IDAS E VOLTAS [22] ~ E a declaração de amor

Juliano comandou todo o beijo, apenas o acompanhei e retribui. Ele me abraçava com tanta força como se tivesse medo que eu fosse fugir, mas algo me impedia, na hora não pensei em nada até que ele mesmo foi finalizando o beijo, mas não me soltou, fiquei sem reação, inerte, meus olhos ainda estavam fechados quando ele começou a falar algo ainda abraçado a mim.

- Eu te amo meu menino! Eu te amo, Sandro. Eu te amo há muito tempo e sempre sonhei com esse beijo.

- Do que você está falando?

- Eu tinha quinze quando me interessei por você, foi quando nos encontramos na casa dos seus pais, numa visita de meus tios.

- Por isso você tirou aquela foto comigo?

- Foi algo meio maluco, inesperado, tive a ideia e Laura se prontificou a nos fotografar.

- Então, o amor platônico que você falou lá na praia...

- Era você, sempre foi.

- É lindo, mas eu não posso, não quero te magoar, minha cabeça está voltada para outra pessoa e você é um cara muito legal.

- Ninguém nessa vida vai te amar mais do que eu, o meu amor é puro, até tentei ficar com outras pessoas, mas eu sempre pensei, se um dia tiver uma chance, largo tudo pra ficar com ele.

Juliano não me soltava continuava abraçado a mim enquanto conversava, parece que ele tinha essa necessidade de me ter por perto.

- É muito bom ouvir isso de você, mas eu...

- O Roger vai se casar com sua irmã, o que você pretende? Vai continuar se humilhando, disse ele me interrompendo.

- Estou tentando me afastar dele, mas você viu, ele me liga, fica em cima e eu não que fazer.

- Me dá uma chance pra te fazer feliz, o Roger sempre vai ser assim, agora vai ter mulher, filho, isso não é vida pra você.

- Mas tem o Diego e eu nem estou preocupado com o Roger.

- O Diego também está em outra.

- Não! Nós combinamos de tentar e também fizemos um pacto de um não trair o outro.

Nessa hora ele me soltou e se afastou, mas continuou falando.

- Não quero estragar a amizade de vocês, mas o Diego está mentindo.

- O que você sabe dele que eu não sei?

- Eu não posso fazer isso?

- Você não disse que me ama? Se o seu sentimento é verdadeiro não me deixa fazer papel de bobo.

- Na volta dessa viagem provavelmente ele vai te contar.

- Contar o que Juliano? Diz o que você sabe.

- E se você não acreditar em mim? Achar que tudo isso é invenção minha?

- Isso é problema meu. Então fala, senão vou ficar chateado com você.

- O namorado do Diego é meu colega de faculdade, às vezes os via na boate que costumo frequentar, não era sempre, mas seguido estavam juntos, o Maurício faz medicina comigo, no ano passado ele casou, inclusive fui convidado para o casamento dele.

- O Diego me contou.

- Ele sabe de mim e eu dele, acabamos nos descobrindo nesses encontros na boate e ele sempre acompanhado de um cara, só que eu não sabia quem era.

- E como você ficou sabendo que era o Diego?

- No dia do seu aniversário eu o reconheci.

- O Maurício esteve no aniversário dele, mas depois disso o Diego me disse que tinha se afastado.

- O Diego tentou, mas eles vivem terminando e voltando.

- Eu sei de tudo isso.

- O Maurício gosta do Diego de verdade.

- Porque você diz isso?

- Depois que eu conheci o Diego na sua festa eu me aproximei mais do Maurício e algumas vezes até almoçamos juntos no restaurante universitário e ele me contou toda a história deles e disse que se casou por pressão dos pais.

- Isso não existe.

- Os pais do Maurício não têm condições de bancar o filho na faculdade de medicina, quem paga as despesas dele são os sogros.

- Ele teve coragem de contar isso a você?

- Não, mas eu descobri sem querer quando fomos fazer a matrícula, estava com ele no momento de realizar o acerto no atendimento financeiro.

- E o que isso tem a ver com o Diego?

- Eu disse ao Maurício que conheci o Diego por acaso na festa de aniversário do meu primo, no caso você e que o padrasto dele era parente do meu tio. Foi nesse dia que ele me contou tudo sobre eles, e ele me disse que quer se formar e morar com o Diego no exterior.

- Não acredito que ele está usando a mulher pra isso?

- Quando entramos de férias na faculdade ele me disse que tinha organizado uma viagem pra ele e o Diego passarem as festas de final de ano em Natal.

- O Diego me disse que estava com os pais.

- O Paulo e a esposa estão na Europa.

- Como você sabe disso?

- Lembra quando eu disse que estava comprando um apartamento?

- Sim, você me comentou.

- O Paulo é o meu advogado e está fazendo toda a liberação do dinheiro que tenho a receber dos meus pais. Na semana passada eu precisei de um papel para apresentar na imobiliária e fui ao escritório dele, porém a secretária me disse que ele estava viajando para a Europa e eu só conseguiria esse papel após o ano novo.

- Porque o Diego mentiria pra mim?

- Eu não sei, mas não quero gerar intriga entre vocês e também não tenho nada contra o Diego.

- Você teve uma atitude muito bonita, obrigado por abrir meus olhos.

- As pessoas se aproveitam da sua ingenuidade e eu não gosto disso.

- Tenho que deixar de ser idiota e não acreditar em tudo que me dizem.

- Eu não podia voltar sem pelo menos ter tentado, eu te amo e não tenho vergonha de dizer isso, se você quiser continuar se enganando vá atrás do Roger e do Diego, mas pode estar perdendo a chance de realmente ser feliz.

- Estou muito confuso e eu não quero te magoar.

- Nós temos que ir senão vai ficar muito tarde.

Pegamos nossas coisas e saímos, achei que ele fosse pegar a Patrícia, mas Juliano saiu direto me deixando totalmente surpreso.

- Porque você não pegou a Patrícia?

- Ela só quer se aproximar de mim por curtição e eu não quero nada com ela então é melhor assim.

- Você me surpreendeu com sua atitude.

- Eu não gosto de jogar com o sentimento das pessoas.

- Você saiu tão calado, achei que estivesse magoado comigo.

- Porque eu estaria magoado?

- Ah, pelas minhas confusões.

- Você precisa de um tempo pra por as ideias em ordem e eu tenho paciência, disse ele rindo.

Não tive o que dizer a ele, ainda estava sobre o efeito do beijo, não conseguia me imaginar beijando o Juliano e ele dizendo que me amava, era muito bom, mas não estava sabendo lidar com essa novidade. O Roger dizia que gostava de mim e o Diego eu sabia que era apenas uma tentativa.

Viajamos mais um pouco e logo começou a tranqueira de carros, ele sempre calmo, estava calado pensativo, será que pensava as mesmas coisas que eu? O fato dele não ter dado carona à Patrícia não saia da minha cabeça, será que tudo que ele falou era verdade? As pessoas estavam tão acostumadas a me enganar que eu já não sabia mais o que pensar.

Teve um momento que estava tudo parado, ele desviou atenção do trânsito, olhou pra mim e sorriu.

- Quer ligar o som?

- Posso?

- Claro, fique a vontade porque a viagem vai ser longa.

Liguei o som e coloquei numa rádio, mas não gostei muito das músicas e fiquei mexendo no controle tentando achar uma legal.

- No porta luvas tem alguns CDs dá uma olhadinha se você gosta.

Tinha um cd da Shakira que eu amo, escolhi aquele e coloquei no som.

- Você gosta da dela?

- Eu gosto e você deve gostar tem o cd dela.

- Ganhei esse CD de aniversário.

- E foi de alguém especial? Depois que perguntei me arrependi, eu não tinha nada que saber da intimidade dele.

- Muito especial, disse ele rindo.

Não tive coragem de perguntar quem era, mas fiquei pensando quem poderia ser alguém especial para ele.

- Foi a Laura que me deu disse ele sorrindo.

- Você sempre me surpreendendo, achei que fosse o ex ou alguma namorada.

- Sou um cara tranquilo, namorar demais não é comigo.

O trânsito fluía lentamente, no ritmo que estava, chegaríamos à noite em Belo Horizonte.

- Vou chegar tarde à rodoviária.

- Fica lá em casa, disse ele tranquilamente.

- Não posso, combinei com o Tiago de voltar hoje.

- Se você quiser eu ligo pra ele e para os seus pais.

- Tudo isso é vontade que eu fique?

- Eu fiquei muito feliz de ter passado à noite de sexta-feira com você.

- Foi legal mesmo, você foi uma ótima companhia, mas eu não quero forçar a barra.

- Fica essa semana comigo, é final de ano e a maioria das pessoas sai para viajar.

- Acho que não vai ser uma boa, eu preciso ver meu lance com Diego, estou confuso tenho medo de machucar a nós dois.

- Somos adultos e eu não vou forçar a barra com você.

- Meu pai precisa de mim no mercado.

- Eu falo com ele, vai ser bom, assim você pode se ambientar um pouco mais em sua nova cidade.

- Você é insistente?

- Vai aceitar ou não vai?

- Como dois bons amigos?

- Fechado, como dois bons amigos.

- Se for assim eu aceito.

- Sozinhos naquele apartamento podemos deixar a semana bem proveitosa.

- Você prometeu hein? Como dois bons amigos.

- Claro! Tem minha palavra.

- Então, assim que chegarmos vamos ligar para eles.

Depois de tanto andarmos naquela tranqueira e ter ouvido todo o CD da Shakira, olhei para o Juliano, ele parecia cansado e eu já estava entediado daquela viagem.

- Vamos parar um pouco?

- Está cansado?

- Estou, e você deve estar também.

- Já fiz esse trajeto várias vezes, mas estou cansado e precisando dar uma parada.

- Então vamos parar no próximo restaurante que encontrarmos pelo caminho.

- Podemos aproveitar e ligar para seus pais e seu irmão.

- Você vai fazer isso?

- E porque não?

- É corajoso, gosto de pessoas assim.

- Quando você tiver a oportunidade de me conhecer melhor, verá que não sou tão complicado de conviver.

- A sua companhia me faz bem, até consigo esquecer os problemas.

- Então fica comigo e você não terá esses problemas.

- Muito engraçado, mas não tem como fugir eternamente.

- Fugir não, mas dar uma trégua para eles sim.

Paramos no primeiro restaurante que encontramos, Juliano mais uma vez me surpreendeu, ligou para os meus pais e conversou com eles, explicou que estávamos atrasados e depois pediu para eu passar a semana em Belo Horizonte. Ele falava com meu pai na maior naturalidade, não demonstrava medo ou receio e essa atitude dele me assustava.

Depois ligou para o Tiago explicou tudo e disse que estava organizando um final de ano especial para nós e gostaria da presença dele e de Paula, disse que depois ligava para combinarem os detalhes.

Fomos jantar, mas estava curioso para saber o que Juliano estava aprontando para o ano novo, eu nem sabia de nada e ele já havia até convidado meu irmão.

Enquanto jantávamos resolvi perguntar a ele.

- O que você está preparando para o ano novo?

- É um lugar muito especial, eu gosto muito e acho que você vai gostar também.

- E onde é?

- Aiuruoca eu gosto muito de lá e já sei até a pousada que vamos ficar.

- Não me lembro de você ter me consultado se eu queria ir?

- Por isso mesmo que eu convidei seu irmão e a Paula, assim você não tem motivos para recusar.

- É impressão minha ou você está querendo me impressionar através do meu irmão.

- Foi apenas uma forma que encontrei de te agradar, mas se você não quer, não tem problema eu ligo para o Tiago e desmarco tudo.

- Não é isso, eu não quero nada forçado, entendeu?

- Entendi que você é muito complicado, será que é só comigo que age assim?

- Estou aprendendo a ser mais esperto.

- Comigo você não precisa ser assim, estou agindo honestamente.

- É que as pessoas quando se aproximam de mim, já vem com segundas intenções.

- Tenho maior respeito por você, mesmo a distância eu sempre tive vontade de me aproximar, mas não sabia como. Agora surgiu a oportunidade estou tentando e não é com segundas intenções como você disse é porque eu te amo e te levo a sério.

Na hora Juliano ficou vermelho, ele não gostou das minhas desconfianças, o clima que era bom se tornou chato e durante o restante do jantar ele permaneceu em silêncio.

Saímos do restaurante e seguimos viagem, ele dirigindo calado e eu em pânico sem saber o que fazer para ficarmos bem novamente.

Depois de andarmos mais de meia hora naquele silencio total, eu não resisti.

- Não sou muito de voltar atrás no que penso, mas você tem razão, te interpretei mal, me desculpa.

- Você está certo, não tinha que inventar fim de semana nenhum, amanhã eu ligo para o Tiago e peço desculpas.

- Não quero ficar de mal com você.

- Está tudo bem foi apenas uma ideia infeliz.

- Acho que não foi uma boa eu ter ficado.

- Você quer voltar pra casa?

- Não! Nós já tínhamos combinado assim, não tem porque mudar.

- Se quiser, posso te deixar na rodoviária e ligo para o seu irmão.

- Eu só quero ficar de bem com você como estávamos antes.

Ele seguia dirigindo, balançou a cabeça negativamente e sorriu.

- Então selamos a paz novamente.

- De acordo.

- Quer ligar o som?

- Não! Ainda falta muito para chegarmos?

- Está perto falta uma meia hora de viagem.

E ele estava certo, finalmente chegamos, já estava cansado de estar naquele carro e a viagem nunca acabava.

Cheguei e fui direto para o quarto do Junior, estava muito cansado da viagem só queria um banho e dormir, quando entrei no banheiro lembrei-me da toalha, fui até o quarto do Juliano para pedir uma, nem me dei por conta que não estava em casa e entrei direto, a sorte que ele não estava pelado, mas falava ao telefone.

Fechei a porta do quarto e voltei louco de vergonha para o meu, logo depois ele bateu na porta e entrou.

- Oi Sandro, você queria algo?

- Eu queria uma toalha, desculpa ter invadido o seu quarto.

- Liguei pra tia avisando que você tinha ficado comigo.

- Achei que você estava falando com outra pessoa.

- Só se ligarem pra mim, disse ele rindo.

- Tem a toalha?

- Claro, vem comigo.

Fui atrás dele, Juliano pegou uma de suas toalhas e me alcançou, mas antes de entregar se aproximou de mim, me abraçou, chegou bem perto e disse.

- A única pessoa que eu me interesso neste momento é você.

Achei que ele fosse me beijar, mas apenas chegou bem perto do meu rosto e me soltou, cheguei a ficar sem ar e saí do quarto dele.

Tomei um banho bem relaxante e deitei na cama na esperança de dormir, mas a minha mente estava longe, o que estaria acontecendo com minha irmã? E o Roger, o que se passava na cabeça dele? Será que teria coragem de seguir com o plano do casamento? E o Diego, nem me ligou mais, será que ele já estava sabendo que eu sabia da viagem com Maurício? Com certeza sim, ele sabia que eu estava com meus tios e Juliano me contaria.

Acordei no dia seguinte por volta das 10, andei por todo o apartamento e não achei o Juliano, fui até a cozinha e encontrei um bilhete na geladeira e uma bandeja com pães encima da mesa.

“Fui ao banco pagar algumas contas prepare um lanche que eu volto só depois do meio dia.”

Preparei um lanche e saí para dar uma caminhada pelo bairro, fui andando a pé e me ambientando com a cidade que logo faria parte do meu dia a dia.

Minha tia morava no bairro Anchieta, gostei muito daquele lugar, logo que saí passei na frente de uma academia tinham alguns rapazes conversando na entrada, um mais bonito que o outro, me chamou atenção. Segui em frente, cheguei numa lanchonete e comprei uma água mineral, estava muito calor. O senhor que me atendeu foi muito educado, falou do bairro e do ambiente, me senti tão bem acomodado que parecia minha cidade natal.

A medida de caminhava se passava um filme em minha cabeça, andei mais de hora e voltei pra casa. Encontrei Juliano preparando o almoço.

- Hum, cheirinho bom.

- Estou fazendo macarrão?

- Pelo aroma vai ficar delicioso.

- Onde você estava?

- Saí para dar uma volta.

- Gostou do bairro?

- Gostei, cheguei numa lanchonete, o senhor que me atendeu foi muito atencioso e passei na frente de uma academia.

- Deve ser a que eu frequento.

- Você faz academia?

- Eu faço você não?

- Nunca me interessei.

- Se você quiser depois que mudar pode fazer comigo.

- Vou pensar, achei bem interessante.

- É bom e você vai ver o quanto faz bem.

- Deve fazer um bem danado, tinha um monte de gatinhos lá na frente, disse brincando com ele.

- E não pegou nenhum? Disse ele sério.

- Você acha que eu deveria?

- Está proibido, disse ele rindo.

Ainda bem que ele levou na esportiva e não ficou chateado como no dia anterior quando falei sobre o passeio para o final de semana.

- Juliano, eu queria falar com você sobre o passeio que convidaste o Tiago.

- Esquece isso, foi uma ideia louca.

- Eu vou adorar conhecer, dizem que tem umas cachoeiras muito legais.

- Então posso convidar o Tiago e a Paula?

- Claro, vamos os quatro, vai ser divertido.

Depois disso fomos almoçar num clima de brincadeira e descontração, à tarde não tínhamos nada para fazer, começou uma chuva e não tinha como sair de casa, então ele me fez um convite bem estranho.

- Vamos fazer uma brincadeira?

- Que tipo de brincadeira?

- Vamos jogar pife com as cartas e pra não ficar muito monótono, a cada final quem ganhar tem direito a uma pergunta e um pedido.

- Esse jogo é muito perigoso.

- Tem medo de quê?

- Das coisas evoluírem além do que devem.

- Então criamos mais uma regra, quem não quiser atender ao pedido paga um mico.

- Você é acostumado a jogar esse jogo, vou sair perdendo nessa.

- Faz tempo que eu não jogo, é só uma forma de a gente passar o tempo.

- Eu aceito, mas não vou fazer coisas que não quero.

- E nem eu desejo isso, quero você bem à vontade, é só uma brincadeira.

- Então eu aceito.

- Vou pegar as cartas, disse ele rindo.

Sentamos no chão da sala e colocamos uma mesinha de centro para jogarmos.

- Quem começa? Disse ele já com o baralho na mão.

- Pode ser você mesmo e embaralha bem essas cartas.

Ele deu um sorriso e começou a embaralhar as cartas. Depois de toda praxe do início do jogo, começamos a primeira partida e ganhei com facilidade.

- Tem direito a fazer uma pergunta e um pedido.

- Desde quando você tem minhas fotos no celular?

- Tenho algumas delas desde nosso encontro há cinco anos, tinha elas gravadas no meu antigo aparelho e depois fui trocando conforme fui mudando de celular.

- Porque isso?

- Aí já é uma segunda pergunta disse ele rindo.

- Está certo, então o meu pedido é ver uma foto do Augusto.

- Pra que você quer?

- É o meu pedido.

- Eu não tenho, rasguei e exclui tudo.

- Então vai ter que pagar um mico.

- É você que escolhe?

- Sim, eu pensei e logo me veio à ideia, ia ser hilário, canta e dança uma música da Xuxa.

Ele levantou pegou o controle da tv e começou:

“Bom estar com você

Brincar com você

Deixar correr solto

O que a gente quiser

Em qualquer faz de conta

A gente apronta

É bom ser moleque

Enquanto puder”

Enquanto Juliano pagava seu mico, comecei a rir do seu jeito, ele dançava e cantava de forma bem atrapalhada, mas valeu a pena, no final ríamos de tudo.

- Já chega, disse ele sorrindo.

- Agora é minha vez de dar as cartas.

Sentamos novamente para a segunda rodada. Distribui as cartas e ele de cara já deu um sorriso, deveria estar com boas jogadas, será que eu não embaralhei bem as cartas? Nem deu tempo de pensar e logo ele ganhou.

- Agora é minha vez de me vingar, disse ele rindo e tirando a blusa.

- Você nem fez o pedido e tirou a blusa.

Ele começou a rir e disse.

- Está calor.

- Vai devagar com essa pergunta e esse pedido.

- Lá na praia quando te beijei apesar de imobilizado, nem por um segundo esboçou reação, o que você sentiu?

- E você disse que ia ser bem light nas perguntas?

- Vai! Eu quero saber.

- Fui pego de surpresa, eu gostei e retribui, mas foi só isso.

- Ele deu um sorriso e calou-se.

- Vai devagar com o pedido.

- Eu quero um beijo na boca e de língua.

- Ah não Juliano, isso é jogo baixo.

- Quer pagar o mico? Disse ele sorrindo.

- Qual é o castigo?

- Você escolhe um ou outro, depois eu digo qual o castigo.

- Quero o castigo!

- Ele deu uma risada e disse: tem certeza?

Eu sabia que ele ia aprontar comigo, pensei bem e resolvi beijá-lo.

- Vou beijar!

- A escolha é sua.

- Você vai me aprontar outra pior, tenho certeza disso.

Fui até ele e prontamente se levantou me abraçando pela cintura aproximando dele.

- Você está jogando baixo.

- As regras foram ditas e você aceitou, é só uma brincadeira.

Juliano fechou os olhos e eu aproximei meus lábios e o beijei sem envolver minha língua, mas ele colocou sua língua na minha boca, entrei no jogo dele e chupei. Foi rápido e me afastei.

Voltei para o meu lugar senti vergonha do que fiz, fiquei nervoso, um calor subiu para o meu rosto e minhas mãos ficaram trêmulas, ele apenas sorriu e sentou-se ao seu lugar.

- Minha tia tem um vinho suave que é muito gostoso e está geladinho, vamos tomar?

- Está maluco, quer me ver bêbado?

- Não fica bêbado, é só pra gente ficar mais alegrinho.

- Você garante que não fica bêbado?

- Quando você sentir que é hora de parar, nós paramos.

- Então vamos beber.

Ele buscou duas taças e abriu o vinho, provei e estava muito gostoso, era um dia quente e aquele vinho gelado desceu bem.

- Agora sou eu que dou as cartas.

Jogamos a terceira partida e ele ganhou novamente.

Eu já tomava a segunda taça de vinho já estava mais a vontade no jogo e me sentia preparado para enfrentar Juliano.

- Está calor, você se importa se eu tirar minha bermuda?

- Isso já faz parte da pergunta?

- Pode ser?

- Por mim tudo bem, depois que falei me arrependi ele ia se aproveitar da situação.

Ele tirou a bermuda e ficou só de cueca não lembro muito bem a cor, mas acho que era box preta, desviei minha atenção, pois aquele jogo estava ficando excitante demais e eu já não sabia onde toda aquela provocação ia parar.

- Qual é o pedido?

- Tire a sua camiseta está calor.

Tirei a camiseta e cumpri a tarefa, na hora pensei, essa foi fácil.

Mais uma partida, dessa vez caprichei e ganhei, procurava não olhar muito para o corpo dele, não era uma tarefa muito fácil, pois eu sentia tesão por ele e não queria avançar o sinal.

- O que o Augusto sente por você?

- Não sei, ele está namorando, mas vive me ligando para sair.

- E você tem saído?

- Essa já é uma segunda pergunta, mas eu respondo.

- No momento eu só quero você e nada que venha de fora me interessa, exemplo disso foi a Patrícia.

Ele aproximou de onde eu estava, sentou ao meu lado no chão e começou acariciar o meu rosto e disse:

- Tudo o que eu mais quero é uma chance.

- Eu não quero me envolver com ninguém sem acertar as coisas com Diego, nós temos um pacto.

- Pacto que ele quebrou ao viajar com Mauricio.

- Mesmo assim, vou seguir minha palavra até o fim.

- Eu te admiro por ser assim e seu jeito de agir me deixa mais fascinado ainda.

- Vamos continuar o jogo? Esse é o meu pedido, falei me afastando dele.

Ele voltou para o lugar, embaralhou as cartas e uma nova partida foi iniciada.

- Mais um pouquinho de vinho?

- Acho que já está na hora de parar.

- Só mais uma taça?

- Só mais uma então.

Ele serviu e seguimos jogando, já estávamos alegrinhos, ríamos por nada até que Juliano ganhou mais uma e eu senti que o clima estava esquentando. Era o contraste do que acontecia lá fora do apartamento, no céu muitos trovões que por vezes assustavam e a chuva forte batia nos vidros da janela, já não sabia se resistiria às investidas dele, que estava muito sexy, percebia-se nitidamente sua excitação e eu também há essas alturas já estava excitadíssimo.

Ele com um sorriso atravessando seu rosto e eu fiquei com receio do que vinha pela frente, mas Juliano me surpreendeu.

- O que o Roger representa pra você? Perguntou sério, sabia que aquela resposta valia muito pra ele, mas eu tinha que ser sincero.

- Roger foi o primeiro cara que me envolvi, sinto algo muito forte por ele que vem de longa data e ao mesmo tempo, tenho muita raiva e mágoa por ele estar usando minha irmã.

- Você já parou pra pensar que ele pode amar sua irmã?

- Eu sei que ele não ama, vive me procurando e quando estamos juntos é diferente, me sinto completo, realizado, coisa que não senti com Lucas e Diego.

- Lucas?

- Outro cara que eu fiquei e acabou por isso mesmo.

- E o Diego?

- É muito bom, mas é tesão, ele é muito bacana comigo e me ajudou num momento crucial em que estava precisando de amparo.

- Acho que perguntei demais, vou dispensar o pedido já que você foi sincero comigo.

- Sabe por que eu não me envolvo com você?

Ele não disse nada, porque sabia a razão, mas fui sincero com ele mais uma vez.

- Eu não quero te machucar, você é especial pra mim.

Ele me encarou e seu semblante era de tristeza. Como queria que tudo fosse diferente e na verdade o amasse como merecia, mas eu não podia brincar com os sentimentos dele, preferia que sofresse um pouco a ficar magoado comigo para o resto da vida.

Já estava escuro e a chuva continuava caindo, já tínhamos bebido a garrafa de vinho e estávamos praticamente bêbados.

- Última partida, disse ele.

Jogamos e ele ganhou, eu já nem me interessava mais no jogo de tão elevado que estava na bebida, mas ele sempre firme, era resistente ao álcool.

- Qual a pergunta? Falei já enrolando a língua todo bobo e sorridente.

- O meu último pedido vai valer pela pergunta.

- Se você quiser transar comigo eu não quero, disse rindo e totalmente bêbado.

- Não, respondeu ele rindo encostado no sofá já quase bêbado.

- Você é muito charmoso, sexy, mas eu não quero transar.

Estava bêbado, mas ainda consciente, deitei no tapete e ria sem parar, ele saiu do seu lugar, veio se arrastando pra onde eu estava, ria muito assim como eu e deitou ao meu lado.

- Você ainda quer fazer um pedido?

- Quero, ele respondeu rindo e depois de muito esforço veio e deitou somente a parte do tórax por cima de mim e ficou acariciando meu rosto.

O contato de seu peitoral nu contra o meu fez meu sangue ferver, fiquei mais excitado ainda, ele ria muito, não sei se era efeito da bebida ou tesão acumulado, mesmo assim aproximou seu rosto do meu e me beijou um selinho, fechei os olhos e um novo beijo dessa vez um pouco mais demorado. Um calor se apossou de nossos corpos estávamos suados e entregues ao desejo, tinha vontade de empurrá-lo e ao mesmo tempo queria curtir todo aquele tesão que tomava conta do meu corpo.

Quando acabou o beijo achei que ele fosse sair de cima de mim, mas Juliano colocou seu corpo inteiro e me envolveu por completo, senti seu pau duro em contato com meu. Ele voltou a me beijar com mais intensidade, dessa vez eu me entreguei por completo não era de ferro, não pensei em mais nada, queria ser dele aquela noite, poderia fazer de mim o que quisesse, já não tinha mais resistências, ele chupava minha língua, seu beijo era tão possessivo que tirava minhas forças, envolvi meus braços em suas costas e cheguei a arranhá-lo com as unhas.

Não sei quanto tempo ficamos naquele beijo até que ele levantou rapidamente e não sei como saiu rumo ao banheiro e eu fiquei ali no chão com o tesão me consumindo e querendo a qualquer custo terminar o que tínhamos começado.

Fiquei ali por muito tempo até que criei coragem, reuni forças e me segurando pelas paredes consegui chegar ao banheiro, liguei o chuveiro no frio, sentei no chão e fiquei ali tentando me recuperar.

Estava tão perdido e confuso que comecei chorar, já não pensava em ninguém, era eu e minhas dúvidas e talvez o efeito do vinho.

Aos poucos fui me recuperando, consegui me levantar e terminei o banho. Quando estava quase acabando Juliano bateu a porta do banheiro, mas não entrou.

- Está tudo bem com você?

- Sim, estou bem, gritei para ele.

Terminei meu banho troquei de roupa, deitei na cama e apaguei por completo.

Acordei no outro dia escutando o canto dos passarinhos perto da janela, fiquei quieto na cama só ouvindo a alegria deles naquela manhã.

Minha cabeça doía, devia ser da ressaca. Levantei da cama e fui até a cozinha, olhei por tudo para ver se encontrava um remédio e não encontrei.

Fui até o quarto do Juliano, bati na porta e ele não me respondeu, bati mais uma vez e nada, fiquei preocupado e entrei no cômodo, estava tudo escuro, mas deu para perceber que ainda dormia, acendi a luz e fui até ele.

- Ju, acorda!

E nada dele acordar, continuava ferrado no sono, mexi nele e chamei-o novamente.

- Ju, está tudo bem?

- Estou bem e você?

- Estou com dor de cabeça, mas ficarei bem.

- Vou te conseguir um remedinho que vai melhorar rápido.

Ele levantou da cama, vestiu uma bermuda, foi até sua cômoda e pegou um remédio. Fomos até a cozinha, ele pingou algumas gotas num copo de água e me deu.

- Daqui a pouco você melhora e desculpa por ontem.

- Não precisa pedir desculpas, está tudo certo.

- Vamos dar uma volta pela cidade? Podemos almoçar no shopping.

Fomos almoçar no shopping que apesar de ser dia de semana, estava bem movimentado, fomos para a praça de alimentação e nos servimos, era bufe livre.

Durante todo o tempo que almoçamos, Juliano parecia estar de bem, estava sempre sorridente e me mostrando tudo.

- Eu pensei que ontem você tinha ficado chateado comigo?

- Não teria porque, mas se quer se redimir, que tal aceitar meu convite para um cinema?

- Eu aceito.

Fomos pra fila e ele comprou os ingressos, na hora nem me dei conta que tipo de filme era. Entramos na sala de cinema e sentamos em nossos lugares, estávamos animados, mas quanto eu olhei para o telão quase desmaiei.

- Eu não vou assistir a esse filme?

- Deixa de ser bobinho Sandro, é só um filme.

- Eu tenho medo e não gosto.

- Senta no seu lugar, que hoje você vai perder esse medo, é só ficção.

- Não posso depois eu não durmo à noite.

- De onde você tirou tanto medo?

- Meu irmão é apaixonado por esses filmes, uma vez eu inventei de assistir, passei uma semana sem dormir sozinho, tenho medo.

- Não acontece nada demais é só a sua imaginação.

- Por favor, vamos sair daqui?

- Você está atrapalhando, senta e se acalma.

Ele puxou meu braço e fez-me sentar ao lado dele, iniciou o filme e eu entrei em pânico, enquanto ele ria e se divertia as minhas custas.

Tive vontade de chorar e sair dali sem o consentimento dele, mas eu pensei, porque todo esse medo? Se o Juliano pensou que ia se aproveitar da minha fragilidade, se deu mal. Isso é tudo psicológico, tomei coragem e assisti ao filme, nas cenas mais tórridas fechava os olhos, mesmo assim em algumas cenas segurei nele. Eu não via, mas ouvia.

Quando acabou o filme senti um mal estar e uma vontade de vomitar, meu estômago parecia estar revirado.

Saímos do cinema e voltamos para a praça de alimentação, senti uma tontura e quase caí, a sorte que Juliano estava perto e me segurou.

Sentei numa mesa e ele me trouxe uma água, fui tomando e aos poucos melhorando.

- Está melhor?

- Estou! Não sei o que está acontecendo comigo, será que é por causa do filme?

- Você já tinha sentido isso antes?

- Não, foi à primeira vez.

- Deve ter sido por causa do filme, me desculpa não imaginava que você ficaria assim?

- Tudo bem, não esquenta.

- Melhorou a dor de cabeça?

- Tava melhorando, mas voltou a doer.

- Vamos ao médico, é melhor.

- Não! Já estou me sentindo bem.

- Não discuta comigo, vamos ao médico e nos certificamos que está tudo bem.

Mesmo não querendo, não teve jeito, ele me levou numa clínica, por sorte eu tinha plano de saúde, o que é uma facilidade na vida da gente.

Cheguei à clínica, minha pressão arterial estava baixa, logo o médico me atendeu e disse que eu tinha uma virose, me encaminharam para uma salinha e lá me colocaram no soro por umas duas horas e me deram mais um remédio para tomar. Juliano ficou comigo o tempo todo, sempre tentando me animar porque detesto agulha, injeção e etc.

Quando fui liberado da clínica já estava anoitecendo, eu já estava melhor, mas tinha a sensação de moleza no corpo, era algo estranho que nunca tinha sentido antes.

- Ju, será que eu senti isso por causa do filme.

- Não! Foi apenas uma coincidência, deve ter sido por causa da mudança de temperatura.

- Ou do vinho que eu tomei.

- Pode ter sido e agora como você se sente?

- Como se passasse um rolo compressor por cima de mim.

- Vamos pra casa, vou cuidar de você.

- Não é pra tanto.

- Está com fome?

- Meu estômago está todo embrulhado.

- Vou fazer uma sopinha bem gostosa e vai te fazer bem.

- Você tem sido muito legal comigo.

- Tenho certeza que se fosse eu, você faria o mesmo.

- Tens que ligar para o Tiago e avisar que não passou bem.

- Não vejo necessidade, só vou preocupar o meu irmão.

- Se você não fizer isso, eu faço.

- Está certo, papai.

Ele sorriu, entramos no carro e voltamos para o apartamento.

- Desculpa por tudo.

- Tudo o que?

- Pelo filme, achei que fosse legal, que ia nos aproximar.

- E aproximou, não estamos conversando agora?

- Estamos, mas poderia ser diferente, não imaginei que você fosse passar mal.

- Passei mal, mas não foi por causa do filme.

- Você ficou nervoso e isso ajudou a provocar o mal estar.

- Vamos esquecer isso?

- Vamos! Não se esquece de ligar para o seu irmão, vou preparar algo para você se alimentar.

Liguei para o Tiago e logo veio à bronca.

- Oi maninho tudo bem com você?

- Lembrou que tem irmão, muito obrigado por nem me avisar que ia ficar aí com Juliano.

- Não faz drama.

- Se não fosse ele me ligar, até agora estaria esperando um contato seu.

- Deixa de ciúmes.

- Não são ciúmes, fico preocupado com você.

- Por falar nisso, tenho uma coisa pra te contar.

- Primeiro eu quero saber de uma coisa.

- Que coisa?

- Você e o Juliano estão juntos?

- Estamos, mas não como você está pensando.

- Que história é essa de passar o final de ano numa pousada?

- Ideia dele, vai ser legal, você vem com a Paula, né?

- Ele insistiu tanto no convite que nós vamos.

- Estou adorando a ideia e vocês eu tenho certeza, vão gostar.

- Está bem empolgadinho e o Diego?

- Está viajando, falei com ele esses dias.

- E porque o desânimo? Não me diga que acabou?

- Não acabou, mas nós precisamos conversar quando ele voltar, o Juliano é só meu amigo.

- Você e suas confusões, toma cuidado.

- Nem são tantas assim, preciso te contar uma coisa.

- Olha o que você anda aprontando?

- Hoje eu fui ao shopping com o Juliano assistir um filme, era de terror.

- De terror? Que milagre é esse?

- Foi uma brincadeira dele e teve outras coisas que depois eu preciso te contar, mas tem que ser pessoalmente.

- O que aconteceu?

- Eu passei mal e o Juliano me levou numa clínica.

- O que você sentiu?

- Tontura, mal estar e dor de cabeça, também pode ter sido pelo vinho que eu tomei ontem.

- Você tomou vinho?

- Faz parte das coisas que preciso te contar, mas resumindo me disseram que tenho uma virose e a minha pressão estava baixa.

- Me passa para o Juliano, quero falar com ele.

- O que você quer com ele?

- Conversar com ele, só isso e vai logo.

Fui até o Juliano e passei o telefone, os dois conversaram longamente e ele explicou tudo o que tinha acontecido só assim Tiago se convenceu.

- Ele quer falar com você, disse Juliano me passando o telefone.

- Qual é a bronca?

- Se não se sentir bem avisa o Juliano.

- Eu não sou criança pra ser tratado assim.

- É assim ou outra vez você não sai e posso até voltar atrás na sua mudança para Belo Horizonte.

- Está certo já entendi, falei chateado com ele.

- Isso é para o seu bem e não fica chateado comigo, faço isso porque prezo por você.

Desligamos o telefone, me senti como uma criança que para fazer qualquer coisa precisa pedir autorização para o pai e a mãe. O Tiago era muito legal comigo, mas às vezes pecava pelo zelo em excesso.

Juliano sentiu que não estava bem, veio ao meu encontro e me deu um abraço que naquela hora foi muito bom, me senti entendido e ao mesmo tempo protegido.

- Não fica assim? Ele gosta muito de você?

- Tem horas que ele me sufoca, é zelo demais.

- Você devia ficar feliz, sabe quanto tempo não recebo um abraço dos meus irmãos biológicos?

- Você não tem contato com eles?

- Tenho, mas a nossa relação é de alguém distante, bem diferente da sua relação com Tiago e Aline.

- Aline não é tanto quanto o Tiago, eu gosto desse carinho, mas tem horas que preciso do meu espaço.

- Ele ficou preocupado, o Tiago te ama muito, tenta entender.

- Você tem razão.

- Vem comigo, você precisa se alimentar.

- Obrigado por ter tanta paciência comigo.

- Sua companhia me faz bem e também se acontece alguma coisa com você o Tiago arranca minha cabeça fora, disse ele rindo.

Fomos para a mesa, a sopa que ele fez estava gostosa, embora eu não estivesse bem, fui praticamente forçado a comer de tanto ele insistir.

Depois do jantar tomei um banho e fui deitar. Juliano ainda foi até o quarto perguntando se queria alguma coisa, agradeci e tentei dormir, mas eu não conseguia, ouvia os gritos do filme direitinho na minha cabeça, fora a dor no corpo do efeito da virose, mesmo assim permaneci na cama tentando pegar no sono até que ouvi um batido na porta.

- Já dormiu? Perguntou Juliano da porta.

- Não consigo dormir.

Ele entrou acendeu a luz e veio ao meu encontro, colocou a mão na minha no meu rosto e na minha cabeça como se medisse minha febre.

- Não está com febre, quer que eu fique aqui com você?

- Estou bem é só uma moleza no corpo.

- Vou te fazer companhia, você se importa?

- Não! Pega seu travesseiro e deita aqui.

Ele apagou a luz e deitou ao meu lado, não sei se estava com receio, mas não chegou perto de mim.

- Juliano!

- Oi!

- Pode chegar mais perto.

- Está com medo?

- Não.

Juliano aproximou e me envolveu em seus braços. O ar condicionado estava ligado no frio, mas ele estava tão quentinho, era estranho estar envolvido em seus braços e ao mesmo tempo era muito bom.

Ele estava calado, eu não sabia se estava dormindo ou não, virei de frente e me aproximei ainda mais, não pensei direito o que estava fazendo, agia por impulso, envolvi minhas pernas às dele, senti a suavidade nossas pernas se roçando, passei a acariciar com meu pé a sua perna, ele se encolheu todo na cama e comecei a rir baixinho.

Envolvi meu braço na volta de sua cintura e o aproximei mais ainda e ele suspirou o ar quase num gemido.

- Não me provoca ou não respondo por mim, disse ele baixinho.

Esqueci tudo que tinha prometido a mim mesmo e coloquei meu corpo por cima do dele, aproximei de seus lábios e o beijei com força, com desejo e volúpia, ele apenas me envolveu em seus braços e correspondeu ao beijo.

Beijei muito estava carente e na hora só tinha vontade de estar com ele, esqueci Diego, esqueci Roger, esqueci que ele era meu amigo e curti o momento até que interrompi o beijo e fiquei distribuindo selinhos em seu rosto, ele estava meio perdido sem entender minha atitude até que falou.

- Me dá uma chance pra eu provar que te amo.

- Não fala nada, só me beija.

Voltamos a nos beijar, sentia seu pau latejante em contato com o meu, levei minha mão até ele e apertei, Juliano soltou um gemido entre um beijo e outro, já tinha perdido a noção de tudo ele beijava muito bem e me envolvia totalmente, levei minha mão e tentei colocar por dentro de sua bermuda, mas ele foi ágil e me segurou.

- Melhor pararmos, depois você vai se afastar de mim e não sei se vou aguentar isso.

Voltei à razão e fiquei louco de vergonha.

- Desculpa, desculpa, desculpa, que vergonha.

- Não fica assim, tem algo que você me disse dia desses e eu achei muito importante, se tiver que acontecer, tem que ser bom para os dois, agora estamos carentes e não seria uma boa.

- Você tem razão me desculpa.

- Gostei do beijo, principalmente porque foi você que tomou iniciativa.

- Por favor, não misture as coisas, isso não significa que estamos juntos.

- Eu sei, tenho paciência e certeza que uma hora você vai perceber que ninguém te ama mais do que eu.

- Acho melhor você dormir na sua cama.

- Não tem necessidade, nós somos adultos o suficiente para nos controlarmos.

- Você me surpreende.

- Por quê?

- É o primeiro cara que eu me aproximo que não partiu para o sexo já no primeiro contato.

- Porque eu desejo mais do que isso com você, sexo é bom, é importante, mas não é tudo.

- É por isso que eu não quero te magoar, principalmente agora que estabelecemos essa relação bonita entre nós dois.

- Vamos dormir?

- Vamos.

Dormimos abraçados, como dois grandes amigos. A relação que estabelecemos era bonita para estragá-la com ações precipitadas, ele sabia que eu estava confuso e jamais me envolveria com alguém sem resolver minha situação com Diego, poderia até fazer burrada, porque nunca fui santo, mas também depois viria o arrependimento.

No dia seguinte acordei mais disposto, ainda sentia um mal estar, mas já estava bem melhor, Juliano não estava mais na cama, levantei e fui até a sala.

- Já acordou? Disse ele da cozinha.

- Estava mais do que na hora e já estou bem graças a Deus.

- Vou à academia disse ele já se preparando para sair, quer me acompanhar?

- É melhor eu ficar, não quero te atrapalhar.

- Não atrapalha, vem comigo, espero você mudar de roupa.

- Só vou acompanhar.

- Tranquilo.

Troquei de roupa e fui com ele. Na entrada da academia encontrei os mesmos carinhas que tinha visto quando passei na frente, assim que chegamos um deles cumprimentou Juliano e em seguida entramos.

- Bom dia Juliano, trouxe um novo aluno para a nossa academia? Cumprimentou um rapaz muito bonito, deveria ser o instrutor ou um dos donos da academia.

- Bom dia Breno, esse é meu primo Sandro, ele está de passeio, mas logo estará de mudança aqui pra cidade.

- Vai morar aqui perto?

- Vou.

- Você gosta de ginástica?

- Não muito, respondi rindo e eles caíram na risada.

- Ginástica é bom, faz tempo que o Juliano frequenta nossa academia.

- Se ele aceitar, podemos vir juntos.

- Depois a gente pensa nisso.

Apesar de nunca entrar numa academia eu gostei da galera, era divertida. Depois fiquei sabendo que o Breno era um dos donos da academia, gostei dele, era simpático e sabia cativar os alunos. No final da aula do Juliano, o Breno já havia me conquistado a frequentar sua academia.

Depois da academia voltamos pra casa, Juliano ligou novamente para a pousada e confirmou tudo. No dia seguinte viajaríamos para Aiuruoca e lá nos encontraríamos com Tiago e Paula.

À tarde aproveitamos para conhecer um pouco de Belo Horizonte, ele me levou para conhecer minha nova escola onde terminaria meu ensino médio e também me mostrou onde era o cursinho que faria pré-vestibular, foi bom, era incrível, mas eu já me sentia em casa, adorei a cidade e a expectativa do futuro próximo. Ainda não sabia ao certo o que me aguardava, mas era uma sensação muito boa e também pude perceber que tanto a escola como meu curso ficava perto da minha futura casa.


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Comentários


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elzonetto Comentou em 03/08/2024

Nossa! Que turbilhão de emoções para o Sandro. Que ele consiga resolver suas situações e possa ser feliz com o Juliano. Acompanhando!!!! Não demore a postar!!!




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Ficha do conto

Foto Perfil contosdelukas
contosdelukas

Nome do conto:
IDAS E VOLTAS [22] ~ E a declaração de amor

Codigo do conto:
217375

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
03/08/2024

Quant.de Votos:
4

Quant.de Fotos:
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