Fui chamado pra uma festa na casa de Amadeu. Um casarão. Salas, suítes, salões de jogos, de festas... Havia muita gente, bebidas, mulheres na piscina enlouquecidas sob o efeito dos ácidos, rapazes de torsos desnudos suados na pista de dança. A maioria ávidos de sexo, casais já se enleavam nos cantos dos ambientes, situações que passavam desapercebidas aos olhos da maioria, como meninas que no disfarce do embalo das frenéticas melodias musicais cavalgavam nos mastros tórridos de seus parceiros. Mesmo não me vendo em um daqueles esquemas, meu lado voyeur se colocou a observar aquele submundo de fantasias, homens que roçavam seus corpos nos de outros... olhares insinuantes que flutuavam em busca talvez do de sempre, do novo, do proibido... preliminares que começavam nas salas, passavam pelos corredores e acabavam nos quartos... Fui a um dos banheiros lavar o rosto, refrescar-me daquele ‘calor’... Abro a porta e o calor aumenta. Três caras gemiam descontrolados no esplendor de uma boa sacanagem. Um deles sugava o ‘pau’ ferozmente de outro que levava por trás do terceiro que apoiava uma das mãos numa barra de ferro que segurava a cortina de uma espécie de boxe. O do meio rebolava que nem um louco naquele segmento ereto que pouco deixava a desejar em relação às performances vistas em filmes do gênero. Não deixei de rir sozinho, ao ver que um dos caras (o que estava agachado) era o Pedro, colega meu, logo ele que tinha uma pose de ‘macho’, que se declarava o ‘bam bam bam’ das menininhas... hum!!! Enquanto a boca dele se deliciava com aquele instrumento grosso e ‘cabeçudo’, com uma das mãos se completava batendo uma arregaçada punheta. Após molhar o meu rosto retirei-me dali ofegante, impressionado com a cena estava fácil aos prazeres da carne; por pouco não me deixei levar por ‘mãos’ que me puxavam, até que uma linda loira, de seios fartos e bem torneados, de pele bronzeada me buscou com teu olhar cigano até o bar onde estava trabalhando. Sentei-me, pedi um creme e ela, molhando os lábios à medida que ia balbuciando cada palavra perguntou se estava certo que era só aquilo que eu queria. Respondi com um sorriso maroto, agradecido pela gentileza. Estava eu ali, simplesmente ao léu naquele fascinante mundo libertino, anestesiando minhas vontades, de cabeça baixa, saciando-me ao deleite daquele creme, com olhos fixos no balcão, quando escuto uma voz aveludada indagar: “Será que só eu estou me sentindo um peixe fora d’água neste mar de tentações?” Continuei de cabeça baixa, com um sorriso entre os lábios. “Por favor, uma água”, pediu à loira tesuda e logo em seguida me ofereceu uma balinha. Fui direcionando os meus olhos para a minha direita, onde ele estava sentado, numa seqüência lenta digna de horário nobre e me deparei com aquele que nem Michelangelo, na sua mais sublime criação (Davi) seria capaz de esculpir. Os olhos castanhos meio caramelados e um sorriso mágico contornado por uma boca saliente e provocante que seguia dizendo “Aceite a balinha, é de coração, pode ser que não encontre nada melhor que ela na festa...”, sorrindo respondi: “Pode ser. É difícil encontrar alguém que tenha sentimentos pelo menos que chegue aos pés destas frases de paquera que sempre vêm nestas balinhas”. Ele sabia o que eu estava dizendo, Pablo, como ele se chamava, era perfeito aos olhos ‘cegos’ do entusiasmo físico que acelera o coração da gente quando nos deparamos com uma situação daquela. Porém nada aconteceu, pelo menos naquele dia. Descobri aos poucos que tinha mais além daquela moldura, pois era assim como o via, como uma pintura, Pablo certamente foi cuidadosamente fruto de uma inspiração... No decorrer dos dias, seguidos telefonemas, trocas de afinidades, encontros amigáveis, até chegar a noite mais espetacular, até então, da minha vida. Estávamos na varanda do seu apartamento, assistidos por uma constelação indescritível e vigiados pela ‘senhora’ lua, cheia de si. Ao fundo rolava “Vou deixar” do Skank. Quem sabe a letra, entenderá o que ela poderia representar naquele momento. O que pede aquele minuto de silêncio em que os olhares se cruzam e se desviam ao mesmo tempo? Quando dois corpos muito próximos são como os pólos opostos de dois ímãs irredutivelmente prontos a se juntarem? Pablo murmurou: “Por que é tão difícil ser feliz?” Respondi: “Porque as pessoas não percebem que a felicidade pode estar ao lado e insistem em procurá-la nos sonhos, no amanhã...” Ele sorriu, pegou na minha mão e aproximou-se do meu ouvido com uma respiração arquejante e me disse: “Então me dê a chance de ser feliz”. Mal se voltou para trás e tasquei-lhe um beijo; sentia aquele cheiro mentolado de um produto do qual acabara de fazer a barba; seu perfume me deixava louco, fomos nos enroscando alucinados um pelo outro, enquanto trocávamos palavras sacanas; porém sem sermos vulgar. O vento soprava uma leve brisa sobre nossos corpos já seminus. Pablo estava só de short e dava para perceber um volume ameaçador, que me deixou trêmulo de tesão. Meu caralho já não agüentava mais a pressão que fazia minha calça apertada. À medida que ele ia abrindo meu zíper caminhávamos em direção a cama. Sentei na cama, ele ajoelhou-se na minha frente, terminou de retirar minha calça, juntamente com minha cueca branquinha, e pegou em cheio no meu ‘cacete’, apertando-o, arreganhando sua cabeça; começou uma punheta desgovernada e quando vi caiu de boca. Consegui alcançar uma de minhas mãos na sua bundinha lisa, branquinha contrastando com toda aquela morenice, deslizava meus dedos por aquele caminho de êxtase total, o que o deixava com mais força de sucção sobre mim. Deitamos naquela cama macia, nos ‘perdemos’ no meio dos lençóis, em abraços confortantes e beijos avassaladores que devastavam cada polegada de nossos corpos. Aquele tórax malhado, aquela barriguinha definida, aquelas coxas medianas, aquelas mãos curiosas... Pablo era o tesão em pessoa. Via em seus olhos, aquele misto de dor e prazer, ao sentir minha ‘pica’ adentrar seu ‘cuzinho’ agora já não mais virgem. Ele se contorcia. Beijávamos-nos, nos olhávamos; gemidos abafados, um vai e vem espetacular, até gozarmos deliciosamente. Pouquíssimo tempo depois já estávamos em ponto de bala. Os amassos se repetiam, agora com Pablo atrás de mim, me devorando, acariciando meu pescoço, minha orelha, beijando minhas costas e introduzindo aquela ‘tora’ roliça e esbelta dentro de mim. E o melhor de tudo foi saber que “...sexo antes, amor depois...” (Rita Lee), mesmo que pareça improvável. Demoramos pegar no sono ao meio de tanta palavra bonita e/ou sacana. Ele me perguntou se eu ainda me lembrava do que estava escrito no embrulho da balinha daquele dia em que nos conhecemos (já fazendo dois meses) e me disse “Pode ser que eu não tenha conseguido expressar algo aquele dia, mas independente, naquele ‘papel de balinha’ já estava sentenciado minha condenação”. No outro dia cheguei apressadamente em casa, revirando minhas coisas e no fundo de uma caixa onde guardava todo tipo de recordação encontrei o tal papel que dizia: “Pra amar você, bastou um olhar”.
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