Na fazenda



O relato a seguir aconteceu em dois mil e nove.
Embora eu tenha trinta e tres anos já trabalhei de tudo quanto é coisa nessa vida: cozinhinha, mecânica, eletricidade, massagem, artesanato, construção de caixas de som, cerâmica, perfumaria. Ate um forno cerâmico eu construí, sem nunca antes ter assentado um único tijolo. Nessa de eu querer aprender de tudo, resolvi também lidar com abelhas. Pois é, abelhas! Levei ferroada a torto e à direita, mas foi compensador. E nessa fase de apicultor tínhamos eu e um companheiro de trabalho ir ao pantanal para um projeto de implantação numa fazenda de um conhecido. Ficávamos em torno de quatro a seis dias na fazenda e eu às vezes com um quarto só pra mim, outras no galpão com os peões. Não tinha muito interesse em me engraçar pro lado deles já que em sua maioria eram simplesmente horrorosos e tinham cheiro de animal suado, mesmo depois do banho. Mas já fazia um bom tempo que não ficava com ninguém e estava praticamente subindo pelas paredes, pensei em ter que “me sacrificar” por um momento de prazer. Sei que peões passam muito tempo no meio do mato e sua maior “diversão” é uma punhetinha ou um animal já acostumado com a coisa.
Eu já era bem conhecido dentre os peões daquela fazenda e todos me tratavam com muito respeito e por muitas vezes vinham fazer perguntas sobre qualquer coisa, já que tinha me mostrado com um conhecimento maior que o deles, mas sem nenhuma superioridade. Éramos praticamente professor e alunos depois que se encerrava o expediente no campo. Numa dessas, logo após a janta, apareceu um jovem vestido a caráter: calça jeans apertada, camisa xadrez, botas e chapéu, dono de um rosto angelical, pele branca e olhos trazidos entre o verde e mel. Tinha mãos grandes e calejadas pela lida no campo e um par de coxas de tirar o fôlego. Seus ombros largos e cintura fina mostravam que nem precisava tirar a roupa pra ter a certeza de um corpo definido.
Dei um jeito de ter acesso a uma garrafa de vinho com uma senhora da cozinha e o convidei para beber comigo o que aceitou prontamente. Queria deixá-lo tonto pra facilitar as coisas, mas cai do cavalo, propriamente dito. Ele já tinha informações ao meu respeito e, veio preparado, ou seja, ia “matar dois coelhos com uma pedrada só”. Disse que um amigo dali havia dito que na fazenda tinha um “carinha meio estranho”, e além de poder pegar carona pra cidade pela manha ia também ter uns momentos. Eu estava embasbacado, estava tentando assediar o cara e fui eu quem saiu assediado. Ótimo! Sem muito rodeio, procuramos um local apropriado, já que na casa da sede e no galpão tinha muita pessoas e poderiam notar. Levando a garrafa de vinho, fomos para uma construção antiga, não muito longe, onde havia um colchão, novo ate. Mal passamos a porta fui atacado com um beijo no pescoço e abraçado por aqueles braços fortes. Sua barba por fazer roçava nuca me deixando de pernas bambas e arrepiado de cima a baixo. Sabia como dar uma boa pegada. Suas mãos deslizavam por debaixo da camiseta alisando meu peito enroscando os dedos nos pêlos. Queria tirar a roupa, mas fui impedido, queria aproveitar mais porque há tempos ele não sentia o corpo de outra pessoa. Me deixei levar, ser conduzido por ele. Sentia suas mãos, seu cheiro, sua barba, seu hálito. Já tive muitos momentos com diversos caras, mas aquele era especial, me sentia protegido, querido, seguro. Ficamos assim por um longo tempo, nos sentindo um ao outro, quando delicadamente ele me vira de frente e me dá um beijo, suave como se fossemos namorados. Fui à loucura. Como é que um peão de fazenda, todo rude, rústico pode ser tão delicado e sensível? Ao menos era o que eu imaginava.
Os dois ali, se pegando, se amassando naquele local iluminado apenas pela luz da lua que entrava pela janela. Estávamos muito excitados, e começávamos a suar co o calor do desejo. Resolvemos tirar vagarosamente as roupas, o que aumentava ainda mais o tesão em nós. Já nus, observei sua espada e eu me senti um pequeno canivete. Ele sem dar importância para o tamanho do meu canivete foi descendo em direção a ele me fazendo sentir o calor da sua boca antes passando sua língua por todo o meu peito e barriga. Meu dedos entranhavam entre seus cabelos lisos e claros. Sentindo que eu estava quase no ápice, parou abruptamente e me jogou no colchão caindo por cima, vindo com seus lábios de encontro aos meus. Depois de um tempo nos beijando rolamos, ficando eu por cima, onde bem devagar fui deslizando a língua em seu corpo suado, sentindo o gosto de cada centímetro de sua pele ate chegar em sua espada. Comecei a retribuir o que ele havia feito antes, com suavidade e carinho, enquanto as mãos caminhavam no restante de seu corpo.
Pedindo pra parar, me virou e começamos um meia nove que durou quase meia hora. Depois disso trocamos para todas posições imagináveis antes de completar o ato delicioso da cópula. Suados, excitados, ofegantes, decidimos ir mais adiante e, pegando um preservativo que estava em minha calça, começou a explorar minhas entranhas num vai-e-vem forte e ritmado. Seus braços me apertavam meu corpo contra o seu, sua língua procurava pela minha, seu suor se misturava com o meu. Durante uns trinta minutos ou mais ficamos assim, conectados, transferindo e satisfazendo nossos desejos. Pude sentir durante esse tempo que ele há muito não se dividia em um momento como esse, querendo aproveitar cada instante, cada movimento. Estávamos entregues um ao outro de corpo e alma e, chegando perto do ápice, saiu retirando a proteção continuou sarrando nos fazendo entregar, juntos nosso conteúdo resultante do desejo ficando esparramado entre nossos corpos.
Ofegantes e cansados, continuamos deitados, abraçados enquanto nosso cheiro se esparramava pelo ambiente escuro, sendo iluminado apenas pela lua que testemunhava pela janela no céu limpo da noite de verão. Precisávamos de um banho, então fomos a uma represa perto sem nenhuma roupa. Não nos preocupamos, pois ainda eram tres e meia da manha e o primeiro peão se levantaria as quatro e quarenta. Depois do banho nos vestimos e fomos para a varanda terminar o vinho e conversar ate o dia amanhecer.
Chegando a hora de ir para a cidade me levou em um canto escondido e me beijou de uma forma que nunca eu havia sido beijado. Havia sentimento, ternura, paixão. Disse que queria se encontrar outra vez comigo, que me procuraria na cidade. Nesse dia me senti muito feliz. Trabalhei disposto durante todo o dia sem sentir sono ou cansaço ate hora de ir para a cidade.
Realmente nos encontramos por algumas vezes, oito na verdade. No entanto minha felicidade durou pouco, ele teve de partir para junto de sua família no Paraná. Não vou jamais esquecer aqueles momentos maravilhosos que tive com aquela criatura linda que nem mesmo soube seu nome, afinal, não tínhamos o que falar e sim sentir.

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Ficha do conto

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Nome do conto:
Na fazenda

Codigo do conto:
37656

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
31/10/2013

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12

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