- Eu te amo meu menino! Eu te amo, Sandro. Eu te amo há muito tempo e sempre sonhei com esse beijo.
- Do que você está falando?
- Eu tinha quinze quando me interessei por você, foi quando nos encontramos na casa dos seus pais, numa visita de meus tios.
- Por isso você tirou aquela foto comigo?
- Foi algo meio maluco, inesperado, tive a ideia e Laura se prontificou a nos fotografar.
- Então, o amor platônico que você falou lá na praia...
- Era você, sempre foi.
- É lindo, mas eu não posso, não quero te magoar, minha cabeça está voltada para outra pessoa e você é um cara muito legal.
- Ninguém nessa vida vai te amar mais do que eu, o meu amor é puro, até tentei ficar com outras pessoas, mas eu sempre pensei, se um dia tiver uma chance, largo tudo pra ficar com ele.
Juliano não me soltava continuava abraçado a mim enquanto conversava, parece que ele tinha essa necessidade de me ter por perto.
- É muito bom ouvir isso de você, mas eu...
- O Roger vai se casar com sua irmã, o que você pretende? Vai continuar se humilhando, disse ele me interrompendo.
- Estou tentando me afastar dele, mas você viu, ele me liga, fica em cima e eu não que fazer.
- Me dá uma chance pra te fazer feliz, o Roger sempre vai ser assim, agora vai ter mulher, filho, isso não é vida pra você.
- Mas tem o Diego e eu nem estou preocupado com o Roger.
- O Diego também está em outra.
- Não! Nós combinamos de tentar e também fizemos um pacto de um não trair o outro.
Nessa hora ele me soltou e se afastou, mas continuou falando.
- Não quero estragar a amizade de vocês, mas o Diego está mentindo.
- O que você sabe dele que eu não sei?
- Eu não posso fazer isso?
- Você não disse que me ama? Se o seu sentimento é verdadeiro não me deixa fazer papel de bobo.
- Na volta dessa viagem provavelmente ele vai te contar.
- Contar o que Juliano? Diz o que você sabe.
- E se você não acreditar em mim? Achar que tudo isso é invenção minha?
- Isso é problema meu. Então fala, senão vou ficar chateado com você.
- O namorado do Diego é meu colega de faculdade, às vezes os via na boate que costumo frequentar, não era sempre, mas seguido estavam juntos, o Maurício faz medicina comigo, no ano passado ele casou, inclusive fui convidado para o casamento dele.
- O Diego me contou.
- Ele sabe de mim e eu dele, acabamos nos descobrindo nesses encontros na boate e ele sempre acompanhado de um cara, só que eu não sabia quem era.
- E como você ficou sabendo que era o Diego?
- No dia do seu aniversário eu o reconheci.
- O Maurício esteve no aniversário dele, mas depois disso o Diego me disse que tinha se afastado.
- O Diego tentou, mas eles vivem terminando e voltando.
- Eu sei de tudo isso.
- O Maurício gosta do Diego de verdade.
- Porque você diz isso?
- Depois que eu conheci o Diego na sua festa eu me aproximei mais do Maurício e algumas vezes até almoçamos juntos no restaurante universitário e ele me contou toda a história deles e disse que se casou por pressão dos pais.
- Isso não existe.
- Os pais do Maurício não têm condições de bancar o filho na faculdade de medicina, quem paga as despesas dele são os sogros.
- Ele teve coragem de contar isso a você?
- Não, mas eu descobri sem querer quando fomos fazer a matrícula, estava com ele no momento de realizar o acerto no atendimento financeiro.
- E o que isso tem a ver com o Diego?
- Eu disse ao Maurício que conheci o Diego por acaso na festa de aniversário do meu primo, no caso você e que o padrasto dele era parente do meu tio. Foi nesse dia que ele me contou tudo sobre eles, e ele me disse que quer se formar e morar com o Diego no exterior.
- Não acredito que ele está usando a mulher pra isso?
- Quando entramos de férias na faculdade ele me disse que tinha organizado uma viagem pra ele e o Diego passarem as festas de final de ano em Natal.
- O Diego me disse que estava com os pais.
- O Paulo e a esposa estão na Europa.
- Como você sabe disso?
- Lembra quando eu disse que estava comprando um apartamento?
- Sim, você me comentou.
- O Paulo é o meu advogado e está fazendo toda a liberação do dinheiro que tenho a receber dos meus pais. Na semana passada eu precisei de um papel para apresentar na imobiliária e fui ao escritório dele, porém a secretária me disse que ele estava viajando para a Europa e eu só conseguiria esse papel após o ano novo.
- Porque o Diego mentiria pra mim?
- Eu não sei, mas não quero gerar intriga entre vocês e também não tenho nada contra o Diego.
- Você teve uma atitude muito bonita, obrigado por abrir meus olhos.
- As pessoas se aproveitam da sua ingenuidade e eu não gosto disso.
- Tenho que deixar de ser idiota e não acreditar em tudo que me dizem.
- Eu não podia voltar sem pelo menos ter tentado, eu te amo e não tenho vergonha de dizer isso, se você quiser continuar se enganando vá atrás do Roger e do Diego, mas pode estar perdendo a chance de realmente ser feliz.
- Estou muito confuso e eu não quero te magoar.
- Nós temos que ir senão vai ficar muito tarde.
Pegamos nossas coisas e saímos, achei que ele fosse pegar a Patrícia, mas Juliano saiu direto me deixando totalmente surpreso.
- Porque você não pegou a Patrícia?
- Ela só quer se aproximar de mim por curtição e eu não quero nada com ela então é melhor assim.
- Você me surpreendeu com sua atitude.
- Eu não gosto de jogar com o sentimento das pessoas.
- Você saiu tão calado, achei que estivesse magoado comigo.
- Porque eu estaria magoado?
- Ah, pelas minhas confusões.
- Você precisa de um tempo pra por as ideias em ordem e eu tenho paciência, disse ele rindo.
Não tive o que dizer a ele, ainda estava sobre o efeito do beijo, não conseguia me imaginar beijando o Juliano e ele dizendo que me amava, era muito bom, mas não estava sabendo lidar com essa novidade. O Roger dizia que gostava de mim e o Diego eu sabia que era apenas uma tentativa.
Viajamos mais um pouco e logo começou a tranqueira de carros, ele sempre calmo, estava calado pensativo, será que pensava as mesmas coisas que eu? O fato dele não ter dado carona à Patrícia não saia da minha cabeça, será que tudo que ele falou era verdade? As pessoas estavam tão acostumadas a me enganar que eu já não sabia mais o que pensar.
Teve um momento que estava tudo parado, ele desviou atenção do trânsito, olhou pra mim e sorriu.
- Quer ligar o som?
- Posso?
- Claro, fique a vontade porque a viagem vai ser longa.
Liguei o som e coloquei numa rádio, mas não gostei muito das músicas e fiquei mexendo no controle tentando achar uma legal.
- No porta luvas tem alguns CDs dá uma olhadinha se você gosta.
Tinha um cd da Shakira que eu amo, escolhi aquele e coloquei no som.
- Você gosta da dela?
- Eu gosto e você deve gostar tem o cd dela.
- Ganhei esse CD de aniversário.
- E foi de alguém especial? Depois que perguntei me arrependi, eu não tinha nada que saber da intimidade dele.
- Muito especial, disse ele rindo.
Não tive coragem de perguntar quem era, mas fiquei pensando quem poderia ser alguém especial para ele.
- Foi a Laura que me deu disse ele sorrindo.
- Você sempre me surpreendendo, achei que fosse o ex ou alguma namorada.
- Sou um cara tranquilo, namorar demais não é comigo.
O trânsito fluía lentamente, no ritmo que estava, chegaríamos à noite em Belo Horizonte.
- Vou chegar tarde à rodoviária.
- Fica lá em casa, disse ele tranquilamente.
- Não posso, combinei com o Tiago de voltar hoje.
- Se você quiser eu ligo pra ele e para os seus pais.
- Tudo isso é vontade que eu fique?
- Eu fiquei muito feliz de ter passado à noite de sexta-feira com você.
- Foi legal mesmo, você foi uma ótima companhia, mas eu não quero forçar a barra.
- Fica essa semana comigo, é final de ano e a maioria das pessoas sai para viajar.
- Acho que não vai ser uma boa, eu preciso ver meu lance com Diego, estou confuso tenho medo de machucar a nós dois.
- Somos adultos e eu não vou forçar a barra com você.
- Meu pai precisa de mim no mercado.
- Eu falo com ele, vai ser bom, assim você pode se ambientar um pouco mais em sua nova cidade.
- Você é insistente?
- Vai aceitar ou não vai?
- Como dois bons amigos?
- Fechado, como dois bons amigos.
- Se for assim eu aceito.
- Sozinhos naquele apartamento podemos deixar a semana bem proveitosa.
- Você prometeu hein? Como dois bons amigos.
- Claro! Tem minha palavra.
- Então, assim que chegarmos vamos ligar para eles.
Depois de tanto andarmos naquela tranqueira e ter ouvido todo o CD da Shakira, olhei para o Juliano, ele parecia cansado e eu já estava entediado daquela viagem.
- Vamos parar um pouco?
- Está cansado?
- Estou, e você deve estar também.
- Já fiz esse trajeto várias vezes, mas estou cansado e precisando dar uma parada.
- Então vamos parar no próximo restaurante que encontrarmos pelo caminho.
- Podemos aproveitar e ligar para seus pais e seu irmão.
- Você vai fazer isso?
- E porque não?
- É corajoso, gosto de pessoas assim.
- Quando você tiver a oportunidade de me conhecer melhor, verá que não sou tão complicado de conviver.
- A sua companhia me faz bem, até consigo esquecer os problemas.
- Então fica comigo e você não terá esses problemas.
- Muito engraçado, mas não tem como fugir eternamente.
- Fugir não, mas dar uma trégua para eles sim.
Paramos no primeiro restaurante que encontramos, Juliano mais uma vez me surpreendeu, ligou para os meus pais e conversou com eles, explicou que estávamos atrasados e depois pediu para eu passar a semana em Belo Horizonte. Ele falava com meu pai na maior naturalidade, não demonstrava medo ou receio e essa atitude dele me assustava.
Depois ligou para o Tiago explicou tudo e disse que estava organizando um final de ano especial para nós e gostaria da presença dele e de Paula, disse que depois ligava para combinarem os detalhes.
Fomos jantar, mas estava curioso para saber o que Juliano estava aprontando para o ano novo, eu nem sabia de nada e ele já havia até convidado meu irmão.
Enquanto jantávamos resolvi perguntar a ele.
- O que você está preparando para o ano novo?
- É um lugar muito especial, eu gosto muito e acho que você vai gostar também.
- E onde é?
- Aiuruoca eu gosto muito de lá e já sei até a pousada que vamos ficar.
- Não me lembro de você ter me consultado se eu queria ir?
- Por isso mesmo que eu convidei seu irmão e a Paula, assim você não tem motivos para recusar.
- É impressão minha ou você está querendo me impressionar através do meu irmão.
- Foi apenas uma forma que encontrei de te agradar, mas se você não quer, não tem problema eu ligo para o Tiago e desmarco tudo.
- Não é isso, eu não quero nada forçado, entendeu?
- Entendi que você é muito complicado, será que é só comigo que age assim?
- Estou aprendendo a ser mais esperto.
- Comigo você não precisa ser assim, estou agindo honestamente.
- É que as pessoas quando se aproximam de mim, já vem com segundas intenções.
- Tenho maior respeito por você, mesmo a distância eu sempre tive vontade de me aproximar, mas não sabia como. Agora surgiu a oportunidade estou tentando e não é com segundas intenções como você disse é porque eu te amo e te levo a sério.
Na hora Juliano ficou vermelho, ele não gostou das minhas desconfianças, o clima que era bom se tornou chato e durante o restante do jantar ele permaneceu em silêncio.
Saímos do restaurante e seguimos viagem, ele dirigindo calado e eu em pânico sem saber o que fazer para ficarmos bem novamente.
Depois de andarmos mais de meia hora naquele silencio total, eu não resisti.
- Não sou muito de voltar atrás no que penso, mas você tem razão, te interpretei mal, me desculpa.
- Você está certo, não tinha que inventar fim de semana nenhum, amanhã eu ligo para o Tiago e peço desculpas.
- Não quero ficar de mal com você.
- Está tudo bem foi apenas uma ideia infeliz.
- Acho que não foi uma boa eu ter ficado.
- Você quer voltar pra casa?
- Não! Nós já tínhamos combinado assim, não tem porque mudar.
- Se quiser, posso te deixar na rodoviária e ligo para o seu irmão.
- Eu só quero ficar de bem com você como estávamos antes.
Ele seguia dirigindo, balançou a cabeça negativamente e sorriu.
- Então selamos a paz novamente.
- De acordo.
- Quer ligar o som?
- Não! Ainda falta muito para chegarmos?
- Está perto falta uma meia hora de viagem.
E ele estava certo, finalmente chegamos, já estava cansado de estar naquele carro e a viagem nunca acabava.
Cheguei e fui direto para o quarto do Junior, estava muito cansado da viagem só queria um banho e dormir, quando entrei no banheiro lembrei-me da toalha, fui até o quarto do Juliano para pedir uma, nem me dei por conta que não estava em casa e entrei direto, a sorte que ele não estava pelado, mas falava ao telefone.
Fechei a porta do quarto e voltei louco de vergonha para o meu, logo depois ele bateu na porta e entrou.
- Oi Sandro, você queria algo?
- Eu queria uma toalha, desculpa ter invadido o seu quarto.
- Liguei pra tia avisando que você tinha ficado comigo.
- Achei que você estava falando com outra pessoa.
- Só se ligarem pra mim, disse ele rindo.
- Tem a toalha?
- Claro, vem comigo.
Fui atrás dele, Juliano pegou uma de suas toalhas e me alcançou, mas antes de entregar se aproximou de mim, me abraçou, chegou bem perto e disse.
- A única pessoa que eu me interesso neste momento é você.
Achei que ele fosse me beijar, mas apenas chegou bem perto do meu rosto e me soltou, cheguei a ficar sem ar e saí do quarto dele.
Tomei um banho bem relaxante e deitei na cama na esperança de dormir, mas a minha mente estava longe, o que estaria acontecendo com minha irmã? E o Roger, o que se passava na cabeça dele? Será que teria coragem de seguir com o plano do casamento? E o Diego, nem me ligou mais, será que ele já estava sabendo que eu sabia da viagem com Maurício? Com certeza sim, ele sabia que eu estava com meus tios e Juliano me contaria.
Acordei no dia seguinte por volta das 10, andei por todo o apartamento e não achei o Juliano, fui até a cozinha e encontrei um bilhete na geladeira e uma bandeja com pães encima da mesa.
“Fui ao banco pagar algumas contas prepare um lanche que eu volto só depois do meio dia.”
Preparei um lanche e saí para dar uma caminhada pelo bairro, fui andando a pé e me ambientando com a cidade que logo faria parte do meu dia a dia.
Minha tia morava no bairro Anchieta, gostei muito daquele lugar, logo que saí passei na frente de uma academia tinham alguns rapazes conversando na entrada, um mais bonito que o outro, me chamou atenção. Segui em frente, cheguei numa lanchonete e comprei uma água mineral, estava muito calor. O senhor que me atendeu foi muito educado, falou do bairro e do ambiente, me senti tão bem acomodado que parecia minha cidade natal.
A medida de caminhava se passava um filme em minha cabeça, andei mais de hora e voltei pra casa. Encontrei Juliano preparando o almoço.
- Hum, cheirinho bom.
- Estou fazendo macarrão?
- Pelo aroma vai ficar delicioso.
- Onde você estava?
- Saí para dar uma volta.
- Gostou do bairro?
- Gostei, cheguei numa lanchonete, o senhor que me atendeu foi muito atencioso e passei na frente de uma academia.
- Deve ser a que eu frequento.
- Você faz academia?
- Eu faço você não?
- Nunca me interessei.
- Se você quiser depois que mudar pode fazer comigo.
- Vou pensar, achei bem interessante.
- É bom e você vai ver o quanto faz bem.
- Deve fazer um bem danado, tinha um monte de gatinhos lá na frente, disse brincando com ele.
- E não pegou nenhum? Disse ele sério.
- Você acha que eu deveria?
- Está proibido, disse ele rindo.
Ainda bem que ele levou na esportiva e não ficou chateado como no dia anterior quando falei sobre o passeio para o final de semana.
- Juliano, eu queria falar com você sobre o passeio que convidaste o Tiago.
- Esquece isso, foi uma ideia louca.
- Eu vou adorar conhecer, dizem que tem umas cachoeiras muito legais.
- Então posso convidar o Tiago e a Paula?
- Claro, vamos os quatro, vai ser divertido.
Depois disso fomos almoçar num clima de brincadeira e descontração, à tarde não tínhamos nada para fazer, começou uma chuva e não tinha como sair de casa, então ele me fez um convite bem estranho.
- Vamos fazer uma brincadeira?
- Que tipo de brincadeira?
- Vamos jogar pife com as cartas e pra não ficar muito monótono, a cada final quem ganhar tem direito a uma pergunta e um pedido.
- Esse jogo é muito perigoso.
- Tem medo de quê?
- Das coisas evoluírem além do que devem.
- Então criamos mais uma regra, quem não quiser atender ao pedido paga um mico.
- Você é acostumado a jogar esse jogo, vou sair perdendo nessa.
- Faz tempo que eu não jogo, é só uma forma de a gente passar o tempo.
- Eu aceito, mas não vou fazer coisas que não quero.
- E nem eu desejo isso, quero você bem à vontade, é só uma brincadeira.
- Então eu aceito.
- Vou pegar as cartas, disse ele rindo.
Sentamos no chão da sala e colocamos uma mesinha de centro para jogarmos.
- Quem começa? Disse ele já com o baralho na mão.
- Pode ser você mesmo e embaralha bem essas cartas.
Ele deu um sorriso e começou a embaralhar as cartas. Depois de toda praxe do início do jogo, começamos a primeira partida e ganhei com facilidade.
- Tem direito a fazer uma pergunta e um pedido.
- Desde quando você tem minhas fotos no celular?
- Tenho algumas delas desde nosso encontro há cinco anos, tinha elas gravadas no meu antigo aparelho e depois fui trocando conforme fui mudando de celular.
- Porque isso?
- Aí já é uma segunda pergunta disse ele rindo.
- Está certo, então o meu pedido é ver uma foto do Augusto.
- Pra que você quer?
- É o meu pedido.
- Eu não tenho, rasguei e exclui tudo.
- Então vai ter que pagar um mico.
- É você que escolhe?
- Sim, eu pensei e logo me veio à ideia, ia ser hilário, canta e dança uma música da Xuxa.
Ele levantou pegou o controle da tv e começou:
“Bom estar com você
Brincar com você
Deixar correr solto
O que a gente quiser
Em qualquer faz de conta
A gente apronta
É bom ser moleque
Enquanto puder”
Enquanto Juliano pagava seu mico, comecei a rir do seu jeito, ele dançava e cantava de forma bem atrapalhada, mas valeu a pena, no final ríamos de tudo.
- Já chega, disse ele sorrindo.
- Agora é minha vez de dar as cartas.
Sentamos novamente para a segunda rodada. Distribui as cartas e ele de cara já deu um sorriso, deveria estar com boas jogadas, será que eu não embaralhei bem as cartas? Nem deu tempo de pensar e logo ele ganhou.
- Agora é minha vez de me vingar, disse ele rindo e tirando a blusa.
- Você nem fez o pedido e tirou a blusa.
Ele começou a rir e disse.
- Está calor.
- Vai devagar com essa pergunta e esse pedido.
- Lá na praia quando te beijei apesar de imobilizado, nem por um segundo esboçou reação, o que você sentiu?
- E você disse que ia ser bem light nas perguntas?
- Vai! Eu quero saber.
- Fui pego de surpresa, eu gostei e retribui, mas foi só isso.
- Ele deu um sorriso e calou-se.
- Vai devagar com o pedido.
- Eu quero um beijo na boca e de língua.
- Ah não Juliano, isso é jogo baixo.
- Quer pagar o mico? Disse ele sorrindo.
- Qual é o castigo?
- Você escolhe um ou outro, depois eu digo qual o castigo.
- Quero o castigo!
- Ele deu uma risada e disse: tem certeza?
Eu sabia que ele ia aprontar comigo, pensei bem e resolvi beijá-lo.
- Vou beijar!
- A escolha é sua.
- Você vai me aprontar outra pior, tenho certeza disso.
Fui até ele e prontamente se levantou me abraçando pela cintura aproximando dele.
- Você está jogando baixo.
- As regras foram ditas e você aceitou, é só uma brincadeira.
Juliano fechou os olhos e eu aproximei meus lábios e o beijei sem envolver minha língua, mas ele colocou sua língua na minha boca, entrei no jogo dele e chupei. Foi rápido e me afastei.
Voltei para o meu lugar senti vergonha do que fiz, fiquei nervoso, um calor subiu para o meu rosto e minhas mãos ficaram trêmulas, ele apenas sorriu e sentou-se ao seu lugar.
- Minha tia tem um vinho suave que é muito gostoso e está geladinho, vamos tomar?
- Está maluco, quer me ver bêbado?
- Não fica bêbado, é só pra gente ficar mais alegrinho.
- Você garante que não fica bêbado?
- Quando você sentir que é hora de parar, nós paramos.
- Então vamos beber.
Ele buscou duas taças e abriu o vinho, provei e estava muito gostoso, era um dia quente e aquele vinho gelado desceu bem.
- Agora sou eu que dou as cartas.
Jogamos a terceira partida e ele ganhou novamente.
Eu já tomava a segunda taça de vinho já estava mais a vontade no jogo e me sentia preparado para enfrentar Juliano.
- Está calor, você se importa se eu tirar minha bermuda?
- Isso já faz parte da pergunta?
- Pode ser?
- Por mim tudo bem, depois que falei me arrependi ele ia se aproveitar da situação.
Ele tirou a bermuda e ficou só de cueca não lembro muito bem a cor, mas acho que era box preta, desviei minha atenção, pois aquele jogo estava ficando excitante demais e eu já não sabia onde toda aquela provocação ia parar.
- Qual é o pedido?
- Tire a sua camiseta está calor.
Tirei a camiseta e cumpri a tarefa, na hora pensei, essa foi fácil.
Mais uma partida, dessa vez caprichei e ganhei, procurava não olhar muito para o corpo dele, não era uma tarefa muito fácil, pois eu sentia tesão por ele e não queria avançar o sinal.
- O que o Augusto sente por você?
- Não sei, ele está namorando, mas vive me ligando para sair.
- E você tem saído?
- Essa já é uma segunda pergunta, mas eu respondo.
- No momento eu só quero você e nada que venha de fora me interessa, exemplo disso foi a Patrícia.
Ele aproximou de onde eu estava, sentou ao meu lado no chão e começou acariciar o meu rosto e disse:
- Tudo o que eu mais quero é uma chance.
- Eu não quero me envolver com ninguém sem acertar as coisas com Diego, nós temos um pacto.
- Pacto que ele quebrou ao viajar com Mauricio.
- Mesmo assim, vou seguir minha palavra até o fim.
- Eu te admiro por ser assim e seu jeito de agir me deixa mais fascinado ainda.
- Vamos continuar o jogo? Esse é o meu pedido, falei me afastando dele.
Ele voltou para o lugar, embaralhou as cartas e uma nova partida foi iniciada.
- Mais um pouquinho de vinho?
- Acho que já está na hora de parar.
- Só mais uma taça?
- Só mais uma então.
Ele serviu e seguimos jogando, já estávamos alegrinhos, ríamos por nada até que Juliano ganhou mais uma e eu senti que o clima estava esquentando. Era o contraste do que acontecia lá fora do apartamento, no céu muitos trovões que por vezes assustavam e a chuva forte batia nos vidros da janela, já não sabia se resistiria às investidas dele, que estava muito sexy, percebia-se nitidamente sua excitação e eu também há essas alturas já estava excitadíssimo.
Ele com um sorriso atravessando seu rosto e eu fiquei com receio do que vinha pela frente, mas Juliano me surpreendeu.
- O que o Roger representa pra você? Perguntou sério, sabia que aquela resposta valia muito pra ele, mas eu tinha que ser sincero.
- Roger foi o primeiro cara que me envolvi, sinto algo muito forte por ele que vem de longa data e ao mesmo tempo, tenho muita raiva e mágoa por ele estar usando minha irmã.
- Você já parou pra pensar que ele pode amar sua irmã?
- Eu sei que ele não ama, vive me procurando e quando estamos juntos é diferente, me sinto completo, realizado, coisa que não senti com Lucas e Diego.
- Lucas?
- Outro cara que eu fiquei e acabou por isso mesmo.
- E o Diego?
- É muito bom, mas é tesão, ele é muito bacana comigo e me ajudou num momento crucial em que estava precisando de amparo.
- Acho que perguntei demais, vou dispensar o pedido já que você foi sincero comigo.
- Sabe por que eu não me envolvo com você?
Ele não disse nada, porque sabia a razão, mas fui sincero com ele mais uma vez.
- Eu não quero te machucar, você é especial pra mim.
Ele me encarou e seu semblante era de tristeza. Como queria que tudo fosse diferente e na verdade o amasse como merecia, mas eu não podia brincar com os sentimentos dele, preferia que sofresse um pouco a ficar magoado comigo para o resto da vida.
Já estava escuro e a chuva continuava caindo, já tínhamos bebido a garrafa de vinho e estávamos praticamente bêbados.
- Última partida, disse ele.
Jogamos e ele ganhou, eu já nem me interessava mais no jogo de tão elevado que estava na bebida, mas ele sempre firme, era resistente ao álcool.
- Qual a pergunta? Falei já enrolando a língua todo bobo e sorridente.
- O meu último pedido vai valer pela pergunta.
- Se você quiser transar comigo eu não quero, disse rindo e totalmente bêbado.
- Não, respondeu ele rindo encostado no sofá já quase bêbado.
- Você é muito charmoso, sexy, mas eu não quero transar.
Estava bêbado, mas ainda consciente, deitei no tapete e ria sem parar, ele saiu do seu lugar, veio se arrastando pra onde eu estava, ria muito assim como eu e deitou ao meu lado.
- Você ainda quer fazer um pedido?
- Quero, ele respondeu rindo e depois de muito esforço veio e deitou somente a parte do tórax por cima de mim e ficou acariciando meu rosto.
O contato de seu peitoral nu contra o meu fez meu sangue ferver, fiquei mais excitado ainda, ele ria muito, não sei se era efeito da bebida ou tesão acumulado, mesmo assim aproximou seu rosto do meu e me beijou um selinho, fechei os olhos e um novo beijo dessa vez um pouco mais demorado. Um calor se apossou de nossos corpos estávamos suados e entregues ao desejo, tinha vontade de empurrá-lo e ao mesmo tempo queria curtir todo aquele tesão que tomava conta do meu corpo.
Quando acabou o beijo achei que ele fosse sair de cima de mim, mas Juliano colocou seu corpo inteiro e me envolveu por completo, senti seu pau duro em contato com meu. Ele voltou a me beijar com mais intensidade, dessa vez eu me entreguei por completo não era de ferro, não pensei em mais nada, queria ser dele aquela noite, poderia fazer de mim o que quisesse, já não tinha mais resistências, ele chupava minha língua, seu beijo era tão possessivo que tirava minhas forças, envolvi meus braços em suas costas e cheguei a arranhá-lo com as unhas.
Não sei quanto tempo ficamos naquele beijo até que ele levantou rapidamente e não sei como saiu rumo ao banheiro e eu fiquei ali no chão com o tesão me consumindo e querendo a qualquer custo terminar o que tínhamos começado.
Fiquei ali por muito tempo até que criei coragem, reuni forças e me segurando pelas paredes consegui chegar ao banheiro, liguei o chuveiro no frio, sentei no chão e fiquei ali tentando me recuperar.
Estava tão perdido e confuso que comecei chorar, já não pensava em ninguém, era eu e minhas dúvidas e talvez o efeito do vinho.
Aos poucos fui me recuperando, consegui me levantar e terminei o banho. Quando estava quase acabando Juliano bateu a porta do banheiro, mas não entrou.
- Está tudo bem com você?
- Sim, estou bem, gritei para ele.
Terminei meu banho troquei de roupa, deitei na cama e apaguei por completo.
Acordei no outro dia escutando o canto dos passarinhos perto da janela, fiquei quieto na cama só ouvindo a alegria deles naquela manhã.
Minha cabeça doía, devia ser da ressaca. Levantei da cama e fui até a cozinha, olhei por tudo para ver se encontrava um remédio e não encontrei.
Fui até o quarto do Juliano, bati na porta e ele não me respondeu, bati mais uma vez e nada, fiquei preocupado e entrei no cômodo, estava tudo escuro, mas deu para perceber que ainda dormia, acendi a luz e fui até ele.
- Ju, acorda!
E nada dele acordar, continuava ferrado no sono, mexi nele e chamei-o novamente.
- Ju, está tudo bem?
- Estou bem e você?
- Estou com dor de cabeça, mas ficarei bem.
- Vou te conseguir um remedinho que vai melhorar rápido.
Ele levantou da cama, vestiu uma bermuda, foi até sua cômoda e pegou um remédio. Fomos até a cozinha, ele pingou algumas gotas num copo de água e me deu.
- Daqui a pouco você melhora e desculpa por ontem.
- Não precisa pedir desculpas, está tudo certo.
- Vamos dar uma volta pela cidade? Podemos almoçar no shopping.
Fomos almoçar no shopping que apesar de ser dia de semana, estava bem movimentado, fomos para a praça de alimentação e nos servimos, era bufe livre.
Durante todo o tempo que almoçamos, Juliano parecia estar de bem, estava sempre sorridente e me mostrando tudo.
- Eu pensei que ontem você tinha ficado chateado comigo?
- Não teria porque, mas se quer se redimir, que tal aceitar meu convite para um cinema?
- Eu aceito.
Fomos pra fila e ele comprou os ingressos, na hora nem me dei conta que tipo de filme era. Entramos na sala de cinema e sentamos em nossos lugares, estávamos animados, mas quanto eu olhei para o telão quase desmaiei.
- Eu não vou assistir a esse filme?
- Deixa de ser bobinho Sandro, é só um filme.
- Eu tenho medo e não gosto.
- Senta no seu lugar, que hoje você vai perder esse medo, é só ficção.
- Não posso depois eu não durmo à noite.
- De onde você tirou tanto medo?
- Meu irmão é apaixonado por esses filmes, uma vez eu inventei de assistir, passei uma semana sem dormir sozinho, tenho medo.
- Não acontece nada demais é só a sua imaginação.
- Por favor, vamos sair daqui?
- Você está atrapalhando, senta e se acalma.
Ele puxou meu braço e fez-me sentar ao lado dele, iniciou o filme e eu entrei em pânico, enquanto ele ria e se divertia as minhas custas.
Tive vontade de chorar e sair dali sem o consentimento dele, mas eu pensei, porque todo esse medo? Se o Juliano pensou que ia se aproveitar da minha fragilidade, se deu mal. Isso é tudo psicológico, tomei coragem e assisti ao filme, nas cenas mais tórridas fechava os olhos, mesmo assim em algumas cenas segurei nele. Eu não via, mas ouvia.
Quando acabou o filme senti um mal estar e uma vontade de vomitar, meu estômago parecia estar revirado.
Saímos do cinema e voltamos para a praça de alimentação, senti uma tontura e quase caí, a sorte que Juliano estava perto e me segurou.
Sentei numa mesa e ele me trouxe uma água, fui tomando e aos poucos melhorando.
- Está melhor?
- Estou! Não sei o que está acontecendo comigo, será que é por causa do filme?
- Você já tinha sentido isso antes?
- Não, foi à primeira vez.
- Deve ter sido por causa do filme, me desculpa não imaginava que você ficaria assim?
- Tudo bem, não esquenta.
- Melhorou a dor de cabeça?
- Tava melhorando, mas voltou a doer.
- Vamos ao médico, é melhor.
- Não! Já estou me sentindo bem.
- Não discuta comigo, vamos ao médico e nos certificamos que está tudo bem.
Mesmo não querendo, não teve jeito, ele me levou numa clínica, por sorte eu tinha plano de saúde, o que é uma facilidade na vida da gente.
Cheguei à clínica, minha pressão arterial estava baixa, logo o médico me atendeu e disse que eu tinha uma virose, me encaminharam para uma salinha e lá me colocaram no soro por umas duas horas e me deram mais um remédio para tomar. Juliano ficou comigo o tempo todo, sempre tentando me animar porque detesto agulha, injeção e etc.
Quando fui liberado da clínica já estava anoitecendo, eu já estava melhor, mas tinha a sensação de moleza no corpo, era algo estranho que nunca tinha sentido antes.
- Ju, será que eu senti isso por causa do filme.
- Não! Foi apenas uma coincidência, deve ter sido por causa da mudança de temperatura.
- Ou do vinho que eu tomei.
- Pode ter sido e agora como você se sente?
- Como se passasse um rolo compressor por cima de mim.
- Vamos pra casa, vou cuidar de você.
- Não é pra tanto.
- Está com fome?
- Meu estômago está todo embrulhado.
- Vou fazer uma sopinha bem gostosa e vai te fazer bem.
- Você tem sido muito legal comigo.
- Tenho certeza que se fosse eu, você faria o mesmo.
- Tens que ligar para o Tiago e avisar que não passou bem.
- Não vejo necessidade, só vou preocupar o meu irmão.
- Se você não fizer isso, eu faço.
- Está certo, papai.
Ele sorriu, entramos no carro e voltamos para o apartamento.
- Desculpa por tudo.
- Tudo o que?
- Pelo filme, achei que fosse legal, que ia nos aproximar.
- E aproximou, não estamos conversando agora?
- Estamos, mas poderia ser diferente, não imaginei que você fosse passar mal.
- Passei mal, mas não foi por causa do filme.
- Você ficou nervoso e isso ajudou a provocar o mal estar.
- Vamos esquecer isso?
- Vamos! Não se esquece de ligar para o seu irmão, vou preparar algo para você se alimentar.
Liguei para o Tiago e logo veio à bronca.
- Oi maninho tudo bem com você?
- Lembrou que tem irmão, muito obrigado por nem me avisar que ia ficar aí com Juliano.
- Não faz drama.
- Se não fosse ele me ligar, até agora estaria esperando um contato seu.
- Deixa de ciúmes.
- Não são ciúmes, fico preocupado com você.
- Por falar nisso, tenho uma coisa pra te contar.
- Primeiro eu quero saber de uma coisa.
- Que coisa?
- Você e o Juliano estão juntos?
- Estamos, mas não como você está pensando.
- Que história é essa de passar o final de ano numa pousada?
- Ideia dele, vai ser legal, você vem com a Paula, né?
- Ele insistiu tanto no convite que nós vamos.
- Estou adorando a ideia e vocês eu tenho certeza, vão gostar.
- Está bem empolgadinho e o Diego?
- Está viajando, falei com ele esses dias.
- E porque o desânimo? Não me diga que acabou?
- Não acabou, mas nós precisamos conversar quando ele voltar, o Juliano é só meu amigo.
- Você e suas confusões, toma cuidado.
- Nem são tantas assim, preciso te contar uma coisa.
- Olha o que você anda aprontando?
- Hoje eu fui ao shopping com o Juliano assistir um filme, era de terror.
- De terror? Que milagre é esse?
- Foi uma brincadeira dele e teve outras coisas que depois eu preciso te contar, mas tem que ser pessoalmente.
- O que aconteceu?
- Eu passei mal e o Juliano me levou numa clínica.
- O que você sentiu?
- Tontura, mal estar e dor de cabeça, também pode ter sido pelo vinho que eu tomei ontem.
- Você tomou vinho?
- Faz parte das coisas que preciso te contar, mas resumindo me disseram que tenho uma virose e a minha pressão estava baixa.
- Me passa para o Juliano, quero falar com ele.
- O que você quer com ele?
- Conversar com ele, só isso e vai logo.
Fui até o Juliano e passei o telefone, os dois conversaram longamente e ele explicou tudo o que tinha acontecido só assim Tiago se convenceu.
- Ele quer falar com você, disse Juliano me passando o telefone.
- Qual é a bronca?
- Se não se sentir bem avisa o Juliano.
- Eu não sou criança pra ser tratado assim.
- É assim ou outra vez você não sai e posso até voltar atrás na sua mudança para Belo Horizonte.
- Está certo já entendi, falei chateado com ele.
- Isso é para o seu bem e não fica chateado comigo, faço isso porque prezo por você.
Desligamos o telefone, me senti como uma criança que para fazer qualquer coisa precisa pedir autorização para o pai e a mãe. O Tiago era muito legal comigo, mas às vezes pecava pelo zelo em excesso.
Juliano sentiu que não estava bem, veio ao meu encontro e me deu um abraço que naquela hora foi muito bom, me senti entendido e ao mesmo tempo protegido.
- Não fica assim? Ele gosta muito de você?
- Tem horas que ele me sufoca, é zelo demais.
- Você devia ficar feliz, sabe quanto tempo não recebo um abraço dos meus irmãos biológicos?
- Você não tem contato com eles?
- Tenho, mas a nossa relação é de alguém distante, bem diferente da sua relação com Tiago e Aline.
- Aline não é tanto quanto o Tiago, eu gosto desse carinho, mas tem horas que preciso do meu espaço.
- Ele ficou preocupado, o Tiago te ama muito, tenta entender.
- Você tem razão.
- Vem comigo, você precisa se alimentar.
- Obrigado por ter tanta paciência comigo.
- Sua companhia me faz bem e também se acontece alguma coisa com você o Tiago arranca minha cabeça fora, disse ele rindo.
Fomos para a mesa, a sopa que ele fez estava gostosa, embora eu não estivesse bem, fui praticamente forçado a comer de tanto ele insistir.
Depois do jantar tomei um banho e fui deitar. Juliano ainda foi até o quarto perguntando se queria alguma coisa, agradeci e tentei dormir, mas eu não conseguia, ouvia os gritos do filme direitinho na minha cabeça, fora a dor no corpo do efeito da virose, mesmo assim permaneci na cama tentando pegar no sono até que ouvi um batido na porta.
- Já dormiu? Perguntou Juliano da porta.
- Não consigo dormir.
Ele entrou acendeu a luz e veio ao meu encontro, colocou a mão na minha no meu rosto e na minha cabeça como se medisse minha febre.
- Não está com febre, quer que eu fique aqui com você?
- Estou bem é só uma moleza no corpo.
- Vou te fazer companhia, você se importa?
- Não! Pega seu travesseiro e deita aqui.
Ele apagou a luz e deitou ao meu lado, não sei se estava com receio, mas não chegou perto de mim.
- Juliano!
- Oi!
- Pode chegar mais perto.
- Está com medo?
- Não.
Juliano aproximou e me envolveu em seus braços. O ar condicionado estava ligado no frio, mas ele estava tão quentinho, era estranho estar envolvido em seus braços e ao mesmo tempo era muito bom.
Ele estava calado, eu não sabia se estava dormindo ou não, virei de frente e me aproximei ainda mais, não pensei direito o que estava fazendo, agia por impulso, envolvi minhas pernas às dele, senti a suavidade nossas pernas se roçando, passei a acariciar com meu pé a sua perna, ele se encolheu todo na cama e comecei a rir baixinho.
Envolvi meu braço na volta de sua cintura e o aproximei mais ainda e ele suspirou o ar quase num gemido.
- Não me provoca ou não respondo por mim, disse ele baixinho.
Esqueci tudo que tinha prometido a mim mesmo e coloquei meu corpo por cima do dele, aproximei de seus lábios e o beijei com força, com desejo e volúpia, ele apenas me envolveu em seus braços e correspondeu ao beijo.
Beijei muito estava carente e na hora só tinha vontade de estar com ele, esqueci Diego, esqueci Roger, esqueci que ele era meu amigo e curti o momento até que interrompi o beijo e fiquei distribuindo selinhos em seu rosto, ele estava meio perdido sem entender minha atitude até que falou.
- Me dá uma chance pra eu provar que te amo.
- Não fala nada, só me beija.
Voltamos a nos beijar, sentia seu pau latejante em contato com o meu, levei minha mão até ele e apertei, Juliano soltou um gemido entre um beijo e outro, já tinha perdido a noção de tudo ele beijava muito bem e me envolvia totalmente, levei minha mão e tentei colocar por dentro de sua bermuda, mas ele foi ágil e me segurou.
- Melhor pararmos, depois você vai se afastar de mim e não sei se vou aguentar isso.
Voltei à razão e fiquei louco de vergonha.
- Desculpa, desculpa, desculpa, que vergonha.
- Não fica assim, tem algo que você me disse dia desses e eu achei muito importante, se tiver que acontecer, tem que ser bom para os dois, agora estamos carentes e não seria uma boa.
- Você tem razão me desculpa.
- Gostei do beijo, principalmente porque foi você que tomou iniciativa.
- Por favor, não misture as coisas, isso não significa que estamos juntos.
- Eu sei, tenho paciência e certeza que uma hora você vai perceber que ninguém te ama mais do que eu.
- Acho melhor você dormir na sua cama.
- Não tem necessidade, nós somos adultos o suficiente para nos controlarmos.
- Você me surpreende.
- Por quê?
- É o primeiro cara que eu me aproximo que não partiu para o sexo já no primeiro contato.
- Porque eu desejo mais do que isso com você, sexo é bom, é importante, mas não é tudo.
- É por isso que eu não quero te magoar, principalmente agora que estabelecemos essa relação bonita entre nós dois.
- Vamos dormir?
- Vamos.
Dormimos abraçados, como dois grandes amigos. A relação que estabelecemos era bonita para estragá-la com ações precipitadas, ele sabia que eu estava confuso e jamais me envolveria com alguém sem resolver minha situação com Diego, poderia até fazer burrada, porque nunca fui santo, mas também depois viria o arrependimento.
No dia seguinte acordei mais disposto, ainda sentia um mal estar, mas já estava bem melhor, Juliano não estava mais na cama, levantei e fui até a sala.
- Já acordou? Disse ele da cozinha.
- Estava mais do que na hora e já estou bem graças a Deus.
- Vou à academia disse ele já se preparando para sair, quer me acompanhar?
- É melhor eu ficar, não quero te atrapalhar.
- Não atrapalha, vem comigo, espero você mudar de roupa.
- Só vou acompanhar.
- Tranquilo.
Troquei de roupa e fui com ele. Na entrada da academia encontrei os mesmos carinhas que tinha visto quando passei na frente, assim que chegamos um deles cumprimentou Juliano e em seguida entramos.
- Bom dia Juliano, trouxe um novo aluno para a nossa academia? Cumprimentou um rapaz muito bonito, deveria ser o instrutor ou um dos donos da academia.
- Bom dia Breno, esse é meu primo Sandro, ele está de passeio, mas logo estará de mudança aqui pra cidade.
- Vai morar aqui perto?
- Vou.
- Você gosta de ginástica?
- Não muito, respondi rindo e eles caíram na risada.
- Ginástica é bom, faz tempo que o Juliano frequenta nossa academia.
- Se ele aceitar, podemos vir juntos.
- Depois a gente pensa nisso.
Apesar de nunca entrar numa academia eu gostei da galera, era divertida. Depois fiquei sabendo que o Breno era um dos donos da academia, gostei dele, era simpático e sabia cativar os alunos. No final da aula do Juliano, o Breno já havia me conquistado a frequentar sua academia.
Depois da academia voltamos pra casa, Juliano ligou novamente para a pousada e confirmou tudo. No dia seguinte viajaríamos para Aiuruoca e lá nos encontraríamos com Tiago e Paula.
À tarde aproveitamos para conhecer um pouco de Belo Horizonte, ele me levou para conhecer minha nova escola onde terminaria meu ensino médio e também me mostrou onde era o cursinho que faria pré-vestibular, foi bom, era incrível, mas eu já me sentia em casa, adorei a cidade e a expectativa do futuro próximo. Ainda não sabia ao certo o que me aguardava, mas era uma sensação muito boa e também pude perceber que tanto a escola como meu curso ficava perto da minha futura casa.
Nossa! Que turbilhão de emoções para o Sandro. Que ele consiga resolver suas situações e possa ser feliz com o Juliano. Acompanhando!!!! Não demore a postar!!!