Meu melhor amigo, na época, era seu irmão, o Alan, com quem eu passava a maior parte do tempo, às vezes com nossa turma de amigos e outras vezes só nós dois. Naquela vida típica de cidade pequena no interior da Bahia, passávamos muitas horas do dia fora da zona urbana tomando banho de rio, fazendo longas caminhadas exploratórias e aproveitando para furtar canas e frutas nos sítios próximos à cidade.
Também tinha as vezes em que a gente conseguia pegar escondidas revistas pornográficas de nossos irmãos maiores e fazia uma sessão de punheta coletiva, mas sem tocarmos uns nos outros. Quando Alan tirava aquele pau do short eu nem olhava mais para a tal revista. Ele tinha um pau muito grande (mais de 20cm) e grosso daqueles meio achatados que de lado são mais finos mas visto de cima ou por baixo são bem largos. O maior pau da turma era o dele. O meu era o mais grosso e todo roliço, embora eu tenha apenas 16cm de cumprimento, meu pau é grosso e não entra num canudo de miolo de papel higiênico.
Alan era mulato, mais ou menos 1,85m, corpo definido, lábios carnudos e bem vermelhos, bunda polpuda e duríssima, corpo lisinho com pelos apenas nas axilas, na região pubiana e no caminho da felicidade que vai do umbigo ao pau, olhos cor de caramelo, dentes brancos e bem formados que quando ria era a coisa mais linda do mundo para mim. Às vezes eu fazia cócegas nele só para vê-lo abrir aqueles lábios carnudos e gostosos e rir me encantando com o som de sua risada e com seus dentes perfeitos. Nem preciso comentar que morria de tesão por ele e batia muita punheta fantasiando transar com ele mas, jamais daria vasão aos meus desejos com ela pois, há 23 anos, homossexualidade era um infame tabu na cidade pequena em que vivo.
Tenho 1,80m, sou bastante charmoso. As pessoas dizem que sou bonito (embora eu não ache). Elas me comparam, às vezes, a Luciano Zafir (sou da cor dele, tenho cabelos pretos e ondulados e uso óculos), outras vezes, ao Clark Kent daquele seriado “As Aventuras do Super-Man” que passava na TV Globo.
Se eu saísse sem ele para algum lugar, sem dizer para onde ia ou sem chamá-lo para ir comigo, ele fechava a cara e ficava emburrado até que eu dissesse por onde andei e com quem eu estava. Às vezes achava que ele sentia por mim mais que amizade, mas ficava com receio de tentar alguma coisa e perder sua amizade. Não que eu fosse um santo, pois tinha uns carinhas com quem eu ficava (dois primos e um primo do meu primo), mas nunca do meu bairro e tudo muito sigiloso
Depois de ter mostrado para minha família e vizinhos que Alana era “minha namorada” percebi que o Alan se tornou estranho e foi se distanciando de mim. Nosso contato diário que incluía abraços, risadas, aquela coisa de um entender o outro só pelo olhar foram se perdendo e quando eu perguntava o que era ele simplesmente dizia que não era nada. Eu sempre ia com ele numa horta que os pais dele tinham do outro lado da cidade e lá, depois de regar as plantas e de tomar banho de rio a gente sempre batia punheta juntos, mas sem nos tocarmos. Eu ficava vidrado no pauzão dele e ele também batia a punheta olhando para mim. Nessas horas eu morria de vontade de cair de boca nele, mas me reprimia. Os convites de Alan para eu ir cuidar da horta com ele acabaram e mesmo quando eu me oferecia para ir junto, Alan me dizia que preferia ir sozinho.
Pensei que ele estivesse com ciúme da irmã, atitude mais que aceitável. Chegou dias em que ele não falava comigo e nem se quer olhava em meu rosto e também não ria mais aquele riso lindo quando nossa turma de amigos se reunia. Depois de alguns dias sentindo muito sua falta e ele me evitando o tempo todo, resolvi procurá-lo para conversar e tentar solucionar o problema. Pensei até em dizer que eu achava que era gay e que estava com a irmã dele só para disfarçar, mas calculei que isso também não resolveria o caso, pois ninguém gostaria de ser amigo de um “viado”.
Depois de ter tentado falar com ele várias vezes sem que ele sequer me deixasse falar, paguei a um moleque bem mais novo que nós dois para dizer a ele que um ninho de bem-te-vi, que nossa turma tinha descoberto e estava vigiando, tinha sido quebrado e que a turma toda tinha ido para lá, menos eu. O ninho ficava a uns 03 quilômetros da nossa casa, no meio de um matagal numa área do rio que quase ninguém frequentava: seria o lugar ideal para conversarmos.
Também pedi ao moleque que deu o recado para não dizer que fui eu quem o mandou. Tinha certeza de que ele iria conferir de perto o estrago. Ver esses filhotinhos nascerem era desejo da turma toda.
Cheguei antes ao local e me escondi atrás da árvore onde ficava o ninho. Uns 15 minutos depois ouvi os passos de alguém se aproximando, me esgueirei pelos galhos e vi que era Alan, minha primeira paixão, que estava chegando. Voltei para meu esconderijo, abaixei a cabeça e fiz de conta que estava distraído.
Quando ele se aproximou e tocou na árvore me fingi de assustado e saí do meu lugar. Ele se assustou a princípio depois olhou para mim e ficou alguns segundos sem esboçar reação. Pedi desculpa por tê-lo assustado e perguntei o que ele estava fazendo ali sozinho (como se eu não soubesse).
Ele nem me olhou, apenas subiu nos galhos viu que o ninho estava intacto, desceu e disse, já dando meia volta:
_ Não é da sua conta.
Eu me coloquei na frente dele e comecei a falar:
_Cara, o que é que está acontecendo? O que eu fiz para você ter ficado sem falar comigo? Eu estou sentindo falta de sua amizade.
Ele abaixou a cabeça e disse:
_ A gente nunca mais vai conversar. Eu quero ficar bem longe do você. Eu não quero mais ser seu amigo.
Um tiro teria doído bem menos. Não me segurei e comecei a chorar. Ele passou por mim eu segurei no braço dele e disse entre lágrimas:
_ Por favor, cara, não faz isso! Se você está com ciúme de sua irmã, eu juro que termino com ela! O que eu não quero é perder sua amizade! Você é o amigo que eu mais amo no mundo!
Aí, acho que a emoção falou mais alto e eu me abracei a ele. Por alguns segundos, eu achei que fosse levar uns tabefes, mas ele ficou quase imóvel, fazendo força meio sem querer para se soltar de meus braços e emitindo um barulho que parecia gemidos. Depois olhou para mim, vi lágrimas também em seus olhos e com a voz bem grave disse baixinho:
_ Você é muito burro! Não tenho ciúme dela. O que eu tenho dela é inveja. Ciúme eu tenho é de você!
Choquei! O susto foi tão grande que demorei em dizer qualquer coisa. Quando me restabeleci achei que meus ouvidos estivessem me enganando:
_ Como foi que você disse?
_ Isso mesmo que você ouviu, cara! Eu sou apaixonado por você!
Nossa que conto lindo amei.