Desventuras na Estrada - Cap 15



- Ãhn? - falei confuso.
- Você vai ter seu emprego, não era isso que queria? - ele falou ríspido sem olhar pra mim.
- Era sim, obrigado.
Saí da sala de Heitor e fui até o andar que o papel indicava.
Era o segundo, haviam várias mesas. Me aproximei da que estava mais perto, um homem educado, branco com cabelos escorridos até os olhos (parecia ter a minha idade) me atendeu, resolvi toda a papelada, ele me entregou um crachá e eu saí do prédio.

O homem me disse que eu ficaria responsável pelas correspondências da empresa, separar todas e entregar em cada sala, parecia fácil então não me preocupei.
Estava muito feliz, mas ainda confuso. Por quê Heitor me deu o emprego depois de todo esse tempo? preferi não pensar nisso e aproveitar a oportunidade.
Peguei um ônibus e fui até a casa de Marcelo, a porta estava trancada e eu entrei com a chave reserva que ele tinha me dado.
Ele ainda estava dormindo, eu pulei em cima dele animado.
- AAcorda!
- Aah? Que foi? - Ele disse sonolento.
- CONSEGUI UM EMPREGO.
Marcelo me abraçou forte.
- Falei que uma hora ia dar certo.
Nos beijamos intensamente e ficamos ali deitados, abraçados, acabei adormecendo em seus braços.

Acordei na hora do almoço, senti um cheiro ótimo de comida. Me levantei e fui até Marcelo que estava no fogão.
Ele parecia muito feliz por mim.
- O almoço já está pronto - ele disse.
- O cheiro tá ótimo.
- Senta aí, vamos comer.
Me sentei a mesa e almoçamos. Por algum motivo que eu não sabia qual era, a imagem de Dr. Bruno veio em minha cabeça enquanto comiamos.
Tinha quase me esquecido que tínhamos transado, enquanto Marcelo ainda estava se recuperando. Até agora aquilo não havia me incomodado, mas senti vontade de contar o ocorrido.
- Marcelo?
- O que? - ele respondeu de boca cheia, me fazendo rir.
- Preciso te falar uma coisa.
Ele assentiu com a cabeça indicando que eu continuasse.
- Bom, quando a gente estava no hospital, e eu quis transar lembra?
- Lembro sim.
- ÉÉhh que, naquela noite eu...transei com o nosso médico.
Marcelo vidrou seus olhos em mim, parecia sério, mas foi por pouco tempo.
Ele soltou uma risada alta.
- E qual o problema disso?
Fiquei sem reação.
- Você não liga?
- Claro que não Otávio, e achei que você também não ligasse, pra falar a verdade eu já fiquei com alguém desde que voltamos pra cá.
Um pontinha de ciúmes surgiu em mim, mas dei conta de me livrar dela.
- Olha, lembra quando estávamos na praia e eu te disse que a gente não precisava colocar um nome na nossa relação?
- Sim - respondi.
- Então, é isso. Eu gosto de você, você gosta de mim e é só isso que importa, nós não firmamos nenhum compromisso sério, cada um pode fazer o que quiser, transar com outras pessoas não vai diminuir nosso sentimento um pelo outro.
Fiquei confuso, eu não via nossa relação assim, eu realmente achava que tínhamos algo mais sério, um compromisso; mas parecia que eu estava enganado.
- Que bom que esclarecemos isso - falei sorrindo tentando esconder minha confusão.
Terminamos de almoçar e eu voltei pra casa, tentei não ocupar minha mente com esse assunto,tinha que descansar, amanhã seria meu primeiro dia de trabalho.
Dormi cedo e acordei bem disposto no outro dia.

Tomei uma café rápido, peguei um ônibus e cheguei ao prédio as oito em ponto.
Passei por Lidia da recepção e ela me desejou boa sorte.
Subi até o RH, o mesmo homem que conversei no dia anterior me apresentou a empresa, cada sala e a função de cada pessoa alí dentro.
Por último ele me apresentou a pequena sala que eu iria trabalhar, ficava no térreo, tinha uma mesa minúscula no centro e as paredes eram cobertas por prateleiras e gavetas enormes, todas cheias de papéis, eu teria que separar as correspondências, entregar aos destinatário, e organizar alguns outros tipos de documentos, tinha pensado que seria fácil, mas ao ver aquelas pilhas de papéis percebi que estava enganado.
O homem (que descobri se chamar Felipe) estava prestes a sair da sala quando de súbito pareceu se lembrar de algo muito importante e voltou até mim.
- Já ia quase me esquecendo - ele disse calmamente - As correspondências endereçadas ao Sr. Heitor devem ser separadas e entregues a Lídia na recepção, ele sempre passa lá e pega com ela, ele não gosta de ninguém entrando na sala dele, entendeu?
- Sim, obrigado pelo aviso.
Ele sorriu e saiu da sala.
Não sabia nem por onde começar, a sala estava uma bagunça, parece que meu antecessor não era muito bom com organização.
Decidi organizar tudo na sala antes do almoço, e depois que voltasse entregaria as correspondências.

Era uma da tarde, horário de almoço, "minha" sala já estava o mais organizada possível.
Saí pra almoçaram com Lidia, saímos do prédio e atravessamos a rua.
Lídia disse que a comida era bboa, então fui com ela.
- É aqui - perguntei apontando pra um rrestaurante quase de frente ao nosso prédio.
Ela caiu na gargalhada.
- Com certeza não, só o pessoal do décimo come aí.
- por que a gente não pode comer aqui?
- Não é que a gente não possa, é simplesmente por quê um prato aí custa o nosso salário todo.
Caímos na gargalhada, gente do térreo como a gente, come bem ali.
Depois de mais alguns passos chegamos a um restaurante bem mais simples, tava mais pra uma pensão.
A comida era ótima então não tinha do que reclamar, uma hora e meia depois o horário de almoço acabou e voltamos ao prédio, Lidia pra recepção e eu pra minha sala.
Decidi começar do primeiro andar, depois no segundo e assim sucessivamente. Era uma quantidade enorme de salas e de correspondências, pareciam nunca terminar, depois de algumas horas eu estava no nono andar.
Subi para o décimo e entreguei aos chefões menos as de Heitor.
Deci para o térreo com o carrinho de correspondências quase vazio.
Fui até Lídia.
- Aqui - entreguei as inúmeras correspondências de Heitor.
- Sr. Heitor mandou te entregar isso.
Ela me entregou um pedaço de papel dobrado, escrito a caneta com um bela letra, o recado dizia:

"A partir de hoje, minhas correspondências serão entregues por você diretamente pra mim, na minha sala, em minhas mãos"

Imaginei a voz de Heitor lendo aquilo e me arrepiei por inteiro.
- Você é quem manda - respondi falando sozinho.
- O que? - Lidia riu do meu devaneio.
- Ele quer que eu leve pra ele.
Ela arregalou os olhos.
- Eu hein - ela gargalhou.
Peguei os papéis novamente e voltei a subir até o décimo andar.
Atravessei o corredor e bati a porta de Heitor.
Esperei por sua resposta e entrei.
- Suas correspondências.
Ele estava sentado atrás da mesa mexendo no computador, me aproximei e deixei as correspondências em cima da mesa na frente dele.
Estava saindo quando ele disse rígido.
- Você não leu o aviso?
- Li sim senhor.
- Então por que elas não estão em minhas mãos, eu fui bem claro quanto a isso.
Ele estendeu a mão esquerda no ar.
Voltei a me aproximar( só que desta vez dando a volta na mesa) tirei as correspondências da mesa e coloquei em sua mãos.
- Bom garoto - ele disse sorrindo.
Dei meia volta e sai da sala, fechei a porta. Já estava na metade do corredor quando ouvi a porta de sua sala se abrir de novo.
A voz dele me vez virar.
- Gosto de garotos como você Otávio - ele se encostou na batente da porta - garotos obedientes...na verdade sei uma palavra melhor, garotos...submissos.
Me arrepiei com sua voz mais uma vez e corri para o elevador, sem olhar em seus olhos, de longe percebi um sorriso malicioso em seu rosto.


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Comentários


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k4bs Comentou em 27/01/2017

eita!

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carlosandre89 Comentou em 06/03/2016

Me deixou cheio de tesão. Ainda bem que não se prostituiu, mas vai dar gostoso pra o chefe.

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henry_pe Comentou em 29/01/2016

Tu me faz subir pelos ares com essa história. Naquela parte que Otavio lê o bilhete pensando na voz de Heitor, eu li pensando a mesma coisa .... SENSACIONAL!!1

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fs061 Comentou em 28/01/2016

Continue a escrever... p.s:me cadastrei só pra te oedir isso.




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Ficha do conto

Foto Perfil safadinho6969
safadinho6969

Nome do conto:
Desventuras na Estrada - Cap 15

Codigo do conto:
78021

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
27/01/2016

Quant.de Votos:
11

Quant.de Fotos:
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