Jardineiro do parque (Parte I)

Costumo ir sempre a um parque que fica proximo de casa. As vezes pra correr, as vezes levo um lencol e fico deitado na grama pensando na vida.
Ja contei de um cara que transou comigo nesse mesmo parque e do seguranca tbm. Mas isso nao vem ao caso agora. O que vou contar vem acontecendo ha alguns meses e mexe comigo demais.
Nao costumo ir todos os dias ao parque, mas desde que comecei a ir no comeco do ano reparava que em alguns dias, um moco, vestindo um macacao (geralmente sem camisa nos dias quentes), costumava aparecer para podar e cuidar das plantas. Sempre o achei bonito e quando o via o comprimentava. Ele sempre muito simpatico retribuia com um sorriso. Mas quase nunca passavamos disso.
Acabei nao conseguindo aparecer no parque por um mes por motivos de o trabalho ficar apertado e a faculdade tambem. No primeiro fim de semana que consegui uma folga, peguei um lencol e aproveitei o dia ensolarado pra ficar deitado na grama. Estava de oculos de sol, com o rosto virado pra cima e de olhos fechados e entao alguem fala:
- Nossa, quanto tempo que nao o via. Ate achei que havia se mudado da regiao.
Quando tiro o oculos, vejo que era o jardineiro, que aquele dia estava vestido com um shots jeans e uma camisa colada ao corpo. Entao respondi:
- Muito trabalho. So hoje consegui relaxar. Mas esta trabalhando aos sabados tambem?
- Nao. Hoje estou de folga, mas gosto de vir aqui quando nao tenho que trabalhar. Ver se o meu trabalho vale a pena mesmo. - Ele disse sentando ao meu lado.
- Vale sim, esse parque eh muito bonito. E gracas a voce e todo o pessoal que cuida dele.
- Ah obrigado. Tem uma sujeira aqui ou ali que o povo mal educado faz, mas esse eh um parque bonito.
- O parque e o jardineiro que cuida dele tambem. - eu disse.
Ele me olhou um pouco envergonhado e por fim soltou:
- Bom, vou deixa-lo em paz. Aproveita seu resto do dia. Ate mais. - ele se levantou e foi embora.
Que burro que fui. Um papo tao legal e acabei assustando o cara. Bom, voltei a fechar meu olho e acabei pegando no sono.

(Continua).