotentes ante aos fatos que deixaram evidente que aquela relação estava por um fio e que não tardaria muito para que um deles renunciasse ao outro e abandonasse qualquer sentimento de esperança.
O BEIJO COM GOSTO DE PÊSSEGO.
Dias e noites sucederam-se uns aos outros, exigindo que o esquecimento roubasse de Virgínia as tristes lembranças da última noite que tivera com o marido. Continuavam a vida juntos, almoçando de vez em quando, jantando sempre e dormindo sob o mesmo teto e na mesma cama apenas porque ambos não sabiam o que fazer e como lidar com aquela situação. Mas, para Virgínia, algo havia sido quebrado. Ela sentira que seu interior estava partido em pedaços que recusavam-se a serem novamente juntados, tornando sua existência uma vastidão de sensações repletas de tristeza e de descontentamento com o pérfido presente que o destino havia lhe proporcionado.
E ante o sonho que tivera naquela noite fatídica e desastrosa, Virgínia passou a evitar ficar a sós com Dafne, tratando-a o mais cordialmente possível, porém com a distância que a situação exigia. Ela não sabia bem porque, mas em seu interior imputava certa culpa à Dafne pelo que acontecera noites atrás. Aquele sonho funcionara da forma errada, fazendo com que ela pensasse que o erro estava na simples presença daquela jovem ruiva, cuja beleza fora a primeira coisa que Virgínia notara, seguindo-se uma sensação de envolvimento incontido que ela simplesmente não sabia explicar e que agora sequer queria saber. O importante, segundo ela, era evitar Dafne e tentar entender o que estava acontecendo e qual a verdadeira participação daquela jovem na vida de Virgínia.
Naquela tarde de sexta-feira, Virgínia não ficou surpresa com a ligação telefônica do marido informando-lhe que iria encontrar-se com um velho amigo de infância e que tardaria em chegar ao lar, já que ela pensou que seria melhor mesmo ela ficar a sós consigo mesmo pensando no que fazer de sua vida. E aquela informação concedera-lhe a oportunidade de fazê-lo sem exigir que Gustavo dela se afastasse por algum tempo. Afinal, o divórcio tornara-se uma possibilidade e caso pudesse transformar-se em uma realidade, Virgínia precisava ter certeza do que fazer e de como agir a partir de então.
Pensou em ir embora mais cedo, ou ainda estacionar em um bar qualquer e encher a cara como costumava fazer quando era solteira, afogando todas as mágoas e desesperanças em um copo de vodca ou de tequila. Pensou até mesmo em não fazer nada, apenas ir para casa e ficar sentada no sofá vendo o tempo passar e torcendo para que alguma coisa acontecesse e ela pudesse então voltar no tempo à uma época em que era muito feliz e sabia muito bem disso!
Pensou em todas as possibilidades. E pensou. E pensou. E quando deu por si a noite já havia chegado. O escritório estava vazio e Virgínia apenas percebeu que o tempo havia passado quando ouviu a voz marcante de Samantha dizendo-lhe boa noite e desejando bom final de semana, ao que ela respondeu quase que roboticamente, pensando apenas no que deveria fazer com sua vida. Apagou as luzes de sua sala, deixando acesa apenas a que emanava da luminária de sua mesa de trabalho. Abriu uma das gavetas de sua mesa e dela tirou uma garrafa de vodca e um copo (lembranças do tempo em que trabalhara com alguns gringos que tinham por hábito beberem em suas salas após o expediente).
Caminhou até o sofá que ficava ao lado de sua mesa e que servia de descanso para após o expediente, esparramando nele seu corpo bem delineado e de formas generosas (sem excessos) e sorvendo um gole da bebida que tinha nas mãos. Ficou ali, perdida em pensamentos que nada concluíam e imaginando o que seria de sua vida sem o prazer do sexo e sem a companhia de seu marido a quem amava e desejava todos os momentos como se fossem sempre os primeiros de sua vida. Dinheiro e sucesso profissional não eram suficientes para compensar a falta dos carinhos e das habilidades de Gustavo. Aliás, tudo o mais seria descartável se ela não pudesse sentir-se viva, amando e sendo amada. Imaginava-se separada, triste, infeliz e mal-amada! O que mais poderia ser pior!
Subitamente, a porta se entreabriu e Virgínia percebeu um vulto mostrar-se com a luz por trás de si. Ela não conseguia ver bem quem se tratava e pensou que fosse algum funcionário que ainda estivesse trabalhando, porém a voz suave dizendo seu nome revelou-se tratar de Dafne. Timidamente, ela perguntou se podia entrar, pergunta a qual Virgínia desejou responder negativamente, repelindo aquela que ela supunha ser a responsável por todos os seus problemas. Mas, pensou melhor, e concluiu que aquela moça não tinha culpa de nada.
Disse-lhe, então, que entrasse e fechasse a porta, afinal, não queria ser vista daquele jeito desleixado e tristonho. Dafne entrou e fechando a porta atrás de si disse com uma voz ainda suave mas entrecortada e receio e temor: “Queria pedir desculpas, acho que fiz algum mal a você e queria muito que me perdoasse”. Aquelas palavras soaram no fundo da alma de Virgínia; pobre menina! Pensou ela imaginando que Dafne não fazia ideia dos problemas de sua colega de trabalho estava passando e que não havia culpa para mais ninguém a não para ela própria.
Respondeu que estava tudo bem e que apenas era um momento de cansaço. Tentou de todas as maneiras desviar a atenção de Dafne do que realmente estava acontecendo, mas repentinamente viu-se em lágrimas, chorando copiosamente e soluçando enquanto as palavras eram engolidas a seco. Tentou levantar-se do sofá e esconder o rosto umedecido pelas lágrimas que escorriam de seus olhos, mas assim que o fez, foi abraçada pela amiga que apertou o corpo de Virgínia contra o seu com uma intensidade que ela jamais sentira antes. As mãos de Dafne eram como um afago doce e carinhoso, ao mesmo tempo, em que o calor do corpo daquela menina deixava Virgínia mais reconfortada e tranquila. Era uma paz inexplicável e uma sensação de proximidade que ela sequer imaginava que podia existir.
Dafne ficou ali abraçada à amiga por algum tempo, até que, tocando-lhe o queixo com uma de suas mãos, aproximou seus lábios daqueles que ornavam o rosto de sua amiga e tocou-os suavemente, apenas sentindo a doçura e a promessa que eles guardavam para quem ousasse aproximar-se. Virgínia, por sua vez, sentindo-se sem forças para esboçar qualquer resistência deixou-se beijar um beijo profano, proibido, mas inexplicavelmente ansiado e aguardado.
Foi um beijo terno e, ao mesmo tempo sensual. Era uma sensualidade diferente, pacífica, sem excessos e sem o domínio do macho sobre a fêmea. Não apenas um beijo de carinho, mas também de desejo reprimido e de promessa de algo muito mais profundo e envolvente. Virgínia sentia o cheiro de jasmim que emanava daquele corpo de formas perfeitas e cheias de juventude e energia, enquanto saboreava um beijo com gosto de pêssego que alimentava seu espírito e sua alma, aquecendo-lhe o interior e jogando fora o vazio que até aquele momento fora a única coisa que havia dentro dela.
Beijaram-se mais e mais. As mãos de Dafne passeavam pelo corpo a amiga e davam sinais claros de que queriam vê-la despida e entregue à carícias que a jovem guardara dentro de si e que, agora, precisavam serem libertadas para a satisfação de ambas. A jovem sabia que não havia mais o que temer nem mesmo o que pensar; apenas começou a despir as roupas de Virgínia, lentamente, como quem aproveita cada momento e cada gesto com a delicadeza de querer sempre mais.
Finalmente, Virgínia estava completamente nua e Dafne puxou-a para próximo da luz – precisava ver aquele corpo delicioso que ela cobiçara há muito tempo e que agora iria ser seu de qualquer maneira. Olhou com um olhar guloso muito semelhante ao da criança que vendo uma montanha de doces a sua frente, mal sabe por onde deve começar a saborear as guloseimas e cuja vontade é tê-los todos para si de uma só vez!
Ensandecida, Dafne tocou os seios fartos de Virgínia acariciando-lhes o volume e terminando por brincar com os mamilos entumescidos que mais pareciam pequenas frutas maduras chamando uma boca que os quisesse saborear sem dó ou piedade. A jovem sugou cada um deles – inicialmente de forma delicada – passando a chupá-los com a intensidade de quem esperava muito por aquela oportunidade. E Virgínia, por sua vez, aproveitava aquele momento único e especial, sentindo-se desejada (algo que ela havia se esquecido ou perdido nos últimos tempos). Aquela moça à sua frente demonstrava inequivocamente que a desejava com uma intensidade tal que Virgínia não era capaz de esboçar qualquer resistência. Afinal, ela precisava sentir-se viva! Como resistir ao desejo de uma outra pessoa por você! - pensou ela – pouco importa se é uma outra mulher, … o que importa é aquela sensação quente e carinhosa das mãos passeando por seu corpo, explorando cada detalhe, cada saliência com a curiosidade carregada de desejo. Não, simplesmente não havia como resistir. E Virgínia não queria resistir.
Seguiram-se momentos de loucura total. Virgínia procurou despir sua nova companheira com a mesma rapidez que esta fizera consigo, desnudando aquele corpo jovem e cheio de energia com formas e detalhes repletos do viço de quem acabara de desabrochar para a vida e expelindo uma incontrolável onda de desejo e de tesão. Os seios de Dafne eram alguma coisa de divinos: firmes bem delineados e com mamilos típicos de uma virgem intocada. Virgínia beijou-os, sugou os mamilos entumescidos fazendo-os mais hirtos do que já estavam.
As mãos percorriam os corpos buscando não apenas saborear a oportunidade como também retribuir cada gesto carregado de tesão reprimido. Dafne demonstrava uma incrível habilidade e não tardou para ter em uma das mãos a vagina úmida e dilatada de sua nova amante. Brincou com ela, fazendo uma massagem com movimentos longos e pausados, causando um furor irrefreado em sua amiga que gemia e se contorcia entregando-se sem culpa ao carinho dedicado da sua amiga.
Dafne fez com que Virgínia se deitasse sobre o sofá e sua boca começou a beijar sua barriga descendo em uma marcha decidida rumo ao monte de Vênus de sua amada. Finalmente, a língua de Dafne percorreu toda a extensão daquela vagina completamente tomada pelo desejo. Beijou o monte de Vênus coberto de pelos suaves e macios e seguiu seu caminho, tomando entre seus lábios o clítoris inchado como um pequenino pênis duro e vibrante. Virgínia gemia cada vez mais, controlando apenas o volume com medo de que alguém além delas pudesse ouvi-la e acabar com aquele devaneio inesperado, mas muito bem vindo.
Quase que de forma instintiva, Virgínia puxou sua amada para próximo de si confidenciando-lhe que também queria sentir o calor da sua vagina. Dafne suspirou dizendo que sempre desejara que alguém como Virgínia fosse a primeira pessoa a fazê-lo (primeira!), e imediatamente escalou o sofá colocando sua pélvis bem próxima da boca de sua desejada superiora.
Virgínia – de início – explorou aquela vagina pensando que sentiria nojo em fazer sexo oral em Dafne, temia que acabasse por destruir aquele momento único, causando uma tristeza e um vazio imperdoáveis tanto na própria Dafne como também nela própria.
Todavia, aquele cheiro de jasmim que emanava daquele sexo casto e juvenil simplesmente funcionara como um afrodisíaco, cujo aroma invadira suas narinas, seu ser e sua alma, estimulando uma sensação que Virgínia jamais havia experimentado. E seguindo um instinto que não sabia possuir, beijou a vagina úmida de Dafne sentindo mesmo gosto de pêssego que sentira no beijo responsável por todo aquele torvelinho de emoções e de sensações indescritíveis. Não tardou para que a língua de Virgínia obtivesse a destreza necessária para aproveitar ao máximo os sabores e aromas daquela jovem em explosão hormonal digna de um conto erótico.
Logo, estavam elas aproveitando uma posição sessenta e nove, estimulando mutuamente as vaginas dilatadas e causando orgasmos sucessivos e deliciosamente agradáveis. Gemiam em um cio que não parecia ter fim e quando Virgínia demonstrou certa exaustão, Dafne – não se fazendo de rogada – correu até sua bolsa trazendo nas mãos um pequeno vibrador que passou a usar com habilidade de quem já praticara em si mesma muitas vezes.
Aquele pequeno instrumento explorou toda a superfície do templo rosado de Virgínia, causando pequenos arrepios de tesão aos quais ela respondia com gemidos, gritinhos excitados e retesamento de seu corpo, sinalizando o quanto prazer estava sentindo. E Dafne, por sua vez, aproveitou aquela enorme excitação para forçar a penetração com o vibrador que foi plenamente correspondida pela vagina de sua amada cujos movimentos pélvicos eram a prova clara de que ela havia adorado aquela nova experiência.
Virgínia movimentava-se com o vigor de quem estava sendo possuída por si mesma, ou ainda, pelo desejo de Dafne que a tornara mais uma vez a mulher que sempre fora: fogosa e cheia de desejo. Pensou por um instante em como seria bom unir o útil ao agradável: ter na mesma cama Gustavo e Dafne (simplesmente o melhor de dois mundos), apenas para ela e mais nada! Seria sim deliciosamente obsceno, mas, ao mesmo tempo, despudoradamente sensual. Virgínia quase podia sentir a presença de Gustavo ali, como um mero expectador, impossibilitado de fazer algo, podendo apenas ver, deliciar-se e enlouquecer de tesão!
Imaginando uma cena de pura obscenidade – com a observação passiva do marido – Virgínia gozou algumas vezes, e cada uma delas mais intensa e mais úmida que a anterior, sentindo que o líquido que escorria de seu interior deixava encharcado o couro do sofá onde estavam permitindo que ela escorregasse simulando movimentos mais intensos e com maior oportunidade de saborear aquele pequeno instrumento de prazer. Gozou. Virgínia gozara tantas vezes que já havia pedido a conta e um pouco dos sentidos; estava completamente fora de si, apenas sorvendo cada orgasmo como se fosse o primeiro de sua vida. Queria que tudo aquilo jamais terminasse e que ela continuasse ali, apenas sendo possuída pelo desejo juvenil de sua estagiária.
Dafne, por sua vez, sorria e divertia-se com o fato de proporcionar tanto prazer a uma outra mulher; mulher essa que ela desejara desde o primeiro dia em que pusera seus pés naquele escritório procurando por uma vaga de estágio e sequer imaginando que encontraria a mulher que desabrochasse todo o tesão que ela, por tanto tempo, represara com medo de consequências indesejadas aos olhos de uma sociedade repleta de falso puritanismo. E ali estava ela: dando e sentido prazer em dar prazer para uma mulher que tornara-se a mais adorável cúmplice que alguém poderia almejar ter na vida; bonita, charmosa, inteligente e sensual sem medidas; tudo o que Dafne sempre sonhara.
Repentinamente, a jovem foi retirada de seu devaneio pelo avanço de sua parceira que tomando-lhe o brinquedo das mãos, deu sinais de que a partir daquele momento ela era quem comandava o espetáculo. Deitou suavemente sua companheira sobre o sofá e pôs-se sobre ela tendo o pequeno instrumento em uma das mãos estrategicamente posicionado sobre sua pélvis como imitando um pequeno pênis pronto para a penetração da fêmea que languidamente aguardava o delicioso sacrifício.
Virgínia iniciou o movimento no sentido e direção daquela vagina pronta para ser penetrada. “Aí, por favor meu amor, vai bem devagar, … seja muito carinhosa, … é a minha primeira vez e eu quero muito que ela seja especial” - a voz de Dafne soou como um estimulante aos sentidos de Virgínia que ficou ainda mais excitada do que já estava, enlouquecendo-se com as possibilidades que aquele momento proporcionaria a ambas. E foi sorrindo para a parceira virgem que ela inseriu o pequeno instrumento na sua vagina com um movimento lento e cadenciado, demonstrando suavidade somada ao enorme desejo de possuir aquela mulher totalmente.
Enquanto o pequeno instrumento fazia o seu trabalho com a ajuda da pélvis de Virgínia esta apoderara-se da boca de sua parceira, desferindo-lhe beijos carinhosos e vorazes, que sorviam a essência de pêssego que Dafne exalava e que deixava Virgínia ainda mais excitada e com um tesão que nem mesmo nas melhores noites com seu marido havia percebido ser capaz de sentir. Sua mente atinava com a possibilidade de que aquilo era algo que ela sempre desejara, porém que sempre evitara com receio das consequências. Era um temor infundado e que apenas existia por conta da exigência social, mas que agora podia ser libertado sem receio de que pudesse causar-lhe qualquer mal. Amar uma outra mulher tinha se tornado uma deliciosa realidade com a qual Virgínia inconscientemente sempre ansiara, mas que jamais podia crer que viesse a tornar-se realidade.
O gemido alto e escandaloso de Dafne era o anúncio de que o orgasmo havia chegado. Ela gozou com tal profundidade que suas unhas cravaram-se no dorso de sua companheira, puxando-a ainda mais em sua direção e fazendo com que o pequeno instrumento desaparecesse dentro da vagina úmida e quente que, finalmente, saboreara o sentido de um tesão plenamente satisfeito. Virgínia aproximou-se ainda mais do corpo quente e pulsante de sua parceira aproveitando para sentir ainda mais uma vez aquele odor provocante de jasmim. E ambas quedaram-se inertes, vencidas pelo prazer que uma proporcionara para a outra e derrotadas por um cansaço que teimava em pesar-lhe os olhos e tomar-lhes os sentidos trazendo à tona a vontade irrefreável de dormir o sono da recompensa.
Todavia, o sono foi imediatamente substituído pela sensação que se apoderara de Virgínia que acordou alguns instantes depois preocupada em saber onde estava e que horas eram. Levantou-se de sobre sua parceira, e, tomada de um enorme susto viu que um pequeno rastro de sangue escorria da vagina de Dafne. Tocou os ombros da amiga pensando sempre no pior e culpando-se por qualquer mal que tivesse acorrido à amiga, imaginando que jamais se perdoaria e ferir ou magoar aquela menina que fora sua primeira e verdadeira experiência de prazer elevado à uma potência até então ignorada por ela.
Dafne acordou e vendo o medo estampado no rosto de sua amiga, olhou para baixo e depois de rir um risinho contido segurou o rosto de Virgínia entre suas mãos dizendo-lhe afetuosamente: “Não se preocupe meu tesão, isso significa apenas que você tirou minha virgindade, … não fique assim, pois era exatamente isso o que eu queria, ser tua e apenas tua!”.
Virgínia olhou para os olhos brilhantes e levemente marejados da parceira e também sentiu que algumas lágrimas iriam escorrer pelo seu rosto. E ambas choraram juntas, felizes pelo acontecido e satisfeitas com aquele evento que deixava claro que aquela noite fora apenas o início de uma relação gostosa e gratificante para ambas.
Calmamente, as meninas procuraram recompor-se e vestir-se, pois já era tarde e elas precisavam sair daquele escritório sem dar sinais do que havia acontecido ali. Limparam o que puderam e esconderam eventuais pistas que denunciassem o que havia acontecido naquele lugar. Virgínia foi até o banheiro para lavar o pequeno instrumento que servira se substituto eficaz para o macho que não estava presente, mas que também não era necessário. E enquanto deixava a água do lavabo escorrer sobre ele, pensava em como poderia ser sua vida a partir daquele momento: e pensou que, mesmo achando tudo deliciosamente excitante, temia por seu casamento e pelas consequências que a relação com Dafne poderia ocasionar na sua vida conjugal, especialmente se Gustavo viesse a saber de tudo. Aliás, a simples ideia de que seu marido descobrisse o que acontecera ali, causava-lhe um frio na espinha que gelava sua alma, e roubava o sangue de sua face.
Neste momento foi surpreendida pelo abraço carinhoso de Dafne que aproximara-se por trás envolvendo-a com seus braços e beijando-lhe suavemente a nuca. Olhou para o esmero com que Virgínia lavava aquele pequeno brinquedo e sussurrou-lhe ao pé do ouvido: “Fique com ele minha delícia; é uma forma de você lembrar-se de mim quando não estivermos juntas”. Virgínia sentiu uma pequena vertigem e virando-se bruscamente olhou nos olhos de Dafne perguntando o que seria delas no dia seguinte.
A resposta de Dafne foi terna porém de uma firmeza quase autoritária. “Amanhã é outro dia, e para nós mais um dia de trabalho, … eu não vou te perder e nem quero pensar na possibilidade de você me perder, … nós fomos feitas uma para a outra e apenas isso é o que importa!”. Virgínia argumentou sobre seu casamento e sobre seu marido e de como aquilo poderia ser solucionado. E mais uma vez Dafne demonstrou firmeza somada à uma inesperada maturidade. “Gustavo é o seu marido e sempre será. Eu sou sua amante e sempre serei, … não se preocupe meu tesão, nada vai nos separar e apenas se você não me quiser mais é que nós nos separaremos para sempre, … afinal eu não sou sua dona, assim como você também não. Somos apenas duas mulheres que se amam e se desejam desse forma doce e singela. Eu vou sempre respeitar a sua sexualidade, assim como espero que você também respeite a minha!”
Virgínia sentiu algumas lágrimas rolando por sua face. Aquelas palavras tocaram fundo no seu ser e ela finalmente compreendeu que o amor que Dafne sentia por ela era muito mais que apenas desejo; era também um sentimento desprovido de possessividade, algo tão terno, tão doce e tão sublime que o coração dela havia sido tocado por algo tão precioso que a tornara uma pessoa melhor. Abraçaram-se mais uma vez e Virgínia sentiu uma vontade incontrolável de beijar aqueles lábios carnudos e provocantes, sentindo em sua boca aquele delicioso sabor de pêssego e sorvendo aquele aroma inebriante de jasmim.
Minutos depois, Virgínia deixava sua amiga em uma estação do Metrô e rumou em direção à sua casa pensando em seu marido e em como precisava vê-lo naquele momento. Sentiu-se tomada por uma enorme saudade de Gustavo, uma saudade sem limites e que precisava ser satisfeita com o abraço carinhoso de seu homem, sentindo aquele corpo musculoso envolvendo-a como um casulo de segurança. E assim correu para casa.
Chegou e entrou esbaforida, procurando por Gustavo em todos os ambientes da casa, mas não obtendo qualquer êxito em sua busca. Quedou-se no sofá da sala imaginando se Gustavo ainda viria ou se acharara melhor passar a noite com o amigo de infância, afogando as mágoas de uma masculinidade ferida que o deixava triste e cabisbaixo, ameaçando não apenas seu casamento como também a sua própria vida. E aqueles pensamentos que sorrateiramente tomaram de assalto a mente de Virgínia provocaram-lhe uma onda de pânico incontrolável que repercutia em seu corpo que tremia elevando os níveis de adrenalina fazendo-a suar e colocando seu coração em ritmo quase taquicárdico denotando uma situação que parecia estar complemente fora de controle.
Quando a porta se abriu e Virgínia percebeu a presença de Gustavo, saltou do sofá correndo e sua direção e abraçando-o com uma intensidade quase sufocante. Gustavo, por sua vez, sentiu-se reconfortado por aquele abraço pulsante e inesperado, tal como uma recompensa que ele não sabia porque recebera e nem mesmo se a merecia. Apenas aproveitou o momento e retribui o abraço com a mesma intensidade.
Virgínia sentiu-se tranquila com o acolhimento receptivo do marido. Olharam-se por um instante e beijaram-se. Era um beijo diferente; inexplicavelmente precioso e curiosamente iniciático, como se aquele fosse o primeiro momento de suas vidas que pareciam ter renascido para uma nova era de realização e de aproximação.
E daquele beijo nasceu uma noite de plena realização onde o desejo foi totalmente correspondido e onde todas as dúvidas e inseguranças foram vencidas. Virgínia entregou-se ao marido com uma plenitude que ela mesma desconhecia possuir. Deixou que seu corpo servisse ao desejo do marido da mesma forma com que sentiu que Gustavo entregava-se a ela com uma intensidade e com um furor quase primitivo, mas, ao mesmo tempo, repleto de docilidade e de carinho. Virgínia sentia-se novamente desvirginada pelo marido, entregando-se a ele como na primeira vez em que haviam feito amor. A diferença estava apenas no fato de que ela agora sentia-se mais segura para proporcionar ao companheiro sensações antes nunca experimentadas; era uma entrega irrestrita e que encerrava em si uma renovação daquela união entre um homem e uma mulher que sempre se amaram.
A madrugada já ia alta quando, finalmente, os dois quedaram-se inertes e rendidos pelo cansaço reconfortante de uma deliciosa noite de amor. E enquanto adormecia nos braços fortes e quentes de seu marido, Virgínia sorria para si mesma com a imagem de Dafne em sua mente, sentindo que aquele sorriso era, de alguma forma, retribuído pela parceira que – em algum lugar daquela cidade – também adormecia pensando nela.
Finalmente adormeceu com a certeza em sua alma de que o dia seguinte seria o novo dia do resto de sua vida e de que tudo seria possível na certeza do desejo satisfeito e correspondido de Gustavo e de Dafne.
Adorei, apesar de não ter foto e um pouco extensos. Beijocas. Teca.
Que estória, uma verdadeira montanha russa de emoções e paixões. Com um tempero de erotismo nos lugares certos.n UAU!
Amei!
Caro Trovão, seu conto merece meu voto porque é rico em imagens sensoriais (olfativas, gustativas, táteis, visuais). Gosto também da forma como voce preenche seus contos de observações entre parentêses, o narrador conversando com o leitor. De tanto ler seus contos já noto neles algumas outras características que lhe são peculiares, mas sobre isso podemos falar em particular, em algum momento.