Fumaça

Não quero só hoje, eu quero o dia todo pra ver se eu chapo. Não quero ponta, eu quero você de fumaça inteira no meu peito pra ver se eu morro. Foi naquele dia no café, você fumando aquele cachimbo avermelhado e eu, na mesa do canto com o cigarro vagabundo mais barato que meu bolso podia comprar. Você levava as baforadas com tanta classe, eu sabia que tragava, que não queria sentir só a fumaça na boca. Por isso tomei gosto e me levantei, pedi um isqueiro emprestado, mas você só tinha fósforos, malditos fósforos. A doçura que tinha fez com que me oferecesse a caixinha quase vazia, ao invés de responder um seco :“Não tenho”. Mais que rapidamente peguei, abri a caixa, risquei o fósforo e acendi o cigarro. Com a chama prestes a se apagar, levei para próximo de seu cachimbo, aquele curvado, para acendê-lo melhor. Foi ai que você gostou de mim.
Todo o dia o mesmo ciclo, o mesmo fósforo, após o costumeiro ritual, já saindo e dobrando a esquina você me encostou com voracidade na parede e me deu aquele beijo com gosto de tabaco de baunilha. Enquanto sua língua roçava na minha eu sentia sua respiração como fumaça doce penetrando em cada pedaço do meu corpo, tomando meus pulmões, minha mente. Minhas mãos que passeavam por suas coxas subiram pelo interior de suas pernas, te agarrei,levantei-a e você pode sentir meu hálito ainda quente de cigarro pelo seu pescoço , seu colo, profanando você e você se deliciava, virando a cabeça para os lados, enquanto comprimia meu crânio para mais perto do seu corpo. Meu desejo era o de morder sua camisa, arrancar os botões de vez e poder me deliciar com seus seios, mas você desejava imprimir seus lábios no meu pescoço, e o fez, dando uma dor insuportável e uma terrível marca fazendo com que a soltasse e levasse a mão ao pescoço. E foi nessa hora que você fugia.

Outro dia, mesmo café, ela de novo. Eu já a observada há tempos. Demorei mais do que o de costume para pedir os fósforos, queria ver e saber qual seria a reação dela,se algo havia mudado devido ao beijo do dia anterior. Nada. O cachimbo ia até a boca e a fumaça se espalhava em pequenas nuvens como sempre. Levantei, pedi o isqueiro que sabia que ela não tinha e fiz questão que a marca da chupada do dia anterior ficasse visível sobre a gola da minha camiseta. Ela tomou meu cigarro, acendeu com o fósforo, tragou e o entregou a mim. Fitei seus olhos, coloquei-o na boca e podia sentir novamente o gosto daquele beijo. Sentei me em sua mesa. Ela me fitou com aqueles olhos verdes por alguns minutos, de cachimbo pendendo ao lado da boca e unhas vermelhas. Puxou pela última vez, soltando a fumaça em mim, levantou-se e saiu. Esperei que ela atingisse um quarteirão de distância e a segui em meio a multidão. Cabelos castanhos ondulados bailavam com o vento frio. Belíssima, o casaco marrom escuro contrastava com as suas pernas desnudas na saia. O salto alto combinava. Era vermelho. Vi-a entrar por uma rua estreita. Atenta aos dizeres e pichações nos muros parou para observar uma em especial; apressei-me e a agarrei por trás. Passei minhas mãos por seus seios sobre a camisa. Mordi-lhe o pescoço, o lóbulo, lambi sua nuca enquanto ela fechava os olhos e pousava suas mãos sobre as minhas. Minhas mãos deslizavam por entre suas pernas. Subi sua saia enquanto encostava-a, contra a parede, virando-a de frente para mim e beijava sua boca fulminante. As mãos dela passavam pela minha pele morena, apertavam minhas costas e buscavam meus seios. Sempre tive um corpo masculinizado, era a típica lésbica machona de cabelo curto e jeito de homem. Mesmo assim, com as mãos ávidas passou a acariciar meu colo, brincando com meus mamilos. Mordi seu pescoço, punição pelo dia anterior, e senti um suspiro. Deslizei minhas mãos para o interior de suas coxas, toquei seu sexo sobre a calcinha úmida e quente. Beijava-a libidinosamente enquanto minha mão cadenciava um movimento suave entre suas pernas, deixando sua roupa íntima cada vez mais molhada. Ela, com breves gemidos puxava meus cabelos negros e curtos enquanto perscrutava minha cintura e costas. Sussurrei em seu ouvido que durante muito tempo frequentei aquele café e me indagava quem era aquela bela mulher com o cachimbo, que o mistério dela me seduzia e a desculpa do isqueiro era só para tentar decifrá-la. Ela, olhando fixamente em meus olhos e mordendo os lábios disse que muitas tragadas foram necessárias para que ela tentasse uma aproximação, era tímida e não se dava bem com palavras. Estava encantada com aquela figura misteriosa. Meus dedos acariciavam com movimentos suave o seu clitóris, fazendo suas pernas tremerem levemente. Pus-me a abaixar sua calcinha e ela tímida tentou cerrar as pernas. Lambi sua orelha e disse num sussurro carinhoso “ Deixa...deixa...”. Aos poucos suas pernas foram se afastando, toquei sua intimidade com mais furor, senti-a molhada, excitada em minhas mãos. Passei meu dedo médio por sua fenda. Ela tentava disfarçar os gemidos, arfando em meu pescoço com as mãos firmemente cravadas nas minhas costas. Senti um calor, uma chama nunca antes disfrutada ; disse ao pé do ouvido que a queria havia muito tempo. Ela mordeu meu lábio inferior e disse que naquele momento era minha. Penetrei a com dois dedos e ela gemeu, passei a curvá-los, procurando seu ponto mais sensível. Seu sexo pulsava úmido e repleto de prazer, passei a tocá-la com intensidade, ia e vinha com meus dedos e a cada estocada, de olhos fechados ela gemia e mordiscava minha camiseta. Relaxada, suas mãos agora frágeis e bobas eram reflexo de seu prazer, mal conseguia se segurar em mim. Suas pernas tremiam e eu, movida pela vontade de vê-la em seu ápice passei a aumentar o ritmo. Sua carne era tão quente e macia que não pensava em outra coisa além de tocá-la e tê-la colada junto ao meu corpo. Deslizei a outra mão por baixo de seu casaco, toquei-lhe os seios sem sutiã. Eram fartos, macios com mamilos entumecidos. Beijava-a com a respiração ofegante, o gosto, o cheiro do tabaco antes tão diferente fundia-se num só. Aumentei mais ainda o ritmo das carícias, enquanto apertava um dos seios, meus dedos descobriam seu interior vorazes, sentiam-na úmida, contraindo-se, delirando num misto de prazer e relaxamento. Ela contorceu o quadril e num espasmo minha mão foi inundada por seu líquido. Ela havia chegado a um ápice maravilhoso de êxtase liberando um gemido alto e ardente. Tentando recuperar as forças beijou-me docemente enquanto arrumava sua roupa e me afastava de seu corpo. Ela olhou para mim, pousou em mim os lábios levemente e disse: “ Essa mania de fumar cachimbo ainda vai acabar comigo” e foi-se pela rua.

Todos os dias frequento o mesmo café, entorpeço-me com a fumaça de meu cigarro e enlouqueço com a presença dela. Nossas carícias continuam frequentes, nosso toque é mesma chama já faz tempo. A única coisa que sei é que desejo tragá-la inteira.


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Ficha do conto

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Nome do conto:
Fumaça

Codigo do conto:
17955

Categoria:
Lésbicas

Data da Publicação:
25/06/2012

Quant.de Votos:
4

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