- Você entendeu errado, Felipe é só um-m-m ami-mi-go! - disse gaguejando.
- E por acaso a gente transa com amigos? Beija? - retrucou ele dando uma risadinha.
- Como você sabe? - perguntei incrédulo.
- Qualquer um poderia ouvir os gemidos de vocês - disse ele revirando os olhos - não sei como não quebraram a cama.
Percebi que Jordan sentia nojo, ele começava a me olhar com uma cara de quem estava olhando um monstro à sua frente. O olhar dele me entristeceu, não pelo fato de ele desaprovar minha conduta, mas pelo fato que naquele momento eu percebi que quando me assumi-se iria receber olhares que nem aqueles. Olhares de nojo!
- Meus pais estão dormindo? - indaguei com a cabeça baixa, olhando pro chão.
- Não. Eles foram levar o meu pai para o aeroporto. - disse ele sem tirar os olhos do livro.
- Tá bom - fui andando lentamente em direção a escada - boa noite.
- Boa noite, bichinha! - Quando ele falou aquelas palavras senti um ódio transbordando dentro de mim, ninguém me chamava assim e não ia ser esse francês de merda que iria começar.
Dei meia volta e fui em direção à poltrona que ele estava sentando. Peguei ele pelo roupão e olhei nos olhos dele.
- Escuta aqui seu filhinho de papai de merda! - eu gritava e Jordan me olhava com uma cara de espanto - Quem tu pensa que é pra me chamar de bichinha na minha própria casa?
- Mas é isso que você é, um viadinho de merda! - ele berrava mais alto e fazia força pra tentar se desvencilhar de mim.
- Ah é? Tem certeza? Porque esse bichinha aqui percebeu o jeito que tu me olhava na hora da janta - disse dando uma risada falsa - Talvez o único bichinha aqui seja você.
Ele se desvencilhou de mim e me atingiu com um soco no rosto. O soco foi tão forte que eu fiquei tonto por um momento. Meu lábio estava cortado e começava a sair sangue. Olhei nos olhos dele e disse:
- Se você tiver um pouco de decência nessa cara, tu vai sair hoje de minha casa! - disse me levantando com dificuldade - `Porque a vida é minha, se eu faço ou deixo de fazer alguma coisa é problema meu e estou na minha casa.
Ele não falava nada, talvez estivesse mais chocado do que eu com a reação dele, só sei que ele deu um passo à frente pra tentar me ajudar a levantar, só que impedi.
- Não em costa em mim seu francês de merda! - disse cuspindo aquelas palavras - O que adianta tanta cultura se por dentro é apenas um preconceituoso de bosta.
- Me desculpa, eu não queria... - ele tentava se desculpar.
- Não precisa dizer nada, só sai da minha casa. - subi as escadas com a maior tristeza que já tinha sentindo, me sentia humilhado e confrontado em minha própria casa e por um cara que não fazia nem um dia que eu conhecia.
Chegando no meu quarto, tranquei a porta e comecei a chorar pensando no olhar que Jordan tinha me dado. Nojo. Será que é isso que vão sentir quando eu me assumir? O que meus pais vão dizer? Será que mamãe vai me olhar com o mesmo olhar que Jordan me deu? Peguei um travesseiro e coloquei em cima da minha cabeça pra tapar o barulho do meu choro. Não queria que aquele filha da puta ouvisse que estava chorando por causa dele. Sem perceber adormeci.
Quando me acordei eram 7:45 e eu já estava atrasado 20 minutos pro colégio. Entrei correndo pro banho, me lavei e depois coloquei meu uniforme que estava totalmente amassado. Descendo as escadas com pressa fui pra cozinha e lá não encontrei Rita e sim Jordan.
- Af, eu merece mesmo - disse na mesma hora em que o vi só de cueca box preta - cadê a Rita?
- Ela não veio ainda, ligou dizendo que perdeu o ônibus - explicou ele com voz de sono. Era incrível como eu era totalmente idiota. Tinha acabado de levar, poucas horas atrás, um soco na cara e eu não conseguia deixar de achar Jordan bonito.
- Okay - disse pegando minha mochila que eu tinha esquecido na noite anterior na cozinha.
- Ei, fica - falou ele. Claro que não dei ouvidos à ele e fui andando pelo corredor para sair pela porta. Mas antes que eu pudesse chegar perto da porta, ele correu em minha direção e pegou meu braço e me puxou pra trás. Com o impacto do movimento que ele fez, nossos corpos se encontraram e minha bunda encostou no pau dele que estava mole mas era bem grande.
- Me solta - disse tentando me desvencilhar do braço dele.
- Eu preparei café da manhã para nós e tu vai sentar essa bunda na cadeira e vai comer. - disse ele com a voz firme e me soltou.
- Não quero comer porcaria nenhuma. Principalmente se foi tu que fez. - disse empurrando ele e saindo pela porta.
Cheguei no colégio 8 horas e por sorte não tinha perdido muita coisa. Logo que cheguei na sala, todos me olharam e eu cheguei a conclusão que era por causa do roxo do lado direito da minha boca. Eu ainda iria devolver esse soco pro filha da puta do Jordan. Pedi licença pra professora de física e fui em direção a uma classe que estava vaga. Bruna tinha guardado um lugar para mim.
- Meu Deus, Vars. - disse ela assustada - O que aconteceu com teu rosto?
- Tá tão feio assim? - perguntei com uma voz de quem estava prestes a chorar.
- Calma, o que foi que aconteceu amigo? - disse ela me abraçando - Quem te fez isso?
- Ninguém - respondi fungando meu nariz que insistia em escorrer quando eu chorava.
- Foi o Felipe, né? EU SABIA QUE TINHA SIDO AQUELE FILHA DA PUTA - gritou Bruna descontrolada. A professora nos olhou e nos mandou ficar quietos ou sair da sala. A turma toda estava concentrada na nova matéria e por isso ninguém notou que eu estava chorando.
- Não foi ele - falei sussurrando - foi o Jordan.
- Quem? - indagou ela confusa. Coitada de Bruna, ela sempre me aturava em qualquer situação!
- Depois eu te conto no intervalo - encerrei o assunto e segui concentrado na matéria que a professora passava no quadro.
Logo o sinal bateu e o intervalo começou. Eu e Bruna ficamos no corredor aonde ficava as salas do terceirão e lá contei toda a história para ela. Desde o jantar, a transa com o Felipe e a briga com Jordan.
- Não tô acreditando no que você acabou de me contar - disse Bruna espantada e com pena de mim - Como você está?
- Sei lá, tô confuso. Tudo aconteceu tão rápido que não consigo encontrar um motivo para explicar aquela reação do Jordan. - desabafei enquanto escorria uma lágrima do meu rosto. Bruna pegou um lenço da bolsa dela e limpou meu rosto.
- Não tem explicação o que ele fez. Ele é um homofóbico de merda. Tu não tem que dar ouvidos para o que ele diz ou o que ele pensa - disse ela com raiva. Se bem eu conheço Bruninha, ela seria capaz de matar qualquer cara que mexe-se comigo. - Acho que você devia contar tudo para seus pais.
- Você sabe que eu não posso, flor. - disse olhando nos olhos dela.
- Já esta na hora Vars, tu tem 17 anos, vai pra faculdade e namora a um ano o Felipe. Não tem como teus pais mandarei em ti. Você não escolheu nascer gay e isso não é errado. Errado é se esconder como você faz! - disse ela me abraçando.
- Eu sei. Juro que vou tentar falar para meus pais. É que tenho medo da reação deles, entende?
- Conta para a tia Martha, tenho certeza que ela vai te ouvir e com certeza ela já deve saber que você é gay. - Bruna me deu um beijo no rosto e se levantou. Estendeu uma mão para mim e eu a peguei - Agora vamos Vars que eu to é com fome.
Fomos andando em direção ao refeitório e lá encontrei Matheus, o jogador de basquete que até hoje me paquera, ele veio em minha direção me abraçou e me perguntou:
- O que aconteceu com seu rosto? - disse ele preocupado.
- Nada não Math, eu só caí no chão. - falei a primeira mentira que me veio a mente.
Matheus era um negro lindo. Tinha um 1,80, olhos pretos, a cor da pele bem marrom dourado e cabelos crespos. Era todo musculoso. Mais musculoso que Felipe.
- Aham, sei. Isso pra mim é um soco que tu levou - disse ele com raiva - Só pode ter sido aquele fudido do Felipe. Além de merda é covarde.
- Matheus não foi o Felipe! Acredita em mim! - disse segurando a mão dele. - Me promete que não vai fazer nada que se arrependa depois?
- Tenho certeza que não me arrependeria - disse ele com desdém.
- Math, por favor! - implorei pra ele.
- Se sabe que com essa cara de bebe, não tem como negar né? - disse ele tocando nos meus cabelos loiros.
- Ei, estamos no refeitório. Há pessoas aqui, para de ser viadinho - disse rindo. Math riu e foi indo pra mesa dele.
Eu e Bruna lanchamos e fomos em direção à porta da nossa sala. Ainda faltava dez minutos para encerrar o intervalo. Vi que Felipe estava na porta da minha sala me esperando. Ele estava lindo com o uniforme do time do colégio. Eu conseguia ver as coxas delineadas dele e os músculos fortes que a camiseta justa mostrava. Fui correndo na direção dele e lhe dei um forte abraço. Encostei minha cabeça no peite dele e ele me puxou para um beijo.
- Ai meu lábio - disse saindo do abraço dele.
- O que houve com seu lábio, Vars? - questionou Felipe me olhando nos olhos.
- Nada Felipe, isso foi ontem na cama. - respondi
- Não, tenho certeza que não fiz isso na sua boca. Isso parece mais um ferimento de soco. - gritou ele.
- Caralho mas está tão evidente assim? - desabafei comigo mesmo.
- Quem fez isso, Vars? Me fala o nome do desgraçado que te machucou. - Felipe estava com muita raiva. Então tive que contar toda a verdade. Tudo.
- Então tu quer dizer que esse Jordan sabe sobre nós?
- Sim, ele sabe. E da pior maneira. - disse abraçando Felipe. Seu abraço era acolhedor, me sentia protegido. Felipe começou a passar a mão nas minhas costas.
- Eu quero me assumir, Vars. Eu não tenho medo dos meus pais e nem dos teus. Eu quero poder andar de mãos dadas com você na rua e poder dizer que você é meu. - falava Felipe enquanto beijava meu pescoço.
- Eu também quero a mesma coisa Felipe. Mas agora não podemos. Não podemos chegar para nossos pais e dizer que somos gays e que namoramos a um ano. Temos que ter tempo pra falarmos tudo numa situação em que esteja tudo calmo. - expliquei.
- Você está certo. Mas, eu irei ter uma conversinha com esse Jordan. - disse ele com raiva.
- Não você não vai! Ele pode usar o que sabe contra nós, deixa que eu resolvo essa situação - disse com voz de autoridade para Felipe. Só assim ele me ouvia!
Felipe me deu um último beijo nos lábios, suavemente para não me machucar e foi para a quadra de futebol. O sinal bateu e eu e Bruna fomos para a sala. Na saída do colégio tinha perdido a Van escolar.
- Quer uma carona, Vars? - perguntou Bruna.
- Não, Bruninha. Vou ligar pro papai e ele me busca. - disse para ela.
- Okay então, até amanhã meu anjo - Bruna me deu um forte abraço - Fique forte!
Mandei uma mensagem para papai e fiquei esperando na frente do colégio para ele me buscar. Logo visualizei o carro de papai, um Audi A4 preto, que estacionou bem na frente do colégio. Abri a porta do carro, já fui entrando e colocando o cinto.
- Desculpe pai, perdi a Van e a nossa casa é muito longe para eu voltar a pé de novo. - expliquei enquanto colocava o cinto de segurança.
- Não tem problema. - Aquela voz não era de papai. A voz de papai não tinha o efeito que essa voz tinha em mim. Essa voz grossa, aveludada, extremamente masculina. Quando virei meu rosto para ver quem estava dirigindo o carro, vi o rosto quadrado de Jordan.
Continua...
(Olá galera, tudo bem com vocês? Estou extremamente feliz que vocês estão gostando dos contos. Prometo que muitas intrigas, suspenses e muito mas muito sexo estão por vir.Quero agradecer o carinho de todos e especialmente do Chacon Bebe. Até amanhã!)
Cada vez o clima esquenta, e só tô esperando novos, acontecimentos, esses suspenses e as "intrigas". Esse conto parece um pouco comigo. Amei, perfeito. Shippando "Varslipe". <3 ;-)
cara muito bom ,ja qro mais
gostei muito desse conto contínua logo por favor.......
Adorei esse conto, e vou continuar acompanhando, quem me dera conhecer esse felipe, a minha única dúvida é de onde vc tirou esse nome varsóvia ??? Continue escrevendo, bjs :-* ..............
Rapaz, a estória está cada vez mais envolvente. Não canso de ler. Aguardando os próximos capítulos.
Tá ficando muito bom.
Nossa muito bom ansioso para o próximo capítulo