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Talvez seja a barba. Não percebo o que me cativa, não percebo porque o quero. Talvez seja o nariz. Não percebo porque é que ele não gosta do seu nariz, rude, grosseiro, como se não pertencesse ali, mas que o torna tão senhor de si. São 4 da manhã e a estação de comboios deixou de o ser, em vez da confusão de quem vai e vem, reina a calma, o vazio, encerra-se no silêncio da noite. Estamos só os dois e a quietude de uma estação na ânsia do movimento que teima em não querer chegar. É aquela voz grave que tão bem conheço que interrompe o silêncio.
- Estás a matutar não estás?
- Estou só a tentar perceber – disse eu quase como se fosse uma frase inacabada enquanto me levantei e abandonei o seu lado para o sentir mais de perto. Virada para ele, subi ligeiramente a saia para poder ocupar aquele colo que sinto como meu. Com a mão percorri o seu nariz para tentar entender o que o torna tão dele, o que o torna tão meu. É um caminho muito natural que se encerra no fervor dos lábios carnudos, cheios de vida, quentes e rosados que desabrocham por entre a densa barba que esconde tudo o resto. Quero-os para mim. Aproximei-me para os sentir. E mais uma vez senti a explosão de quando os nossos lábios se tocam, de quando a doce saliva daquela boca me faz não querer parar aquele beijo. Ele quer-me tanto quanto o quero a ele. Mas agora, eu quero mais.
As mãos ganham vida e prendem-se ao seu cabelo escuro. Quase como se aquele gesto lhe tivesse falado, senti as pontas dos seus dedos no fundo das minhas costas a empurrarem-me para ele num abraço que ofega. Perco os seus lábios para os sentir na minha face, no meu queixo, no meu pescoço, no meu peito. À nossa volta está a capa negra que nos separa do mundo, da estação e nos dá acesso a um mundo só nosso. Deixo que me beije e uso as pontas dos dedos para, um a um, desapertar os botões que descobrem o peito nu. Afasto-o para lhe poder tocar, acariciar o pescoço, beijar a clavícula, beijar o peito, sinto-o ofegante e sinto o desejo de quem quer mais, de quem precisa de mais e faço-o gemer quando o mordisco junto ao peito. Encontro de novo a sua boca e sinto as mãos por baixo da minha camisa, sobem pelas costas e desapertam o incómodo sutiã que aos poucos deixou de fazer sentido. Um arrepio dispara por mim abaixo, sinto-me perdida, sinto-me vulnerável, sinto-me livre. Sem estremecer, sem voltar atrás, as mãos sobem até ao meu peito e eu sinto a pequena ponta enrugada a fechar-se com aquele toque, a enrijecer nas suas mãos, naquelas mãos. Com a rapidez de quem já não quer esperar, agilmente desabotoa os quatro primeiro botões sem precisar de mais. As minhas pernas estremeceram com aquele beijo, com aquele toque, com aquela língua que me percorreu um seio de cada vez. Aos poucos, absorveu-os com a boca, mordiscou-os e olhou para mim com a indecência de quem sabia o que estava a despertar em mim e aos poucos senti-o crescer e ficar pronto para mim. Passei-lhe a mão por entre as pernas e sorri porque soube que a dureza era por mim, era para mim e eu precisava de ver o que tinha feito. Por entre os beijos ofegantes de quem já não controlava a respiração, desapertei-lhe o cinto devagar. Controlei a pressa, controlei o toque. Quis que ele esperasse, quis que ele implorasse mais. Aos poucos, muito devagar, desapertei-lhe as calças enquanto ele se vingava em mordidelas no pescoço, nas mamas, como quem diz que está farto de esperar. Finalmente, afastei-lhe os boxers e sorri para ele, aproximei-me na profundeza de um beijo que pouco tinha de profundo, mas muito tinha de sôfrego, ansioso, enquanto percorri o seu corpo com as minhas mãos, devagar, muito devagar. Senti a grandeza daquele pénis nas minhas mãos e mordi-lhe o lábio, ouvi-o gemer e pedir mais. Devagar, comecei um doce vaivém. A sua expressão mudou, petrificou e suspirou no banco e agarrou-me para mais junto de si. Para cima, para baixo. Senti a grossura do seu topo nas minhas mãos e soube onde o queria. Olhei para ele como que se a suplicar. Senti o latejar por entre as pernas e ele sentiu o desejo em mim. Rasgou as meias que estavam pelo caminho, abriu as pernas para poder ter espaço, afastar as cuecas e sentir-me com a ponta dos dedos. Quis sentir a humidade e sorriu. Retirou o dedo que a experimentava e levou-o até mim que ditosamente a experimentei diretamente daquele dedo que me encheu a boca de um sabor a mim, de um sabor a nós, de um sabor do que ele provocava em mim. Queria completar o meu desejo. Aos poucos aproximei-me dele e coloquei o seu órgão em mim, aos poucos, senti a grossura da cabeça, senti-o estremecer, quis sentir de novo, retirei-o antes de poder sequer entrar e repeti. Ele vingou-se nos meus seios e tocou-lhes com a vontade selvagem de quem estava farto de ansiar e eu deixei-me ir, deixei-me sentar, deixei que entrasse e se completasse em mim. Por entre beijos ansiosos, ofegantes e perdidos na loucura de quem sentia a brisa da noite, de um local onde não devíamos estar, que não devíamos estar a usar assim, mas que agora era nosso. Aos poucos movimentei-me para cima, para baixo, devagar, lentamente, senti aquela ereção que era dele, mas senti como minha e quis mais. Aumentei a velocidade por entre beijos, abraços, a loucura de quem não quer parar enquanto ele não me largava as mamas porque sabia que era o que queria, porque sabia que me estava a enlouquecer e estava. Ao descoberto da noite, por entre o subir e descer, o ritmo das ancas que não o queriam deixar, por entre o fletir das pernas ao descoberto, brinquei, puxei o pelo do seu peito, marquei os meus dedos naquelas costas, usei as unhas para o fazer estremecer e por entre a respiração desconcentrada e os gemidos de quem está no auge do prazer, senti as pernas estremecer e o meu interior a contrair-se à volta dele para que pudesse ser a sua vez. Senti-o soltar-se em mim e para mim no calor da noite por entre o suor dos corpos cobertos que ao descoberto foram um.