Uma História de Amor e Sexo em São Paulo

Tudo começou em um domingo, 15 de julho, meu 31º aniversário. Eram quase seis da tarde quando saímos de um motel barato na Bento Freitas, centro de São Paulo. Eu e o Zé Pedro um amigo de infância que aparece às vezes em casa pra sairmos na noitada. O Zé tem namorada, mais velha que ele alguns anos, chata e antissocial, não gosta de sair entre amigos, é dominadora e quer ele sempre debaixo das asas. Acho que é este o motivo de ele aparecer às vezes por aqui, dá uma escapada e foge, mas sempre volta arrependido e se lamentando.
Pobre Zé, parece um escravo africano que sonha em ser livre, mas não consegue ficar sem umas chicotadas.

Eram nove horas de sábado e o Zé deu aquela escapada da prisão e apareceu lá em casa, desceu as escadas já gritando: Mano vamos pra balada, hoje a noite é nossa, então eu lhe disse: Zé já já é meu aniversário hoje vamos curtir. Coloquei uma roupa bacana e fomos rumo á casa do Pedrão onde rolava uma festa de família. O Pedrão é daqueles caras fortes, marombado, famoso na Vila Dirce por ser briguento e dar uns socos na mulher de vez em quando.

Passamos a noitada na casa do Pedrão e tudo correu bem, muitas cervejas e drinks depois, e já eram cinco da manhã. Eu tinha me divertido muito a noite, até cantaram parabéns pra mim. Estava feliz, mas um pouco chateado, estava ficando mais velho. Foi então que o Zé disse aquelas palavras mágicas: Mano vamos pro Love Story.

O Love Story é uma daquelas baladas de São Paulo que rola até a hora do almoço, o famoso after-hour. É conhecida por ser uma das melhores baladas da cidade, a casa de todas as casas. Recebe gente famosa do mundo inteiro. A casa abre meia noite e só fecha ao meio dia, ideal pra quem está no pique de estender a balada por mais algumas horas. Era meu aniversário e eu queria mais, a noitada na casa do Pedrão foi boa, mas não tinha gente interessante, poucas mulheres e a maioria precisavam de uns dentes novos e um bom banho.

Perguntei pro Zé: Esta a fim de ir mesmo? Ele não pensou duas vezes: Mano vai nessa hoje é seu dia, vamos aproveitar ao máximo. Eu não dispenso uma boa balada e não pensei novamente. Pegamos meu Passat 81 e zarpamos pro Love Story. Eram seis da manhã e o dia estava clareando, domingo, todos dormiam, planejavam ir á feira e nossa noite estava apenas começando.

Chegamos ao Love às sete e meia da manhã, a casa estava lotada, tinha muita gente pra fora, a fila era grande, mas como sou cliente antigo não pago entrada e nem pego fila. Assim que chegamos um amigo da portaria gritou: Salve mano quanto tempo, está mais magro, esta fazendo regime? E com um sorriso largo anunciou: Vamos entrar.

Já fazia alguns meses que não ia pro Love Story e as coisas estavam diferentes agora, um povo feio, tipo Zona Leste e Pirituba, uma molecada nova e barulhenta estragando uísque com pouco gelo e muito energético. A moda agora era usar óculos escuros na balada, terrível, eu não sabia se ria ou chorava. Felizmente nem tudo eram lágrimas e eu e o Zé regamos a noite com muita cachaça e um papo despretensioso com as putinhas que procuravam o último programa da noite.

O Zé é daqueles tipos exagerados que chega na balada e já sai pagando rodada de drinks pra todo mundo, as putinhas estavam abusando da boa vontade e não queriam transar por menos de trezentos malandros. O Zé devia estar á perigo, eu precisei salva-lo várias vezes das putas aquela noite. A festa já estava ficando chata então saímos pra tomar um ar lá fora. O Love fica quase em frente ao Copan e Avenida Ipiranga, por ali circulam todo tipo de gente: traficantes, mendigos, cafetões, travestis e putinhas baratas.
Resolvemos tomar um último drink por ali e seguir pra casa, aqueles travecos do nosso lado eram literalmente um saco.

O Zé tirou a carteira pra pagar as brejas e foi ai que aconteceu o milagre da noite, um saquinho de drogas caiu do seu bolso. Achei esquisito, não sabia que o Zé era do tipo Zé droguinha.
Olhei para os lados pra me certificar que ninguém tinha visto e foi ai que notei duas meninas do nosso lado olhando, uma delas sorriu pra mim como se quisesse me dizer: Eu quero. Estava feito, a noite ainda não estava perdida.

Me aproximei e perguntei: Estão indo pra onde? Uma delas me respondeu: Vamos pro Bar Executivo. Eu com meus trinta anos de malicia respondi: Legal, estamos indo pra lá também, vamos juntos? Elas apenas sorriram e caminharam ao nosso lado.

Descemos a Ipiranga, eu com a Natália e o Zé com a Fernanda. A Natália era uma ninfetinha linda, morena alta, com os cabelos lisos e um sorriso largo. Tinha os peitinhos pequenos e um belo traseiro que me deixou louco, tratei logo de abraça-la. O Zé é um cara presença, mas anda meio enferrujado com as mulheres, quando me viu com a Natália arregalou os olhos como se não acreditasse.
Apesar da beleza dela a Fernanda era mais bonita, morena também, com olhos verdes que pareciam duas esmeraldas, um sorriso largo, era do tipo cavalona do funk, peitão, bundão e cinturinha fina, que delicia. Aquele mulherão deve ter deixado o Zé acanhado.
Na fila do Bar Executivo eu tratei logo de me adiantar, tasquei um beijão na Natália e ela sacou o que eu queria. Eram quase onze da manhã e não tinha sol, estamos no inverno, o tempo estava nublado e muito frio, perfeito pra um motelzinho e algumas horas de prazer.

Ofereci a droguinha do Zé pra Natália e ela aceitou de primeira, fácil como dar doce pra criança, irrecusável. A Natália me olhava de um jeito diferente, com um brilho nos olhos, acho que gostou de mim, ou da ideia de eu ser seu traficante pessoal.

Estávamos há meia hora ali e o Zé já tinha pago vários drinks pras meninas e os travécos do bar, cheguei a pensar se ele tinha ganhado no bicho. A Natália seguiu para o banheiro enquanto eu fui ao bar pegar mais cervejas, ela voltou mais animada e me olhando daquele jeito novamente. Senti que era hora de fazer minha proposta indecente: Linda, vamos sair daqui e pegar um motel? Chama a Fernanda, eu conheço um lugarzinho bacana aqui perto na Bento Freitas.

Achei que de inicio ela recusaria mas não pensou duas vezes e saiu procurando a Fernanda pelo bar, o Zé Pedro não sabia o que dizer, estava muito feliz ou muito bêbado, o sorriso largo e os olhos orientais revelavam: Hoje a noite é nossa.

Natália voltou e disse: Eu topo, estamos esperando lá fora. Respondi: Vamos pagar a conta e já saímos. Aquela maldita droguinha do Zé era infalível, elas queriam mais. No inicio achei que elas estavam com a gente apenas por isto, mas a Natália estava me olhando diferente com aqueles olhos de loba apesar de ser novinha.
Seguimos para o motel, um pulgueiro na boca do lixo de São Paulo, a Fernanda não estava tão disposta, acho que não simpatizou com a timidez do Zé, e reclamava a toda hora com a Natália, acho que queria ir embora. Chegamos ao motel e pegamos dois quartos, o Zé Pedro e a Fernanda foram pra um, eu e Natália pra outro. Tivemos sorte, nosso quarto era maior, quase o dobro do tamanho do quarto do Zé.
Fui ao banheiro tirar a água do joelho e quando voltei a Natália estava só de calcinha. Eu não gostei muito, perdi aquele momento de despir uma mulher, adoro isto, ela deveria saber.

Estava com aquele olhar de novo, queria meu corpo nu, agora a coisa ficou séria. Tirei meu casaco, as botas e a camisa, fiquei de calça jeans, não queria ir direto para os finalmente, eu precisava daquele ritual.
Parti pra cima dela com um beijo longo e molhado, alguns instantes depois já estava beijando seu umbigo. Olhávamos-nos em silêncio e ela com aquele olhar, estava me ganhando aos poucos.
Ah Natália sua linda, sabia que hoje é meu aniversário? Eu disse, quebrando o silêncio. Era um jogo de preliminares e eu queria meu presente. Ela sorriu e disse: Ai que lindo. Sério? Quantos anos? Entre uma caricia e outra eu respondi: 31 e você, quantos anos têm? E ela respondeu: 23. Continuamos.
Ela estava gostando, quase gozando e nós estávamos apenas começando. Com aquele olhar novamente ela ficou de joelhos na cama e me deu um empurrãozinho, deitei e ela desabotoou meu jeans, era o que eu queria. O ritual.

Ela queria retribuir, me chupava olhando pra mim com aquele olhar, imaginei o que ela estaria pensando naquele momento, chupando um estranho que acabou de conhecer, me olhando como se fossemos velhos amantes.
Eu segurava sua cabeça e acariciava seus cabelos lisos, aquela ninfeta era um colírio que me encheu os olhos. Estava pronto, mais duro que carne de cachorro em açougue coreano, joguei ela na cama e ela se abriu pra mim, a primeira foi espetacularmente rápida. Deitamos um pouco e começamos a conversar.

Ela contou que morava em São Paulo há três meses, veio do interior depois de se formar em comunicação e estava procurando emprego e uma casa pra morar, ela e Fernanda moram juntas em uma pequena casa na Vila Madalena.

Ah Fernanda! O que será que o Zé está fazendo com aquela gostosa? Pensei. Trocamos olhares e algumas carícias e já estávamos prontos pra mais uma, desta vez ela veio por cima e como uma bela amazona começou a cavalgar, e foi ai que alguém bateu na porta. Porra, quem seria? Algum cafetão sentimental ou o serviço de quarto?

A Natália desmontou e abriu a porta, era o Zé. Contou que deu uma e a Fernanda caiu no sono, não me segurei e cai na gargalhada, o Zé foi ao banheiro e a Natália veio pra cima de novo. Eu gostei, tão sem vergonha, sem pudor, uma delicia.
Acho que o Zé queria fazer um bacanal, ficou olhando do banheiro como aqueles jacarés olham quando estão chocando um ovo. Ela cobriu sua bundinha com o lençol e disse sorrindo: Eu só quero você.

Olhei pro Zé e disse: Pô Zé assim com alguém olhando eu não consigo. Era claro que eu conseguia, mas eu não queria dividir aquela donzela com ninguém, e também não era minha culpa se a gostosa do Zé caiu no sono.
A verdade é que a Natália tinha algo especial quando me olhava, me dava um frio na barriga, coisa que só me acontece quando estou interessado em alguém. Eu tinha certeza que não era fome, eu estava interessado nela.

Terminamos a segunda, uma bela cavalgada e depois uma finalizada á frango assado. Dei um tapinha leve na bunda dela e deitamos abraçados, o tempo estava frio mas aquele quarto estava quente, muito quente. Ficamos em silêncio nos olhando por alguns minutos, pensei no Zé, o que será que esta acontecendo no 102?

Fiquei imaginando em que ela estaria pensando, ela apenas me olhava e resolveu puxar assunto, me perguntou o que gostava de fazer, meus hobbies e gostos por música e cinema, e por coincidência eram muito parecidos com os dela. Eu estava confortável, gostava daquela situação, Natália era uma ninfa inteligente, bem humorada e muito gostosa.
Ela mexia comigo, aquele olhar, acho que gostou de mim, parecíamos íntimos a anos mas era apenas uma noite, a primeira. Trepamos de novo e desta vez lembramos dos sagrados ensinamentos do Kama Sutra, descansamos um pouco e em seguida cochilamos.

Acordei com o telefone do quarto tocando, era a recepção do motel avisando que nosso tempo estava acabando. Era tarde, quase cinco horas e eu estava com fome, acordei a Natália e concordamos em sair. Fomos ao 102 e encontramos o Zé Pedro acordado e a Fernanda na maior soneca só de calcinha com aquela bundona enorme pra cima.
Natália tirou as botas e correu pra cama, abraçou a Fernanda e deitou. Tranquei a porta, tirei as botas e deitei ao lado dela, nos cobrimos e ficamos ali, os quatro deitados na mesma cama, como se fossemos velhos amantes hippies perdidos na geração Y.

Por um momento achei que ia rolar um bacanal, sei que o Zé queria comer a Natália, eu toparia enrabar a Fernanda, mas não queria comprometer aquele momento que tive com a Natália. Se rolasse um bacanal tudo estaria acabado, perderíamos aquele momento só nosso. Ficamos ali deitados em silêncio trocando olhares, a Natália me olhava daquele jeito, ela gostou de mim.
Parecíamos um casal, me lembrei daquele filme "Antes do Por do Sol" em que um casal se conhece, se apaixonam e nunca mais se encontram.
O fim estava próximo e sabíamos disso, aquele olhar mudou, agora era como se fosse uma saudade antecipada, a ficha estava caindo e nós teríamos que voltar ás nossas rotinas.

O telefone tocou, era a recepção avisando que o tempo estava acabando, propus ficarmos mais algumas horas ali, o Zé gostou, as meninas ficaram animadas mas nós sabíamos que era o fim.
Era tarde, quase seis e nós tínhamos que ir embora. Coloquei as botas enquanto a Natália lavava o rosto e se arrumava. Olhava-me pelo espelho e sorria com certa tristeza, contei uma piada pra descontrair e todos riram por uns dois minutos, o sorriso que precedia o fim.

Descemos as escadas pagamos, pegamos nossos documentos, e ali, em frente ao motel troquei telefones com a Natália, dei um beijo e me despedi.
Elas seguiram rumo á estação do metrô e nós para o estacionamento. Olhei para trás e a Natália estava olhando também, sorrimos. O último daquele longo dia.

Na volta pra casa ouvindo aquele disco brega da Bárbara Eugênia eu pensava nesta paixão passageira. Cheguei em casa e tomei um banho frio, deitei e disse pra mim mesmo: Eu te amo, até que termine o dia.

Foto 1 do Conto erotico: Uma História de Amor e Sexo em São Paulo


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Comentários


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Comentou em 11/04/2013

Parabéns, muito criativo, espero a continuação e o desfecho deste romance(votei neste conto) Inaugurei a categoria "Poemas e Versos" com o relato Poema Feminino, leia, comente, vote se gostar, é divertido

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Comentou em 11/04/2013

Mais um apaixonado




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Ficha do conto

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casanova

Nome do conto:
Uma História de Amor e Sexo em São Paulo

Codigo do conto:
27926

Categoria:
Fantasias

Data da Publicação:
10/04/2013

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2

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