Quando me mudei para uma cidadezinha do interior do Estado pensei que seria bom para acalmar meus nervos e minha impulsividade, sair um pouco da vida de baladeira de boate gay, virar gente séria e conseguir tocar os negócios. Acabei por ir morar numa casa simples e montar uma loja de instrumentos musicais num bairrozinho central. A princípio, por se tratar de uma cidade pequena, todos os habitantes estranharam minha figura: negra, dreads longos até o meio das costas, calça larga e camiseta de banda de rock; inconcebível para a opinião popular. Apesar da relutância de todos, os negócios estavam bons, clientes apareciam sazonalmente na loja e conseguia um bom lucro. Certo dia surgiu uma moça baixinha, de pele muito branca, cabelos longos lisos e negros, óculos arredondado e olhos azuis. Uma figura atraente. Os óculos lhe pesavam um pouco o olhar, dando um aspecto sério, mas a pele lisa, sem mácula alguma deixava-a angelical. Perguntou para mim se eu era a proprietária, disse que estava feliz em ver que os negócios iam bem pois aquela cidadezinha tinha só gente de cabeça fechada. Agradeci a espontaneidade, perguntei quem era ela e com um sorriso de canto de boca disse “ Sou Carla, dona da loja de livros usados da esquina”. Simpatizei-me por aquela figura bela, iniciamos uma discussão bem fervorosa sobre o poder das artes, da literatura e da música no desenvolvimento do ser humano, falamos de assuntos filosóficos, contamos causos, piadas e a cada sorriso, a cada troca de olhar, notei que estava caindo naquela armadilha de suave sedução. Carla olhou para o relógio e, num sobressalto, levou as mãos na cabeça dizendo “ Nossa, preciso voltar pra loja, adorei te conhecer, qual seu nome mesmo?” Desconcertada apenas respondi “ Marcela” e a vi partir da loja, fitando sua silhueta curvilínea. Foi estranho, acabara de conhecê-la e havia pensado o dia todo naquela mulher que apareceu repentinamente na minha loja. O final do expediente já havia chegado, fechei a loja e fui até a esquina. A loja de livros usados estava prestes a fechar, com a porta da frente entreaberta. Estava receosa mas adentrei no recinto. Estantes enormes, com livros de todo o tipo cobriam as paredes, elevavam-se até próximas ao teto num ambiente que lembrava uma antiga biblioteca. Papéis espalhavam-se por todos os lugares, a mobília antiga, de madeira escura continha abajures ao estilo retrô e um pesado lustre pendia no teto, dando à loja um ambiente colonial. Vi Carla arrumando alguns livros, pedi desculpas por ter entrado e ela com aquele sorriso de canto de boca disse que não era nenhum incômodo, se aproximou de mim e pude notar que seu corpo era curvilíneo, bem definido. Antes que ela pudesse perguntar o que havia me trazido até a loja, disse em voz alta: “Queria que você me recomendasse um livro, algum que você goste muito e pense ser interessante.”. A moça prontamente foi até uma prateleira , procurou por alguns minutos e me entregou um livro de título “ O Poço da Solidão”. Olhou em meus olhos e disse: “ Acho que faz seu estilo, dê uma olhada no resumo na contracapa, vou terminar de arrumar algumas coisas na prateleira do fundo” e partiu, naquele labirinto de estantes. Li o resumo, tratava-se de um drama lésbico, estranhei as intenções dela com aquilo. Dirigi-me até a última prateleira onde ela estava, deixei o livro sobre uma mesa bagunçada com muitos outros e pousei minhas mãos em sua cintura, sussurrando ao pé do ouvido: “ O que você está querendo com esse livro?”. Carla se virou, fitou-me e disse “ Você”; impetuosamente beijei-lhe a boca , a aparência dela não revelava, mas possuía um beijo muito ardente. Mordiscava meus lábios carnudos, sugava-os, brincava com sua língua na minha. Nossos lábios se encaixavam perfeitamente num beijo delicioso; ela me puxava para perto dela e recostava-se na estante. Entrecruzamos nossas pernas num encaixe sensual, nos beijávamos e nossas intimidades roçavam no corpo uma da outra sob as roupas numa dança lânguida. Lambi seu pescoço, descendo com suaves mordidas até o colo. Os óculos dela atrapalhavam, puxei-os e os lancei longe, ela deu uma doce risada e continuou a arfar enquanto eu degustava cada pedaço daquela carne branca. Puxei-a para perto de mim, subitamente recostei-a sobre a mesa desarrumada. Ela então lançou os braços para trás, jogando tudo que estava em cima da mesa no chão, sem se importar com a bagunça. Eu a ajudei, logo que a mesa se encontrava desocupada a deitei na superfície, ela deu outro riso, desta vez mais lânguido e eu me posicionei em cima dela. Com nossos corpos encaixados retomamos um beijo de língua ardente, molhado, e ela então passou a perscrutar minha barriga com as mãos, subindo até meus seios. Enfiei minhas mãos por baixo de sua camiseta e tratei de arrancar-lhe a blusa com vontade, fitei-a cheia de desejo, joguei a peça de roupa longe e observei seus seios naquele sutiã de renda. Eram belíssimos, arredondados, brancos, tinham o tamanho certo de minhas mãos. Toquei seus seios sobre o sutiã, Carla tinha agora o colo palpitante. Sentia que ela estava aproveitando tudo aquilo como nunca, as mãos dela que subiram por baixo de minha camiseta teimavam em tirá-la. Ajudei-a, joguei a camiseta longe também. Quis abrir seu sutiã para degustar seus seios mas ela me interrompeu dizendo: “ Para, Marcela. Eu moro aqui no fundo, venha comigo pra minha cama.” Aceitei o convite com um beijo leve; ela levantou-se, seguiu caminho ate um corredor pequeno e entrou na primeira porta à direita. A casa toda tinha um aspecto antigo, um guarda-roupa de mogno no canto, uma grande cama de cabeceira estilo dossel e lençóis impecavelmente brancos decoravam o quarto. Ela fez com que me sentasse na beirada da cama e sentou-se no meu colo, deu um beijo doce acariciando meu rosto e passou a mordiscar minha orelha. Minhas mãos foram para suas costas, abrindo-lhe o sutiã e desvendando seus seios. O sutiã de renda branca caiu lentamente por seus braços e foi arremessado longe, seus seios já estavam com os mamilos enrijecidos, toquei-os levemente e notei um piercing no mamilo esquerdo; excitada, desci com a língua até o bico do seu seio e o lambi, adorei a textura contrastante entre o metal frio e sua pele, passei a sugar, tomando cuidado para não machucá-la. Ela pressionava minha cabeça para mais perto de seu corpo e gemia discretamente. Com a boca ainda no mamilo, passei a apertar seu outro seio, a movê-lo sem pudor. Era delicioso. O cheiro da pele macia dela deturpava meus sentidos e pra mim nada mais importava além de tê-la inteira, murcha e morta de cansaço. Minhas carícias se intensificaram, passei a morder o bico dos seios, a percorrer seu corpo todo com beijos e a tocar cada centímetro daquela pele tão branca, fazendo um belíssimo contraste entre nossas cores. Ela gemia baixinho e de olhos fechados, creio que por vergonha, teimava em tentar esconder o rosto em meu ombro, agarrei- a pela cintura de uma vez, joguei-a na cama e passei a desnudar o resto de seu corpo. Enquanto a beijava languidamente,abri o botão de sua calça jeans devagar e a deslizei por suas pernas macias, Carla estava usando uma calcinha branca de renda que mesclava-se a cor de sua pele natural, toquei as alças laterais da roupa íntima fingindo tirá-la e ela sorriu um riso de libido, beijei sua barriga, desci vagarosamente até seu sexo. Umedeci a língua e lambi seu sexo ainda coberto pela calcinha, ela já se encontrava de pernas abertas e olhos fechados agarrando os lençóis. Beijei sua intimidade, rocei meu queixo, meus lábios por ela sobre a calcinha., excitei-a ao máximo, a ponto de senti-la e vê-la molhada, afastei com um dos dedos sua roupa íntima revelando aquela parte tão desejada, fitei a molhada, lisa, inchada e pulsante pedindo e implorando o meu toque. Deixei-a completamente nua, com as mãos abri sua fenda, expondo-a, adorei olhá-la, lambi lentamente a dimensão toda de seu sexo e ela estremeceu as pernas, seu sabor era incrivelmente viciante. Sem hesitar passei a lambê-la, degustando cada gota de seu delicioso fluido, ela contorcia o quadril devagar, afogando gemidos. Enfiei minha língua o mais fundo e enrrigecida possível nela, que mordiscou a mão para disfarçar um gemido. Ela era quente e eu queria mais e mais seu gosto na minha boca, com uma das mãos ela me agarrou pelos cabelos e me levou ate seu clitoris, com movimentos de quadril cadenciados, me mostrou como gostava que eu a lambesse, enquanto gemia já sem pudor algum. Prendi seu botão entre os lábios e o suguei, passei a circundá-lo com a língua e as pernas de Carla começaram a tremer. Tive a audácia de penetrá-la com um dedo durante este momento, fazendo com que ela, já com a boca seca e suando frio, me pedisse para explorá-la por dentro. Dois dedos meus adentraram impetuosamente em sua gruta úmida, gemendo com certo susto e desconforto, apertou os lençóis com as mãos, meus dedos passaram a buscar sua cadencia, sentindo-a molhada, ia e vinha do jeito que ela gostava, chupava-a do jeito como ela adorava, delirando, já sem pudor e no frêmito do desejo, ela agarrou meus cabelos e disse, “acaba comigo”. Acelerei meus movimentos, meus dedos já estavam completamente lambuzados, introduzi um terceiro enquanto ela gemia pelo prazer ocasionado. Deliciosa, só conseguia pensar em como era bom meter em você, de como era bom seu gosto e o barulho que fazia o vai e vem de meus movimentos em seu sexo ardente, transbordante, eu tenho certeza que poderia permanecer naquela situação para sempre. Seu ápice veio como eu esperava, intenso. Contorceu-se toda, gemeu alto, feito fera enfurecida, faltou-lhe a voz pois as pernas tremiam e o gozo era de fato incontrolável, inundou-me e eu bebi cada gota sua. Ela me deu um beijo lento, sentindo o seu próprio gosto pelos meus lábios, posicionou-se em cima de mim, roçando os seios fartos em meu rosto. Isso me deixou louca. Carla então passou a desnudar-me, tirava cada peça de roupa lentamente, mordiscando o lábio inferior e me dando aquele olhar de safada com seus olhos azuis. Eu nunca imaginaria que alguém que cuidasse de livros o tempo todo e morasse numa cidade que mais parecia um cubículo fosse tão intensa na cama. Encaixadas, iniciamos nossos movimentos cadenciados, roçando o corpo de uma na outra. Parecia que cada pedaço de nossos corpos havia sido desenhado de modo que nos completássemos. Ela me beijava languidamente e minha excitação com todo aquele movimento era visivel. Passamos a acelerar cada vez mais nossa cadência, ela já gemia fraca, com as pernas trêmulas mas não parava. Passei a agarrá-la com força, submetendo-a com mais violencia a unir-se ao meu corpo. Entre alguns arranhões e gemidos, nossos corpos se atritaram até que explodimos na mesma sensação de êxtase. Carla então somente se deixou desfalecer em cima de meu corpo, enquanto afagava seus cabelos e sussurrava coisas ao seu ouvido. Lembro-me de ter confessado que havia a olhado com certa malícia quando a vi pela primeira vez, mas que nunca pensei que chegaríamos a este ponto, já que ela fazia o esteriótipo de menina certinha do interior. Como resposta, ela sorriu com o canto esquerdo da boca e disse, voltada para meus olhos:
- Não se engane, as ditas “ certinhas” são sempre as piores, ou melhores, no aspecto que você preferir.