O pessoal lá em casa ia me matar, fazer o que? O jeito era ir assim, parecendo que um 'boi me lambeu a cara. Mas tinha uma coisa me incomodando, eu estava esquecendo de alguma coisa, eu só não me lembrava o que era. Voltei a sala de massagens. Ayana não estava mais lá, sumira. Queria me despedir, mas... talvez fosse até melhor.
Eu não queria pensar muito no que aconteceu. Também não tinha tempo de sentir culpa. Calcei meus sapatos, peguei a bolsa, e sai apressada.
Tudo escuro nos cômodos daquela mansão. Coisa estranha, tive que caminhar com cuidado pelos corredores, subindo escadas tateando. Ainda bem que algumas lâmpadas eram sensíveis ao movimento.
Consegui chegar no living onde tive a conversa com Marcelo da primeira vez que estive ali. Os janelões deixavam ver a cidade iluminada. As luzes sendo acesas, o céu ficando em diferentes tons de azul e roxo. A vista era linda, pena que eu não tinha tempo para admirar.
O living era iluminado por alguns spots, o que deixava o ambiente mais aconchegante. Ainda mais com aquela vista, o céu escurecendo e as luzes da cidade ao longe sendo acesas.
Achei que eu estivesse sozinha. Tomei um baita susto quando uma voz me chamou.
"E então gostou de Ayana?"
"Que susto!"
Era Marcelo sentado numa poltrona, com uma camisa listrada, um calção azul escuro até os joelhos. E um sapato de camurça num bege claro.
"Desculpa, não quis te assustar."
Eu devia estar com cara de quem viu um fantasma, ele ria. Se levantou e chegou, um cheiro de perfume. Nossa! Delicioso. A voz de trovão ainda mais bonita com aquele ambiente romântico, se tivesse uma música então.
Mas eram só ideias que passaram pela. Até por que o antipático afetado continuava ali, dentro daquele homem autoritário.
Ele riu, coçando o queixo e olhando os próprios pés. É como se lesse meus pensamentos, mas não disse nada, só perguntou:
"Linda vista, não?"
"Humhum, maravilhosa."
Ele caminhou na direção dos janelões e eu fiz o mesmo.
"Gostou ou não gostou? Você ainda não me respondeu."
"O que? Ah, sim! Da massagista, gostei. Muito bom, muito..."
Ele riu de novo, como se soubesse o que tinha acontecido. Fez um muxoxo, enfiou as mãos no calção e olhou na direção das luzes que piscavam lá fora. Eu não estava acreditando que aquele sujeito ia ter a indelicadeza de tocar num assunto daqueles.
"Também acho ela ótima. Mãos divinas como eu sempre falo. Pena que nem sempre Ayana está disponível."
Respirei aliviada. Nem por isso menos receosa. Será que ele sabia? Será ouviu?
"Onde você encontrou essa... massagista? Ela trabalha no Brasil?"
"Não, não fala nada da nossa língua. Foi há uns dois anos na Alemanha, o pessoal me indicou e foi a coisa mais incrível, era muito mais do que eles falavam."
"Eu imagino."
Merda! Eu e minha boca grande. Ele me olhou de lado, ar zombeteiro. Mas eu só via uma metade do rosto, mesmo assim seus olhos brilharam. Meu coração deu uns pulos, cheguei a suar. Mas ele foi gentil o suficiente para não aproveitar a deixa.
"Pois é, não é à toa que é difícil, e muito cara. Mas vale a penq. Uma profissional excelente, como você."
Eu não esperava o elogio, ainda mais vindo dele, ainda mais depois do que aconteceu comigo e Ayana.
"Brigada! E você pagou pra ela vir ao Brasil?"
"Não, não! Ela veio para umas feiras sobre técnicas de massagens que acontecem no Brasil. Quando terminou eu a convidei para passar uns dias comigo. Um tratamento exclusivo."
Imaginei o preço, nem quis perguntar quanto custaria. Olhei as horas e aproveitei a deixa. Eu queria mesmo era fugir dali.
"Bom, Marcelo. Deixa eu indo, tô atrasada. Depois a gente se fala."
"Com certeza. Vai dar pra conversar com a Vilma nesse final de semana?"
"Duvido. Até por que eu... vou precisar pensar no que fazer."
"Pense mesmo Lara. Lembre-se é um negócio que vale muito mais do que apenas o terreno. Meus sócios não gostam de contratempos. Sabe como são os estrangeiros."
Pensei nos problemas do Enzo, com certeza tinha muito mais coisa envolvida. A vida dos meus filhos, a construtora. Respirei fundo, mas não disse nada. Ele só me olhou com aquele sorriso enigmático no meio da cara, não sei se divertindo com os meus problemas ou apenas querendo ser um sedutor.
"Bom é isso, a gente se fala. Tchau, Marcelo!"
***
Cheguei em casa quase sete e meia da noite. Apavorada, achando que a minha turma ia querer saber por que eu estava com os cabelos molhados. Tinha até arranjado uma desculpa.
Mas ninguém perguntou, ninguém nem viu que meus cabelos estavam diferentes. A não por Enzo que me olhou de um modo estranho.
"Que foi?"
"Voce parece estranha. Sei lá!"
"Não tem nada de estranho. Eu só..."
"Já sei! Os brincos, você não saiu de brincos hoje de manhã?"
"Brincos!"
Pus as mãos nos ouvidos e foi aí que me dei conta de que tinha deixado os brincos na casa do Marcelo.
"Tirei, estava me incomodando."
Enzo ficou me encarando com a boca aberta, eu não sabia se ele estava desconfiado. Me preparei para uma saraiva de perguntas, mas...
"Você está diferente, eu só não sei o que é!"
"Deixa eu ir tomar um banho. Voce prepara o lanche pros meninos?"
"Já fizemos, você estava atrasada e a gente com fome. Aliás por que você demorou?"
"Depois a gente conversa, Enzo. Estou morta de fome."
***
Nem me arrisquei a tocar no assunto da Vilma, só de pensar me dava uma dor no coração e me deixava deprimida. Achei melhor esperar e ver onde aquilo ia chegar, mas eu não tinha muitas esperanças de que pudesse reverter a situação. Ia ter que me contentar com o valor do Marcelo. Pelo menos teria esse pagamento garantido, não é comum compradores forecerem um bônus, ainda mais naquele valor.
Depois de tudo, eu queria deitar e ter uma boa noite de sono, mesmo com a massagem da Ayana. Outra coisa que eu não queria pensar era no que nós fizemos na casa do Marcelo. Louca! Sei lá de onde veio tanto desejo, ainda mais uma garota!? Eu não sou lésbica, nunca fui.
Meu mundo estava virando de ponta cabeça e eu não tinha com quem conversar, pelo menos lá em casa. Quem sabe com a Júlia.
Enzo deu uma gargalhada vendo a TV, me olhou meio de lado, um riso no canto da boca. Os olhos brilhando, fazia tempos que ele não me olhava assim.
Safado!
Eu conhecia aquele olhar, o jeito de olhar meio torto, tipo menino 'pidão', tarado. Era só o que me faltava, justo hoje!
Como quem não quer nada ele colocou o braço no meu ombro e me puxou na direção do seu peito. Deitei encolhida, o sono chegando e ele me fazendo um cafuné gostoso. Fui adormecendo e ele assistindo a TV. Até que eu não me aguentei.
Dei uma pescada, ele riu tirando o braço e eu me ergui, morta de sono.
"Ai, eu vou deitar amor. Você vem?"
"Não quer ficar? Depois a gente... vai."
"Estou morta de sono. Hoje não, depois."
Conversa de marido e mulher, nem precisava dizer tudo. Meias palavras eram mais que suficiente. Ele não gostou, mas eu não estava conseguindo nem ficar sentada. Sonhando com a minha cama.
Fui pro quarto, e me enfiei debaixo das cobertas. Apaguei.
Devo ter sonhado muito. Foi um sono profundo, meio nublado, umas vozes que eu não entendia o que falavam. Eu tinha que fazer alguma coisa para a Vilma, uma coisa que eu não queria. Uma garota com um sorriso lindo me massageando as costas. Ayana com um sorriso safado e o Marcelo parado olhando a gente se pegando sem nenhum pudor, na frente dele. Deixando o cara de pau duro.
Mistura de imagens e fatos, um monte de pessoas sem rosto. Como se eu revivesse a mesma cena centenas de vezes.
Nem sei que horas eram quando eu acordei e vi que estava na minha cama. O sonho angustiante se apagou por encanto. Foi um aliviou. Achei que voltaria a dormir logo, mas minha cabeça começou a trabalhar ideias sobre a venda do terreno. Eu não queria, mas quanto mais eu tentava parar de pensar, mais eu pensava.
Acabou me acordando e foi então que eu notei Enzo roncando baixinho atrás de mim. Quase me abraçando. Olhei a cortina e vi as primeiras luzes do dia nascendo.
Tentei de novo dormir, não deviam ser nem seis da manhã, aos poucos fui relaxando e quando eu começava a sonhar, Enzo se encostou de vez nas minhas costas.
Gemeu e me segurou pela cintura, fiquei quietinha, fingindo que ainda dormia. Sabia o que ele queria, quando ele me abraçava assim, o homem estava transbordando de testosterona.
Doido por uma boa trepada. Eu é que não estava muito animada, todas aquelas preocupações e também culpada.
Enzo se esfregou, senti sua potência crescendo no calção do pijama. Aquela mistura de sono como desejo em ebulição. Ele se tornando um macho alpha e me querendo como uma fêmea no cio.
Nem assim eu estava animada, enquanto ele explodia de desejo. Se livrou do calção e eu senti o pré-gozo me molhando a nádega. Durmo sem calcinha.
O esfrega e esfrega foi aumentando. Enzo meio dormindo, gemendo. Gosto quando eles ficam assim, com os hormônios fervendo. Tentei me concentrar em algo que me excitasse: o pau do Enzo, o peito de Ayana, o riso dela, ela me mostrando as bolas cheias do Marcelo.
Um calorzinho começou a brotar. Esfreguei as coxas pra me excitar. Enzo entrou com a sua protuberância carnuda, no meio das minhas coxas. Gosto da temperatura do pênis me acariciando a pele. Me excita, só que ali, eu estava menos molhada do que devia.
"Que foi?"
"Nada! Ainda estou com sono, só isso."
Não era uma mentira, uma meia verdade, talvez. Eu me virei e Enzo subiu em mim. Aqueles ombros largos, os braços musculosos. Acho lindo meu homem quando ele começa a se mover, esfregando aquela haste quente na minha vagina. Me excitando o clitóris, meus desejos mais sacanas. Ele indo e vindo, gemendo sofrido. Eu me abro, desabrocho como uma flor, molho pra receber meu amor dentro de mim.
Abraço com as pernas e aquele ferro quente desliza pra dentro.
O problema é que eu não me concentrava. Enzo gemendo, a cama rangendo. Foca Lara, se concentra! Era nisso que eu pensava, mas pouco estava adiantando. Não era a primeira vez que eu me via com esse tipo de problema. As vezes uma tristeza ou uma preocupação, acontece, eles gozam e se dão por satisfeitos.
Mas justo hoje! Depois de tanto tempo, ele finalmente disposto e eu meio aérea. Enzo se apoiou nos joelhos e segurou aquela verga da cabeça vermelha. Me furou de novo, lambuzado nos sucos.
"Ai, amor! Aaaah!"
Gemi fechando os olhos e virando a cabeça na direcdo teto, tentando entrar no clima. Pelo menos eu estava úmida. Se concentra Lara, foca!
"Oooh! Laraaa!"
Era quase uma súplica, ele querendo esquecer os problemas da firma e eu tentando sentir tesão naquela foda. Veio a imagem de Ayana sorrindo, o beijo lésbico, as nossas línguas, os dedos da garota me provocando o desejo. Senti a boceta melar.
"Nossa! Você está queimando Larinha!"
Se ele soubesse por quem. Nos livramos dos lençóis, abracei meu homem com as pernas. Senti Ayana me possuí com dedos. A cara de safada, os peitos negros, deliciosos. Enzo gemia com a cabeça deitada no meu travesseiro.
Meu melado escorria e ele ia cada vez mais fundo, fundo!
"Oooohhh! Aaaiii!"
Ele gemia baixinho e seu corpo se agitando, quase na hora do orgasmo. Já eu, nem perto estava. Fechei os olhos buscando o foco e a imagem que veio foi a de Marcelo. Sorrindo com o sorriso do meu marido, me comendo com o pau do Enzo. Ayana nos observando eu trepando com o meu cliente chato. Que droga!
"Ooooh! Ooooooh! Uuuuuuh!"
Enzo gemeu como um animal ferido, aquilo me tirou do transe. Ele me inundou com o seu esperma. Nós nos beijamos loucamente pra não deixar o barulho ser percebido pelos meninos.
Que alívio, pelo menos ele gozou! Foi o que me veio primeiro. O beijo sim, veio gostoso. Tem hora que me dá mais prazer o beijo depois do que a foda em si.
Parecia que o Enzo tinha corrido uma maratona. Todo suado tentando recuperar a respiração.
"Foi bom?"
"Hãhã!"
Menti. Fazer o quê, tem hora que acontece. Toda mulher já passou isso.
Ele rolou de lado se esparramando na cama e eu deitei a cabeça no seu ombro. Gostoso ficar assim, abraçadinha com o seu homem.
Ficamos um tempo na cama, até que ouvimos os meninos conversando no quarto. Fui tomar um banho e me aprontar. Enzo saiu para preparar o café.
Depois do café fui ver minhas mensagens no celular. Nem eram dez horas da manhã e lá estavam oito mensagens do Marcelo, mesmo no fim de semana, esse cara não dorme? Que saco!
Queria saber notícias de Vilma, queria saber se eu já havia me convencido de que o melhor era aceitar as condições da viúva. Que era para o bem dos negócios, os dele, é claro.
Pra no final me falar que Ayana encontrou os meus brincos. Pelo menos uma notícia boa.
'Bom dia, doutor Marcelo. Pego segunda na sua casa. Obrigada.'
Doutor sim, pra ver se o cara se mancava que está enchendo a paciência. Escrevi de novo.
'Quanto as suas ponderações, estou considerando tudo. Veja, os problemas não são apenas dos seus negócios, eu também tenho minhas necessidades como o senhor sabe.'
Não demorou para o chato me responder.
'Me passe o que você tem sobre esse neto da Vilma. Eu quero ver se descubro que proposta é essa que o meu pessoal não sabia. Nem estava no nosso radar.'
'Eu não tenho muita coisa Marcelo. Vou ver o que consigo, mas só vou poder falar Vilma na segunda.'
'Não consegue falar com a velha agora?'
'Eu não quero ficar importando. Vilma é muito cheia de etiquetas. Se ela não gostar podemos voltar a estaca zero. É preciso ir com jeito.'
'Me passe o que conseguir.'
'Tá certo, eu mando assim que tiver alguma informação.'
Melhor não discutir, não sei quem era o mais chato. Se ele ou a Vilma? Achei que a conversa ia parar por aí, só que meu celular apitou novamente.
Abri. Eram fotos.
O rosto Ayana com um sorriso delicioso, nada como ter vinte anos. Jeito de menina, as bochechas salientes, os cílios longos.
A outra era dos dois numa mesa de café, pelo jeito nos jardins da casa do Marcelo. E a última era uma vídeo. Eles se banhando na piscina, as gargalhadas de Ayana, ela vindo na direção do celular. O biquíni branco mínimo, o corpo perfeito. Até ela segura o celular e fala num inglês de sotaque forte.
"Miss you, Lara. Too bad you're not here. Kiss and bye!"
Jogou um beijo com os labios. Ela aparecendo num canto da imagem e Marcelo caminhando na nossa direção, numa sunga verde limão, dava pra ver até...
"Que cara é essa, Lara?"
Tomei um susto quando Enzo entrou no escritório de supetão.
"Que susto!"
"O que você está vendo aí? Conheço essa cara!"
Ele rindo e eu brava.
"Conhece nada, curioso!"
"Conheço sim. Só vejo você com esse sorriso quando você fica louca por uma..."
"Uma nada! Você é que fica."
"A sacanagem é boa? Quem foi que te mandou?"
Não tinha como continuar negando, mas ele nem desconfiava quem era.
"As meninas, uma piada suja."
"Deixa eu ver."
"Que isso! Eu não vejo as suas, e eu sei que é coisa pesada. Ainda está naquele grupo da faculdade?"
"Eu te falei que sai."
"Mentiroso. Sai logo daqui! Me deixa em paz!"
Olhei brava pra ele. Enzo fez cara de menino pego no flagra. Saiu com o rabo entre as pernas. Deletei na hora o que Ayana me mandou.
Era só o que me faltava. Fui pensar em como conseguir as informações que o Marcelo me pediu. Não tinha nem ideia do que fazer, ainda mais que era o final de semana. Como é que eu ia ligar na casa da Vilma? Que desculpa eu daria para conseguir informações do neto?
Pra minha sorte o celular tocou, era Júlia! Como é que eu não tinha pensado nela?
"Oi menina, ainda bem que você ligou?"
Era uma conversa de vídeo, ela, pelo jeito num restaurante.
"E aí, como vão as coisas por aí? Vendeu o tal terreno?"
"Nada! Problemas. Parecia que estava na conta, mas..."
"Marcelo?"
"Não! Vilma, pelo jeito pintou uma outra oferta nova. Conhece um tal de Hiran, neto da viúva?"
"Hiran? Hiran Ameida Soares."
"Esse é o sobrenome dele Almeida Soares?"
"Não é o neto? Pilantra. Mas por que, ele tem outra oferta?"
"Pior que tem. Só que até onde eu sei a oferta é menor que a do pessoal do Marcelo."
"E qual o problema?"
"O problema é que a minha comissão. Com ela, parece que a Vilma recebe menos."
"Cuidado com esse cara, é muito esperto pro meu gosto. Furou o olho de corretor que eu conheço. Sempre com uma oferta de última hora, que acaba melando o negócio."
"Nunca ouvi falar."
"Não conhece por que nem corretor esse tal de Hiran é."
"Não! Mas pode?"
"O problema é que não tem como provar que ele recebeu alguma comissão. Às vezes é um amigo, um conhecido."
"E agora é com a avó. Bom, pelo menos eu tenho um nome pra passar ao Marcelo. Não para de me ligar."
"Eu te avisei que era um porre. E ele, já... te cantou? Lindo, não é? Um gato, pena que chato."
"Nem me fale! Se não fosse pela grana, os problemas aqui de casa, eu já teria desistido."
"Te comeu?"
"Júlia! Doida, fala baixo, o Enzo acabou de sair daqui."
"Então fecha essa porta e me conta. Tô precisando ouvir uma boa sacanagem."
"Eu não tenho nada pra te contar."
"Mentirosa. Tô vendo pela sua cara. Você não sabe mentir Lara."
"Onde você está?"
"Indo pro meu quarto. Trocar de roupa, mais três dias aqui em Belize. Pena que está acabando."
Ouvi o barulho de uma porta batendo, Júlia caminhando e sentando, devia ser na cama. Tinha um quadro enorme atrás dela, parecia um paisagem antiga.
"Conta, vai! Conta tudo."
Por via das dúvidas, tranquei a porta e me voltei para o sofá.
"Não teve nada, não com ele."
"Não com ele? Com quem então?"
"Não quero falar dessas coisas, você sabe que eu não gosto. Não sou como você."
"Deixa de bobagem, quantos segredos você já me falou? Ainda mais quando fica bêbada."
"Foi só aquela vez. E foi com o Enzo."
"Humm! Nossa, foi ótima aquela história. Você conta uma história como ninguém. Vai, diz logo, que foi que aconteceu?"
Júlia tarada, ficava muito engraçada. Eu percebi que ela se despiu, provavelmente ficou nua. Aqueles olhos brilhando de quem está com o tesão tomando conta do corpo. Imaginei ela fazendo carícias na xoxota peluda.
"Foi uma garota, uma massagista, na casa do Marcelo, ontem. Foi isso. Fui falar com ele sobre a história da Vilma e a Ayana estava lá."
"Quem é Ayana?"
"A massagista, podia ser minha filha. Um doce de menina."
"Imagino, conhecendo Marcelo, não é uma das garotas de programa que ele pega?"
"Sei lá? É uma africana. Niger ou Nigéria, esqueci? Mas que sabe fazer uma massagem, nossa!"
"Sabe é? Tão boa assim?"
"Você nem faz ideia! Foi meu primeiro beijo lésbico."
"Com a garota? Na casa do Marcelo? E ele viu?"
"Não, Marcelo ti ha saido, foi dormir depois da massagem. E ela quis fazer a massagem em mim. ."
"Não acredito, ele não ficou? Nem pra ver vocês duas?"
"Ele nem sabia que ia acontecer alguma coisa entre a gente. Além do mais, Ayana deixou ele todo dolorido."
"E aí, ela te pegou, foi? Na maca, você... nuazinha?"
Júlia começou a gemer entre as palavras, a voz arrastada, o rosto ficando crispado.
"Nua não, tinha uma toalha. Aquele óleo cheiroso, as mãos me apertando nos pontos certos. Eu acabei relaxando. Fui entrando no clima. "
"Aaahh! Aaaaa! E aí ela te beijou?"
"Primeiro ela me provocou, com dedos, você sabe."
"Na bocetinha, é? Mexeu ali, foi?"
Júlia fazia caras e bocas, se contorcia. Tava na cara que se masturbava enquanto eu falava.
"Pior que foi. Me pegou desprevenida. Ela percebeu que me deixou excitada."
"Aaann! Vinte anos e já safada assim. Só o Marcelo pra arranjar uma dessas. E ela, sabe bater uma siririca, gostosa?"
"Júlia, você sabe que eu não gosto de falar essas coisas!"
"Mentirosa, Enzo já me falou que na cama você vira outra. Bem safada."
"Mas só com o meu marido!"
"Só! E ontem, e ela? Te comeu gostoso?"
"Comeu. Pior que comeu."
"Com os dedos? Todos?"
"Mais que os dedos."
"Foi? Safada! Você também não presta, sabia?"
"Eu não sou como você! Tarada aqui é você, Júlia."
"Mas você é que gozou com ela. Dá até pra imaginar?"
O celular tremia, às vezes a imagem frisava. A voz dela chorosa, vieram as lembranças de ontem. Confesso que eu fui entrando no clima. Conferi a porta trancada, levantei o vestido, passei a mão na minha vagina. Os pelinhos formando um triângulo, meus lábios expostos, a pele vermelha pela foda com o Enzo.
Fechei os olhos. E revi Ayana rindo, a boca, a língua, os dedos. Eu mordendo seus peitos.
"Transaram, foi? Um beijo de bocetas?"
"Não! Ela só... só enfiou a mão... lá."
Fazia tempos que eu não me sentia tão gostosa. Ayana surgiu rindo, falando que tinga saudades. Eu me tremi toda.
"Enfiou a mão toda, foi?"
"Foi, tudo, a mão inteira. Eu nem acreditei que podia."
"Ooohh! Deve ter sido muito bonito. Você e a menina se pegando na casa do Marcelo. Que delícia! Continua!"
Ousada, Júlia virou a imagem e eu passei a ver a boceta madura da minha amiga. A mão cobrindo seus pentelhos, eles surgindo no meio dos dedos. Júlia gemendo como uma despravada.
"Enfiou até o pulso."
"O pulso!? Lara! Você aguentou, foi? Assim, desse jeito?"
A imagem não era boa, mas dava pra ver a mão sumindo no meio das pernas, ela ficando de lado. Aquilo foi tomando conta meu corpo. O perigo me deixava ainda mais excitada. Foquei o teto, mordi os beiços e dedilhei a boceta. Dois dedos no meio me furando e pensando na garota.
Vendo Júlia se tocando. As duas masturbando juntas, a milhares de quilômetros, por um garota que a gente mal conhecia.
"E ai ela te beijou?"
"Foi! Uuuuuh! Inesquecível, me fez gozar horrores."
"Ooohh! Oooohh! Hmmmmmm!"
Minha boceta piscou, incontrolável, me untando as coxas, os dedos. E eu ouvindo Júlia gemer, muito mais do que eu. Que loucura! Me ajeitei no sofá, fiz cara de menina bem comportada.
Júlia ria, nem pouco envergonhada, nem era preciso dizer nada. As duas saciadas. Finalmente, eu tive meu orgasmo, mas não foi com o Enzo.
Sei lá o que estava acontecendo comigo.
"Gozou Larinha?"
"Não é da sua conta."
"Háhá! Háháhá! Boba! Agora só falta o Marcelo."
"Que Marcelo! Um chato de galochas."
"Lindo, e de galochas. Depois você me conta."
"Depois. Agora eu tenho mais com o que me preocupar. Só de pensar no Marcelo eu perco todo o tesão na vida."
"Duvido."
"Tchau! Aproveita o restante das férias. Beijos."
"Pra você também, safada. Depois você me conta, em detalhes."