Comecei pelas pequenas coisas. Observava ele de manhã, antes de sair para a transportadora, mexendo na máquina de café expresso com uma precisão quase ritualística. O cheiro forte e quente enchia a cozinha, e eu vi o quanto ele aprecia aquele momento de calma antes do dia começar. "Vou aprender a fazer esse café", pensava, determinada. Em uma daquelas tardes, enquanto ele estava no escritório, ficava na cozinha assistindo tutoriais no celular, tentando entender a pressão certa, o tempo exato, a quantidade de pó. Queimei os dedos na primeira tentativa, xinguei baixo quando o líquido saiu aguado, mas não desisti. Na terceira vez, consigui algo decente — cremoso, com aquela espuma dourada que ele gosta. O orgulho me encheu, mas logo veio a dúvida: O que eu estou tentando fazer? Conquistar o coração dele com café? Ele é o marido da minha mãe, não um cara qualquer da escola.
Na manhã seguinte, acordei cedo, antes mesmo de Larissa, minha gêmea, dar sinais de vida. Leonardo estava na cozinha, de camisa social azul-escura, o colarinho aberto revelando um pedaço da pele chocolate que me deixa tonta. Preparei o café enquanto ele mexia no celular, e quando coloquei a xícara na frente dele, ele ergueu os olhos, surpreso.
— Fez isso pra mim? — perguntou, a voz grave ressoando como sempre, um trovão que me sacode por dentro.
— É. Aprendi ontem. Queria te surpreender — eu disse, tentando soar casual, mas minha voz tremeu um pouco. Ele sorriu, aquele sorriso que ilumina tudo, e tomou um gole. Fechou os olhos por um segundo, como se saboreasse de verdade.
— Tá perfeito, Lorena. Melhor que o meu, acho — disse, e o elogio me aqueceu mais do que deveria. Sentei à mesa, cruzando as pernas, o short subindo um pouco, e percebi que ele olhou rápido antes de voltar ao celular. Meu coração disparou. Será que ele notou? Será que gostou? Mas então ele se levantou, agradeceu de novo e saiu para o trabalho, me deixando ali com o calor subindo pelo corpo e a confusão martelando na cabeça.
Tentava me jogar na rotina dele de outras formas. Passei mais tempo no escritório em casa, levando água, biscoitos, qualquer desculpa para ficar por perto. Ajustava o cabelo cacheado com cuidado, escolhia roupas que mostram mais pele — blusas leves, shorts curtos —, mas sempre com um ar de inocência que me protegia da culpa. Ele era gentil, como sempre, me chama de "princesa" com aquela voz que me derrete, mas não via nada além disso. Nenhum sinal claro de que me queria como eu o queria. Aos poucos, percebia que talvez eu estivesse inventando tudo na minha cabeça. Ele me tratava como filha, como sempre tratou, e isso começava a doer mais do que eu imaginava.
A confusão crescia, e eu não aguentava mais carregar sozinha. Decidi procurar uma psicóloga. Encontrei uma mulher chamada Dra. Mariana, com uns 30 e poucos anos, cabelo liso e castanho, olhos gentis que me fizeram sentir que podia falar tudo. Na primeira sessão, sentada num sofá cinza com uma almofada nas mãos, deixei escapar pedaços do que sintia.
— Tem uma pessoa... alguém importante pra mim. Eu olho pra ele de um jeito que não deveria — digo, hesitante, os olhos fixos no chão. — Ele é mais velho, muito mais velho. E... não é alguém que eu deveria querer.
Ela me ouve em silêncio, anotando algo no caderno, e então pergunta com calma:
— Como você se sente quando está perto dele?
— Como se eu fosse explodir. É intenso, quente, errado. Mas eu não consigo parar de pensar nele. — Minha voz sai baixa, quase um sussurro.
Dra. Mariana inclina a cabeça, pensativa.
— Às vezes, esses sentimentos aparecem porque queremos entender algo sobre nós mesmas, ou sobre a outra pessoa. Talvez você precise testar esses limites, Lorena. Seja sutil, observe como ele reage. Se houver algo além do que você imagina, ele vai mostrar. Se não houver, você vai sentir isso também. É um jeito de trazer clareza.
O conselho dela me pegou desprevenida. Testar os limites? Me insinuar pra ele? Saí do consultório com o coração acelerado, interpretando as palavras dela como um empurrão para o que minha mente já queria fazer. Não era exatamente um aval para ir atrás dele, mas eu distorci o suficiente para me convencer de que é.
Voltei pra casa decidida a jogar esse jogo. No fim de semana, com o sol forte de março, coloquei um biquíni amarelo fio dental que comprei. fui pra piscina nos fundos da casa, sabendo que o escritório de Leonardo tem uma janela com vista direta. Estendi a toalha na espreguiçadeira, deitei de bruços, o corpo exposto, os cachos caindo nas costas. Fingi que não sabia que ele estava lá, mas senti os olhos dele. Levantei o olhar disfarçadamente e o vi pela janela, parado, os olhos verdes fixos em mim por um instante antes de se virar rápido, como se tivesse sido pego. Meu coração disparou. Ele olhou. Ele me viu.
Comecei a me divertir com isso. Passei a usar roupas mais ousadas em casa — tops que mostram a barriga, shorts que nem cobrem as coxas —, sempre com um sorriso doce pra disfarçar. Quando ele estava no escritório, me inclinava pra pegar algo na estante, deixando a blusa subir, ou cruzava as pernas de um jeito que sei que chamava atenção. Ele olhava, às vezes mais do que antes, e eu percebia uma tensão nova nele — o jeito como ele desviava os olhos rápido, como se lutasse contra algo. Uma vez, enquanto eu limpava a cozinha, ele passou por trás de mim, e juro que senti o calor do corpo dele mais perto do que o necessário, o braço roçando o meu de leve. Foi o suficiente pra me deixar tremendo.
Meu desejo estava fora de controle. Não era mais só fantasia; era uma necessidade que pulsava em mim, me fazia acordar no meio da noite suada, imaginando ele me tocando de verdade. Percebia que ele estava atraído, mesmo que lutasse contra isso. E eu? Eu não queria mais lutar. Queria ele. Queria sentir aquela pele chocolate contra a minha, aqueles músculos firmes me envolvendo, aquela voz grave sussurrando meu nome de um jeito que não seja só paternal.
Agora, minha mãe avisa que vai viajar de novo na próxima semana, três dias fora por causa de um evento de moda. Enquanto ela fala, meus olhos encontram os de Leonardo do outro lado da sala. Ele sorri, mas há algo ali, uma sombra que não estava antes. Meu corpo inteiro reage, e eu sei: quando ela for, não vou mais me segurar. Vou me entregar a ele, custe o que custar. Vou descobrir se esse fogo queima dos dois lados ou se vou me consumir sozinha nas cinzas do que nunca deveria ter começado.
Fecho os olhos naquela noite, o plano se formando na minha mente. Não sei o que vem depois, mas sei que não há volta. O desejo me engoliu inteira, e Leonardo — meu padrasto, meu ideal de homem — é o único que pode me salvar ou me destruir.
(Continua na Parte 3...)
Nao to entendendo o q vcs estao falando. Essa foto esta no perfil de outra pessoa?
Sensacional! Muito bom! Mas se não se quer expor, busque fotos da internet e não de outras pessoas, principalmente que têm perfil aqui...
delicia de conto e foto
threads/melmaiaqg Usar foto de pessoas, sem a autorização dessa pessoa, é muito feio