- Sua família é legal.
- Obrigado, gosto muito delas.
- E seu pai?
- Me expulsou de casa quando soube que eu era gay. Por isso vim para BH.
- Sinto muito.
Ficamos em silêncio por um tempo.
- E a sua família? Você nunca fala deles.
- Não tem muito o que falar. Meus pais são evangélicos radicais, então já viu o que eu tenho que ouvir, né?
- Imagino... Eles sabem de você?
- Não! Nem nunca vão saber. Acho que eles me matariam.
- Se você está dizendo...
- Você tem muita sorte de ter uma mãe que te aceita.
- Eu sei, agradeço a Deus todo dia por isso.
Ele me olhou com tanto carinho que senti meu rosto ficar vermelho de vergonha.
- O que foi?
- Obrigado.
- Pelo que, Pedro?
- Por estar aqui comigo. Sabe, passei muito tempo tentando achar alguém com quem eu pudesse desabafar. Não ter que fingir alguma coisa que eu não era. Enfim encontrei.
- Também gosto muito de você.
Ele veio até mim e carinhosamente foi me beijando. Me assustei e lhe empurrei.
- O que é isso?
- Me dá uma chance de te fazer esquecer ele.
- Mas Pedro, não é assim que funciona.
- Por favor, só se deixe levar.
- Pedro...
Ele voltou a me beijar, desta vez com mais vontade. Meio sem querer, fiz o que ele falou e me deixei levar. Já fazia um certo tempo que eu estava sem sexo e estava realmente carente. Ele foi beijando meu pescoço e tirando minha camisa. O tesão era enorme, ele era muito gostoso. Não me fiz de rogado e tirei sua camisa também. Fui beijando seu peito todo trabalhado e sua barriguinha de tanquinho.
Com uma fome sem tamanho, arranquei sua calça e cueca. Me deparei com aquele monumento lindo. Devia ter quase quinze centímetros e grosso.
Bem maior que o meu e mais ainda que o do Felipe.
Minha boca se encheu d’água e chupei com vontade.
Ele gemia como louco. Desci mais lambendo seu saco e a entrada do seu cu. Ouvi seus gemidos se intensificarem e percebi que ele tinha muito prazer naquela região. Sem me importar muito com o que acharia, fui enfiando dois dedos no seu cu.
- Vai continua... Me fode...- ele falava ofegante.
Peguei uma camisinha na gaveta, vesti ela no pau e olhei para ele. Ia ser a primeira vez que eu ia usar camisinha.
Com Felipe nunca usamos, pois éramos o primeiro um do outro e de ninguém mais. E isso ficou como algo somente nosso.
Já com outro era bem diferente.
- Posso?
- Sou todo seu.
Só quem já passou por isso sabe como é alucinante ter um homenzarrão daquele implorando para ser fodido. Com cuidado, fui colocando meu pau no seu cu, de frango assado, mas ele forçou o corpo e fez entrar tudo de uma vez.
- Safado! - falei.
- Não é a primeira que faço isso, meu caro... - riu.
Comecei a bombar forte e ele a gemer gostoso. Acho que devemos ter colocado em prática metade do Kamasutra. Transamos em tantas posições e lugares que me pau já estava esfolado. Gozei forte vendo ele gozar na minha barriga ao cavalgar em mim. Ofegante, ele saiu de cima de mim, me deu um beijo e deitou a cabeça em meu peito.
- Eu te amo... - ele sussurrou.
Aquilo me derrubou e comecei a chorar silenciosamente. Eu não podia ter feito aquilo. Ele estava apaixonado por mim e eu simplesmente fodi ele, sem amor nem nada. Ele, que no fundo era um menino tão frágil, não merecia aquilo.
Eu me senti a pessoa mais imunda do mundo ao me dar conta que transei com ele pensando em FelipeEu sou uma pessoa horrível!
- Não é para tanto, Bernardo, para de drama.
Lá estava Zeca me ouvindo e consolando mais uma vez.
- Eu devia ter percebido que ele estava apaixonado por mim. A última coisa que eu queria é ter magoado ele.
- Mas você não o magoou, e só seria uma pessoa ruim se tivesse mentido para ele, o que não aconteceu.
- E o que eu faço agora?
- Bom, ele é tão ruim de cama assim?
- Não! - falei rindo mais aliviado.
- Uai, então dê uma chance a ele. Quem sabe não é ele que vai te fazer esquecer o Felipe.
- Você acha?
- O que poderia dar errado? Você se apaixonar por ele? - me perguntou rindo.
Mesmo não acreditando muito que daria certo, aceitei o conselho de Zeca e dei uma chance a Pedro.
Passamos a nos encontrar na minha casa com frequência e transávamos feito animais no cio.
Detalhe: ele foi passivo todas as vezes.
Não combinamos isso, mas era o que sempre acabava acontecendo. Não que eu esteja reclamando, preferia ser ativo, só não sei bem se por falta de vontade ou medo do tamanho do pau dele.
Em nenhum momento eu menti falando que o amava.
Toda vez que ele soltava aquelas três palavrinhas eu respondia com um “gosto muito de você”.
Na sala ficávamos próximos. Eu tentava não me importar com Felipe, mas era impossível com ele se jogando em cima da Beatriz na cadeira ao lado.
Como já disse, Beatriz era uma pessoa estranha. Depois que ela, acredito eu, sacou o que estava acontecendo entre mim e Lipe, resolveu entrar no jogo dele.
Antes ela se fazia de difícil e sempre dava um jeito de afastar ele, mas agora ela dava espaço para ele ser mais carinhoso, sempre retribuindo sua atenção.
Renata ficou preocupada quando percebeu que minha briga com Felipe não era uma bobeirinha qualquer e até tentou nos reaproximar, mas desistiu depois de nós dois tirarmos essa ideia da sua cabeça.
Isso contribuía para que eu me jogasse cada vez mais na minha relação com Pedro. No momento ele era o meu cantinho de paz, o momento em que eu tirava férias do resto do mundo.
Março passou e chegamos em abril. Me lembrei do aniversário de Felipe que chegava e com ele o nosso aniversário de namoro. Isso me deixou um pouco para baixo, e o fato de a festa ser o assunto número um da escola não ajudava.
- Você vai ao aniversário do Felipe? - me perguntou Renata.
- Eu? Sem chance!
- Por quê?
- Uai, esqueceu que a gente não está nem se falando?
- Não, não esqueci, só achei que a amizade de vocês estava acima dessas briguinhas bobas por causa de ciúme.
- O buraco é bem mais embaixo.
- Eu sei, mas vocês deviam superar isso.
- Deixa pra lá.
- Enfim, vamos lá Bernardo, vai ser divertido.
- Já falei que não!
- Eu não desisto fácil.
Realmente ela não desistia fácil, mas eu não estava nem aí.
Não ia naquela festa nem fodendo.
Meus planos para sábado à noite, dia da festa? Me entupir de sorvete de creme assistindo a um filme de terror. Quanto mais trash melhor.
Estávamos nós quatro (eu, Felipe, Renata e Beatriz) sentados próximos como sempre, mas eu e ele ainda não tínhamos superado nossa guerra particular de silêncio. Renata se virou para mim e falou bem alto para que ele escutasse:
- E aí, Bê, sua mãe é que vai nos levar para a festa do Felipe?
Ele me olhou curioso e Beatriz sorriu sacana ao perceber o plano de Renata. Olhei para minha amiga com raiva e lhe disse entre os dentes:
- Já disse que não vou.
- Como assim não vai? - Felipe falou entrando na conversa.
Renata riu satisfeita e se virou para frente.
- Uai, não vou.
- Que bobagem é essa?
- Por quê? Vamos fingir agora que está tudo bem entre a gente?
- Eu achei que o evento era maior que isso, afinal é noss... - ele percebeu e se corrigiu rápido - meu aniversário.
- Eu sei, sinto muito, mas não vou me sentir bem lá.
- Eu faço questão que você vá.
- A resposta é não.
- Não estou pedindo. - falou enérgico.
- Oh coitado! - zombei da sua tentativa de me dar uma ordem.
- Não? Pois bem, se você não quiser eu ligo para sua mãe mais tarde e faço ela te obrigar a ir. - falou com um sorriso triunfante.
- Você não é louco!
- Espere e veja
Bufei de raiva. Ele sabia me levar muito bem, sabia que minha mãe me faria ir de qualquer jeito em consideração a ele.
- Então, vai por bem ou por mal?
- Não espere presente.
- Não faz mal.
Ele não era apaixonante? Menino mesmo.... e acho que era isso que me encantava nele... aquele jeitinho de menino, lindo demais...
Aquele corpinho miúdo...
Aqueles olhos azuis...
Ele se virou de novo para frente. Renata, que ouviu tudo, riu e lhe dei um chute para parar de se intrometer.
- Você vai? - sussurrou Pedro no meu ouvido.
- Tenho outra opção?
- Claro, basta querer.
- Eu quero... - falei quase sussurrando e jurei ter ouvido ele gemer.
- Deixa comigo então.
Eu não tinha ideia do que ele iria aprontar, mas eu topava qualquer coisa para fugir daquela festa. Tudo o que eu não precisava agora era de um lugar onde tudo me lembrasse Felipe e toda vez que eu o visse estaria com Beatriz. Não gosto de ficar sendo pisado não.
Segui as instruções que o Pedro me passou: falei para a minha mãe que iria e voltava com o pai dele. Ela acreditou, até porque eu não tinha o hábito de mentir para ela. Não me sentia bem escondendo coisas dela, mas eu entendia que era por uma causa maior.
No sábado à noite desci e fiquei esperando na porta do prédio na hora marcada como ele me pediu.
Em pouco tempo uma moto preta parou na minha frente. Me assustei achando ser algum bandido querendo me fazer mal, mas era apenas Pedro. Ele estava lindo de calça jeans clara, camisa branca bem justa e jaqueta de couro preta.
- Você é louco? Não tem idade pra dirigir!
- Relaxa, piloto melhor do que muita gente aí com anos de carteira.
- Ah, não sei...
Eu estava meio receoso. Ele só tinha dezesseis e iria me levar sei lá para onde de moto pela noite.
Mas eu também tinha só dezesseis e eu desejava aquela aventura, eu queria sentir a adrenalina.
- Confia em mim?
- Sim.
- Então sobe.
Subi na garupa da moto e me agarrei com força na sua cintura. O safado ainda empinou a bunda para trás a forçando contra meu pau, que reagiu.
- Presta atenção no trânsito!
- Ok, ok... - falou rindo e arrancou com a moto.
O vento batendo forte no rosto me dava uma sensação incrível de liberdade.
- Para onde estamos indo?
- Surpresa.
Ele foi virando nas ruas até sair na avenida principal da cidade.
- Não é perigoso te pegarem aqui?
- Relaxa, nada de ruim vai acontecer.
Ele foi subindo a avenida Afonso Pena e logo percebi para onde estávamos indo: para o alto da cidade.
O bairro das Mangabeiras fica em cima da serra que cerca BH pelo leste. Era um lugar riquíssimo, como mansões maravilhosas em volta e uma praça central onde o papa João Paulo II rezou uma missa uma vez.
De lá se via toda a cidade.
Eu acertei. Logo estávamos estacionando a moto na praça do Papa.
A vista era incrível. A cidade parecia tão pequena com seus milhões de luzes vistas lá de cima.
- É lindo... - falei.
- Eu sei, mas não acabou.
Ele pegou a mochila que tinha trazido e abriu na minha frente. Tirou alguns lanches e uma garrafa de Coca-Cola.
- O que é isso?
- Um piquenique.
- À noite?
- Ainda não percebeu que não sou um cara convencional?
- Eu gosto disso...
- E eu gosto de você. - e me lascou um beijão que fiquei até sem ar.
Passamos uma noite maravilhosa com ele me paparicando de todas as formas possíveis. Só um detalhe: eu não conseguia parar de pensar que lá embaixo, em uma daquelas luzinhas, estava Felipe comemorando seu aniversário sem mim.
Pedro era um garoto maravilhoso, mas era querer demais que ele substituísse Lipe no meu coração.
- Precisamos conversar Pedro... - falei num tom triste.
- Hum... - falou abaixando a cabeça - Pelo seu tom já sei o que é. Não se preocupe em terminar comigo, nunca nem mesmo começamos alguma coisa.
- Pedro, eu gosto muito de você...
- Mas é ele que você ama, eu sei. Fui burro pensando que seria diferente.
- Não! Eu que fui; não devia ter te usado para esquecê-lo.
- Pode me “usar” assim quando quiser. - riu.
- Obrigado por me entender.
- Obrigado por esses dois meses maravilhosos.
Nos abraçamos emocionados.
- Me responde uma coisa? - perguntou.
- Claro.
- Você alguma vez tentou esquecê-lo mesmo?
Refleti por algum tempo sobre aquela pergunta.
Eu realmente queria esquecer Felipe?
Esquecer os momentos maravilhosos que passamos juntos?
Esquecer os dias mais felizes da minha vida?
Com certeza não!
- Acho que não. No fundo eu sempre tive muito medo de esquecê-lo.
- Obrigado por ser honesto.
- É o mínimo que eu podia fazer.
- Bom, vamos lá porque já está tarde e você ainda tem que passar num lugar.
- Onde?
- Uai, na festa do Felipe.
- Sem chance!
- Ah, vai sim, vocês podem até não se acertarem hoje, mas que vão pelo menos pedir desculpas um ao outro, vão sim.
Vencido pelas suas palavras e pelo fato de eu depender dele para me levar embora, subi na garupa da moto. Em poucos minutos estávamos do lado de fora da casa dos avós de Felipe, de onde se ouvia muita gritaria.
- É aqui.
- Eu sei... - falei lhe entregando o capacete.
- Boa sorte.
- Obrigado.