Acordar cedo, segunda-feira, mais um dia de aula. Eu estava um pouco preocupado.
Na sexta anterior eu tinha me metido no maior rolo. Eu não sabia o porque direito, mas, tinha um veadinho na minha sala que me tirava do sério. Era uma droga, nunca gostei de veado. Zuava o cara sempre que podia, nunca perdia a chance de fazer a vida dele um pouco mais miserável. E mesmo aturando aquilo tudo ele não tirava o olho de mim. Na época eu pensava que isso era viadagem dele.
Talvez o cara só estivesse preocupado pensando qual seria a próxima humilhação. Vai saber.
O problema é que eu tinha passado dos limites, tinha amarrado os cadarços dele na cadeira sem que ele percebesse. O cara foi levantar caiu de cara no chão, quebrou um bucado de dente, sangue pra todo lado. Todo mundo sabia que tinha sido eu, mas é claro, ninguém falou nada.
Chegando na sala, nada dele por lá. Durante o dia ouvimos um monte de esporros sobre o ocorrido, mas como ninguém me entregou, a história ficou por aquilo mesmo. O cara mudou de escola nunca mais ví. Mas os acontecimentos da próxima semana mudariam minha vida de tal forma, que eu nunca poderia esquecer aquele pobre coitado.
A semana transcorreu sem grandes novidades. Fiquei ansioso a semana inteira pela chegada da sexta. Seria a festa de uma amiga da sala, e a menina que eu gostava tinha dado a entender que queria que eu fosse.
Comprei uma gravata nova,(Sim! A festa seria no clube mais visado da cidade, passeio completo). Nunca gostei muito dessas convenções sociais, mas eu só queria saber da Rafaela.
Minha carona atrasou, cheguei quase 3 horas atrasado. Cumprimentei meus amigos a aniversariante. Já estava todo mundo bêbado e a Rafa sentada em um canto com um cara que eu nunca tinha visto, rindo muito, se encostando muito. Sentei na cadeira alta do bar, sozinho. Num lugar que eu podia vê-la.
- Whisky. Sem gelo. - Falei, sem emoção.
Não faço ideia quantas doses tomei, nem quanto tempo fiquei ali. Meu estômago borbulhava e não era por causa da bebida. A Rafaela estava atracada com o cara. Precisava ir ao banheiro. Fui.
Nunca fui muito sutil ao vomitar, muito menos quando bêbado. Saio do box, lavo o rosto me encaro no espelho. Tinha alguém atrás de mim.
- Você está bem?
"Claro que não estava, cara estúpido." - Pensei.
- Estou sim. - Respondi seco.
- Venho te reparando desde que chegou. Não tirou os olhos daquela loira.
Eu ainda não tinha reparado nele. Alto, sorridente. Cabelo cortado na moda, engraçado. Me olhava fixamente. O terno parecida ligeiramente apertado. Ele era bem forte, talvez tivesse ganhado aqueles músculos depois que comprou o terno, vai saber.
Reparei no volume marcado na calça. Que porra era aquela? Porque eu estava prestando tanta atenção naquele filho da puta? Nem me lembrava mais de Rafaela.
Não sabia o que dizer. Olhei nos olhos deles e saí. Sem dizer nada.
Continua...
Cadê a continuação? Aguardo...
Estou aguardando a continuação... Seu conto [e uma delicia.