Voltando às origens – Capítulo 14



        Levantei do sofá, desliguei a TV, levei o boneco comigo para o quarto e resolvi tomar um banho bem rápido.
        Enquanto tomava o banho, pensei que, mesmo que Ramón aparecesse com Poliana, meu plano ainda daria certo. Pois, eu contaria a ele tudo o que eu fiz, mostraria o vídeo e ele daria um jeito da Poliana ir embora.
        Fiquei imaginando Ramón todo agradecido por conseguir expulsar seu tio e o primo da casa, me dando um beijão na boca e talvez até algo mais...
        Saí do banheiro e coloquei uma roupa leve.
        Assim que alcancei a sala ouvi o barulho do portão abrindo, um carro entrando e depois o portão fechando.
        Instantes depois, passos e risos.
        Então, entraram pela porta da sala Ramón e Poliana.
        – Chegamos! – Disse Ramón.
        – Oi Ricardo – disse Poliana ao me ver.
        – Oi! – Disse de volta.
        – Preciso ir ao banheiro – ela disse olhando para Ramón.
        – Eu te levo até lá.
        Eles passaram por mim e eu resolvi sentar no sofá.
        Menos de 1 minuto depois Ramón voltou só e perguntou:
        – Cadê meu tio e o meu primo?
        – Foram embora.
        – Sério? Isso é perfeito! – E desabou no sofá, sentando ao meu lado.
        – Por que?
        – E que eu estou muito a fim de ficar com a Poliana.
        – Pensei que já tivesse rolado alguma coisa – comentei.
        – Rolou só um beijo, de leve. Ela é muito difícil.
        – Então você a trouxe para cá para conseguir ficar com ela?
        – Sim. Porém, ela disse que ficaria comigo com uma condição.
        – Condição? Qual?
        – Sexo a três!
        – E cadê a terceira pessoa?
        – Esse é o favor que eu preciso da sua parte. A terceira pessoa é você!
        – Está louco! Eu sou gay! – Sussurrei.
        – Eu sei. Mas estou muito afim dela. Muito afim mesmo.
        – Dá para ver. Para chegar ao ponto de traze-la aqui com a promessa de que eu participaria disso. Por que não convidou alguém que realmente curte ficar com mulher?
        – Seria estranho ficar nu na frente de outro cara.
        – Você já faz isso no colégio, Ramón.
        – Não excitado e fazendo sexo. Já com você é diferente. Não me sinto tímido em ficar nu ou excitado perto de você. Quebramos essa parede mais cedo, lembra?
        – Menos a parte do sexo... O que você viu nela?
        – Ela tem o estilo que eu gosto. Marrenta, cheia de atitude.
        – Ela parece ser tão tímida, comportada.
        – Aquilo lá é só dentro do colégio.
        – Mas, o que te levou a crer que eu aceitaria fazer esse favor?
        – Porque você gosta de mim e eu ficaria te devendo um favor – ele respondeu.
        – Não sei. Não curto mesmo ficar com garotas. Até tentei uma vez, meses atrás, e não gostei.
        – Poxa Ricardo, quebra esse ganho, por favor.
        Com Ramón pedindo daquele jeito, não tinha como eu resistir.
        – Então, vai rolar ou não? – Perguntou Poliana de volta a sala.
        Ramón olhou para mim com aquela cara de pidão, e não tinha mesmo como eu negar.
        – Por que não? – Disse de volta.
        – Estou excitada só de pensar – ela comentou, e eu me segurei para não revirar os olhos.
        – Você vai curtir – sussurrou Ramón em meu ouvido.
        Poliana ficou de frente para nós dois e tirou a regata que estava vestida revelando seu sutiã vermelho por cima dos seus seios enormes. Maiores que até os de Miranda, observei.
        – Para tirar meu sutiã eu proponho um desafio – disse Poliana.
        – Qual? – Perguntou Ramón ainda sentado ao meu lado no sofá.
        – Que vocês dois se beijem. De verdade.
        Eu fiquei de cara.
        – Sério? – Devolveu Ramón.
        – Ou isso, ou coloco minha regata de volta e vamos jogar Uno – respondeu de forma provocativa.
        Ramón olhou para mim e deu de ombros. Mas, antes que ele me puxasse para o beijo e ainda olhando para Poliana, perguntei:
        – Qual é a garantia de que você de fato vai tirar o sutiã se fizermos o que pediu?
        Poliana se aproximou de Ramón, pegou a mão direita dele e conduziu até por baixo de seu sutiã, permitindo ele apalpar seu seio direito.
        – Essa é a garantia – disse ela e depois afastou a mão de Ramón. – Então, vão ou não se beijar?
        Ramón se aproximou de mim e sussurrou em meu ouvido:
        – Me desculpe, mas eu quero muito sentir mais dela – e me beijou.
        Eu queria retribuir, mas sem a Poliana por perto.
        – Vamos lá Ricardo, quero ver desejo nesse beijo – disse Poliana.
        Ramón parou de me beijar e disse:
        – É só um beijo Ricardo.
        Aproximei meus lábios dos dele e o beijei de volta, ainda um pouco resistente.
        Poliana ficou toda empolgada quando viu que o beijo avançou para um beijo de língua.
        – Isso aí! Estou gostando de ver. Agora fiquem de pé – disse toda animada.
        Ramón e eu levantamos do sofá.
        – Tirem suas camisetas! – Ordenou.
        Imediatamente nós dois tiramos.
        – Ótimo! Agora voltem a se beijar.
        Ramón me puxou para o beijo e eu fui me permitindo. Ele colocou suas mãos em meu rosto e foi ficando cada vez mais intenso.
Instantes depois, Poliana agachou-se, desceu a bermuda e a cueca de Ramón, fazendo seu pau saltar para fora.
        Ramón parou de me beijar para ver o que ia acontecer, mas ela o repreendeu dizendo:
        – Não mandei vocês pararem com o beijo, continuem.
        Olhei para Ramón aflito.
        Ele me deu um beijo e depois sussurrou em meu ouvido:
        – O que foi?
        – Você está confortável com isso? – Sussurrei de volta no ouvido dele.
        Poliana começou a chupar o pau dele naquele instante.
        – Estou superconfortável – respondeu Ramón após um gemido de prazer, e voltou a me beijar.
        Quanto mais ela sugava o pau de Ramón, mas ardentemente Ramón me beijava.
        Naquele instante cheguei a seguinte conclusão: Ramón curte mulheres que dão ordens durante o ato sexual, as mandonas. Poliana estava se comportando como tal. Controlando tudo, cada ato. E Ramón ficando cada segundo mais entregue a tudo aquilo, sem se importar de estar beijando outro cara.
        Cheguei a me perguntar se fosse um cara hetero no meu lugar, se Ramón o beijaria do jeito que estava me beijando, sob às ordens de Poliana.
        – Agacha aqui, Ricardo – pediu Poliana. – Quero que você chupe o pau dele.
        – Opa! – Disse Ramón. – Por que isso?
        – Você não quer sentir o calor da minha vagina, Ramón? – Perguntou Poliana olhando para ele incisivamente.
        Olhei para Ramón e ele disse:
        – Vai em frente.
        Me agachei ao lado de Poliana, ficando de frente para o pau de Ramón.
        Apesar do delicioso cheiro que estava exalando do pau dele e toda aquela visão diante dos meus olhos só aguardando que eu abrisse a boca e começasse a chupar, fiquei em dúvida se ia ou não adiante com tudo aquilo.
        Para mim, Poliana parecia ser aquela colega de sala tímida, conservadora de família evangélica. Mas, ali, naquela sala, em plena seis horas da tarde, ela parecia uma domadora sexual.
        – O que você está esperando? – Ela perguntou.
        Peguei no pau de Ramón que estava quente e pulsante. Fechei os olhos e o coloquei na minha boca. Ouvi Ramón gemer e isso me animou a prosseguir.
        Poliana se ergueu e passou a beijar Ramón, pude ver por um instante, quando parei o que estava fazendo para olhar para cima.
        Ramón colocou a mão esquerda atrás da minha cabeça e a empurrou para que eu continuasse a chupa-lo.
        Enquanto eu chupava, Ramón movimentava minha cabeça para frente e para trás usando meus cabelos para manter o movimento.
        – Eu estou muito excitada – ouvi Poliana dizer. – Vamos esquentar um pouco mais. Levanta aí Ricardo.
        Assim que eu me ergui, Poliana tirou o sutiã e a calça que estava vestida, ficando apenas de calcinha fio-dental. Os olhos de Ramón brilharam quando viu tudo aquilo. Eu pelo contrário, estava começando a brochar.
        – Agora o primeiro que comer o outro por uns dois minutos vai poder me penetrar.
        – O quê? – Retruquei. – Você está delirando Poliana?
        – São só dois minutos, isso não vai deixar nenhum dos dois menos homem – ela devolveu.
        – Não vai dizer nada Ramón?
        – Eu topo – ele respondeu.
        Eu revirei os olhos.
        O que eu queria era que fosse apenas Ramón e eu, sem aquela intrusa. Mas, entre ir para o quarto lamentar os fracassos do dia e sentir um pouco mais de Ramón, mesmo não sendo do jeito que eu esperava, preferia a última opção.
        – Tudo bem. – Disse por fim.
        Poliana tirou uma camisinha da calça e falou:
        – Quem vai?
        Ramón tomou a camisinha da mão dela e rapidamente a abriu e colocou em seu pau.
        – Vamos para o meu quarto – ele propôs.
        – Não! Vamos continuar aqui na sala mesmo – rebateu Poliana.
        Ramón deu de ombros, sentou no sofá e me chamou para sentar no colo dele. Me posicionei em cima das suas pernas e ele aproximou seus lábios do meu ouvido esquerdo e sussurrou:
        – Se doer me avisa. Eu não quero te machucar.
        – Vamos! É para hoje! – Disse Poliana.
        Ramón ajeitou seu pau na entrada do meu ânus e me fez deslizar devagar, sem pressa.
        No início senti uma ardência, mas com o passar dos segundos foi diminuindo, dando lugar àquele prazer já conhecido.
        Ramón me olhava com aquele olhar cheio de tesão e eu sorri para ele ao ver esse olhar.
        Em seguida ele puxou minha cabeça e passou a me beijar enquanto me comia. Ele estava totalmente entregue ao prazer.
        Passado o tempo que Poliana estipulou, ela pediu para eu sair de cima dele. Depois entregou outra camisinha para Ramón e foi para cima dele.
        Nesse momento eu sabia que ia ficar sobrando. Então me levantei do sofá e o celular dela tocou.
        – Porra! Tenho que atender – disse Poliana.
        – Você acabou de montar em mim – retrucou Ramón.
        – É a minha mãe, preciso atender.
        – Atende montada em mim... Trás o celular dela aí, Ricardo.
        Peguei o celular e entreguei para Poliana.
        – Oi mãe – ela disse ao atender. – Sim... Sério?... Eu vou chamar um Uber e já vou. Beijo!... Tenho que ir Ramón.
        – Por que?
        – Meu pai chega em casa daqui a pouco e se eu não estiver lá eu levo uma bronca e minha mãe também. Outro dia a gente continua – e deu um beijo no rosto de Ramón.
        Ela chamou o Uber pelo aplicativo e em seguida, rapidamente, colocou de volta toda a roupa.
        Ramón tirou a camisinha e vestiu de volta a bermuda.
        – Ramón, você abre o portão para mim? – Pediu Poliana. – O motorista já está chegando.
        – Sim, claro.
        Os dois foram para fora e eu cuidei de colocar minha roupa de volta no corpo.
        Estava a caminho do meu quarto quando Ramón voltou para dentro e disse:
        – Que loucura!
        – Sim. Que loucura – falei um tanto sem ânimo.
        – Ela me deixou praticamente na mão e excitado. Isso não se faz! – E desabou no sofá.
        – Amanhã vocês resolvem isso.
        – Está chateado comigo Ricardo?
        Eu queria dizer que sim, mas não queria alongar aquela conversa. Minha vontade no momento era de ir para o quarto e ficar sozinho. Então, resolvi responder o que achei mais sensato falar:
        – Não. Só estou cansado. O dia foi longo hoje. Vou tirar um cochilo, até mais tarde – e dei as costas antes que eu mesmo mudasse de ideia.
Entrei no quarto, tranquei a porta, me joguei na cama e me entreguei ao choro.


        Horas depois escutei Ramón me chamar para jantar, mas fingi não ouvir e me entreguei ao sono depois de colocar o celular para despertar as seis e meia.
        Durante a madrugada eu tive um pesadelo. Nele eu vi todas as pessoas que eu conheço apontando o dedo para mim e me chamando de pervertido, escroto, merda e vários outros adjetivos ruins.
        Acordei um pouco antes do horário que programara para despertar, desativei a programação e fui tomar banho.
        Decidi enquanto tomava banho que iria ao colégio de Uber. Não estava muito a fim de encarar Ramón depois do que rolou ontem.
        Saí do banho e me arrumei o mais rápido que eu pude. Peguei minha mochila e abri a porta bem devagar para que fizesse o mínimo de barulho possível.
        Quando cheguei na sala fui surpreendido por Ramón, sentado no sofá, de uniforme do colégio e braços cruzados.
        Ele me olhou e disse:
        – Então você ia para o colégio sem falar comigo?
        – Bom dia para você também – respondi, ignorando a pergunta dele.
        Ele levantou do sofá, caminhou até mim, parou bem de frente para mim e disse:
        – Me responda, olhando nos meus olhos, você ficou ou não chateado comigo pelo que rolou ontem?
        – Fiquei. Satisfeito? – Devolvi sustentando o olhar dele.
        – Poxa, Ricardo. Por que mentiu para mim quando te fiz essa mesma pergunta ontem?
        – Por que eu queria ficar sozinho, e, se eu tivesse sido sincero com a minha resposta ontem, teríamos prolongado a conversa.
        – Desculpa por ontem. Eu fui um idiota com você.
        – Está desculpado. E, não faço mais esse tipo de favor que fiz ontem.        
        – Combinado – e me deu um abraço.
        Eu o abracei de volta e me segurei para não chorar ali.
        Eu queria falar com ele sobre meu pai desde ontem a noite, mas agora pela manhã não era o momento ideal.
        Após o abraço Ramón me encarou por um instante e perguntou:
        – Vamos tomar café da manhã antes de ir para o colégio?
        – Vamos!

        
        Naquela manhã só tínhamos uma prova para fazer no último horário, Geografia.
        Antes disso, tivemos a primeira aula de educação física. Depois, a correção das provas de Física e Química, na aula anterior e posterior ao intervalo de lanche, respectivamente.
        Me saí muito mal nas duas provas, mas já era de se esperar.
        No intervalo, Miranda passou por mim como se eu fosse invisível e seguiu em frente, indo para a lanchonete. Senti meu celular vibrar, peguei e vi que era uma ligação de Fábio.
        – Diga – disse ao atender.
        – Bom dia, Ricardo. Tudo bem?
        – É sobre meu acerto?
        – Sim. Tentei falar com você ontem, mas não consegui.
        – Quer que eu passe aí hoje?
        – Na verdade não vai precisar. Sua mãe passou aqui ontem e pegou o seu acerto. Ela disse que você estava muito ocupado com as provas do colégio.
        Que droga! Minha mãe me roubou! Merda! Que raiva! – Pensei enfurecido.
        – Tudo bem? – Fábio perguntou.
        – Tudo. Obrigado por ligar. Tenho que voltar para a sala de aula. Tchau! – E desliguei a ligação.
        Eu perdi o apetite depois daquela notícia.

        Durante a prova de Geografia tentei me concentrar o máximo possível, mas os acontecimentos do dia anterior envolvendo meu pai, Wilson e o filho dele, Poliana e sua loucura sexual, e agora o roubo da minha mãe, ocupava toda a minha mente.
        Respondi o máximo que dei conta e entreguei a prova com algumas questões em branco.
        – Terminou a prova rápido demais – disse Ramón assim que me encontrou do lado de fora, no corredor.
        – Estava muito fácil – menti.
        – Eu acho que deveria ter estudado um pouco ontem – ele lamentou.
        – Relaxa. Vai dar tudo certo.
        E fomos embora.
        Assim que chegamos a casa dele, Ramón sentou no sofá e disse:
        – Senta aqui do meu lado um pouco.
        Obedeci e sentei do lado direito dele.
        – O que aconteceu? Você está tenso.
        Pensei em falar sobre meu pai, mas não queria chorar. Resolvi falar sobre minha mãe e o que ela fez.
        – Que bosta! – Exclamou Ramón depois de ouvir.
        – Fazer o quê! Agora tenho que arranjar um emprego urgente.
        – Talvez meu pai possa te ajudar. Ele chega de viagem amanhã.
        – Pode ser, mas, vou tentar entregar meu currículo em alguns lugares.
        – É horrível tudo isso que você está passando. E eu ainda te fiz passar por aquilo ontem, envolvendo a Poliana... Acredita que ela nem me cumprimentou hoje no colégio?
        – Credo!
        – Acho que ela só quis se aproveitar do momento, da experiência.
        – Desculpa – disse a Ramón.
        – Pelo quê?
        – Se eu não estivesse aqui nada disso teria acontecido.
        – Pode parar, Ricardo. Não foi tão ruim o que rolou ontem. Na verdade, sendo bem sincero, eu até que curti. Foi estranho no começo, me fez lembrar do meu tio, mas depois passou – e colocou a mão em meus cabelos. – Você não gostou do que fizemos?
        – Se refere ao beijo e etc?
        – Sim.
        – Não foi ruim. Mas, acho que não é saudável para nós dois.
        Ramón me puxou para o colo dele e disse:
        – Essa foi a parte que eu mais curti ontem. Você em cima de mim.
        – Ramón o que você está fazendo?
        – Te mostrando que estou confortável com você.
        – Isso parece outra coisa.
        – Como assim?
        – Você está excitado Ramón. Estou sentindo aqui embaixo.
        – Você é o único cara que me deixa excitado e eu não sei o motivo.
        – Acho melhor pararmos por aqui.
        – Está dizendo isso por conta da nossa amizade?
        – Claro!
        – Não acredito que um pouco de diversão possa estragar nossa amizade.
        – Eu penso o contrário. Ainda mais por causa de ontem – e saí do colo dele, ficando de pé.
        – Já te pedi desculpas por ontem – E se pôs de pé, ficando de frente para mim.
        – Não é isso – retruquei. – Ontem quando me beijou pela primeira vez, antes de dormirmos, e termos dormido e banhado juntos, me fez pensar em você de outra forma.
        – Que forma?
        – Me fez desejar ter você intimamente comigo. Como rolou ontem, mas sem a presença da Poliana. Enfim, a questão é que você não é como eu. Você não é gay, e eu não quero criar uma confusão com você.
        – Então isso tudo só porque eu não sou gay?
        – Sim.
        Ele pousou sua mão esquerda em meu rosto e disse:
        – Não é porque não sou gay que eu não posso sentir atração por você.
        – Não sei...
        – Olha, vamos fazer o seguinte. Se ficar desconfortável para você eu paro e a gente só fica como amigo sem qualquer contato íntimo.
        – Você está sugerindo uma amizade colorida? – Perguntei.
        – Sim. O que acha?
        – Posso pensar sobre isso?
        – Claro, Ricardo. O tempo que você precisar.
        – Obrigado.
        – Não por isso. Mas será que ganho pelo menos um beijo antes de ir preparar nosso almoço? – E deu aquele sorriso que me deixava encantado por ele.
        Sorri de volta e nos beijamos.

        Horas mais tarde, após o almoço, à beira da piscina, e enquanto Ramón assistia TV na sala, eu tirei da minha carteira o cartão que Tiago havia me entregue e decidi que era o momento de tentar. Então disquei o número.
        – Boa tarde – ouvi uma voz masculina bastante agradável dizer do outro lado da linha.
        – Boa. Eu falo com Marcos?
        – Sim, ele mesmo.
        – Então, o Tiago me passou seu cartão. Disse que eu podia te ligar quando tivesse certeza...
        – Você é o Ricardo? – Ele perguntou me interrompendo.
        – Sim.
        – O Tiago me falou sobre você.
        – Ah, sim.
        – Tem como você vir até aqui para conversarmos pessoalmente?
        – Sim. É só me dizer o local.
        Ele me passou o endereço, tomei nota e desliguei a chamada.
        Levantei da piscina, voltei para dentro da casa e ao chegar na sala, disse para Ramón:
        – Vou sair. Consegui uma entrevista de emprego.
        – Sério?
        – Uma indicação. Espero que dê certo.
        – E você vai agora?
        – Sim. Só vou trocar de roupa.
        – Quer que eu te leve.
        – Não precisa. Já chamei um Uber. Pode ficar tranquilo.
        – Tudo bem. Mas, se precisar de mim na hora de voltar é só me ligar.
        – Combinado.


        Desci do Uber em frente ao local. Era um prédio.
        Falei com o porteiro e disse que queria falar com Marcos.
        – Quem deseja?
        – Meu nome é Ricardo.
        – Ah, sim. Pode entrar. Apartamento 904.
        Nono andar – pensei.
        Marcos me recebeu só de cueca assim que abriu a porta após eu tocar a campainha.
        Não pude deixar de notar em sua aparência. Branquelo, cabelo num corte degradê lhe conferindo um charme bem chamativo ao combinar com sua barba numa mistura de fios pretos e grisalhos. Olhos de um castanho muito próximo dos meus, alto e dono de um corpo naturalmente belo. Pelo que percebi não frequenta academia.
Seu aperto de mão foi firme e o tom de voz para falar comigo muito bem colocado, bem melhor do que por telefone, além de agradável aos ouvidos:
        – Que bom que você veio. Pode entrar – ele disse e abriu caminho para que eu passasse.
        – Você costuma receber as visitas assim, ou só os interessados no seu negócio? – Perguntei numa ousadia que não sabia de onde tinha vindo.
        – Não recebo muitas visitas. Então é mais a segunda opção. Isso quando meu sócio não está na cidade. – E caminhamos até a sua sala. – Aceita água?
        – Agora não, obrigado.
        – Desculpa te receber só de cueca. Com esse calor que está fazendo.
        – Tudo bem. Até gostei – disse em tom de brincadeira, mas com um fundo totalmente verdadeiro.
        Ele sorriu e me pediu para sentar no sofá.
        Em seguida ele sentou ao meu lado e disse:
        – Vamos direto ao ponto?
        – Por favor.
        – Você é um garoto bonito. Bem-apessoado. Isso é um bom ponto.
        – Obrigado.
        – Sem muita enrolação, vamos às perguntas. Você namora?
        – Não. Solteiro.
        – Idade?
        – Dezoito.
        – Mora com os pais?
        – Atualmente não.
        – Disponibilidade de tempo?
        – Da uma da tarde em diante.
        – Ricardo não tem muito segredo. Cada um dos meus funcionários trabalha com uma lista específica de clientes. O funcionário vai até o cliente em um lugar previamente marcado, e, o que for rolar, é combinado antes comigo. Qualquer coisa além do combinado por parte do cliente quando estiverem juntos, você tem as opções entre aceitar e recusar.
        – Quais são os serviços mais corriqueiros? – Perguntei tentando manter o meu olhar no rosto dele.
        – Levar cachorro para passear, fazer companhia em locais públicos como: sorveteria, lanchonete, restaurante e afins. Sair para conversar e assim por diante. Normalmente são pessoas solitárias, um pouco carentes, mas de confiança.
        – Então os clientes são educados?
        – Sim. Prezo por uma carteira de clientes que atendam certo perfil para evitar possíveis problemas.
        – Interessante.
        Ele passou a mão por cima da cueca de forma provocativa. Aquilo me fez ficar mais excitado do que eu já estava.
        – Muito difícil termos problemas com funcionário e cliente – ele acrescentou. – Mas, quando acontece, resolvemos da melhor forma possível. Até porque temos uma política interna de sempre manter a boa relação entre funcionários e clientes.
        – Eu estou muito interessado, mas, não querendo ser chato, você poderia colocar uma bermuda?
        – Claro. Não quero que você se sinta desconfortável de forma alguma.
        Ele levantou e caminhou até um cômodo. Acabei reparando na bunda dele, muito sexy.
        Alguns segundos depois, ele voltou vestido com uma bermuda estilo jogador de futebol.
        – Melhor assim? – Ele perguntou.
        – Sim. Salário?
        – Será sessenta por cento do valor que o cliente pagar. Os serviços parecem simples, mas os clientes pagam bem.
        – O Tiago comentou...
        – O Tiago é um dos meus melhores funcionários. Todos os clientes que ele atende nunca levantaram uma reclamação dele.
        – Imagino.
        – Ele comentou sobre serviço extra...
        – Acompanhante de luxo?
        – Isso.
        – Essa categoria é à parte. Temos clientes nessa categoria, mas só indicamos os funcionários que realmente não tem problema em ter intimidade com outra pessoa.
        – Compreendo. Perguntei só por curiosidade mesmo.
        – Então, o que me diz?
        – Estou interessado, Marcos. Quando começo? Estou precisando de dinheiro, sendo direto e sincero.
        – Te compreendo. Por mim você pode começar amanhã.
        – Sério? Não há nenhuma avaliação, ou teste?
        – Há um teste, mas tenho certeza que você vai passar.
        – Legal.
        – Mais um detalhe. Existe um sigilo dos dois lados. Nossos clientes não podem ser expostos. Assim como também meus funcionários.
        – Gostei dessa parte. Sobre o teste, presumo que seja hoje ainda.
        – Sim. Me dá um instante que eu vou ligar para o responsável do teste, o meu sócio.
        Após a ligação, Marcos virou para mim e disse:
        – Vou chamar um Uber para você ir até o local meu sócio está. Ele não gosta muito de vir até aqui.
        Sorri pelo jeito engraçado que ele contou aquilo.
        – Então, antes de você ir, alguma pergunta?
        – Não. Nenhuma – respondi. – Eu quero é agradecer por essa oportunidade e dizer que gostei muito da sua simpatia.
        – Que isso. Eu que agradeço a sua. Se eu pudesse passaria o dia todo conversando com você.
        – É só marcar horário e valor.
        – Isso aí garoto. Entrando na alma do negócio. Gostei de ver – e virou a tela do celular – Está aí o nome do motorista, a placa do carro e a marca.
        – Beleza. Obrigado. Então vou nessa.
        Levantamos do sofá e ele me conduziu até a porta.
        – Boa sorte com o teste. Não que você precise.
        – Obrigado – e estendi minha mão.
        Ele pegou e deu uma piscadinha antes de soltar.
        Dei as costas e chamei o elevador com um sorriso no rosto.
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Olá pessoal!
Estou tentando dar uma acelerada para postar os capítulos, pois tem muita história para rolar e tenho certeza que vocês vão curtir bastante esse novo rumo que a história está tomando...
Abraços, até o próximo capítulo, e não esqueçam de deixarem seus comentários e/ou sugestões!


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Ficha do conto

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betoson

Nome do conto:
Voltando às origens – Capítulo 14

Codigo do conto:
114917

Categoria:
Incesto

Data da Publicação:
26/03/2018

Quant.de Votos:
4

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