Devagar, me ponho por cima de seu calor
O pescoço, pálido, alvo de meu beijo
Mãos preparadas, vasculham sem temor
Os seios macios são presas que almejo
Meus dedos, predadores à abocanhá-los
Quando fica assim vermelha, inquieta
Sei que estou a fazer certo
O aroma de perversão exala como alerta
Você vem, boquiaberta
Toma parte de mim, envolve com a língua
Como gata esfomeada à míngua
Enrijecido entre seus lábios quentes
Pulsando, em teto sem candelabro
Vai e vem, ofegos, momento obsceno
Guiando-a, ensino; como amante, enceno
É uma cascavel, soa o chocalho, o sino
Despeja para além de sua língua, seu doce veneno
Sorriso de malícia teu, com minha essência entredentes
Escorre lábios abaixo, beijo-a e provo o que sente
De ninguém somos, mas em momentos, ao mundo ausentes
Tudo de um é o outro, também o pecado que se comete
Sentimo-nos presos, correntes de sadismo
De prazer absoluto, enquanto o mundo derrete
Movimentos grosseiros, de provocar sismo
Temos os dois a chave do inferno
enquanto usamos um ao outro, à beira do abismo