A Cigana

A CIGANA


Não consegui identificar que sentimento foi aquele. Assim que a vi, um frio correu por minha espinha. Meu corpo ficou paralisado. Que horror! Quem era aquela mulher? Por que estava sentido aquilo?
Era uma mulher linda, morena, jovem, sempre elegante, mas algo dizia para manter-me afastada. Pensei imediatamente em nunca me aproximar dela, sua presença sempre acabava me provocando alguma reação estranha. Poucas vezes tive oportunidade de falar com ela, mas toda vez que a via, era a mesma coisa.
Minhas amigas tornaram-se suas amigas e viviam me falando que eu era cheia de besteiras, mas continuava firme na posição de mantê-la à distância, até que Laurinda veio me contar que ela lia cartas. A curiosidade feminina pelo futuro é enorme, muito maior que a dos homens e ter ali na vizinhança alguém que pudesse falar sobre isso, deixou todas nós fascinadas.
Como minha postura inicial foi de rejeição a ela, procurei manter-me firme. Todas as minhas amigas passaram a freqüentar sua casa e diziam que tudo o que ela dizia era tiro e queda. Era só ela falar e PIMBA, acontecia. Eu estava ficando louca com aquilo, já não tinha mais unhas para roer quando decidi tomar uma atitude. Fui até a casa de Laurinda e pedi:
- A próxima vez que você for lá, eu quero ir com você.
- Ué Gláucia, mudou de idéia sobre a Valéria?
- Ainda não, mas estou me roendo de curiosidade por causa das cartas.
Caímos na gargalhada. Já tinham se passado três meses que ela havia se mudado pra nossa rua e eu era a única que não tinha se aproximado dela. Às vezes me sentia envergonhada, achando que estava bancado a criançola, a boba e agora era a oportunidade de, quem sabe, me redimir de um erro. Laurinda era minha melhor amiga e depois que se sentiu satisfeita em me sacanear bastante, ficou de marcar uma hora pra gente. Esperei ansiosa e três dias depois ela veio me chamar.
- Gláucia ela vai nos atender hoje às sete. Tudo bem?
- Pra mim está ótimo.
- Fale baixinho pra mim, sobre o que quer saber?
- Nada em especial.
Eu estava sem namorado havia uns seis meses, tinha terminado um noivado de dois anos e depois disso resolvi dar um tempo pra mim mesma. Seis e meia estava pronta, mas não precisei ir à casa de Laurinda. Blim-blom, fez a campainha:
- E aí Fê, pronta pra saber seu futuro?
- Vamos ver como é a cigana.
Cigana era o apelido de Valéria entre minhas amigas pelo fato de ler cartas. Seu cabelo preto e sua beleza faziam com que elas a comparassem àquelas ciganas de cinema americano.
Ela nos recebeu muito bem, ofereceu café, biscoitos, mas Laurinda não queria saber de nada, só de seu futuro com o namorado. Valéria me pediu licença e foi para um dos quartos, só voltando quase uma hora depois.
Enquanto estavam no quarto fiquei bisbilhotando sua sala. Era muito bem decorada, seus móveis eram lindos e ela dava toques especiais no ambiente colocando plantas estrategicamente. Em sua estante pude observar que gostava de ler de tudo um pouco, esoterismo, romances, mas alguns livros em especial me chamaram a atenção.
Livros eróticos, romances, poesias, vários temas, todos voltados para a sensualidade, sexo e sedução. Fiquei curiosa sobre esses livros e se nossa relação melhorasse, quem sabe pudesse me emprestar algum deles? Apesar de estar me sentindo melhor, toda vez que ela me olhava, eu estremecia. Ela mexia comigo de alguma forma. Seu olhar era penetrante e isso me incomodava um pouco.
Ao saírem do quarto, Laurinda era só sorriso, as cartas tinham lhe dado boas notícias pelo visto. Valéria voltou a oferecer alguma coisa para bebermos e pedindo desculpas, pediu que eu desse um tempo pra ela antes de começarmos. Conversamos sobre coisinhas banais durante uns quinze minutos e aí ela me chamou para o quarto. Tinha um compromisso e não poderia demorar muito. Logo que sentei me perguntou sobre o que queria saber, lhe respondi que nada específico.
- Sobre o amor? Gostaria de saber alguma coisa?
Sorri e disse que sim, afinal qual mulher não gostaria de saber se seu príncipe encantado está a caminho num cavalo branco? Ela foi colocando as cartas, mas elas não diziam nada que fosse para de imediato. Sempre pode ser que aconteça, daqui a algum tempo. Fiquei um pouco frustrada, mas “as cartas não mentem”. Antes de voltarmos à sala, ela me olhou daquele jeito seguro dela e me perguntou:
- Você não gosta muito de mim, não é?
- Não é bem assim.
- Então como é?
Tentei explicar da maneira mais delicada possível. Que sua presença mexia comigo de alguma forma e isso realmente me incomodava. Foi quando ela falou decidida:
- Eu vim pra cá e sabia que a encontraria, as cartas já tinham me dito. Eu vou mudar sua vida. Esse é o meu destino.
Aquilo caiu como uma bomba na minha cabeça. Mudar minha vida? Quem era ela para fazer isso? Antes que esboçasse qualquer reação, me fez um convite:
- Venha jantar comigo sábado.
- Aqui?
- É. Um jantar entre duas futuras amigas. Quero que você me conheça melhor e tire a má impressão que teve de mim.
Fui pega de surpresa e aceitei sem pensar. Combinamos que às nove da noite eu estaria lá.
Chegamos à sala e Laurinda estava visivelmente ansiosa.
- E aí, como foi?
- Normal. Sem novidades.
- Nem um cara novo na área?
- Laurinda, você só pensa nisso.
Nós três caímos na gargalhada. Acho que Valéria percebera que minha amiga só pensava em sexo. Qualquer assunto que se puxasse, ela dava um jeito de desviar e chegar aonde queria.
Fomos pra casa e Laurinda me fez um verdadeiro interrogatório durante o percurso. Ficou extremamente decepcionada quando realmente acreditou que eu não tinha nada de novo pra contar. Despedimos-nos e combinamos uma saída na manhã seguinte.
Fiquei a noite toda pensando no que Valéria havia me dito. Como ela iria mudar minha vida? Que papo era aquele? De tanto pensar acabei criando uma enorme expectativa pelo jantar de sábado à noite.
A quinta e a sexta foram as mesma s de sempre. Estava de férias e ficava de bobeira o dia todo. Via televisão, saía pra fofocar com as meninas e conversava um pouco mais que o normal com meus pais à noite. Eles deitavam cedo e acabava na Internet pra me distrair um pouco.
Sábado, por volta do meio dia, cruzei com Valéria na rua. Estava cheia de sacolas e me ofereci para ajudá-la. Ela comentou que aquelas compras eram para o nosso jantar e quis confirmar minha presença.
- Está de pé?
- Claro. Só não sei que roupa vestir.
- Se vista como se fosse a uma festa. Depois do jantar quem sabe não saímos pra balada?
- Está certo. Às nove horas em ponto estarei lá.
Fui pra casa mais animada, de repente uma saída poderia melhorar meu astral que não andava dos melhores. Estava muito calor, tomei um banho frio e escolhi minha roupa com capricho. Coloquei um bustiê preto, uma saia preta, solta com pontas, uma sandália bem alta e me senti linda. Meus pais quando me viram perguntaram imediatamente:
- Namorado novo?
- Não por quê?
- Você está linda. Há tempos não vemos você assim.
- Vou jantar na casa de uma amiga e talvez a gente dê uma saída.
- Boa sorte. Aproveite bastante.
Quando cheguei à casa de Valéria, ela estava deslumbrante. Uma blusa de linha preta, uma saia calça, salto alto, estava perfeita. Sua beleza era estonteante. Pensei comigo que arrumar um namorado perto dela seria quase impossível. A mesa estava pronta. A louça de porcelana era divina, os talheres de prata brilhavam tanto que chegavam a ofuscar a vista, castiçais com longas velas, tudo estava perfeito. Valéria ligou o som e a música suave preencheu o ambiente. Ofereceu-me uma bebida e perguntei o que tinha para beber.
- Tudo. É só pedir.
- Pedi um uísque com guaraná.
Ela preparou pra mim e o dela só com gelo. Conversamos um pouquinho e ela me deixou à vontade com relação à hora de jantar. Procurei me desculpar pela má recepção que tinha dado a ela no início, mas ela disse não se importar, que o destino se encarregava de desfazer as coisas erradas pra depois colocar tudo no seu devido lugar.
Eram dez e meia quando decidimos que era hora de comer. Pediu-me que sentasse e foi trazendo as coisas aos poucos. O jantar estava divino. Se ela realmente tinha feito aquilo, devia abrir um restaurante, pois do jeito que cozinhava, provavelmente ficaria rica. Durante o jantar bebemos um vinho delicioso e assim que terminamos pensei em retirar a louça, mas pediu-me que deixasse que a menina que trabalhava pra ela iria no domingo e faria tudo.
Voltamos para o sofá e antes de sentar ela deu um volume a mais no som. Pedi mais um uísque e Valéria me acompanhou novamente. Meia hora depois me perguntou se eu queria sair. Respondi que estava tão agradável ali que preferia ficar em vez de ir pra noite. Ela abriu um sorriso largo:
- Eu adoro dançar, você gosta?
- Puxa, sou louca por música. Quem não gosta de dançar?
- Quer dançar comigo?
- Dançar? Nós duas?
- Por que não? Não vamos sair, estamos sozinhas, qual o problema?
- Está bem.
Valéria levantou, segurou minha mão e me levou até o centro da sala. Suas mãos foram alisando minha barriga suavemente até que chegarem às minhas costas. Quando seu corpo encostou-se ao meu aquele friozinho correu minha espinha. A ficha caiu! Eu estava apaixonada por ela desde o primeiro dia em que a vi. Nossos rostos ficaram colados sem que trocássemos uma palavra. Sua forma de dançar era delicada e sua pele macia. Eu estava louca, não conseguia controlar o que sentia. Ela virou sua boca em direção a minha e nossos lábios se tocaram.
Colocou sua língua docemente na minha boca que abriu para recebê-la. Foi o beijo mais maravilhoso que dei em toda minha vida. Valéria começou a beijar meu pescoço, meu ombro e suavemente foi tirando meu bustiê até que a ponta de sua língua tocasse o bico do meu peito. Fiquei tão excitada que não pensava em mais nada. Tirei o bustiê e comecei a tirar a blusa dela. Ela me ajudou, roçou seu peito no meu e se abaixou, levando com ela minha saia, depois minha calcinha até ficarmos completamente nuas, somente de sandálias.
Virei de costas pra ela e joguei meu tronco para frente. Ela veio com a boca e encontrou-me completamente molhada, pronta pra ela. Lambeu meu grelinho com delicadeza, sua língua ia e vinha, a pontinha dela tocava suavemente em meu clitóris provocando em mim sentimentos jamais imaginados por mim.
Instintivamente fui abrindo as pernas pra que ela pudesse me chupar melhor e ela encaixava sua boca entre minhas pernas como se sua boca e minha xerequinha tivessem sido feitas uma para a outra. Fui sendo envolvida e quando ela percebeu que eu gozaria, abriu mais sua e boca e me “devorou” completamente, chupando e lambendo ao mesmo tempo até que explodi num gozo maravilhoso.
Ela deitou-me no sofá e veio por cima de mim em posição invertida, colocou sua boceta quente na minha boca e voltou a me chupar tão deliciosamente quanto antes. Seu quadril se movimentava lentamente e procurei fazer o mesmo com o meu. Ficamos nos chupando e entramos em êxtase juntas. Gozamos profundamente. Nunca tinha tido uma relação tão maravilhosa. Quando tentei falar alguma coisa, ela segurou minha boca e disse:
- Não diga nada. Nossos destinos estão traçados.
Hoje moro com Valéria, continuamos apaixonadas e dou razão a ela. Ela mudou a minha vida pra sempre.


FIM

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Ficha do conto

Foto Perfil Conto Erotico rr fragoso

Nome do conto:
A Cigana

Codigo do conto:
2853

Categoria:
Lésbicas

Data da Publicação:
17/08/2004

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