- Sof, cadê você? – Uma voz ecoou pelo apartamento vazio e silencioso. O mal de Sofi ter uma melhor amiga intrometida era esse. Ela aparece quando ela bem entende, e desfruta de uma liberdade que chega a ser irritante. Mais tivemos sorte, aquele beijos precisava ser interrompido, eu realmente não estava preparado para mais aquele peso, ter mais uma mulher que nunca poderia ser minha de verdade de novo era demais para mim.
Sofi me olhou desesperada, colocou a mão na boca, de forma a demonstrar seu arrependimento, eu apenas pisquei, e fiquei parado esperando-a se afastar.
- Ju, estou aqui em cima, no meu quarto. Sofi ainda estava na porta do quarto dos nossos pais, segurando a porta e a parede enquanto falava com a Julia, que estava em algum lugar no andar de baixo. Olhou para mim e esboçou um sorriso. Fechou a porta do quarto e saiu.
O sol do final da tarde deu as caras, mais meu cansaço me fez tomar um banho e deitar. Olhando para o teto, pensava em quanto a vida é surpreendente.
Na mocidade, eu realmente aproveitei a vida, no condomínio onde morava, conheci um pouco de tudo, mais sempre desfrutei de um dom natural de liderança. Todos aqueles, até os mais endinheirados ficavam ao meu redor, perdi a virgindade aos 14 anos, com uma vizinha, que na época era m pouco mais velha do que eu. Fomos a churrasqueira do condomínio numa noite gelada, nos beijávamos, e nos acariciávamos. Logo uma viatura da segurança passou, e apesar de não precisar, nos escondemos na parte de trás que dava para os vestiários da quadra de esporte. Lá, forcei uma porta, e entramos, jogamos umas toalhas no chão e consumamos o ato.
É triste lembrar, não da minha primeira trepada, mais do fato de que ao chegar em casa, estava sozinho novamente, na época uma babá morava comigo, mais uma pessoa que eu mal conhecia e ninguém era a mesma coisa.
O meu celular estava no criado mudo vibrando, olhei para a tela sem vontade de atender.
Mais à aquela hora só poderia ser a Patricia. A conheci no primeiro dia de aula na SanFran, durante o trote. Ela era linda, estava de chinelo de faixa, laranja e com alguns Strauss dourados. Uma calça legging preta, e regada branca coladinha ao corpo, devia ter entre 1.60 e 1.65, seus olhos eram impressionantemente cristalinos, mostravam o quanto ela estava feliz, pedindo alguns trocados para levantar uma grana para cachaça.
A SanFran, via de regra é um grande sonho, para a maioria das pessoas, mais para mim seria Havard ou Oxford, na verdade, nunca precisei me preocupar com isso, então acho que veio de forma natural.
Estava ali pelos rituais, cachaça, e para fugir da minha casa, na época, havia acabado de chegar em São Paulo, e não conhecia ninguém. Em duas horas eu já era respeitado como um veterano, me envolvi na faculdade de uma maneira única, e as pessoas chegavam a achar que eu era o presidente do diretório.
Pati, era daquelas que estavam absolutamente perdidas, esperando a próxima ordem.
- Ei garota, vem aqui – Disse para ela.
- Calma, Calma, estou quase atingindo a minha meta, já arrecadei 80 e poucos – Disse ela com aquele sorriso doce.
- Dê essa grana para aquela outra menina ali, e vem comigo – Apontei para uma loirinha de óculos que lembrava um pouco minha irmã.
- Pronto, e agora o que que eu faço?
- Fica do meu lado, quero te mostrar algumas coisas.
Eu sinceramente a escolhi, por que era a única que não estava toda suja de tinta e farinha, e queria dar uma de herói, e deixar os veteranos com raiva. Eu sabia que ela não tinha sido aloprada, por que alguém a queria. E tentando dar uma de herói, aliviou para o lado dela.
- Olha só garota, se você não ficar esperta, vai acabar ficando com o filme queimado.
- Como assim? Não sei se você percebeu mais eu sou a única novata que não estou toda suja por aqui! Vocês gostaram de mim! – Disse ela, com uma certeza irritante.
- Menina, eu sou tão novato quanto você, e outra, o fato de você não estar toda suja, é por que alguém, com alguma moral com os veteranos do diretório está querendo te comer.
Os olhos dela se arregalaram, e ela percebeu que eu estava falando a verdade, quando viramos a esquina, e eu parei para ascender um cigarro, conseguimos ouvir, um imbecil falando com a loirinha que havíamos passado.
- Cadê a minha ninfetinha? Aquela que não estava toda porca igual você?
- Acho que você tem razão, e agora? – Disse ela perdendo o brilho do olhar.
- Relaxa garotinha, vamos tomar um café.
- Pode me chamar de Pati, como você se chama? – Perguntou ela, mostrando um legitimo interesse.
- Me chama de Greg, vamos cuidar um do outro a partir de agora ok?
- Certo – Disse ela afirmando também com a cabeça e entrelaçando o braço com o meu.
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- A Julia está aqui com a Sofi, e eu estou jogado na cama – Disse para pelo celular, já sabendo o que ela queria saber, antes mesmo dela perguntar. Existe algumas vantagens de se conhecer tão bem as pessoas.
- A Galera tá loca aqui já, todo mundo querendo saber cadê o Greg, como que ninguém tem seu numero ein? – Disse ela no meio de uma festa em alguma casa da Zona Sul.
- Ahh, esquece, quer saber, vou dar um pulo na paulista, tomar um Starbucks – Disse a ela, enquanto eu me levantava, e procurava uma roupa no armário.
- Te encontro lá, já estou saindo desse inferninho! – Disse ela, sempre atenciosa.
- Já pegou alguém Pati? Com quem que você foi para a? – Sabia que ela não tinha carro, e para falar a verdade, eu acho que ia dar o meu para ela. E apesar dela não ser daquelas santinhas, era difícil ela pegar alguém sem que eu esteja por perto.
- Não Gregório Castro!, e eu vim com o carro do meu pai, te encontro daqui uns 40 minutos ok?
- Vamos jantar juntos então meu tesão! Você me faz sorrir, mesmo que eu não queira – Disse a ela a verdade, nossa amizade era muito intensa, nos amávamos sem cobrança, se eu não a amasse tanto assim, teria casado com ela assim que a conheci.
- Certo meu lindo, onde vamos? Já estou entrando no carro, estou até molhadinha querendo te ver.
Não contive um riso alto e em bom som. Aquela garota me divertia.
- No Brás, e eu tenho uma surpresa para você!.
Pati, morava com a Tia, em um bairro próximo ao meu, seus pais se fodem de trabalhar para sustentar ela com algum conforto aqui na capital, ela ainda não trabalha, a nossa faculdade realmente é difícil, e precisamos de muito tempo para estudar, mais ela estava no caminho certo, um dia iria retribuir tudo aquilo que os pais dela estavam lhe dando.
Tomei um banho e me troquei, um moca da Zara, Uma calça CK com uma polo Ralph Azul, como estava um pouco gelado lá fora, peguei uma jaqueta preta de couro.
- Peguei a chave do meu carro, e estava saindo do apartamento quando vi Julia, fazendo algum coquetel com meio litro de vodka no bar da sala. Ela estava de calcinha e uma camisa social Dudalina branca.
- Ju, posso te fazer uma pergunta?
- Claro, quer que eu faça uma dose para você? É um Martini simples, sua irmã adora! Disse ela sorrindo para mim, enquanto parava para me olhar e arrumava o rabo de cavalo do cabelo na altura de sua nuca.
- Você é lesbica? – Fazia de tudo para provoca-la sempre, mais essa era uma dúvida que eu realmente tinha e nunca havia perguntado.
- Vai se foder, Greg, como você é troxa, eu amo sua irmã como amiga, é só isso!
- Calma Ju, eu só acho que se você fosse, e ela também, vocês seriam um lindo casal, sério, eu digo isso por que, sei o quanto você a ama – Na verdade eu queria falar que alguém precisava manter minha irmã longe de mim.
A reação dela foi um pouco diferente da que eu esperava, como ela tinha ficado brava, eu não esperava pelo eu veio.
- Sério? – Disse ela escondendo um sorriso. – Sabe Greg, eu faria qualquer coisa pela sua irmã.
Eu não posso julgar a Ju, nem a Sofi, somos todos jovens e inconsequentes, eu também tenho uma amiga que eu amo incondicionalmente, estava até planejando dar a ela uma Audi de 270 mil reais, e simplesmente para vê-la bem. Será que e não deveria dar um passo além nessa relação?
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Pati, assim que me vi saiu correndo e pulou no meu colo para um abraço apertado. Ela com certeza sabia o quanto eu estava precisando daquele abraço, e me apertou com muito amor.
Na frente do restaurante, pedi para o Vallet, não retirar meu carro do lugar.
O Gol 2009 vermelho que a Pati usava, conseguia chamar mais atenção do que minha Q3 branca, acho que pelo contraste que havia.
- Você me ama gata? – Perguntei querendo me entregar para ela, pela primeira vez.
- Claro Greg, Você sabe que sim. Amo você meu pequeno Senador – Senador foi o apelido que o Diretório Acadêmico me deu, amava a oratória, amava os juris simulados e as audiências com defesas orais. Tinha tantos amigos dentro da faculdade, que tomava café dentro da sala dos professores, em poltronas onde se sentaram Ruy Barbosa, Diddier e entre outros. Apesar de eu não querer assumir, a politica gritava meu nome por onde eu passasse.
- Então me Beija – Imediatamente ela estalou os lábios na minha bochecha, marcando-me de batom vermelho.
Ela estava linda, de salto preto e blusinha preta, com uma legging azul escandalosa.
- Na Boca! – Eu disse sem me dar muito tempo para pensar e me arrepender do pedido.
- Greg? – Nós já havíamos dado alguns selinhos de amizade aqui e ali, mais nunca um BEIJO.
Eu sorri, e meu olhar denunciou o quanto eu precisava daquele beijo, o quanto eu precisava viver uma paixão nova, de alguém do meu lado.
Ela me beijou, um beijo de anos de amizade, de anos de amor e de vontade que chegou a ser dolorido, eu a abraçava com força e os dentes dela roçavam nos meus, não foi nada meigo, nada lindo de se ver, mais foi natural, e quem nos visse, veria o quanto nos amávamos.