Casamento arranjado! Capítulo 2 Segunda Temporada



Acordo com um barulho insuportável de um galo cantando. Algo que, pra mim, já indicava que o dia seria horrível. 

— CALA A BOCA, DESGRAÇA! — grito, puxando o travesseiro sobre a cabeça. 

O galo, obviamente, ignora minha súplica e continua seu show matinal. Resmungo, jogo as cobertas pro lado e levanto, derrotado. 

Caminho até a cozinha, coçando a cabeça, e dou de cara com Eduardo, só de cueca, parado na porta como se estivesse esperando a chegada do apocalipse. 

— Por que acordou tão cedo? — pergunto, tocando seu ombro. — Ou fez igual a mim e acordou com as galinhas? 

Ele suspira. 

— Perdi o sono. Raimundo já passou aqui e disse pra adiantar, que temos trabalho pra fazer. 

— Mas já?! — reclamo, coçando os olhos. Eduardo dá de ombros. 

— Se quiser dormir mais, vai fundo. Mas depois não reclame quando estiver se ferrando sozinho. 

Suspiro, sabendo que a vida na roça não dá trégua. 

— Vou chamar o Túlio então… 

### MEIA HORA DEPOIS 

— Você pega as folhas secas assim e passa o facão na parte de cima — Raimundo demonstra o corte preciso nas folhas secas das bananeiras. Tento acompanhar, mas só consigo pensar em como aquele facão parece pesado. 

— Depois que fizer isso na maioria delas, junta tudo num canto do quintal e taca fogo. 

— Moço, é pra fazer isso em todas? — Túlio arregala os olhos, já suando antes mesmo de começar. 

— Calma, meu jovem! — Raimundo ri. — Só nessa parte aqui. — Ele aponta para três fileiras de bananeiras. 

— Ufa, graças a Deus! — Túlio respira aliviado e pega o facão. De repente, ele me cutuca. — Já reparou que tem uns mini-macacos pulando de bananeira em bananeira? 

Olho para cima e vejo vários bichinhos correndo entre as folhas. 

— Isso são micos, uma praga! Estão acabando com as bananas! Xô, suas pestes! — Raimundo espanta os bichos com um gesto. 

Um dos micos olha pra ele e solta um grito agudo, como se estivesse xingando. 

— Olha lá, seu Raimundo! Ele tá te mandando se foder! — Túlio ri. 

— Eu vou é buscar uma espingarda, isso sim! — resmunga Raimundo. 

Os micos desaparecem rapidamente, como se tivessem entendido a ameaça. 

— Vou deixar vocês aqui. Vou acompanhar Eduardo, temos que levar as vacas pro pasto. 

— Tranquilo, seu Raimundo! 

Assim que ele se afasta, começo a cortar as folhas secas. Logo percebo que a tarefa não é nada fácil. Meus braços ardem, o suor escorre pelo rosto, e uma coceira estranha toma conta das palmas das minhas mãos. 

— Isso aqui devia ser considerado tortura — resmungo. 

— Concordo! Vamos processar a fazenda! — Túlio brinca. 

Enquanto tento limpar o suor da testa, sinto algo cair e se agarrar ao meu chapéu de palha. Meu corpo gela. 

— Túlio… — sussurro. — Túlio… 

— O que foi? — Ele me encara… e seus olhos se arregalam. — Caralho, André! 

— Túlio! Pelo amor de Deus, diz que não é um macaco… na minha cabeça… 

Ele hesita. 

— Não se mexe! Não é um macaco. 

— O que é então?! — Minha mão já vai em direção ao chapéu, mas ele me interrompe. 

— Não toca! É uma cobra… devia estar enrolada no pé da bananeira! 

O sangue some do meu rosto. 

— Túlio… tira essa cobra da minha cabeça… TIRA ESSA COBRA DA MINHA CABEÇA! 

— Sai, cobra! 

— "Sai, cobra"? Cê acha que ela vai te escutar?! 

— Não custa tentar, né? 

— Quer saber?! — Num impulso, arranco o chapéu da cabeça, jogo no chão e, com um golpe certeiro do facão, corto a cobra ao meio. — Vá se foder, sua cobra imunda! 

— Ficou com medinho, né? 

— Ah, vai se lascar, Túlio! 

Reviro os olhos e respiro fundo. 

— Bora adiantar isso aqui, que ainda tem coisa pra fazer… infelizmente. 

— Depois dessa, acho que nada pode ser pior! — digo, rindo. 

### UMA HORA DEPOIS 

— Isso é muito pior… — encaro, horrorizado, o chiqueiro imenso, lotado de porcos e lama. 

— Eu me recuso a entrar nesse troço! — Túlio reclama, cruzando os braços. 

Eduardo, encostado na cerca, dá de ombros. 

— Ou entram aí ou me ajudam a consertar as cercas quebradas. 

Troco um olhar com Túlio e bufo. 

— Tá, mas afinal, o que exatamente a gente tem que fazer aqui? 

Raimundo aponta para um buraco no chão. 

— Jogar água ali, preparar a lavagem e encher os comedouros… em todos os vinte e quatro. 

Meu cérebro trava. 

— Vinte e quatro?! 

— Tudo isso?! — Túlio parece prestes a desmaiar. 

— É… agora que vocês contaram, até eu achei muito! — Raimundo ri. 

O trabalho é pior do que imaginávamos. A lama chega nos tornozelos, os porcos correm pra todos os lados e, no meio do caos, Túlio escorrega e cai de bunda. 

— SOCORRO! Tô afundando! 

— Meu Deus, parece um leitão desesperado! — Eduardo gargalha. 

Eu tento ajudar, mas começo a rir tanto que quase caio junto. No final, conseguimos completar a tarefa, fedendo mais que os próprios porcos. 

Exaustos, nos jogamos na grama do lado de fora. 

— Se algum dia eu disser que quero morar no campo, me interna — Túlio resmunga. 

— Já devia estar internado há tempos… — retruco, rindo. 

O sol já está se pondo quando ouvimos um barulho vindo do galinheiro. Raimundo sai correndo da casa, desesperado. 

— O quê que foi, homem? — grito, levantando. 

— O galo… — ele engole seco. — O galo desapareceu. 

Túlio e eu trocamos olhares. 

— Ué, ele tava cantando de manhã… — comento. 

Raimundo se ajoelha no chão. 

— Esse galo era do finado Seu Nestor… Dizem que ele era um encantado… Se ele sumiu, significa que… 

— Que o quê? — Eduardo pergunta, impaciente. 

— Que alguma coisa muito ruim vai acontecer! 

O vento sopra forte. As galinhas se agitam. No horizonte, um vulto estranho parece surgir no meio da plantação. 

— Ih… — Túlio murmura. — Acho que a gente mexeu com alguma coisa que não devia. 

Eu fico pálido. Minha visão começa a escurecer. 

— André, cê tá bem? — ouço Túlio perguntar, mas sua voz parece distante. 

E então, tudo fica preto. 

Desmaio. 

Continua...


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Ficha do conto

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Nome do conto:
Casamento arranjado! Capítulo 2 Segunda Temporada

Codigo do conto:
230489

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
04/03/2025

Quant.de Votos:
3

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