Dias atrás aconteceu uma coisa muito curiosa e que me fez viajar no tempo. Eu estava caminhando pela Avenida Paulista, retornando de uma reunião chatíssima. Era fim de tarde e o sol se punha com a sua onipresença costumeira, cingindo o horizonte de vermelho e amarelo, enquanto eu rumava para uma estação próxima do Metrô, envolto em pensamentos perdidos sobre desejo, afeto, paixão e tesão.
Repentinamente, eu vi Odete … na verdade eu a revi; estava envelhecida (o que era plenamente justificável, já que eu não a via, pelo menos, há uns trinta anos!), mas, mesmo assim, eu a reconheceria eternamente … afinal, ela foi minha primeira experiência sexual.
Cessei minha caminhada e fiquei com o olhar fixo naquela mulher; os anos haviam sido muito condescendentes com ela, pois ainda conservava a beleza que sempre a caracterizou. Enquanto eu a vislumbrava de longe, minha mente recuou no tempo e me fez lembrar de sua imagem como quando nos relacionávamos; Odete era uma loira linda, de cabelos encaracolados, sempre curtos, olhos azuis da cor do céu e um corpo roliço e despudoradamente enlouquecedor. Eu me lembrava bem daquele corpo.
Odete era uma jovem ambiciosa, que viera do interior tentar a sorte na capital nos idos dos anos setenta e acabara desembocando na “vida fácil” da prostituição barata do centro da cidade. Minha mãe, com seu olho clínico para oportunidades, viu naquela garota o potencial para que ela se tornasse uma vendedora de porta em porta de artigos femininos (roupas íntimas, vestidos, lenços, sapatos e bolsas – os primórdios da atual “consultora de vendas”), e decidiu investir nela.
Para tanto, tirou-a das ruas, trouxe-a para nossa casa, que era seu hábito incorrigível, e treinou-a para ser uma boa profissional. E por incrível que pareça, minha mãe obteve um sucesso estrondoso, pois Odete tornou-se uma vendedora hábil e de boa lábia, capaz de “vender gelo para esquimó”, como se costumava dizer naquela época.
Com o tempo, Odete tornou-se parte da família, desfrutando das refeições junto com meus pais e comigo, assistindo televisão à noite e jogando cartas com os amigos de meu pai nos fins de semana. Eu, que era apenas um adolescente, curtindo rock dos anos sessenta e disco dos anos setenta, via nela apenas mais uma garota que frequentava minha casa, assemelhando-se a uma irmã mais velha que jamais tive.
Tudo corria bem com nosso relacionamento familiar, até o dia em que tive a melhor surpresa de minha adolescência. Na casa em que morávamos, Odete ocupava um pequeno quarto que ficava nos fundos e que possuía todas as comodidades necessárias, já que meu pai o havia construído pensando em proporcionar ao seu ocupante toda a comodidade que tivesse se residisse em nossa própria casa, inclusive um banheiro cuja porta ficava logo em frente a porta do quarto.
Pois bem. Eu estava saindo de casa, caminhando em direção ao quintal lateral, onde ficava a pequena oficina de meu pai, que era mecânico, e fui arrebatado pela deliciosa visão de Odete saindo do banheiro, após ter tomado uma ducha, trajando apenas uma calcinha de renda.
Imediatamente, fiquei extasiado com aquela visão e fui tomado por uma letargia que me impedia de fazer qualquer coisa; eu conseguia apenas olhar e me deliciar com aquela linda mulher desnuda caminhando despreocupada como se não houvesse mais ninguém à sua volta. Pude ver, nitidamente, seus lindos seios em forma de pera, com mamilos largos e achatados, coroados por aureolas levemente entumescidas e que balançavam acompanhando o movimento gingado do corpo dela.
No exato momento em que voltei à realidade e tencionei ocultar-me de alguma forma, fui surpreendido pelo olhar de Odete em minha direção; meu sangue congelou nas veias e, por um instante, pensei que teria uma síncope, estatelando-me no chão. Imaginei Odete me repreendendo e chamando por meus pais a fim de denunciar minha conduta abusada.
No entanto, não foi isso que aconteceu. Odete olhou para mim e fitou-me por alguns minutos (que mais pareceram séculos) para, em seguida, abrir um sorriso com um ponta de safadeza. O olhar dela parecia querer me dizer alguma coisa, que eu, naquele momento, não era capaz de compreender. Odete exibiu-se para mim por mais um par de minutos, colocando as mãos na cintura com o intuito de permitir que eu a examinasse com mais vagar, para, depois, dar-me as costas e dirigir-se para o quarto … não sem antes voltar o rosto por cima do ombro sorrindo mais uma vez um sorriso oferecido.
Depois que ela entrou e fechou a porta, soltei a respiração e tentei controlar a tremedeira que havia tomado conta dos meus músculos. E antes que eu pudesse realmente relaxar do choque inicial, fui mais uma vez, surpreendido por Odete que, de forma provocante, abriu a janela do seu quarto, exibindo sua nudez para mim, agora mais completa, porque ela havia tirado a calcinha e subido na cama, mostrando suas formas lindas e generosas.
Ela deu uma voltinha e me deixou ver suas nádegas roliças e bem moldadas. Após, essa “exibição” privada, Odete tornou a fechar a janela, deixando para mim apenas outro sorriso cheio de intenções. Retomei o controle de meu corpo e mente e antes que alguém pudesse surgir e flagrar meu estado de excitação absoluta, corri em direção à oficina de meu pai, tentando esquecer a experiência recente, o que foi, na verdade, algo impossível.
À noite, minha mãe me chamou para jantar e, como sempre, fui me sentar na lateral da mesa, esperando pelos pratos deliciosos que minha avó costumava fazer para todos nós. Tomei um susto quando Odete veio e sentou-se ao meu lado, já que ela tinha por hábito comer antes ou depois de todos, pois cabia a ela lavar a louça. E não posso negar que senti um arrepio gostoso percorrer minha espinha ante a presença excitante dela.
Enquanto jantávamos, meu pai e minha mãe discutiam assuntos familiares, com minha avó sempre atenta à conversa, intervindo apenas quando considerava relevante fazê-lo. Eu, por meu turno, saboreava a comida, já que comer era um dos meus maiores prazeres naquela época. E qual não foi meu susto ao sentir a mão de Odete pousar sobre minha coxa desnuda. Eu tive uma espécie de choque elétrico que percorreu todo o meu corpo, me impelindo a alguma reação inesperada.
Porém, Odete, experiente em assuntos como esse, apertou minha coxa com seus dedos grossos e quentes, alertando-me para que não esboçasse qualquer reação. Obedeci incontinenti.
Aquela mão sobre a minha coxa (eu costumava usar shorts velhos e largos quando estava em casa), causou-me a mais deliciosa das sensações … uma sensação digna de um adolescente que estava, aos poucos, conhecendo os segredos do sexo oposto. Tentei prosseguir com minha refeição, e mesmo esforçando-me ao máximo isso foi quase impossível, pois Odete passara a acariciar minha coxa, apertando-a vez por outra.
Eu sentia meu pau latejar dentro da roupa, querendo saltar para fora, exibindo-se para a fêmea ao meu lado; mas, a inexperiência não me permitia arroubos tão ousados, já que eu não podia saber exatamente, quais eram as intenções de minha parceira (se é que haviam intenções!).
Subitamente, Odete me surpreendeu mais uma vez, ao segurar a protuberância que pulsava por baixo do tecido, apertando-a suavemente. Senti outro arrepio varar meu corpo e a sensação de algo vibrar dentro de mim … eu estava enlouquecido de tesão! E apenas hoje compreendo bem como aquela sensação era algo tão excepcional como uma guloseima de vida cujo sabor jamais tem fim.
Odete divertiu-se com a possibilidade de ter um macho novinho em suas mãos e seu olhar, nos poucos momentos em que nos entreolhamos, denunciava o prazer que ela sentia com isso.
Terminamos o jantar e todos se retiraram. Meus pais foram para a frente da televisão, onde, via de regra, meu pai acabava por cochilar cansado pelo dia de trabalho e minha mãe perdia-se em atenções com a novela das nove (horário “nobre” da Vênus Platinada), acompanhada por minha avó, que também por hábito, costumava ficar “com um olho na sardinha e outro no gato”, prestando atenção em tudo que acontecia na cozinha, onde eu e Odete nos incumbíamos de lavar a louça do jantar.
Enquanto Odete lavava pratos, talheres e panelas, eu limpava a mesa e sacudia a toalha, para, depois, poder me dedicar à tarefa de enxugar a louça que ela depositava sobre o escorredor de pratos. Ficamos envoltos em nossa tarefa sem pronunciar qualquer palavra, apenas olhares que pareciam gritar de desejo um pelo outro. Houve um momento em que achei que Odete estava apenas se divertindo em deixar um garoto como eu excitado e que, mais cedo ou mais tarde, isso a cansaria e ela me poria de lado para nunca mais saber de mim.
No entanto, dois acontecimentos naquela noite me deram certeza de que eu era “a bola da vez”; primeiro deles ocorreu quando eu tive que guardar os pratos que havia secado; eles eram costumeiramente acondicionados em um pequeno armário que ficava do lado oposto ao da pia e atrás de uma porta, razão pela qual, para fazê-lo eu precisava passar por trás de Odete. E assim que o fiz, Odete jogou seu traseiro para trás, chocando-se com minha virilha …
Foi algo tão surpreendente que eu fiquei entre o chocado e o atônito. E quando dei por mim consegui apenas ver o risinho safado dela em minha direção. Retribui o sorriso e prossegui com minha tarefa de guardar os pratos. E eu estava tão distraído que não percebi quando Odete aproximou-se de mim. Voltei-me na direção dela e fui premiado com um beijo de língua despudorado.
Aquele não foi meu primeiro beijo, já que esta oportunidade aconteceu com minha primeira namorada (outra lembrança, outra história), mas, certamente, foi o primeiro repleto de desejo, de sacanagem e de tesão. Tentei abraçar Odete, mas ela me impediu, apenas prosseguindo no beijo que se prolongava cada vez mais delicioso.
Quando, finalmente, terminamos, ela olhou para mim; tinha um olhar lânguido, que hoje reconheço como um olhar carregado de vontade de fazer de mim seu brinquedinho sexual do momento. Ela tomou consciência do momento e depois de uma olhadela para a sala onde mais pais estavam, aproximou o rosto do meu ouvido e sussurrou: “Mais tarde, eu te espero … a porta do quarto vai estar destrancada …”
Mais uma surpresa, mais um arrepio. Odete afastou-se e terminamos nossa tarefa sem pronunciar uma palavra sequer … nem era preciso … tudo havia sido dito …
Fui me deitar e, como sempre, esperei todos se recolherem para apreciar um pouco da televisão e seguir para minha cama. Nessa época eu dormia no mesmo quarto em que minha avó dormia; ela na enorme cama de casal que ficara grande demais após o falecimento de meu avô e eu em uma cama de solteiro também bastante confortável que estava do lado oposto do quarto.
A única e significativa diferença naquela noite era que eu não tinha a menor vontade de dormir … e mesmo que tentasse não conseguiria, pois eu sabia que Odete me esperava. Ansioso como todo o adolescente, afobado com todo o jovem da minha geração e inexperiente como todo garoto da mesma idade eu fingi dormir, esperando que minha avó caísse em seu sono pesado e do qual nem mesmo um acidente aéreo seria capaz de fazê-la ressurgir com os sentidos em alerta.
Me lembro bem, eram duas da manhã quando iniciei minha incursão tendo como destino o quartinho onde Odete residia … e, provavelmente, me esperava …
Tudo era muito novo e muito excitante; eu sentia meu coração bater quase na goela, enquanto minhas mãos estavam frias como gelo e meu corpo todo experimentava um tremor que parecia aumentar de intensidade a cada passo que eu dava em direção ao meu objetivo. Como um larápio em busca de um alvo, eu fui até a cozinha, girei a chave na fechadura cuidadosamente e ganhei o corredor do quintal, tomando o cuidado de deixar a porta segura apenas por uma pequena taramela de metal que meu pai havia improvisado anteriormente.
A escuridão somente não era total porque era noite de lua cheia e a luz azulada da enorme bola que pendia no céu derramava seu brilho prateado sobre as trevas, tornando-as delineadas e quase fantasmagóricas (especialmente para um garoto excitado e assustado como eu!), facilitando meu esgueirar sorrateiro em direção ao meu desconhecido objeto de desejo carnal.
Parei ao pé da porta do quartinho de Odete e tentando controlar minha respiração e a mão trêmula, girei a maçaneta, constatando que ela estava, de fato, destrancada. Assim que iniciei a sua abertura, fui surpreendido pelo ranger das dobradiças envelhecidas e malcuidadas; cessei o movimento deixando o espaço suficiente para que eu pudesse passar por ela e ganhar o interior do ambiente onde Odete me esperava.
Assim que entrei, Odete sentou na beira da cama; eu mal conseguia ver sua silhueta, pois a única iluminação disponível vinha do luar que se chocava contra a janela madeira com quadriculados de vidro caramelado, dissipando-se no ambiente e concedendo uma luminescência etérea e muito prejudicada.
Mesmo assim, eu conseguia vê-la o suficiente para saber que ela estava a minha espera.
Ela me chamou para perto, sussurrando meu nome em tom quase inaudível de voz, e assim que estava ao alcance de suas mãos ela me puxou, fazendo com que eu ficasse em pé entre suas pernas. Mesmo trajando o tradicional pijama de flanela que me fora presenteado por minha avó e que, desde então, tornara-se minha indumentária noturna, eu podia sentir o calor das mãos de dedos grossos de Odete percorrendo meu corpo.
Calmamente, ela desabotoou a parte de cima do meu pijama, desnudando meu peito e deixando-me à mercê de suas carícias longas que, imediatamente, entumesceram meus mamilos e arrepiaram minha pele. Em seguida, ela desfez o laço do cordão que sustentava a parte inferior de minha roupa, deixando-a escorregar até o chão e revelando minha rola, dura e pulsante, que apontava atrevidamente para o rosto de Odete.
Com uma das mãos, Odete segurou a rola pela base, enquanto que, com a outra, amassava suavemente as bolas, em movimentos que faziam pequenos espasmos percorrerem o meu corpo. Ela mostrava toda a sua habilidade feminina em proporcionar prazer a um homem; e eu pensava nisso sem jamais discriminá-la por ter se prostituído quando chegara em São Paulo; pelo contrário, eu achava (e ainda acho) Odete uma mulher experiente, sensual e excitante.
Não demorou muito para que eu percebesse que Odete estava nua e quando fiz menção de tocar-lhe os seios, ela se afastou de mim, e sem largar da rola sussurrou que eu não devia fazer nem dizer nada. Como um adolescente destituído de malícia, obedeci ao comando dela, quedando-me inerte e submisso aos seus carinhos que me deixavam em estado de pleno êxtase.
Odete começou a me masturbar; primeiramente de uma forma cadenciada e lenta, apreciando o estado em que eu me encontrava, o qual ela saboreava com os olhos que, mesmo na escuridão, eu percebia estavam repletos de tesão. A seguir, ela intensificou os movimentos, tornando-os rápidos e fazendo com que eu sentisse uma onda de excitação tomando conta de mim, crescendo em meu interior e propiciando a sensação de ondas indo e vindo em minhas entranhas.
Era algo muito novo para mim, mas, ao mesmo tempo, algo inexplicavelmente delicioso e obscenamente desejado; eu queria mais, queria que aquela sensação se prolongasse por tempo indeterminado e que Odete fizesse de mim seu brinquedinho de prazer.
Algum tempo depois, eu senti um arrepio mais intenso, seguido de uma comichão nascendo no interior de minhas entranhas, anunciando que algo estava para acontecer (algo que hoje conheço muito bem); Odete percebeu meu estado e intensificou ainda mais os movimentos de vai e vem com a rola em riste, até que, sem qualquer aviso, eu ejaculei. Foi uma ejaculação vigorosa, mas cujos jatos foram contidos no interior da boca de minha parceira que havia abocanhado meu pau, engolindo toda a seiva expelida sem deixar perder-se uma gota sequer.
Senti minhas pernas bambearem e meu corpo perder a firmeza, quase me impondo cair de joelhos perante Odete que, ao seu turno, limpou os lábios e mandou-me embora … eu caminhei até a porta com enorme dificuldade e antes de sair me voltei para ela, perguntando se eu poderia voltar e outra ocasião. “Eu te digo quando, moleque … eu te digo quando … agora, vá”.
(Fim da primeira parte …)
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