Fisgada na rede (Parte V)



Isso me deixou ainda mais convicta disso. Não podia casar amando outro homem. Amando Pedro. Sim eu estava sentindo algo que nunca havia sentido por homem algum. Ele não perguntou nada, indicou um caminho com a mão e seguimos sem falar nada. Depois de nos afastar da cidade, seguimos para perto da mata. Ele fez sinal para eu parar, desceu e entrou pela mata. Fiquei só. Queria ir com ele. Vou com ele. Entrei na mata e não o vi. Comecei a ficar assustada. Sabia que tinha bichos lá. Cobras coisas assim. Ouvi um gemido. Olhei com cuidado por traz de um arbusto e o vi sentado numa pedra. Pedro chorava na pedra.
- Pedro?
- Me esquece Luciana. Me deixa.
- Deixo, mas me diga um motivo para isso.
- Seu pai porra. Seu pai.
Realmente não tinha me colocado no lugar dele. Um simples pescador com a filha do deputado mais poderoso de estado. Um provável candidato a presidência. E para piorar noiva de um dos mais respeitados e ricos empresário de hotelaria do pais. E ele um simples pescador. Ninguém iria aceitar. Só eu. Eu.
- Vem cá. Eu estou apaixonada por você.
- Eu também. Vi você crescer, virar essa mulher linda, mas não posso. Nunca vou poder te dar o que você merece. Nem a pobre da minha filha eu tenho como ajudar.
Não quis oferecer a ajuda para não aumentar nossa distância. Confesso que nunca tinha notado aquele pescador. Mas sempre fui uma menina minada. Meu pai sempre tinha o poder de nos mostrar um mundo diferente do dele. Ficamos em silencio por um tempo. Ele ali, Pedro na pedra. Eu agachada ao seu lado. Parados. Pensando. Cabeças olhando o chão. Levantei meu olhar para ele, que virou e me olho. Ele me fitou de cima a baixo e sorriu.
- Que foi?
- Nada não.
- Diz bicho do mato.
- Bicho do mar. Isso sim.
- Vai fala.
- Você está parecendo uma de nós.
Ele tinha razão. Eu estava mesmo. Um short de cottom bem simples e uma camiseta de campanha política. Coisa que eles sempre usavam. Sorri com ele. Que sorriso. Que boca. Nesse momento tudo pareceu que tinha parado, eu não ouvia nada só meu coração disparado e sua respiração. Aproximei de sua boca e ele me beijou. Que delícia. Caímos no meio da mata como dois bichos do mato, ou do mar? Ele me beijava com desejo e volúpia, eu sentia todo seu corpo sobre o meu. Fiquei lubrificada como nunca. Pensei que tivesse mijado. Sério, não tenho como descrever isso de outra forma. Senti que ele também estava super excitado pois seu membro forçava contra meu corpo. De repente ele saiu de cima de mim e se afastou.
- Não quero assim.
Fiquei quieta, ali deitada na mata por uns deis segundos. Levantei-me e com as mãos tentei tirar a sujeira de minha roupa, ele veio me ajudar, mas eu recuei. Sai e deixei ele lá. Peguei o carro e fui até a farmácia. Comprei os remédios para sua filha e levei a sua casa. Dona Ana me atendeu.
- São para sua neta, mas por favor não diga que fui eu.
Sai antes de receber a resposta. Voltei para casa sem ter comprado nada, nem peixe nem outra comida qualquer. Fui direto para meu quarto. Muito tempo depois Cida entra e diz que vai para casa, perguntou se eu queria alguma coisa, que eu respondi que não com a cabeça. Ela se virou e foi. Fiquei ali. Do mesmo jeito por mais um tempo. Levantei e fui tomar um banho. Sentia-me mais suja por dentro que por fora. Dinheiro, dinheiro, poder. Isso ajuda, mas não é tudo. Trabalho, amor, respeito. Eu sempre pensei assim. Meus pais, por mais errados que podiam parecer, ensinaram me isso. Fiquei horas no chuveiro até ouvir um barulho na janela. Parecia pedras atiradas. Sai e me enrolei na toalha. Já estava escuro e as luzes externas estavam acessas. Olhei pela janela do meu quarto e vi Pedro, todo arrumada. Calça jeans camisa social e, pasmem, sapatos. Sorri. Ninguém usava sapatos naquela paria. Ninguém. Fui atender ainda de toalha.
- Entra.
Ela entrou calado. Esticou o braço e me devolveu o dinheiro dos remédios. Fiz menção que iria recusar.
- Por favor Lú. Aceita.
Não o contrariei. Depois ele esticou o outro braço e mostrou um peixe enorme. Lindo.
- É cavala, você gosta?
Com a cabeça disse que sim, mas na verdade nunca me preocupei com o nome do peixe. Conhecia muito pouco o mundo dele. Sabia que bacalhau era salgado, que agulha era pequena, mas o resto, nem suspeitava que tinha diferença.
- Quer jantar comigo?

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Ficha do conto

Foto Perfil Conto Erotico mulher

Nome do conto:
Fisgada na rede (Parte V)

Codigo do conto:
5927

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
16/09/2005

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