Te peço por favor, que me perdoe... Não consigo mais viver sem você. O sol ascende, mas é como se não existisse. Também as estrelas não são mais visíveis. Só você pode fazer-me vê-las. Preciso de sua companhia nesta longa estrada da vida, onde se corre sem parar. Ando por aí no espaço vazio, parece que estou atrás de nada, mas sei que além dos horizontes está você, como farol de intensa luz a iluminar os caminhos. O mundo dá varias voltas, mas somos capazes de percorrer mais voltas que o mundo. Por favor, não me deixe assim, te peço perdão, ainda temos muitas voltas a correr... Ainda lembro do seu caminhar, seu jeito de andar, eu me lembro bem... Me deixe voltar, e as voltas voltarão. De sua amada criada e obrigada, Aleiça Alces.”
Mais uma vez fui à quadra e encontrei Max sentado no banco a me esperar. Ele tinha lido a carta, e entendeu meu apelo. Começamos a correr como em outros dias, de repente senti um fisga na panturrilha, parecia contusão. Fui até em casa pulando feito galinha o mais rápido que pude. Depois voltei à quadra com uma espátula e um vaso de plástico. Sentei diante do banco, à beira da pista. Max chegou pra frente e arreou o calção até o joelho. Por causa do calor ele suava, e ia se formando muito sebo em sua virilha. Comecei a recolher com a espátula depois com a mão. De tarde o vaso já estava lotado com o sebo morno. Max começou a esfregar em minha panturrilha, massageando devagar. Em pouco tempo não sentia mais latejar, e começamos correr de novo. Assim seguíamos, até que um dia vi uma menina correndo. Era cedo da matina e Max ainda não havia chegado. Era tão linda que gamei, mesmo sendo gay. Ela parou de correr e foi ao banheiro ao lado do bar do outro lado da avenida principal. Devia estar no desespero; eu que não sou mulher, sou apenas bicha, desço o barro em qualquer lugar. Corri rápido antes que saísse de lá. Dali a pouco ela saiu primeiro, depois eu. Max já estava na quadra fazendo abdominais na pista ao lado do muro do colégio. Quando surgi à sua frente me olhou com grande ira. - Bonito, moça. - Que foi que eu fiz? - Pensa que não vi? Estou te observando faz tempo. Eu sei de tudo. Agora você vai ver o que é pau de verdade... Começou a me perseguir com um pedaço de madeira. - Nunca mais volta aqui, bicho. Senão vou te matar. Você fez uma coisa que jamais deveria ter feito.
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