Começa o jogo, lá vem ela de novo. Joga o lençol na minha cara, limpa a dor com a calcinha, tinge os fingimentos de preto e branco e deita nua ao meu lado. É paga para fazer amor. Não vive de amor. Não sabe o que é o amor.
Conta uma mentira, enxuga uma lágrima. Não sabe onde a verdade está enterrada. Reza por alguém, escarnece com um sorriso tolo de um tolo. É paga para fazer amor. Não vive de amor. Não sabe o que é o amor.
A lua continua brilhando. Ela queima na lareira da sala. Sonhos destruídos, vidas despedaçadas. Faz frio lá fora e ela sequer acabou suas preces. Ela é a garota que eu adoro. Ela sabe do que eu preciso. Seu grito ecoa na minha mente.
Qual o seu nome? Ela não tem nome. É a única que se pode chamar com qualquer nome. Não tem cor, não tem vida, não sente dor. É a garota que todos amam, que todos querem, que todos desejam, que todos ignoram.
Corações ocupados, almas vazias. Um cheiro de madeira queimada na sala. As verdades escondidas. As águas fluindo nos ralos escorrendo nas ruas. Às vezes sinto que preciso de um tempo... Não tenho mais a quem culpar.
Então, começa o jogo, lá vem ela de novo. Joga o lençol na minha cara, limpa a dor com a calcinha, tinge os fingimentos de preto e branco e deita ao meu lado. É paga para fazer amor. Não vive de amor. Não sabe o que é o amor.