Eu o queria para mim, sentia a insana necessidade de marcar cada partícula do seu belo e estonteante corpo, para todos e principalmente ele saber que me pertencia.
Lembro de persegui-lo incontáveis vezes, de carro ou a pé, sempre tinha que saber onde ele estava, com quem e porque.
O medo brilhando nos olhos castanhos escuros não me fazia recuar, acreditava que poderia faze-lo aceitar meu amor e compreender minha extrema possessividade e necessidade.
Estudávamos na mesma faculdade - onde o conheci - e todos os dias o seguia pelos corredores, observando-o de longe, ele odiava quando eu me aproximava, porque eu poderia facilmente ver o seu medo.
As pessoas ao redor nunca perceberam a perseguição e ele nunca contou para alguem.
Naquele dia como de rotina, ele saiu correndo da faculdade para pegar o ultimo ônibus que ia para seu bairro.
Eu estava sentado na lanchonete e assim que ele passou por mim, levantei - como sempre - e o segui mantendo distancia razoável.
Parei atrás da arvore de carvalho, vendo ele sentar no banco de concreto, colocar a mochila no colo e olhar para os lados tentando me ver, desistindo depois de alguns segundos.
Eu sentei encostado na arvore, só voltaria para a faculdade depois que o ônibus passasse, esperaria o tempo que fosse necessário. A noite estava gelada, enfiei as mãos frias no bolço da jaqueta de couro para esquenta-las.
Eu estava quieto e calmo, quando ouvi a voz masculina desconhecida, seguido pela voz chorosa que reconheci no ato. Fiquei de pé com agilidade e sai de trás da arvore.
O homem surgido do nada, segurava o braço dele e falava idiotices, rindo quando ele tentou se soltar.
O que via não me assustava, mas despertou o meu lado negro. A raiva rapidamente fez a adrenalina correr na minha corrente sanguina.
Eu andei rápido.
"Ei idiota." falei furioso.
No exato momento que ele virou, desferi um soco na cara dele usando o soco inglês, que sempre carregava comigo no bolço da calça.
Ele ainda teve a audácia de gritar um palavrão e tentar avançar sobre mim. O recebi de bom agrado com chutes no saco e estômago. Gargalhei alto quando ele caiu de joelhos no chão, gemendo de dor com o rosto ensanguentado.