Entrega da minha alma

Tudo em mim clama por ti, meu Senhor. A espera se tornou insuportável; anseio pelo momento em que serei tua posse, onde serás o único a me possuir, nesse espaço de entrega total, onde o descontrole é a única lei.

És a lâmina cega que, mesmo sem corte, afia-se em minha alma exposta, nua e indefesa. Aqui, só tua vontade existe, moldando-me para submeter-me aos teus desejos mais profundos.

Perdoa-me, Senhor, por ter-me movido sem permissão, por ter abandonado a posição em que me colocaste, enquanto tecia em meu corpo uma teia de cordas, fortes e firmes, para prender aquilo que te pertence.

Já não enxergo com clareza tua silhueta desnuda, que se desliza lentamente, guiando o caminho que meus joelhos seguirão em breve, em busca de ti. Perdão, em busca do Senhor.

Com tantos deslizes, acredito que mereço ser punida, para que, de uma vez por todas, eu compreenda quem é o verdadeiro dono aqui.

Dono de mim, da minha vontade, dos meus desejos, do meu riso, prazer, lágrimas, êxtase, soluços e entrega. Senhor absoluto das minhas vontades, que se dobram às tuas, e dos meus desejos, que se estendem em submissão à tua vontade.