PRIMOS – PARTE II
Ola!! Voltei pra dar continuidade no conto J.J parte II.
Pra quem ainda não leu o inicio do conto, sugiro que procura aqui no site a primeira parte do conto, se chama PRIMOS. Antes de continuar a leitura aqui é melhor ver o inicio pra acompanhar a história na integra.
Bom, vamos lá dar continuidade na segunda parte da história dos meninos.
O sol já surgia no horizonte quando meu pai me levou ao aeroporto, a cidade ainda dormia e tudo parecia igual, as casas desgastadas pelo tempo que acomodavam famílias humildes, a padaria da esquina que fazia o melhor pão doce do universo, os cachorros sem dono que faziam algazarras na rua, tudo estava do mesmo jeito, mas eu já conseguia sentir toda aquela atmosfera familiar de forma diferente, uma saudade já apertava o peito por todas essas coisas que ficariam para trás por um tempo. Mas o que mais me doía era saber que parte de mim ficaria ali, na frente de minha casa, parte essa que esse horário estaria dormindo após passar a noite cuidando do filho pequeno. Eu não conseguia para de pensar no que acontecera, a forma intensa e verdadeira em que Júlio me beijou e abraçou como se eu fosse seu porto seguro. Senti um nó na garganta ao perceber que talvez quando eu retornasse as coisas estivesse diferente, talvez ele já estivesse dado outro rumo pra sua vida ou mesmo ido embora pra algum lugar distante e nunca mais talvez nos veríamos novamente.
Meus pensamentos foram interrompidos por meu pai me chamando. – filho, chegamos.
Nem percebi, mas, já estávamos no aeroporto e a mensagem no autofalante já chamava para o embarque. Meu pai me abraçou e me recomendou cuidado, e antes que ele começasse a chorar ele foi embora acenando com a mão.
Fiquei sozinho no aeroporto, foi quando me caiu a ficha real de que eu estaria sozinho dai em diante, eu precisava ser adulto e responsável e não podia ter medo, era uma coisa que eu almejava há tempos e por fim estava acontecendo. Segurei minha mala e me dirigi ate o portão de embarque. Entrei no avião e me acomodei em uma poltrona ao lado da janela. A aeromoça começou a passar as informações de praxe e logo anunciou que estávamos decolando. La de cima pude ver a minha cidade, minúscula vista do alto, logo ela se tornou apenas um ponto brilhante no horizonte. Em minha cabeça se passava mil coisas, estava já com saudades mais sabia que estava fazendo a coisa certa. Ainda era muito cedo eu não havia dormido bem à noite organizando as coisas pra viajem então me acomodei na poltrona e me deixei adormecer. Acordei com uma turbulência que fazia o avião chacoalhar e deixando as pessoas assustadas, eu sou medroso por natureza, mas tentei não entrar em pânico, segurei firme esperei tudo se acalmar, o avião se estabilizou e as pessoas se acalmaram e aos poucos voltaram a ficar quietas. Eu já não iria conseguir dormir novamente, então só fiquei quieto. Como era um voo de escalas fizemos a primeira parada, desceram alguns passageiros e subiram outros. A poltrona ao meu lado estava vazia e eu só olhava pela janela, quando alguém me chamou.
- oi!!
Era um jovem mais ou menos da minha idade, mas um pouco baixo que eu, nem moreno nem branco, estava a um meio termo. Usava uma camisa preta e um gorro na cabeça que deixava escapar uns fios de cabelos jogados para o lado.
- posso sentar? Ele perguntou.
- sim, pode. Eu disse tentando parecer gentil.
Ele sentou e se apresentou. – prazer, sou o Jhon. Eu disse – prazer, me chamo Junior.
- nossos nomes se parecem, ele disse sorrindo.
Não havia percebido, mas se iniciam com J. J de Jhon, J de Junior e J de Júlio eu falei. Ele confirmou que sim. Conversamos durante toda a viajem que não demorou mais tanto. Em resumo ele me contou que os pais dele eram divorciados e ele estava passando um tempo com a mãe, mas morava com o pai. Já, estava concluindo a faculdade de engenharia, então pressupus que ele tinha mais idade do que aparentava. Iriamos estudar na mesma universidade mais em polos diferentes. Chegamos ao destino trocamos contato e ele me fez prometer que assim que eu me organizasse iria à casa dele para me apresentar a sua família e dar uma volta pela cidade. Eu concordei em sim e ele foi embora e novamente fiquei sozinho. Eu já havia entrado em contato com a faculdade e eles mandariam alguém me buscar no aeroporto, eu iria morar em uma república com outros estudantes. Fiquei lá parado, informei que estaria de camisa azul e calça preta para me localizarem. Não demorou e chegaram uma moça e um rapaz. – olá, você é o júnior? Ela perguntou. – sim, sou eu. Ela me abraçou se apresentou. – eu sou a Debora e este e o Daniel. Viemos te buscar. Fui com eles, eram bem simpáticos, a menina não parava de falar e o rapaz já não falava nada, apenas nos conduzia e concordava com algumas coisas. Ele era alto, pele clara, os cabelos loiros encaracolados e olhos claros. Percebi semelhança entre ele e a menina. Ela também era clara, tinha os cabelos longos e enrolados como o dele. – vocês são irmãos? Perguntei a interrompendo já que ela não parava de falar. Ele sorriu pela primeira vez. – Gêmeos não idênticos. Ele disse. Ela concordou. – sim somos irmãos e por infelicidade estudamos juntos. Eu achei engraçada a forma dela falar, mas percebi que era brincadeira.
No resto do trajeto eles me contaram que faziam faculdades juntos, ele Medicina e ela Odontologia, moravam na mesma republica mais em quartos separados. Mulheres de um lado e homens de outro. Chegamos a casa, era enorme em comparação a da minha família. Eles me apresentaram para outros alunos e me mostram as acomodações. Iria ter que dividir quarto com o Daniel e outro aluno que não estava lá no momento. Achei legal a parte deles em me fazerem me sentir avontade. Agradeci a Debora e fiquei a sós no quarto com Daniel. Ele me mostro a minha cama e conversamos sobre regras de convivência. Chegou a hora do almoço, eu estava sem fome, só fiquei deitado, ele viu que não iria comer e ficou pra me fazer companhia. Conversamos ainda mais, ele falou das coisas que gostava, percebi que ele era fechado não por ser chato, mas por ser tímido demais. Era um cara sensível e muito gente boa, percebi logo. Conversamos ainda um tempo até que ambos adormecemos.
Sonhei que estava andando em rua próximo de casa, era a rua de casa para a escola que estudei desde pequeno. Estava sozinho mais logo apareceu o Júlio, meu coração disparou, minha mão gelou, quando ele sempre com seu jeito agitado pôs a mão no meu ombro. Ele não falou nada apenas sorriu e me acompanhou por uns passos e logo desapareceu. Fiquei confuso, sem entender nada. Acordei assustado com Daniel me chamando.
- ei cara, levanta ai. Quero te mostrar uma coisa.
Nem percebi que dormi tanto que já era noite. Estava tudo em silencio. Ele me conduziu ate a parte de cima da casa onde havia umas cadeiras e um muro. – é aqui que venho todas as noites quando sinto saudades de casa. Ele disse. – e como sei que você deve esta sentido falta da sua, olhe para as estrelas que lá onde eles estiveram eles vão esta olhando o mesmo e lembrando de você.
Não sei o que me impulsionou naquele momento, não sei se foi realmente a nostalgia da saldades de casa ou forma como ele falou aquilo. Só sei que o abracei, ele ficou sem reação mais retribuiu o abraço. Após isso nos sentamos, ele tinha trago uma pizza, para jantarmos. Comemos e conversamos muito.
Para um primeiro dia ate que não havia sido ruim, tudo estava se encaminhando como planejado. Só olhei para Daniel mais uma vez e agradeci pelo que tinha feito por mim e olhei para o céu novamente, uma estrela passou iluminando a noite. Lembrei do que Daniel falou e senti o coração aquecido por saber que um longe dali estavam não só uma, mais varias pessoas que estavam olhando o mesmo céu e lembrando dele e entre elas uma seria o seu primo Júlio.
É isso pessoal, como se trata de um conto com vários capítulos, esse foi pra dar continuidade da vida do Junior longe de casa. Espero não está ficando chato com a narrativa e espero que gostem. Logo terremos mais.
Será que teremos mais um J.J, J e Daniel ou um possível J.Jhon?